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NATURALIDADE DAS REEDUCANDAS DO CENTRO DE RESSOCIALIZAÇÃO FEMININO DE ARARAQUARA EM 10/

Naturalidade % São Paulo 56 71,79 Paraná 8 10,25 Minas Gerais 6 7,69 Alagoas 2 2,56 Mato Grosso 1 1,28 Rio de Janeiro 1 1,28 Pernambuco 1 1,28 Bahia 1 1,28 Paraíba 1 1,28

Não soube responder 1 1,28

Total 78 100

Fonte: Elaborada pela autora.

A tabela demonstra que 71,79% das mulheres em cumprimento de pena no Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara são originárias do próprio Estado, enquanto 28,21% são oriundas de outros Estados do Brasil.

Quando questionadas sobre a cidade de residência antes da prisão, a maioria respondeu que residia em cidades do Estado de São Paulo. Somente uma reeducanda declarou residir em cidade localizada no Estado de Minas Gerais. A maioria das cidades declaradas pelas reeducandas com residência está localizada até 200 quilômetros de distância da cidade de Araraquara, onde se situa a unidade. Cumpre, assim, a determinação de que os Centros de Ressocialização devem acolher presos e presas da região em que se situa, facilitando, assim, a proximidade do local de residência, bem como de seus familiares. Veja tabela 3:

TABELA 3 - Distribuição por Região Administrativa do Estado/Cidade de residência na data da prisão – Mulheres reeducandas do CR/Araraquara 10/2009

Região Adm. do Estado de São Paulo Residência %

Região Central (Araraquara)

Araraquara 21 26,92

Américo Brasiliense 1 1,28

Ibaté 2 2,56

Matão 6 7,69

Boa Esperança do Sul 2 2,56

Trabiju 1 1,28 Nova Europa 1 1,28 São Carlos 1 1,28 Taquaritinga 4 5,12 Ibitinga 4 5,12 Itápolis 1 1,28 Tabatinga 1 1,28 Subtotal 45 57,69

Região de Ribeirão Preto

Ribeirão Preto 2 2,56 Jaboticabal 1 1,28 Monte Alto 1 1,28 Serrana 1 1,28 Sertãozinho 1 1,28 Pontal 1 1,28 Subtotal 7 9,00 Região de Bauru Bauru 8 10,25 Jaú 3 3,84 Dois Córregos 1 1,28 Igaraçu do Tietê 1 1,28 Bocaina 1 1,28 Bariri 1 1,28 Barra Bonita 2 2,56 Subtotal 17 21,79 Região de Campinas Piracicaba 1 1,28 Leme 1 1,28 Subtotal 2 2,56

Região de Barretos Bebedouro 1 1,28

Região de Franca Franca 1 1,28

Região de Sorocaba Avaré 1 1,28

Região de São Paulo São Paulo 1 1,28

Região de Santos Santos 1 1,28

Outros Estados Extrema - MG 1 1,28

Não respondeu Não respondeu 1 1,28

Total geral 78 100

Na tabela 2, pode se destacar que os Estados que ocupam a segunda e a terceira posição entre aqueles com maior população de reeducanda no Centro de Ressocialização de Araraquara, são Paraná e Minas Gerais, respectivamente. A ligação entre o número de mulheres presas nessas localidades envolvidas com o tráfico de drogas remete à ação de abastecimento das grandes cidades do interior realizado pela chamada “rota caipira do tráfico”32. A tabela 3 confirma a inserção e participação feminina na “rota caipira do tráfico” que nos últimos anos se avolumou na macrorregião de Ribeirão Preto, pelo seu vasto território ocupado pela cana-de-açúcar, o que possibilita o tráfico internacional com a utilização de pequenos aviões que pousam em meio aos canaviais com uma menor quantia de droga, despistando, assim, a fiscalização e trazendo pouco prejuízo para os traficantes, caso o carregamento seja interceptado pela polícia (CÁCERES, 2010).

A “rota caipira do tráfico” usa trechos de pequenas cidades no oeste do Estado de São Paulo, abastecendo não só as grandes cidades do interior paulista, como também Minas Gerais, o norte do Paraná até o sul da Bahia. Acredita-se que a origem das cargas interceptadas na região dessa rota caipira seja do Estado de Mato Grosso do Sul, estado receptor da droga que entra no Brasil a partir da Bolívia e do Paraguai (CÁCERES, 2010).

Observando o critério de distância do CR com a residência de suas internas, pode-se verificar que somente três reeducandas se encontram a uma distância superior a 200 km de sua residência, residentes nas cidades de São Paulo, Santos e Extrema (MG), ou seja, somente 3,84% do total de 78 mulheres.

