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Capítulo I – Enquadramento Teórico

2. Perturbação do Espectro do Autismo (PEA)

3.1. Organização da Aprendizagem

A escola inclusiva remete para mudanças, quanto aos métodos e práticas educativas, os professores devem preocupar-se em ensinar e transmitir conhecimentos, mas sobretudo com a criação de condições e estratégias para uma melhor integração dos conteúdos. Estas estratégias devem ter em conta a diferenciação pedagógica, entendendo os diferentes estilos e ritmo de aprendizagem.

As crianças com PEA apresentam alterações qualitativas nas interações sociais, na comunicação verbal e não verbal, tanto receptiva como expressiva, assim como perturbações do comportamento, dificuldades na abstração e ao nível do simbólico. Estas caraterísticas vão interferir na aprendizagem, por isso uma melhoria no seu desempenho depende da utilização de métodos educacionais específicos, que procurem compensar estas dificuldades e que criem ambientes estruturados, com organização das atividades, do tempo e do espaço, que estimulem as suas capacidades funcionais e diminuam as suas limitações e comportamentos desajustados (Mota, Carvalho e Onofre, 2003).

Perrenoud (2000) refere-se à “pedagogia diferenciada” ou antes à diferenciação

pedagógica, termo que prefere na sua utilização, porque “põe o acento na diversidade

das práticas a empreender”, enquanto o primeiro pode induzir para a ideia de “um novo método enfim eficaz que tornasse obsoleto, todos os outros”(p.186). Na continuidade de linha de pensamento, o autor refere que a Escola tem que se ajustar à

diversidade dos alunos, através de uma pedagogia que responda às suas características individuais, vivenciando, assim, situações ricas de aprendizagem. Para Cadima et al. (1997), a diversidade e o pluralismo exigem, naturalmente, a implementação no grupo de diferenciação pedagógica, pois assim permitem o sentido social das aprendizagens, a gestão das diferenças e das capacidades que os alunos da turma possuem. Esta diferenciação permite ensinar a partir do que o aluno sabe, enriquecendo áreas de conhecimento que não estão tão bem assimiladas.

A escola tem o papel central de gerir a diversidade e promover a igualdade de oportunidades de sucesso dos alunos. Para se conseguir diferenciar, é importante reconhecer essas mesmas diferenças individuais.

A diferenciação pedagógica incide na organização das atividades, dos conteúdos, da participação, das interações, para que o aluno seja frequentemente convidado a participar em experiências enriquecedoras de conhecimento, de acordo com as suas necessidades e caraterísticas individuais. O docente deverá planificar, selecionar estratégias e metodologias de ensino, conforme a heterogeneidade dos elementos da sua turma.

Tal como vimos anteriormente o aluno com PEA apresenta características específicas, e cada caso é um caso. Por este motivo, quando o aluno com PEA ingressa no ensino regular há que ter em conta a avaliação inicial, realizada por docentes e técnicos especializados e o contributo de informações dadas pelos encarregados de educação. A partir desta informação vai-se definindo o perfil de funcionalidade, de atividade e participação do aluno com PEA.

O Programa Educativo Individual (PEI) diz respeito a um só aluno e apresenta informações relacionadas com o histórico de vida (familiar, escolar e de saúde), assim como, é neste documento que a equipa vai apresentar as medidas educativas propostas para o aluno. No PEI também estão definidas estratégias relacionadas com a diferenciação pedagógica, porque nem todos os alunos aprendem da mesma forma. Em suma, a Escola está em permanente mudança, e, no nosso entender, existe uma variedade de recursos que impulsionam esta diferenciação pedagógica, assim como os saberes disponíveis no campo científico que fundamentam este tipo de prática.

3.1.2 FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR

participação dos alunos com PEA. De acordo com o Decreto-lei 3/2008, de 7 de janeiro, como já foi referenciado, o aluno com PEA pode usufruir de adequações ao nível do currículo e da avaliação, de modo a conseguir atingir os objetivos definidos no seu Programa Educativo Individual.

Neste sentido, o papel do professor tem de ser o de orientador das aprendizagens, assumindo ele próprio, múltiplas formas de trabalho e proporcionando aos seus alunos a oportunidade de partilhar o ato de ensinar.

Segundo a UNESCO (2001), citada em Lima-Rodrigues (2007) a escola deve afirmar um currículo que: "i) deve ser acessível a todos os alunos e ancorar-se em modelos de aprendizagem, eles próprios inclusivos devendo adaptar-se a uma diversidade de estilos de aprendizagem; ii) deve organizar-se de forma flexível, respondendo à diversidade das necessidades individuais dos alunos (linguísticas, étnicas, religiosas ou outras) e não ser rigidamente prescrito ao nível nacional ou central; iv) coloca maiores desafios e exigências aos professores, que devem ser apoiados nos seus esforços de planificação, organização e implementação dos contextos de aprendizagem que melhor assegurem a participação do sucesso dos alunos." (p. 28) É importante que as aprendizagens sejam significativas para o aluno, o aluno deve aprender fazendo. O currículo deve ser flexível, com uma componente prática, de modo a gerar oportunidades de aprendizagem faseada, para que o aluno possa envolver-se nas atividades da turma de forma ativa (Porter, 1997).

A flexibilização curricular é uma medida que permite o acesso de todos os alunos a um currículo individualizado e que vá de encontro ao perfil do aluno, no que respeita às suas capacidades, de modo a conseguir alcançar sucesso educativo. Se assim não for, potencia-se o insucesso escolar, logo o insucesso da inclusão. (Leite, T., 2010) O acesso ao currículo é um dos aspetos fundamentais, para tal o aluno com PEA, pode usufruir de Adequações Curriculares Individuais (medida b), do artigo 16.º, Decreto-Lei 3/2008, de 7 de janeiro) ou de Currículo Específico Individual (medida e), do artigo 16.º, Decreto-Lei 3/2008, de 7 de janeiro). Este último para além de conteúdos académicos relacionados com o currículo comum, engloba outras áreas, igualmente importantes: social, comportamental, de execução e funcionalidade, entre outras.

3.2 PARTICIPAÇÃO NOS CONTEXTOS EDUCATIVOS