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QUANTIDADE DE FILHOS POR MULHERES REEDUCANDAS (TOTAL DAS 68 MULHERES MÃES) CR/ARARAQUARA/

Nº de Mulheres mães 7 20 13 14 5 1 8

Quantidade de filhos 1 2 3 4 5 9 Não especificou

Fonte: Elaborada pela autora.

De acordo com a tabela, somente 10,29% das mulheres mães do CR possuem um filho; as demais possuem de 2 até 9 filhos, com até 18 anos, sendo a maioria em idade escolar.

Outro fator de preocupação é a guarda dos filhos que, na maioria das vezes, é assumida por familiares mais próximos. Segundo a pesquisa, principalmente por avós maternos, seguidos de pais, tia materna e avós paternos. Vejamos na tabela a seguir:

TABELA 12

Guarda dos filhos das reeducandas CR Araraquara 2009 (68 mulheres mães)

Guarda dos filhos %

Avós maternos 24 35,29

Filhos já maiores de idade 11 16,17

Pai 10 14,70 Tia materna 7 10,29 Avos paternos 6 8,82 Tia paterna 3 4,41 Irmãos 2 2,94 Não especificou 2 2,95 Prima materna 1 1,47

Guarda compartilhada entre avós materno/paterno 1 1,47

Bisavó 1 1,47

Fonte: Elaborada pela autora.

Os fatores apresentados configuram a realidade vivenciada pelas mulheres do CR e a guarda dos filhos que, na maioria das vezes, fica sob responsabilidade de familiares que nem sempre mandam notícias ou os trazem para visita, se configura como um dos principais

motivos de desespero e inquietação entre as mulheres encarceradas no CR de Araraquara. A saudade e a preocupação com o bem estar dos filhos são fatores que provocam tristeza entre as mulheres mães em cumprimento de sentença.

Com relação à saúde, principalmente a incidência ou não da AIDS sobre a população carcerária do CR/Araraquara, têm-se as informações descritas na tabela 13:

TABELA 13

Distribuição de Mulheres presas no CR/Araraquara, segundo incidência do HIV positivo

HIV positivo %

Sim 2 2,56

Não 75 96,15

Não respondeu 1 1,28

Total 78 100

Fonte: Elaborada pela autora.

A porcentagem de mulheres portadoras do vírus HIV está em torno de 2,6% da população carcerária entrevistada. O diagnóstico da doença é extremamente importante para o tratamento e qualidade de vida do portador, inclusive para que o tratamento ocorra durante o período de cumprimento da pena. No CR as mulheres recebem os medicamentos disponibilizados pela rede pública para tratamento dos portadores do vírus e são acompanhadas por médico responsável.

A porcentagem do uso ou não de drogas pelas reeducandas antes de seu aprisionamento aparece na tabela 14:

TABELA 14

Mulheres que usavam drogas antes da prisão. CR Feminino Araraquara 2009

Faz uso de drogas %

Não 40 51,28

Eventual 18 23,07

Habitual 20 25,64

Total 78 100

De acordo com as respostas obtidas, 51,28% das mulheres em cumprimento de sentença no CR feminino de Araraquara não usavam nenhum tipo de droga (lícitas ou ilícitas) antes de seu aprisionamento; 23,07% declararam usar eventualmente algum tipo de droga e 25,64% declararam fazer uso habitualmente de drogas antes da prisão. O número de mulheres que faziam uso eventual e habitual de drogas, antes da prisão, soma 48,71% do total.

Quando questionadas sobre a data de sua prisão, setenta e cinco souberam responder o dia exato e três não souberam mencionar. Com relação ao tempo que já cumpriram, pode-se verificar, na tabela 15, a seguinte configuração:

TABELA 15

Tempo de prisão das reeducandas do CR feminino de Araraquara em outubro de 2009

Tempo de prisão (anos) %

Menos de 1 21 26,92 De 1 a 3(1) 44 56,41 De 3 a 5(2) 12 15,38 De 5 a 8(3) 1 1,28 De 8 a 10(4) 0 - Acima de 10 0 -

(1) não inclui o número de mulheres com o terceiro ano completo de cumprimento de pena. (2) não inclui o número de mulheres com o quinto ano completo de cumprimento de pena. (3) não inclui o número de mulheres com o oitavo ano completo de cumprimento de pena. (4) não inclui o número de mulheres com o décimo ano completo de cumprimento de pena. Fonte: Elaborada pela autora.

A maioria das mulheres em cumprimento de sentença no CR/Araraquara não completou três anos de pena cumprida, pois 26,92% estão presas há menos de um ano; 56,41% estão presas há menos de três anos; 15,38% se encontram encarceradas há menos de cinco anos e somente 1,28% está presa de cinco a sete anos e onze meses.

Os dados da tabela acima demonstram que a população do CR possui pouco tempo de casa, pois 83,33% do total não possuem nem três anos de encarceramento. Tal dado, quando comparado com a duração da pena sentenciada, demonstra que a maioria ainda ficará muito tempo em cumprimento da sentença. Pela tabela 16, constata-se que grande porcentagem foi sentenciada com mais de três anos:

TABELA 16

Tempo de condenação das reeducandas do CR feminino de Araraquara - 10/2009

Tempo de condenação Nº %

Menos de 1 ano 1 1,28

De 1 a 3 anos 9 11,53

Mais de 3 até 5 anos 12 15,38

Mais de 5 até 10 anos 26 33,33

Mais de 20 anos 0 -

Sumariano* 2 2,56

Ainda não tem sentença 15 19,23

*Aquela que ainda não foi a julgamento. Fonte: Elaborada pela autora.

