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ETAPA 1: Procedimentos de controle dos materiais constituintes da dosagem DADOS DE ENTRADA: Ensaios de laboratório e controle visual

2.7 NORMAS TÉCNICAS SOBRE PAVERS

2.7.3 NORMAS INTERNACIONAIS PARA PAVERS

Na Europa onde os pavers já estão inseridos no contexto da construção civil, foi desenvolvida uma norma de especificação do material, garantindo seu uso de forma mais correta. Dois países da América do Norte, mais precisamente Estados Unidos e Canadá, desenvolveram normas que especificam os requisitos para os pavimentos intertravados com pavers. As normas ora citadas encontram-se comentadas a seguir:

a) Norma Européia

A norma elaborada pela European Committee for Standardization (CEN), identificada como BS EN-1338 (2003): Concrete paving blocks – Requerements and tests methods, deverá ser utilizada, conforme especificada, em áreas como: calçadas, áreas urbanas, ciclovias, estacionamentos, estradas, rodovias, portos, aeroportos, entre outros.

Esta norma BS EN-1338 (2003) diferencia-se das outras normas internacionais principalmente por incorporar um sistema no processo de fabricação dos pavers, que possibilita ao produtor garantir um sistema adequado de qualidade dos produtos fabricados e despachados para seus respectivos clientes, de acordo com as normas específicas dos países produtores e do CEN.

A BS EN-1338 (2003) consta de três partes que são interligadas, sendo a primeira parte destinada às definições gerais e requisitos de materiais e produtos fabricados. A segunda parte refere-se à avaliação da conformidade dos produtos produzidos e critérios de atendimento aos requisitos especificados. E tem ainda oito anexos que descrevem a metodologia dos ensaios que são requeridos, além dos requisitos necessários para determinar a conformidade dos pavers.

O ensaio de resistência adotado pela norma é o de tração indireta (uma adaptação do método Lobo Carneiro, ver esquema na Figura 2.16) desenvolvido inicialmente para corpos-de-prova cilíndricos de concreto. Este ensaio pode ser vantajoso quando comparado com o ensaio à compressão, pois não é necessário utilizar nenhum tipo de capeamento, apenas um espaçador de madeira.

1) espaçador de madeira, com espessura de 4 ± 1 mm e largura de 15 ± 1 mm; 2) paver;

3) viga de metal semi-esférica, com raio de 75 ± 5 mm.

Figura 2.16 – Esquema do ensaio de tração por compressão. (Fonte: BS EN-1338, 2003)

Para a resistência à abrasão são propostos dois tipos de ensaios. O primeiro é especificamente idealizado para paver, conhecido como ensaio de abrasão do disco de Desgaste Metálico. Este método foi desenvolvido a partir da norma francesa NF P 98-303: Concrete paving blocks, e é o mais utilizado pela comunidade européia (VALLÈS, 1997 apud CRUZ, 2003). O segundo método é o tradicional ensaio alemão, realizado com o disco de Bohme, seguindo a norma específica DIN- 52108: Boehme test.

O ensaio de resistência a ciclos de gelo-degelo não será comentado pelo fato do Brasil ser um país de clima tropical.

Os ensaios especificados na BS EN-1338 (2003) que determinam a conformidade dos pavers estão apresentados na Tabela 2.10.

Tabela 2.10 – Requisitos da norma BS EN-1338 (2003).

Tipo de requisito Limites aceitáveis

Resistência a ciclos de gelo-degelo Média de 3 resultados < 1,0 kg/m² e nenhum resultado individual > 1,5 kg/m²

Absorção < 6,0 %

Resistência à tração por compressão

(adaptação do Método Lobo Carneiro)

Nenhum resultado individual < 3,6 MPa e a carga de ruptura < 250 N/mm

Resistência à abrasão (*disco de Bohme, DIN-52108) (**disco de Desgaste Metálico, NF

P 98-303) ≤ 20 cm³/50 cm² (*) ≤ 23 mm (**) Resistência frenagem/escorregamento (Pêndulo Britânico) > 45

Aspectos visuais – Textura e cor Nenhum paver deve apresentar fissuras, quebras ou delaminação (no caso de paver de dupla camada)

