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2. BUILDING INFORMATION MODELING (BIM)

2.5 NORMALIZAÇÃO BIM

Por ser uma nova forma de se pensar a construção civil, utilizando novos

métodos associados à novas tecnologias, modificando relações interpessoais entre

as partes envolvidas e as diversas fases que compões o ciclo de vida do

empreendimento, são necessárias normas que direcionem as formas mais corretas

de adoção e desenvolvimento do panorama BIM. Ruschel e Cuperschmid (2018)

sugerem que o uso do BIM, assim como de qualquer tecnologia inovadora, tem suas

dificuldades e desafios até seu entendimento completo e eficaz. Desta forma, as

entidades governamentais do Brasil e do mundo estão desenvolvendo diretrizes que

auxiliem esse movimento.

Com a crescente demanda por conceitos avançados de projeto e a rapidez

no aumento de terminologias de processos, a International Organization for

Standardization (ISO) observou a necessidade da criação de uma norma para

classificar e descrever os processos. A criação da ISO 12006-2:2001

8

, estabelece

uma estrutura de classes genéricas de interesse em construção e gerenciamento

de instalações, sendo um importante ponto de partida para desenvolver tabelas de

classificação detalhadas (EASTMAN, 2005).

Uma base criada para classificar e organizar informações sobre objetos e

métodos para a construção utilizando BIM é a OmniClass™ Construction

Classification System (OCCS) ou simplesmente OmniClass™. Desenvolvida a

partir da ISO 12006/2001 e utilizada pela indústria de AEC norte americana,

abrange todo o ciclo de vida do empreendimento, indo desde sua concepção até

sua demolição ou reuso, observando os diferentes tipos de edificação que podem

compor o ambiente construído (CSI, [20-]).

No Brasil, a Comissão Especial de Estudos de Modelagem de Informação na

Construção, ABNT/CEE-134, foi encabida de traduzir a norma ISO 12006-2/2001,

publicando a ABNT NBR ISO 12006-2:2010 e está sendo a responsável pelo

desenvolvimento da ABNT NBR 15965

9

, que trata da primeira Norma BIM

Brasileira. Tomando como referência a ISO e como texto base a classificação norte

americana OmniClass™, tem a função de criar um sistema de classificação nacional

das informações geradas no processo BIM (CATELANI; SANTOS, 2016). Entre as

classificações estão presentes, por exemplo, tabelas que caracterizam o edifício

8 ISO 12006-2:2001 Building construction - Organization of information about construction works – Part 2: Framework for classification of information (ISO 2002).

9 ABNT NBR 15965 Sistema de classificação da informação da construção. É uma Coletânea Eletrônica de Normas Técnicas, na quais são reunidas normas que fornecem orientações sobre a aplicação da modelagem da informação da construção (ABNT, 2020).

como um todo e seus ambientes segundo seu uso, forma e função. Além dessas,

existem tabelas que tratam sobre a fase do ciclo de vida da edificação, produtos,

equipamentos necessários, serviços, disciplinas envolvidas, entre outras. As

classificações feitas pelas normas serão distribuídas em tabelas de fácil

compreensão, não apenas por profissionais, mas também por softwares de

computador, servindo para criar estruturas analíticas de projeto (EAPs)

padronizadas e codificadas, podendo-se extrair informações precisas dos arquivos

gerados (CBIC, 2016b). Vale ressaltar que as tabelas contidas na norma brasileira

não são uma simples tradução da OmniClass™, tendo em vista que estas foram

criadas a partir da realidade daquele país, sendo incluídas soluções construtivas,

técnicas e componentes específicos do Brasil (CATELANI; SANTOS, 2016). A

intenção dos desenvolvedores da norma brasileira é que seus parâmetros e

classificações já estejam embutidos nos softwares BIM, gerando tabelas de

quantitativos com referências precisas dos materiais e serviços planejados, assim

como acontece na OmniClass™.

A fim de normalizar a parte de gerenciamento das informações dos processos

colaborativos BIM nas fases de entrega e operação, foi criada a ISO 19650:2018

10

.

Dividida em duas partes, na qual a primeira trata de conceitos e princípios que são

recomendações para todos os atores envolvidos em um processo que envolve BIM,

desde os clientes e equipe de projetos aos fornecedores e fabricantes em todo o

ciclo de vida da edificação; a segunda parte trata das fases de entrega do projeto,

fornecendo informações específicas à equipe de projeto dos ativos construídos. A

publicação da ISO 19650/2018 cria um ambiente favorável às instituições que

desejam implementar o BIM em seus processos, minimizando perda de tempo em

atividades e melhorando a previsão em torno dos custos e tempo. Traz uma

abordagem comum no gerenciamento das informações, em um alinhamento da

indústria a respeito das boas práticas de construção e projeto (BSI, 2019). A

tradução pela ABNT desta norma internacional se encontrava em desenvolvimento

10 BS EN ISO 19650-1: Organization and digitization of information about buildings and civil engineering works, including building information modelling -- Information management using building information modelling: Concepts and principles, e BS EN ISO 19650-2: Organization and digitization of information about buildings and civil engineering works, including building information modelling -- Information management using building information modelling: Delivery phase of the assets.

durante a elaboração deste trabalho sob o nome NBR ISO 19650 com o mesmo

conteúdo da norma original.

Além disso, segundo Eastman et al. (2014), o intercâmbio de dados entre

computadores de modelos de objetos complexos, com geometrias e parâmetros

específicos torna o arquivo muito grande, a ponto de ser inutilizável. Observando

esse fato, a International Organization for Standardization (ISO) criou o Comitê

Técnico TC-184, responsável pelo desenvolvimento de um padrão de exportação

dos dados de produtos entre computadores na chamada ISO 10303

11

, também

conhecida como STEP (STandard for the Exchange of Product model data).

Tendo sido criada com o objetivo de garantir a apresentação, integração e

intercâmbio de dados entre computadores, independente do sistema nativo em que

o modelo tenha sido criado (CBIC, 2016a).

A fim de facilitar a interoperabilidade entre os sistemas, foram criados

modelos de dados pela indústria que serão tratados no tópico seguinte.

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