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2.1 Imaginando o funcionamento do sistema nervoso

2.1.2 Neurônios-espelho

Existem diversos tipos de neurônios, com diferentes funções dependendo da sua localização e estrutura morfológica. Entre eles estão a célula de

purkinge, o neurônio estrelado, o neurônio unipolar, neurônio piramidal, neurônio multipolar, neurônio monopolar visual, o interneurônio, o motoneurônio e tantos

outros.

Uma das descobertas mais importantes das neurociências nos últimos tempos são os chamados neurônios-espelho. Os neurocientistas que os descobriram são Giacomo Rizzolatti e colaboradores, da Universidade de Parma, na Itália. Estes neurônios foram primeiramente encontrados nas áreas do córtex pré- frontal de macacos. São neurônios que disparam (entram em atividade acentuada) não apenas quando o animal realiza a ação (o que já era previsto que acontecesse), mas também disparam quando o animal está apenas observando uma outra pessoa realizar a ação (o que foi uma surpresa). O artigo relatando essa importante descoberta foi publicado em 1996.

Desde então, várias equipes pesquisaram o papel dos neurônios– espelho no movimento e em outras funções. Agora, no entanto, o foco dos pesquisadores está naquilo que parece ser uma função adicional dessas células - a maneira como disparam em resposta a algo observado. A descoberta desse

mecanismo, feita há cerca de uma década, sugere que nós também fazemos mentalmente tudo a que assistimos alguém fazer. Ela explica como aprendemos a sorrir, conversar, caminhar, dançar ou mesmo jogar tênis.

Numerosas pesquisas têm demonstrado que o cérebro humano tem múltiplos sistemas de neurônios-espelho especializados em executar e compreender não apenas as ações dos outros, mas também as suas intenções, o significado social do comportamento deles e suas emoções. Os neurônios-espelho já foram encontrados nas áreas do córtex pré-motor e parietal inferior (associados a movimentos de percepção), bem como no lobo parietal posterior, no sulco temporal superior e na ínsula, regiões que correspondem a nossa capacidade de compreender o sentimento de outra pessoa, entender a intensão e usar a linguagem.

Numerosas pesquisas têm demonstrado que o cérebro humano tem múltiplos sistemas de neurônios-espelho especializados em executar e compreender não apenas as ações dos outros, mas suas intenções, o significado social do comportamento deles e suas emoções. Os neurônios-espelho já foram encontrados nas áreas do córtex pré-motor e parietal inferior (associados a movimentos de percepção), bem como no lobo parietal posterior, no sulco temporal superior e na ínsula, regiões que correspondem a nossa capacidade de compreender o sentimento de outra pessoa, entender a intenção e usar a linguagem.

Encontradas em várias partes do cérebro, essas células disparam em resposta a cadeias de ações relacionadas a intenções. Algumas são acionadas quando uma pessoa estende a mão para pegar um copo ou observa alguém pegar um copo; outras disparam quando a pessoa coloca o copo sobre a mesa e, outras ainda, quando a pessoa estende a mão para pegar uma escova de dente e etc.

Descobriu-se também que os seres humanos têm neurônios-espelho muito mais perspicazes, flexíveis e altamente evoluídos do que os encontrados nos macacos, um fato que teria resultado na evolução de habilidades sociais mais sofisticadas nos seres humanos.

Em entrevista ao jornal norte-americano New York Times, Rizzolatti (apud: DOBBS, 2006, p. 46-51) disse: "Somos criaturas requintadamente sociais. Os

neurônios-espelho nos permitem captar a mente dos outros não por meio do raciocínio conceitual, mas pela simulação direta. Sentindo e não pensando".

Em 1998, Rizzolatti e Arbib descobriram que uma das regiões particularmente ricas em neurônios-espelho é a área de Broca13. Segundo Michael Arbib, neurocientista da University of Southern California, toda a linguagem pode estar baseada no funcionamento dos neurônios-espelho. Tal sistema, encontrado na parte frontal do cérebro, contém circuitos superpostos para a língua falada e a linguagem dos sinais. Num artigo publicado na revista Trends in Neuroscience, em março de 1998, Arbib descreve como gestos de mão e movimentos complexos da língua e dos lábios usados na formação de sentenças fazem uso do mesmo mecanismo.

Para Vilayanur Ramachandran (MENTE & CÉREBRO, 2006, nº 161), neurocientista da Universidade da Califórnia de San Diego, os neurônios-espelho vão fazer pela psicologia o que o DNA fez pela biologia: um sistema de referências unificador capaz de explicar o funcionamento de nossa mente. Daí, por exemplo, podermos compreender como os seres humanos deram “um grande salto à frente” cerca de 50 mil anos atrás, quando adquiriram novas habilidades que tornaram possível a cultura humana, como o uso de linguagem, de ferramentas e da arte. Até

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então, os estudiosos vinham tratando a cultura como fundamentalmente separada da biologia. Patricia Greenfield (MENTE&CÉREBRO, 2006, nº 161), psicóloga da UCLA, considera que "Agora vemos que os neurônios-espelho absorvem a cultura

diretamente, com cada geração ensinando a próxima por meio do convívio social, imitação e observação".

Dado que os neurônios-espelho são tão fundamentais para a compreensão, faz sentido que falhas entre eles possam criar problemas profundos. De fato, parece que déficits podem ajudar a explicar dificuldades que vão de reserva excessiva a autismo. Alguns cientistas acreditam que o autismo pode estar relacionado a neurônios-espelho malformados. No artigo publicado na revista

“Nature Neuroscience”, de autoria de Mirella Dapretto, neurocientista da UCLA,

revela que, embora muitas pessoas autistas consigam identificar expressões emocionais, como a tristeza no rosto de outra pessoa, e até mesmo imitar olhares tristes, não percebem o significado emocional da emoção imitada. Mesmo observando outras pessoas, não sabem como é se sentir triste, com raiva, desgostoso ou surpreso.

Os neurocientistas Gallese & Goldman, em estudo divulgado na revista especializada Trends in Cognitive Sciences (1988, p. 493-501), sugerem que os neurônios-espelho são acionados ao vermos alguém bocejar ou mesmo rir. Isso explicaria tanto o riso como o bocejo contagioso. Deste modo, os neurônios-espelho não agiriam apenas ao observar um gesto ou uma emoção, mas seriam acionados também pelo simples som dela.

As investigações com neurônios-espelho aumentaram bastante nos últimos cinco anos, e parece certo que irá crescer ainda mais. Se seu enorme poder explicativo for apoiado em resultados mais robustos, esses neurônios poderão ser

tratados como o DNA da neurociência. Enquanto isso, os neurônios-espelho explicam algumas maravilhas intrigantes.