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Normas editadas pós Constituição Federal de 1988

CAPITULO III – PROTEÇÃO LEGAL DOS RECURSOS HÍDRICOS

3.2. D IREITO B RASILEIRO

3.2.5. Normas editadas pós Constituição Federal de 1988

No ano de 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, autarquia federal, ligada ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de executar as políticas nacionais de meio ambiente referentes às atribuições federais permanentes relativas à preservação, à

115 BARROSO, Luis Roberto. A Proteção do Meio Ambiente na Constituição Brasileira. Revista Forense, Volume 317, Jan/Mar 1988, Editora Forense, p.164.

conservação e ao uso sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização e controle. Ao IBAMA foram dadas as competências de uma série de órgãos extintos para a sua criação, como a SEMA, o IBDF e a SUDEPE.

Em 17 de janeiro de 1991, foi instituída a Lei n° 8 .171, a Política Agrícola, que também prevê tratamento em matéria de águas, no Capítulo VI, art.

19, que trata da Proteção ao Meio Ambiente e da Conservação dos Recursos Naturais, onde são especificados os deveres do Poder Público. Aí estão inseridas a disciplina e a fiscalização do uso racional do solo, da água, da fauna e da flora (art. 19, II), assim como a coordenação de programas de estímulo e incentivo à preservação das nascentes dos cursos d’água e do meio ambiente (art. 19 VII).

No mesmo capítulo, o art. 23 trata das empresas que exploram economicamente águas represadas e as concessionárias de energia elétrica que serão responsabilizadas pelas alterações ambientais por elas provocadas; são obrigadas a recuperar o meio ambiente, na área de abrangência de suas respectivas bacias hidrográficas.

No Capítulo XII, onde são tratados os investimentos que o Poder Público deverá cumprir, está o “bem estar social de comunidades rurais”, inserido aí o direito de acesso à água dessas comunidades, através de obras de barragem, açudes, perfuração de poços, diques e comportas para projetos de irrigação, retificação de cursos de água e drenagem de áreas alagadas (art. 47, a).

No ano de 1995 é criada a Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente – SRH/MMA, através da Medida Provisória n.º 813, de 01/01/95. Cabe à SRH/MMA prover os serviços de Secretaria-Executiva do CNRH, incumbindo-lhe prestar apoio administrativo, técnico e financeiro ao Conselho; instruir os expedientes provenientes dos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos e dos Comitês de Bacia Hidrográfica; e elaborar seu programa de trabalho e respectiva proposta orçamentária anual, submetendo-os à aprovação do Conselho116.

Em 26 de dezembro de 1996, a Lei n.º 9.427/96 promulga a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, autarquia sob regime especial, vinculada

116 Decreto 4.613/2003.

ao Ministério das Minas e Energia, com sede e foro no Distrito Federal, com a finalidade de regular e fiscalizar a produção, transmissão e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as Políticas e Diretrizes do Governo Federal. Extingue-se, dessa forma, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE.

Cabe à ANEEL, relativamente às águas: implementar as políticas e diretrizes do governo federal para a exploração e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos, expedindo os atos regulamentares necessários ao cumprimento das normas estabelecidas pela Lei 9.074/1995117, incluindo as Leis 10.848, de 15.03.2004, e 11.488, de 15.06.2007. Com a extinção do DNAEE, o seu acervo técnico e patrimonial, as obrigações, os direitos e as receitas foram transferidos para a ANEEL.

Em janeiro de 1997 foi instituída a Lei n° 9.433, P olítica Nacional de Recursos Hídricos, criando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamentando o inciso XIX do artigo 21 da Constituição Federal e alterando o artigo 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Para essa lei dedicar-se-á especial atenção no capitulo V.

A Lei n.° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - Lei d e Crimes Ambientais, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e, no seu artigo 54, prevê a criminalização no caso de poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, e com hipótese do aumento de pena em caso de poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade (art. 54, III).

Em 28 de abril de 2000, é promulgada a Lei n.° 9.96 6, que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.

117 Lei 9.074/95 Art. 4º As concessões, permissões e autorizações de exploração de serviços e instalações de energia elétrica e de aproveitamento energético dos cursos de água serão contratadas, prorrogadas ou outorgadas nos termos desta e da Lei nº 8.987, de 1995, e das demais.

Em 17 de julho de 2000 foi publicada a Lei n.° 9.98 4, que cria a Agência Nacional de Águas – ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e da Coordenação Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. É de competência da ANA promover a articulação dos planejamentos nacional, regionais, estaduais e dos setores usuários elaborados pelas entidades que integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e formular a Política Nacional de Recursos Hídricos (art. 1°).

No Brasil, é garantido o direito de água potável a toda a população, através da Portaria n.° 518/GM, de 25 de março de 2 004, do Ministério da Saúde:

“toda água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água118”, sendo a distribuição de água potável obrigatória pelo Sistema de Abastecimento de Água para Consumo Humano.

Sobre esse tema, Paulo Afonso Leme Machado escreve que “a União, os Estados e os Municípios estão obrigados a seguir os parâmetros da mencionada portaria e a adotar as medidas necessárias para isso. A distribuição de água potável no Brasil é ato administrativo vinculado, excluindo a discricionariedade”119.

A Medida Provisória 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, que alterou alguns artigos do Código Florestal Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, traz em seu art. 1°, II, o conceito de área de preservaç ão permanente (APP), tendo como uma de suas funções a preservação dos recursos hídricos, “área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2° e 3° desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar120 das populações humanas”. Em 05 de janeiro de 2007, foi promulgada a Lei n°.

11.445/07, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico.

118 Portaria no 1.469, Controle e Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano e seu Padrão de Potabilidade Disponível em

< http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-518.htm>. Consulta realizada em 20/10/2007.

119 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Recursos Hídricos. 2002. p. 16.

120 Bem-estar pode ser traduzido como um estado de perfeita satisfação física ou moral, conforto.

Essas são as normas de proteção do meio ambiente, direta ou indiretamente relacionadas às águas, regulamentadas pelo Brasil. Como pode-se observar, são várias as normas que tratam do assunto água, de forma especifica ou genérica, mas sempre procurando sua proteção legal e efetiva.

CAPÍTULO IV – CONFLITOS RELACIONADOS COM USO E/OU