De acordo com o quadro, grande parcela das reeducandas do CR de Araraquara foi sentenciada com penas acima de três e até vinte anos, num total de 65,37% das pesquisadas. Somente 1,28% obtiveram penas menores que um ano; 11,53% receberam sentença de um a três anos e 21,79% ainda não tiveram julgamento e aguardam sentença como presas provisórias.

A tabela 17 refere-se aos artigos de condenação ou artigos de acusação pelos quais as reeducandas do Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara, já sentenciadas ou não, cumprem pena ou aguardam decisão judicial. Se considerarmos somente os artigos de condenação referente ao tráfico de drogas (33 e 12) verificamos que 69,2% das mulheres respondentes cumprem pena no CR/Araraquara por essa razão. Os dois artigos referem-se ao mesmo delito porque compreende o art.33 da lei nº 11.343 de 26 de agosto de 2006 e o art. 12 da antiga legislação que regia o tráfico de drogas, lei nº 6.368 de 21 de outubro de 1976. Pelo art. 35 (lei nº 11.343/06) e 14 (lei nº 6.368/76) que diz respeito à associação ao tráfico de drogas são 42,3% de mulheres sentenciadas, cumprindo pena pelo mesmo motivo.

TABELA 17

Mulheres presas no CR de Araraquara, segundo o crime pelo qual foram condenadas (78 Respondentes) – 10/2009

Artigo de condenação Nº %

Artigos 33/35 (tráfico de drogas/associação ao tráfico) 28 35,89

Artigo 33 (tráfico de drogas) 17 21,79

Artigo 33 e 40 (tráfico de drogas/ aumento de 1/6 na pena) 3 3,84

Artigo 12 (tráfico de drogas na lei antiga) 2 2,56

Artigos 12 e 14 (tráfico de drogas e associação ao tráfico na lei antiga) 2 2,56 Artigos 33/35/40 (tráfico de drogas/associação ao tráfico/aumento na pena de 1/6) 1 1,28 Artigo 35 e 40 (associação ao tráfico de drogas e aumento na pena de 1/6) 1 1,28

Artigo 35 (associação ao tráfico de drogas) 1 1,28

Artigo 157 (roubo) 4 5,12

Artigos 157/155/180/171 ou 157/147/121 (roubo/furto/receptação) ou (roubo/ ameça/homicídio) 2 2,56

Artigo 155 (furto) 2 2,56

Artigo 121 (homicídio) 11 14,10

Artigo 159 (extorsão mediante sequestro) 2 2,56

Não responderam 2 2,56

total 78 100

Fonte: Elaborada pela autora.

Os dados deixam claro o recrutamento que o trafico de drogas realiza junto às mulheres, porque se constitui em um mercado em que a promessa de dinheiro fácil e rápido é o discurso e mecanismo de sedução. Porém, para que a opção pelo tráfico seja assumida pela mulher, nossa hipótese é a de que, a questão de gênero, com o predomínio do poder masculino nas relações intrafamiliares ainda se constitui um dos principais fatores, principalmente porque a maioria delas em seus depoimentos confirmam que iniciaram no tráfico por meio do apelo do companheiro ou filho. Muitas confirmam que cumprem pena para livrar o filho ou companheiro de ter sua situação junto à justiça agravada, o que nem sempre ocorre quando a situação é inversa, pois a maioria delas acabam abandonadas no cárcere por esses mesmos homens que as fizeram se envolver com o delito.

Quando se refere ao delito por roubo, art. 157 do Código Penal, lei 2.848 de 07 de dezembro de 1940 (BRASIL,1940), se desconsiderarmos os demais artigos associados de alguns casos, obtém-se que: 7,68% de mulheres cumprem pena por essa condenação, 1,28% dessas, além desta condenação, foram sentenciadas nos artigos 155 (furto), 180 (receptação),

171 (estelionato) e 1,28% delas, além do artigo de roubo, foram sentenciadas nos artigos 147 (ameaça) e 121 (homicídio).

Com relação ao delito por homicídio, artigo 121 do Código Penal (lei 2.848/40) (BRASIL,1940), 15,38% de mulheres sentenciadas cumprem pena no CR de Araraquara. No artigo 159 do Código Penal (1940), referente ao crime de extorsão mediante sequestro, a porcentagem é de 2,56% de mulheres condenadas. Das reeducandas pesquisadas, somente duas não responderam por qual artigo foram sentenciadas a cumprir pena ou respondem a processo na espera de decisão judicial.

Com relação às mulheres que estão cumprindo pena por homicídio, mais uma vez, a questão de gênero e a violência masculina no âmbito doméstico são as principais causas de cometimento do delito, pois alguns depoimentos revelam que o crime foi cometido devido a questão passional e violência doméstica.

As estatísticas de administração do Centro de Ressocialização Feminino de Araraquara datadas de 24/06/2008 apresentam a porcentagem de delitos das 96 reeducandas em cumprimento de sentença ou aguardando decisão judicial. Quanto aos delitos que se referem aos artigos 12 e 33 (tráfico), encontramos 81,25% das condenações. Com relação ao delito do artigo 121 (homicídio), teremos 7,29% das condenações; no artigo 157 (roubo), teremos 6,25% de condenações; no artigo 159 (extorsão mediante sequestro), são 4,16% sentenciadas e no artigo 158 (extorsão sob grave ameaça ou violência), 1,04% de condenações. Para efeito ilustrativo, são demonstrados os dados apresentados, anteriormente, na tabela 18:

TABELA 18