• Nenhum resultado encontrado

EFEITOS E SINTETIZADORES.

2. ROCK PROGRESSIVO

2.4 PUNK ROCK

2.4.3 NEW WAVE

O sucesso comercial do Punk foi relativamente contido em torno do norte Europeu, e quando as bandas tentaram entrar no mercado norte-americano, dominado por bandas que faziam música voltada especificamente para uma vasta audiência ao vivo, denominadas de

Arena-Rock como Queen, Kansas, Styx e Boston, os músicos ingleses como os Sex Pistols não

tiveram muito sucesso, e seus álbuns não venderam praticamente nada. O termo Punk tinha uma conotação negativa forte no contexto estadunidense, e a decisão a partir da equipe de divulgação de algumas bandas foi de “re-comercializar” a música fora desta imagem Punk – foi neste contexto que surgiu o nome New Wave. Esta tentativa de comercialização não foi tão bem-sucedida, mas o nome ficou, e foi adotado por novas bandas que surgiam justamente em torno do mercado norte-americano, com uma música menos agressiva, e adotando as novidades tecnológicas desenvolvidas ali. Por volta de 1980, teríamos três “desdobramentos” a partir do Punk de 1976, que seriam: o verdadeiro Punk, o Post-Punk, e o New Wave. (CATEFORIS, 2011)

but rather contributed to the overall structure and the melodic development of tracks.” (HEGARTY, HALLIWELL, 2010, p.175)

Dentre estes desdobramentos, o subgênero que veio a influenciar mais diretamente as bandas de progressivo foi principalmente o New Wave; algumas das principais bandas que surgiram entre 1978 e 1980, como o The Police e Elvis Costello na Inglaterra, Talking Heads e Blondie, The Cars e Devo nos Estados Unidos estavam associadas ao estilo que ficou conhecido como New Wave. Macan (1998) segue descrevendo algumas de suas principais características musicais:

O New Wave aparou as arestas do Punk – especialmente suas guitarras furiosamente distorcidas – e se inspiravam em fortes linhas de baixo, cores tonais sintéticas, e padrões rítmicos repetidos incessantemente do disco. Enquanto o New Wave era métrica, harmônica, e estruturalmente mais simples do que o Rock Progressivo, ele era inovador em outros aspectos, especialmente em textura, timbre e técnicas de produção […] Desde o surgimento das bandas de New Wave na junção quando a tecnologia digital começava a substituir o equipamento analógico mais antigo, talvez não seja tão surpreendente que estes grupos inicialmente utilizaram este novo equipamento com mais confiança do que as bandas de Rock Progressivo estabelecidas. (MACAN, 1998, p.192. Tradução nossa) 67

As bandas que surgiram em torno desta época vinham acompanhando os desenvolvimentos tecnológicos na área de música, e foram rápidas em adotar instrumentos digitais. Se considerarmos as fontes de inspiração e influências musicais de tais bandas, podemos chegar no que seria uma certa “assinatura sonora” deste subgênero:

As texturas dispostas em camadas intricadamente das duas bandas mais inventivas de New Wave – The Police e The Talking Heads – pareciam ter se originado pelo menos em parte pelo seu interesse na cena crescente da World Music: o The Police se inspirou no Reggae e estilos do Oriente Médio, enquanto o The Talking Heads estava claramente interessado em música Africana. (MACAN, 1998, p.192. Tradução nossa) 68

67 No original “New Wave pared off the rough edges of punk – especially the latter's fiercely distorted guitars— and drew on the punchy bass lines, synthetic tone colors, and ceaselessly repeated rhythmic patterns of disco. While New Wave was metrically, harmonically, and structurally simpler than progressive rock, it was innovative in different realms, especially in texture, timbre, and production techniques. […] Since the New Wave bands emerged at the junction when digital technology was beginning to replace the older analog equipment, it is perhaps not surprising that these groups initially used the new equipment with greater confidence than did the established progressive rock bands.” (MACAN, 1998, p.192)

68 No original “The intricately layered textures of the two most inventive New Wave bands, the Police and the Talking Heads, seem to have stemmed at least in part from their interest in the burgeoning world music scene: The Police drew from reggae and Middle Eastern styles, while the Talking Heads were clearly interested in African music.” (MACAN, 1998, p.192)

O uso de instrumentos capazes de produzir timbres de maneira digital e artificial, combinado com esta inspiração e influência em músicas de origens variadas, principalmente percussivas, resultou na produção de álbuns com sonoridades bastante peculiares, ainda mais considerando que a música na qual eles se inspiraram normalmente seria tocada em instrumentos não somente puramente acústicos, mas muitas vezes produzidos de forma artesanal. Estas sonoridades percussivas, metálicas e eletrônicas vieram a ser reproduzida por aquelas bandas e músicos de Rock Progressivo anteriormente citados, como Peter Gabriel, em seu terceiro e quarto álbuns solo, King Crimson nos três álbuns lançados no início da década de 1980, e Rush, principalmente em seu álbum de 1985 chamado Power Windows.