Altura da peça Comprimento Largura Altura

< 100 ± 2 ± 2 ± 3

Tolerância dimensional

(mm) > 100 ± 3 ± 3 ± 3

b) Normas: Americana e Canadense

Devido o crescente registro da utilização dos pavimentos intertravados na América do Norte, aliado a necessidade de criar normas de dimensionamento e especificações gerais de fabricação e qualidade dos pavers, na década de 1990, o Instituto de Pavimentos de Peças Pré-Moldadas de Concreto (ICPI) conseguiu regulamentar métodos de dimensionamento específicos para pavimentos intertravados. Quanto à normalização de fabricação e controle dos pavers, revisões foram executadas nas normas americana ASTM-C936 (1996): Standard specification for solid concrete interlocking paving units, e canadense CSA A231.2-95 (1995): Precast concrete pavers.

As características requeridas nessas normas são basicamente as mesmas da norma européia, mas não existe consenso na metodologia dos ensaios. Na Tabela 2.11 são apresentados os principais requisitos de desempenho e controle de fabricação dos pavers prescritos nas normas americana e canadense, nos quais se encontram atualmente em vigor.

Tabela 2.11 – Requisitos para pavers, normas: ASTM-C936 (1996) e CSA A231.2-95 (1995).

Limites aceitáveis

Requisitos ASTM-C936 CSA A231.2-95

Área do paver < 0,065 m² Dimensões das peças Relação comprimento/espessura ≤ 4 Comprimento ± 1,6 -1,0/+2,0 Largura ± 1,6 -1,0/+2,0 Tolerância dimensional (mm) Altura ± 3,2 ± 3,0 Média ≥ 55,0 ≥ 50,0 Individual ≥ 50,0 ≥ 45,0 Resistência à compressão

(MPa) Corpo-de-prova Peça inteira Cubo ou cilindro extraído da peça – relação ou diâmetro/altura = 1/1 Área considerada no ensaio de resistência à

compressão Área líquida (conforme ASTM C 140- 02) Área da seção de aplicação da carga Média ≤ 5,0 % Absorção Individual ≤ 7,0 % -

Resistência ciclos gelo-degelo Perda de massa < 1,0 % (após 50 ciclos)

Média de 3 amostras Após 25 ciclos ≤ 200 g/m² Após 50 ciclos ≤ 500 g/m2

Resistência à abrasão (perda de volume) ≤ 15 cm³/50 cm² -

c) Norma Espanhola – Resistência à Abrasão

A norma espanhola UNE 127-005-90/2 (1990): Baldosas de cemento – Determinación de la resistencia al desgaste por abrasión – Método del disco, elaborada pela Asociación Española y Certificación (AENOR), tem por objetivo estabelecer o método de ensaio para determinar a resistência ao desgaste por abrasão em pavers utilizando o método de desgaste por disco de aço.

O número de amostras exigidas no ensaio são duas, e o equipamento utilizado dispõe de:

• um disco de aço de 200 ± 0,2 mm de diâmetro e espessura de 10 ± 0,1 mm, com velocidade de giro de 75 rpm;

• porta corpo-de-prova, sobre rolamentos mantendo a pressão do corpo-de-prova contra o disco de aço mediante um contrapeso de 20 N, dotado de um dispositivo de apoio e fixação para manter o corpo-de-prova no sentido vertical;

• recipiente com material abrasivo para provocar o desgaste no corpo-de-prova. No ensaio o corpo-de-prova é colocado no dispositivo apoiado tangencialmente contra o disco rotativo, onde o disco é girado por 75 revoluções.

Logo depois são feitas as medições da cavidade do corpo-de-prova em duas direções e a média desses valores, expresso em mm, é o desgaste do corpo-de- prova ensaiado.

Na UNE 127-005-90/2 (1990) os valores máximos de desgaste permitido não são especificados, a mesma contempla somente o método de ensaio experimental.

Por fim, reconhecendo o enorme potencial do pavimento intertravado, a apresentação destas normas internacionais teve como objetivo mostrar que a Europa, Estados Unidos e Canadá, há mais de uma década, já se preocupavam com a crescente utilização desta técnica. Todavia, esperamos que num futuro próximo, as normas de nosso país possam também estabelecer todos os critérios necessários para a obtenção de pavers com desempenho e qualidade adequados.

No próximo capítulo apresenta-se a revisão bibliográfica sobre a problemática causada pelos pneus inservíveis e algumas propriedades dos materiais a base de cimento Portland com adição dos resíduos de pneus.