Na tabela 3, verifica-se que a maioria das internas do CR de Araraquara é da Região Central, ou seja, da mesma região em que se localiza a unidade. Das cidades declaradas como residência pelas internas nessa região, a mais distante do CR de Araraquara se localiza a aproximadamente 92 km de distância. A segunda região com maior número de internas na Unidade do CR/Araraquara é a região de Bauru, cuja maior distância entre CR/residência é 131 km. A região de Ribeirão Preto aparece como a terceira em número de internas e com a maior distância unidade/residência, perto de 127 km. A quarta região com maior número de internas no CR de Araraquara é a de Campinas e com a maior distância entre residência/CR, de 138 km. As demais cidades declaradas como residência das internas, das regiões que

32Rota caipira do tráfico”, termo utilizado para designar a comercialização e distribuição de drogas feitas via

estradas e trechos de cidades do interior do Estado de São Paulo, para abastecimento das pequenas e grandes cidades do oeste paulista, chegando também a Minas Gerais, no norte do Paraná e sul da Bahia (Cáceres, 2010).

aparecem, como: a região de Barretos, Franca e Sorocaba, encontram-se dentro do limite dos 200 km de distância, recomendado na regulamentação dos Centros de Ressocialização.

As setenta e oito mulheres reeducandas que responderam ao questionário, declararam, com relação ao seu pertencimento étnico/cor, o seguinte:

TABELA 4

Etnia/Cor das Reeducandas do Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara 10/2009

Etnia/Cor % Branca 40 51,28 Preta 4 5,12 Parda 33 42,30 Indígena 0 0,00 Amarela 1 1,28 Total 78 100

Fonte: Elaborada pela autora.

Como se verifica na tabela, 51,28% se declaram brancas, 5,12% pretas, 42,30% pardas e 1,28% amarelas. Tais números contradizem o referencial ideológico e racista propagado no cotidiano social de que a maioria de presos pertencem a cor preta. No que se refere às reeducandas do CR o número de presas é maior entre as que se consideram de cor branca.

Em 2004, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD, 2004), por sexo, segundo Etnia/Cor do Estado de São Paulo apresentava um total de mulheres de 20.076.386. Em números absolutos 5.489.907 mulheres negras, o equivalente, em porcentagem, a 27,3% que se autoclassificavam negras e 14.333.167 mulheres brancas, ou seja, 71,4% que se consideravam de cor branca.

No ano seguinte, o Estado de São Paulo contava com a maior população negra do país, de acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2005) realizada pelo IBGE, com aproximadamente 12,5 milhões de pessoas de etnia/cor preta ou parda, correspondendo a 31% dos habitantes do Estado. Entretanto, em termos relativos, é um dos Estados com menor proporção de negros, juntamente com a Região Sul, pois, nos demais, as pessoas que se declaram pretas ou pardas equivalem a mais de 50%.

Com relação à opção sexual das mulheres reeducandas, foram declarados por elas os dados computados na tabela abaixo:

TABELA 5

Opção sexual declarada pelas mulheres reeducandas do CR/Araraquara 10/2009

Opção sexual % Heterossexual 70 89,74 Homossexual 4 5,12 Bissexual 1 1,28 Não responderam 3 3,84 Total 78 100

Fonte: Elaborada pela autora.

De acordo com o questionário, 89,74% das reeducandas se autodeclaram heterossexuais, adeptas do relacionamento com o sexo oposto; 5,12% relatam ser homossexuais, adeptas do relacionamento com o mesmo sexo; e apenas 1,28% declaram ser bissexuais, adeptas do relacionamento sexual com os dois sexos, masculino e feminino; 3,84% preferiam não responder a questão.

Apesar dos dados acima, o distanciamento da possibilidade de relacionamento com o sexo oposto gera, muitas vezes, a adesão temporária ao relacionamento homossexual em situação de aprisionamento, o que nem sempre é relatado nos questionários em virtude da não identificação efetiva, com essa definição sexual. Esse fato pode ocorrer, também, por preconceito e medo de represália institucional.

Na unidade do CR de Araraquara, o relacionamento sexual entre as internas é proibido pela administração, e essa conduta é considerada falta grave. Para coibir essa prática são aplicadas sanções àquelas que descumprem as regras. Segundo entrevista, uma reeducanda, que antes do aprisionamento mantinha relação sexual heterossexual e, assim se definia sexualmente, ao envolver-se com outra reeducanda, teve seu regime prisional modificado:

“Passei por momentos difíceis aqui, porque o ano passado eu estava de semiaberto,

em outubro eu ganhei semi-aberto, estava trabalhando na rua daí em dezembro. Eu cometi uma falta grave aqui na unidade e em razões disso o Juiz fechou minha cadeia, então temporariamente eu voltei para o fechado. Agora estou esperando uma audiência que vai ser agora dia três de agosto para ver como vai ficar minha

situação. [Você pode me contar qual foi a falta grave?] Foi por causa que eu estava com uma menina e aqui é proibido”. (Ent.17 Li)

Com relação à escolaridade antes da prisão e até a data da pesquisa, tem-se a seguinte realidade, a partir das respostas, na tabela seguinte:

TABELA 6

ESCOLARIDADE DAS REEDUCANDAS ANTES E DEPOIS DA PRISÃO – REFERÊNCIA