A adoção de novas tecnologias e simplificação da música trouxe algumas consequências, não somente para as bandas mencionadas, mas principalmente para as que seguiram carreira ao longo da década de 1980 como Genesis, Jethro Tull, Yes e Pink Floyd. Para as bandas outras anteriores, a adoção dos desenvolvimentos se tornou uma característica musical e foi utilizado de forma vantajosa; estas mencionadas agora apresentavam somente uma simplificação do Rock, procurando atender as demandas do mercado de Arena-Rock norte-americano, e a adoção de tecnologias de produção de timbres digitais levou à supressão da utilização de instrumentos acústicos:

Enquanto as bandas já estabelecidas de Rock Progressivo adotavam novos equipamentos, elas quase sempre abandonavam justamente aqueles teclados analógicos (o Hammond, o Mellotron, e subsequentes sintetizadores de cordas) que tinham sido responsáveis pelo som distinto influenciado pelo erudito do [sub]gênero. Ainda mais significantemente, na pressa para se apropriar das tecnologias digitais recentemente disponibilizadas, instrumentos acústicos desapareceram completamente, ou quase que completamente, da música das maiores bandas de Rock Progressivo durante o início até meados da década de 1980. (MACAN, 1998, pg.192. Tradução nossa) 69

Bandas que traziam instrumentos acústicos em sua música, até mesmo como característica marcante de seus arranjos, foram lentamente abandonando quase que completamente o seu uso. Genesis nos álbuns Abacab (1981), Genesis (1983) e Invisible

Touch (1986), Pink Floyd em A Momentary Lapse of Reason (1987), e Jethro Tull

69 No original “As the established progressive rock bands adopted the new equipment, they often abandoned just those analog keyboards (the Hammond, the Mellotron, and later analog string synthesizers) that had been responsible for the genre's distinctive, classically influenced sound. Even more significantly, in the rush to appropriate all the newly available digital technology, acoustic instruments disappeared entirely, or almost entirely, from the music of the major progressive rock bands during the early to mid-1980s.” (MACAN, 1998, pg.192)

principalmente em Under Wraps (1984). Além disto, as bandas abandonaram o uso dos timbres do Hammond, Mellotron e outros sintetizadores analógicos da década de 1970.

O que é chamado de Stadium-Rock ou Arena-Rock é somente uma nomenclatura de comercialização ou descrição que surgiu ao longo da década de 1970 em torno do mercado e mídia do Rock norte-americano. Este “subgênero” é utilizado mais como uma ferramenta para se referir a um grande número de bandas as quais apresentam uma característica única em comum a partir de um certo ponto – um público muito grande, sendo necessário que os shows sejam realizados em arenas ou estádios de esportes.

De um ponto de vista musical, algumas destas bandas que vieram a ser denominadas como Arena-Rock, quando observadas no início de sua carreira em meados da década de 1970, apresentavam algumas características que as classificariam possivelmente como Rock

Progressivo, mas que, ao passar dos anos, decidiram atender à demanda de outro mercado de

uma maneira mais direta, com um resultado mais próximo ao Hard Rock, Glam Rock ou

Heavy Metal:

Bandas populares de Stadium Rock norte-americanas como Journey, Boston, Styx, e Kansas tinham tomado o lugar do Rock Progressivo, trocando entre versões de complexidade musical […] e músicas diretas, mais favoráveis ao rádio, lidando com temas de relacionamentos e estilo de vida. […] O domínio de bandas de Rock e músicos caucasianos na virada da década de 1980 – incluindo o Foreigner, REO Speedwagon e Bob Seger – significava que grupos classificados como prog nas suas formas iniciais, como Kansas ou o Supertramp, que soava norte-americano mas era principalmente Inglês, se desviaram em direção a uma identidade mais comercializável e estruturas musicais que poderiam maximizar vendas de discos e transmissões pelo rádio […] grupos como o Queen e o Electric Light Orchestra (ELO) conseguiram sucesso comercial através de um Rock épico e altamente orquestral, performances ao vivo energéticas e singles melódicos ainda que extravagantes, com a faixa de 6 minutos do Queen, Bohemian Rhapsody (1975), competindo pela posição como música de Rock Progressivo com os seus ambientes contrastantes, estrutura de três partes, e ausência de um refrão. (HEGARTY, HALLIWELL, 2010, p.182. Tradução nossa) 70

70 No original “Popular American stadium bands such as Journey, Boston, Styx and Kansas had taken the place of progressive rock, shifing between versions of the musical complexity [...] and direct, radio-friendly songs dealing with relationships and lifestyles. […] The dominance of white rock bands and performers at the turn of the 1980s – including Foreigner, REO Speedwagon and Bob Seger – meant groups that could be classifed as prog in their early guises, such as Kansas or the American-sounding but mostly British Supertramp, veered towards a marketable identity and song structures that could maximize radio airplay and record sales […] groups such as Queen and the Electric Light Orchestra (ELO) attained commercial success through epic and highly orchestral rock, energetic live performances, and melodic yet extravagant singles, with Queen’s 6-minute ‘Bohemian Rhapsody’ (1975) a contender as a progressive rock song in its contrasting moods, three-part structure, and lack of chorus.” (HEGARTY, HALLIWELL, 2010, p.182)

Como mencionado em momentos anteriores ao longo do texto, bandas de Rock Progressivo não teriam uma demanda de mercado especifica no final da década de 1970, então não foi uma surpresa quando estas bandas se voltaram para a indústria musical de Rock de uma forma mais geral. Além dos grupos mencionados, as quais surgiram no mercado estadunidense próximo ao final da década de 1970, surgiu também um supergrupo chamado Asia, também classificado como Arena Rock, e que foi formado por antigos membros das bandas importantes de Rock Progressivo – Yes, King Crimson, Emerson, Lake & Palmer e The

No documento O rock progressivo depois de 1990 (páginas 74-79)