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Capítulo II Estudo Empírico

2. Descrição da Metodologia

2.1 Natureza e plano de estudo

Neste capítulo passaremos a explicar a natureza do presente estudo, assim como o plano com as diferentes etapas. De acordo com Campenhoudt e Quivy (2013) " Um procedimento é uma forma de progredir em direção a um objetivo. Expor o procedimento científico consiste, portanto, em descrever os princípios fundamentais a pôr em prática em qualquer trabalho de investigação."(p. 25). Para colocar em prática o plano de estudo , cada investigador seleciona a metodologia que melhor lhe permite recolher informação, que permita uma reflexão e encontrar conhecimento sobre a

questão de partida. Deste modo, os mesmos autores supracitados referem que "Os métodos não são mais do que formalizações particulares do procedimento, percursos diferentes concebidos para estarem mais adaptados aos fenómenos ou domínios estudados." (p. 25).

O plano de estudo definiu-se tendo em conta o tema e as questões orientadoras, para posteriormente selecionar-se a informação considerada relevante para a realização da fundamentação teórica, segundo a pesquisa bibliográfica, com leituras diversificadas sobre as várias áreas de interesse. Constatou-se que o tema da Avaliação pode ser muito abrangente, e que poucos autores direcionam para a Avaliação da Qualidade

das Práticas de Inclusão de alunos com PEA. Existem mais estudos vocacionados

para avaliação do sistema educativo em geral ou em particular para avaliação das aprendizagens.

Neste sentido e após uma profunda reflexão, foi necessário traçar um plano de estudo consistente, de modo a se conseguir atingir os objetivos delineados. Tal como preconiza Colás (1998), as diversas fases do processo de investigação qualitativa não se apresentam de forma estanque, mas sempre numa interrelação no seu todo, isto é, existe uma relação próxima entre o modelo teórico, os procedimentos de pesquisa, a seleção e métodos de recolha e análise de dados, assim como na apresentação das conclusões do estudo.

Confere-se a este estudo, de acordo com as opções metodológicas, natureza qualitativa e por ser um tema ainda pouco abordado, constatou-se que seria necessária a presença do entrevistador para contextualizar os objetivos de estudo e igualmente orientar a entrevista. Seguidamente, apostou-se numa vertente prática de análise documental pela participantes para se recolher as percepções sobre o instrumento de avaliação LAQI numa segunda entrevista.

Segundo Denzin (1994), o processo de investigação qualitativa consiste num caminho que vai do campo de estudo, da recolha da informação, para a elaboração do texto, até chegar ao leitor. Todo este trajeto se caracteriza por um processo reflexivo e complexo, dado que para além do estudo aprofundado, a cada momento se realizam tomadas de decisão para se ir ao encontro da questão nuclear.

A investigação qualitativa assenta numa base teórica e apresenta uma diversidade de técnicas de recolha de informação com materiais empíricos, como é o caso da entrevista, análise documental, história de vida, experiência profissional, percepções, entre outros.

Por isso, verifica-se uma importância na seleção das ferramentas a utilizar, pois estão dependentes das estratégias delineadas e dos métodos mais eficazes para a recolha de informação credível ao estudo. A seleção da metodologia e dos instrumentos de recolha de dados estão intrinsecamente relacionados com a questão de partida, que por sua vez surge num contexto específico de análise. (Aires, 2011)

Os autores Denzin e Lincoln (1994) referem que “a investigação qualitativa é uma perspectiva multimetódica que envolve uma abordagem interpretativa e naturalista do sujeito de análise.” (p.2).

No reforço desta ideia, McMillan e Skumaker (1989), cit. in Fortin (1999), referem que "a formulação de um problema geral de investigação surge a partir de uma situação concreta que comporta um fenómeno que pode ser descrito e compreendido, segundo significações atribuídas pelos participantes aos acontecimentos." (p. 42)

O mesmo autor, Fortin (1999) menciona que "o processo de investigação (...) consiste em fornecer conhecimentos úteis à compreensão e ao melhoramento da situação problemática." (p. 48)

Relativamente aos pressupostos enunciados, decidiu-se que a entrevista e a análise documental do instrumento de avaliação seriam pertinentes para a recolha do máximo de informação. Estas opções metodológicas assentam em duas fases distintas, que passaremos a explicar: uma primeira fase, com aplicação da entrevista para compreensão da situação atual nas Escolas sobre o tema de Avaliação de Práticas para a Inclusão de alunos com PEA; e uma segunda fase, com a apresentação do instrumento de avaliação LAQI, análise documental do mesmo pelas participantes e segunda entrevista sobre a viabilidade e utilidade do próprio instrumento.

Tal como afirmam Biklen e Bogdan (1994) "Um bom trabalho qualitativo é documentado com boas descrições provenientes dos dados para ilustrar e substanciar as asserções feitas." (p. 251)

Contudo, autores como Brantlinger, Jimenez, Klingner, Pugach e Richardson (2005, cit. Carmo e Ferreira, 2008) referem a importância do contributo deste tipo de estudo, mas não com intuito principal da generalização dos resultados, mas sim que estes possam ser relacionados com outros contextos e sujeitos.

Em suma, e por considerar fundamental o tema da Avaliação, que não se restringe somente à área da Educação, mas igualmente a outros sectores da sociedade portuguesa, procuramos estudar um tema com caráter inovador e que ainda não tivesse sido abordado extensivamente pela comunidade científica. Um dos objetivos

principais foi conhecer a ação dos docentes de educação especial, na sua relação com os outros elementos da equipa, no que concerne à avaliação de práticas para a inclusão, podendo contribuir para um sistema educativo de maior qualidade. Por este motivo, estudos voltados para uma melhoria da prática educativa são viáveis e fundamentais, tal como afirmam Biklen e Bogdan (1994) "Em conjunto com outras pessoas preocupadas com a mudança, quer esta mudança ocorra na avaliação, pedagogia ou modos de ação, os investigadores qualitativos podem ajudar as pessoas a viverem uma vida melhor." (p. 301)