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Em grande parte a necessidade de adaptação ou reformulação das soluções adotadas é decorrente da interferência de um sub-sistema predial em outro A verificação destas interferências deve ocorrer durante

Capítulo III A comunicação do proieto para a obra

11 Em grande parte a necessidade de adaptação ou reformulação das soluções adotadas é decorrente da interferência de um sub-sistema predial em outro A verificação destas interferências deve ocorrer durante

a elaboração dos projetos dos sub-sistemas para que um esteja adaptado ao outro. A prática corrente e a dos projetos serem elaborados de forma estanque e em tempos distintos, com os conflitos se tomando evidentes apenas na execução da obra onde serão de alguma forma mediados, muitas vezes comprometendo o desempenho do sistema edificado.

Capítulo III A comunicação do proieto para a obra

3.5. Hipótese de trabalho: O projeto como mensagem

3.5.1. Controle das condições de transmissão da mensagem

O projeto para a construção civil não é um fim em si mesmo mas um meio para atingir um objetivo. Pode-se considerar que o projetista tem um compromisso com a formulação correta de uma solução que leve em consideração as necessidades e desejos do cliente, fatores socioculturais, econômicos e ambientais, restrições legais e as possibilidades tecnológicas. N o entanto, deve-se levar em conta igualmente que o projetista tem a responsabilidade de garantir a consistência das informações do projeto, pois são estas que permitem a execução da obra.

D esta forma, e de acordo com a abordagem do projeto como um processo de comunicação, há de ser considerado que o projetista tem a grande responsabilidade de controlar as condições de transmissão e de recepção das informações. Isso implica em minimizar os ruídos que, potencialmente, interferem na transmissão das informações para facilitar a sua recepção. Com base nisto, é possível formular a hipótese de que o projeto deve ser tratado como uma mensagem em um processo de comunicação, conduzindo as idéias e intenções do projetista para quem irá executar a obra, conduzindo as instruções para o processo construtivo.

3.5.2. Redução dos ruídos de código

Os ruídos de código são decorrentes, basicamente, da ambigüidade na interpretação dos signos utilizados na documentação do projeto. A utilização pouco

Capítulo 111 A comunicação do proieto para a obra

rigorosa do código convencionado, ou da linguagem de construção civil, com a adoção de variantes de linguagem, ou dialetos, pode levar à um a descodificação equivocada da mensagem por parte de quem faz a leitura do projeto, ou do destinatário.

N o entanto, há de ser levar em conta a necessidade, por parte do projetista, de expressar novos conteúdos para os quais o código convencional seja pobre ou insuficiente ou esteja desatualizado. O projetista poderá ter que fazer uso de signos que não são de domínio de quem faz a leitura do projeto. N este caso, o projetista deve indicar a simbologia não convencional que está adotando e estabelecer a relação entre o significante, ou símbolo, e seu significado, ou idéia. Isto irá permitir a correta descodificação da mensagem e a extração de seu conteúdo em termos de instruções para o processo construtivo.

3.5.3. Redução dos ruídos de repertório

Os ruídos de repertório são decorrentes do uso, por parte de quem faz a descodificação da mensagem, de sua rede de valores, referências e conhecimentos. Pela lógica do menor esforço, quem faz a leitura do projeto pode ser levado a interpretar de forma precipitada as intenções do projetista, substituindo informações do projeto por informações de seu conhecimento, de seu repertório. Também a leitura de conteúdos gerados por soluções pouco usuais ou inovadoras pode ser influenciada pelos estereótipos do destinatário gerando uma situação de aparente dificuldade.

O projetista, ao elaborar os docum entos do projeto, deve deixar claro quais as soluções convencionais e quais as pouco usuais que está adotando, fazendo uma distinção entre elas, enriquecendo a mensagem com mais informações a respeito das últimas. Isto simplifica a leitura do projeto na medida em que as soluções convencionais podem remeter ao repertório de quem executa a obra, que passa a focalizar seu esforço de descodificação nos elementos mais complexos, ou desconhecidos, da mensagem.

3.5.4. Redundância

Parte dos ruídos que interferem na transmissão das informações do projeto para a obra pode ser absorvida pela redundância, que é quando a mesma informação aparece diversas vezes através dos documentos, aumentando a possibilidade

Capítulo III_____________________________ A comunicação do proieto para a obra

de que seja captada e confirmando ou reiterando o seu conteúdo12. Ainda que tenha um significado que dá a idéia de excesso e até de retrabalho, a redundância aparece como um coeficiente de segurança da transmissão e recepção da mensagem, como afirma J. Teixeira Coelho Netto, (Coelho Netto, 1980). A redundância, que pode ser entendida sim plesmente como repetição, introduz no sistema um a capacidade de absorção de ruído e de prevenção de erro, como coloca Décio Pignatari (Pignatari, 1968).

A redundância pode ser usada como um artifício para destacar a importância, ou estabelecer um a hierarquia, das inform ações13. N este caso, a referência redundante a um aspecto relevante, ou a uma solução não convencional, pode destacar a sua importância para o conjunto da obra. Pode-se usar a redundância também como uma form a de articular os diversos documentos, e portanto as diversas informações, que compõe o projeto14. Assim, as referências redundantes a formas, serviços e quantidades, através dos documentos com desenhos, com texto e com planilhas, pode facilitar a leitura do conjunto de informações do projeto.

3.5.5. A omissão como informação

A omissão de informações leva, quem faz a leitura do projeto, a fazer uso de sua rede de referências, valores e conhecimentos, isto é, de seu repertório. Neste sentido, a omissão de informação é uma forma de informação que remete ao repertório do destinatário da mensagem. A omissão de informação tende a ser vista como uma

12 Um bom exemplo de redundância, já largamente adotado, aparece nas cotas, ou medidas, do projeto. O projeto é desenhado, ou plotado, em uma determinada escala, o que permite a leitura das medidas através de régua ou escalímetro. Mesmo assim são cotadas as distâncias entre pontos significativos e são indicados também sub-totais e totais do somatório das cotas. Esta redundância é fundamental para confirmar medidas em desenhos realizados manualmente, onde as cotas são calculadas à parte e transcritas, levando a uma grande incidência de erros por cálculo e por transcrição. Permanece importante em desenhos vetorizados, onde as cotas podem ser automáticas, principalmente para evitar os erros da leitura através de instrumentos. Cotas redundantes, sub-totais e totais também absorvem parte dos erros de marcação de medidas na obra.

13 Informações que aparecessem ao longo de toda documentação do projeto, teriam implicação no todo e portanto seriam mais importantes que informações que aparecessem em apenas pequena parte dos documentos, com implicações locais ou regionais.

14 Como já foi mencionado, as informações estão espalhadas por diversos documentos, e na forma de