• Nenhum resultado encontrado

3 RESÍDUOS DE PNEUS

INADEQUADA DOS PNEUS

3.4 RESÍDUOS DE PNEUS ADICIONADOS AO CONCRETO

3.4.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Todos os materiais dos quais o concreto é composto afetam diretamente a sua resistência e o seu desempenho final. Assim, os resíduos de pneus também são extremamente importantes para análise dessa propriedade do concreto.

Ainda analisando a questão dos formatos de resíduos de pneus utilizados em concretos, Li et al. (2004); Albuquerque et al. (2002), observaram em relação ao desenvolvimento das propriedades mecânicas, um melhor desempenho daquelas em forma de fibras ao invés daquelas do tipo granular (pó).

A resistência à compressão, uma das propriedades mais marcantes das composições a base de cimento Portland foi a propriedade mais estudada. De modo geral, ao se adicionar os resíduos de pneus em pastas de cimento Portland, argamassas ou concretos, observa-se uma queda considerável na resistência à compressão.

Segre e Joekes (2000) definiram que a adição de resíduos de pneus aos compósitos de cimento Portland, com a finalidade de se avaliar as propriedades mecânicas, deve ser realizada com partículas de borracha de dimensão máxima de 16 mm, já que

t

odos os resultados obtidos em seus trabalhos mostraram um notável decréscimo nas propriedades mecânicas do concreto após a adição de resíduos de

pneus com granulometrias finas. Já, a adição de resíduos com granulometria mais grossas afetou as propriedades mais negativamente que as mais finas. E sugerem que a perda de resistência possa ser minimizada pelo tratamento químico da superfície das partículas de borracha.

Pinto et al. (2003), que além de avaliarem propriedades de resistência à compressão e massa específica, avaliaram pastas de cimento Portland adicionadas de resíduos de pneus quanto a sua porosidade. Em seus estudos, os autores concluíram que é possível incorporar 5% de pó de borracha em relação ao cimento Portland, sem decréscimo significativo da resistência à compressão. Em relação à porosidade, foi observado aumento após a adição de pó de borracha, assim como maior porosidade ao se aumentar o tamanho dos resíduos utilizado.

Conforme Bonnet (2003) nas dosagens de argamassas onde houve a substituição de 30% do agregado pela incorporação de resíduos de pneus, seus resultados obtidos tiveram uma queda na resistência à compressão de até 80%.

Também se nota que o tamanho e forma do agregado influenciam ligeiramente na resistência à compressão, pois para agregados mais finos o decréscimo da resistência é menor (BENAZZOUK et al., 2003).

Güneyisi, Gesoglu e Ozturan (2004) trabalharam com resíduos de pneus de caminhões de partículas de no máximo 4 mm e 20 mm e também sílica ativa para a produção de concretos. A quantidade de resíduos substituída foi de 0 a 50% em partes iguais em volume dos agregados, ou seja, uma substituição de 50% significa 50% em volume do agregado miúdo e 50% do agregado graúdo. Foi constatada massa específica de até 77% mais baixa que o do concreto controle (sem resíduos) para uma substituição de 50% do agregado. O uso de sílica ativa aumentou a resistência à compressão em 43%, apresentando-se como boa solução para a queda de resistência à compressão que ocorre ao se adicionar os resíduos de pneus. Os autores recomendam o uso de até 25% de substituição do agregado natural pelos resíduos devido a grande perda na resistência à compressão.

Para Fattuhi e Clark (1996) o tamanho das partículas de borracha também pareceu ter influência na resistência à compressão do concreto. Nos trabalhos de Topçu (1995); Eldin e Senouci (1993) são relatados que o uso de uma granulometria mais grossa diminuiu ainda mais a resistência à compressão do concreto, oposto do que aconteceu utilizando-se uma granulometria mais fina.

Em todas as pesquisas com o concreto houve substituição do agregado graúdo ou miúdo por quantidades variadas de resíduos de pneus. Eldin e Senouci (1993) concluíram que a maioria das reduções na resistência à compressão, foram observadas quando o agregado graúdo foi mais substituído de que o miúdo nas composições de concretos.

Bauer et al. (2001), que desenvolveram traços de argamassas de cimento Portland e concreto, fizeram ensaios tanto no estado fresco quanto no endurecido. As substituições foram feitas em parte dos agregados, em argamassa as substituições foram de 0 a 40% e em concreto foram de 0 a 30%. Os autores constataram que tanto a mistura de argamassa quanto a de concreto contendo resíduos de pneus não precisam de aditivos para sua homogeneização. Também foi observada a perda de resistência à compressão e de trabalhabilidade com o aumento da quantidade de resíduos adicionada, diminuição da massa específica e menor exsudação de argamassas adicionadas de resíduos.

Ainda segundo Bauer et al. (2001), que fizeram traços para argamassas de regularização e contra-piso, e segundo eles, a menor resistência à compressão não prejudica o uso das argamassas na construção civil. Para o concreto, os autores indicam seu uso no envelopamento de dutos enterrados em valas.

Akasaki et al. (2002) fizeram substituições no concreto de 0 a 25% em volume dos agregados e observaram menor resistência mecânica e menor trabalhabilidade das misturas contendo 25% de resíduos de pneus.

Turatsinze, Bonnet e Granju (2004) ao estudarem a microestrutura de concretos com resíduos de pneus observaram uma zona de transição pasta de cimento-borracha fraca quando comparada com a pasta de cimento-areia. Estes autores afirmam ainda que essa microestrutura, em particular, seria um fator adicional para a ocorrência da diminuição da resistência à compressão dos concretos quando adicionados de resíduos de pneus.

Em estudos com argamassas feitos também por Turatsinze, Bonnet e Granju (2004), onde foram utilizados resíduos de pneus com dimensões máximas de 4 mm e fibras de aço de 13 mm de comprimento para a composição das argamassas. A substituição foi feita em volume de agregados em 20 e 30%, enquanto o uso de fibras metálicas foi feito em 20 e 40 kg/m³. Segundo os autores, embora ocorra perda na resistência à compressão, a adição de resíduos de pneus atrasa o surgimento de fissuras e dá maior capacidade de deformação para as argamassas

e, associados com as fibras metálicas, aumentam sua ductilidade. Embora seja constatado que a principal causa de fissuras em argamassa é proveniente da retração, os autores sugerem que sejam avaliadas diferentes granulometrias de resíduos de pneus.

Outro fator observado de modo geral é o modo de ruptura do concreto adicionado de resíduos de pneu, pois este não ocorre de maneira frágil, apresentando deformações maiores que os concretos sem resíduos de pneus.