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ETAPA 1: Procedimentos de controle dos materiais constituintes da dosagem DADOS DE ENTRADA: Ensaios de laboratório e controle visual

2.7 NORMAS TÉCNICAS SOBRE PAVERS

2.7.2 NORMAS TÉCNICAS BRASILEIRAS

No Brasil temos apenas duas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que se referem aos pavimentos intertravados de concreto, são elas:

• NBR-9781 (1987): Peças de concreto para pavimentação;

• NBR-9780 (1987): Peças para concreto para pavimentação – Determinação da resistência à compressão.

A NBR-9781 (1987) estabelece como objetivo principal fixar as condições exigíveis para a aceitação dos pavers destinados à pavimentação de vias urbanas, pátios de estacionamento ou similares. Não contempla, por exemplo, outras aplicações como em rodovias de tráfego médio e aeroportos.

Ainda conforme a norma NBR-9781 (1987), o paver é definido como uma peça pré-moldada de formato geométrico regular, com comprimento máximo de 400 mm, largura mínima de 100 mm e altura mínima de 60 mm.

Com relação às condições específicas, a resistência característica estimada à compressão é calculada utilizando-se a seguinte Equação 2.1:

fpk = fp - t . s 2.1

onde:

fpk = resistência característica à compressão, em MPa;

fp = resistência média dos pavers ensaiados de acordo com a NBR-9780 (1987), em MPa;

t = coeficiente de student, fornecido em Tabela na NBR-9781 (1987), em função do tamanho da amostra;

s = desvio padrão da amostra, em MPa.

Os requisitos de aceitação dos pavers constantes na NBR-9781 (1987) são apresentados de maneira resumida na Tabela 2.8.

Tabela 2. 8 – Requisitos físicos para a produção de pavers. (Fonte: NBR-9781, 1987)

Requisitos físicos Limites admissíveis

Comprimento (mm) ± 3,0 Largura (mm) ± 3,0 Tolerância dimensional (mm) Altura (mm) ± 5,0 1 Solicitações de veículos ≥ 35,0 comerciais de linha Resistência à compressão (MPa) 2 ≥ 50,0 Solicitações de veículos especiais ou cargas que produzem acentuados efeitos

de abrasão

A NBR-9780 (1987) prescreve o método de determinação da resistência à compressão de pavers de concreto destinados somente à pavimentação de vias urbanas, pátios de estacionamentos ou similares.

Conforme a NBR-9780 (1987) o carregamento parcial do paver deve ser feito por meio de duas placas auxiliares de ruptura com diâmetro de 90 ± 0,5 mm.

Quanto à altura dos pavers, existem fatores de correção dos resultados do ensaio, o paver de 80 mm de altura é tomado como padrão – fator de correção igual

a 1,0 – e nos pavers com altura menor ou maior que ele são aplicados fatores de minoração ou majoração do resultado conforme apresenta a Tabela 2.9.

Tabela 2.9 – Fator multiplicativo “p” de correção da resistência à compressão estabelecida na NBR-9781 (1987).

Altura nominal do paver (mm) Fator multiplicativo “p”

60 0,95

80 1,00

100 1,05

A altura e largura mínimas estipuladas são 60 e 100 mm respectivamente, com comprimento máximo admitido de 400 mm.

2.7.2.1 COMENTÁRIOS SOBRE AS NORMAS BRASILEIRAS

Conforme já descrito anteriormente, um dos principais ensaios referenciados na maioria das normas internacionais, para avaliar o desempenho dos pavers, é o de resistência mecânica à compressão. A norma NBR-9781 (1987), por exemplo, tem a resistência à compressão como único parâmetro de desempenho mecânico dos pavers, admitindo que todas as outras características estão diretamente relacionadas com essa capacidade estrutural de receber esforços de compressão.

Algumas discussões sobre a resistência mecânica dos pavers apontam uma falta de consenso sobre o melhor método de ensaio para resistência e a influência do estado de umidade das amostras no momento de realização do ensaio nos resultados. Além disso, os valores mínimos exigidos pela NBR-9781 (1987) para o ensaio de resistência à compressão, fazem com que os pavers tenham que suportar resistências muito elevadas. Se esquecendo que este tipo de pavimento também é e pode ser utilizado em ambientes com sobrecargas pequenas, como por exemplo, em calçadas, praças e ciclovias.

Todavia, se compararmos os valores mínimos de resistência à compressão exigidos no Brasil com alguns países, como por exemplo, Austrália e África do Sul que dispõem de normas que especificam resistências mínimas de 25 MPa, dependendo da finalidade de utilização do produto, e dominam essa técnica de fabricação e vem utilizando a pavimentação intertravada com pavers há muito mais

tempo que o Brasil. Veremos então que as resistências exigidas em nosso país são realmente elevadas.

Sob um outro ponto de vista, analisando-se a capacidade de carga que um paver deve suportar para conseguir a resistência mínima de 25 MPa, como no caso das normas da Austrália e África do Sul, esses valores são ainda muito elevados. Sendo que para atingir uma resistência à compressão de 25 MPa o paver deve suportar aproximadamente 157500 N, contra por exemplo, aproximadamente 94500 N para conseguir estabelecer uma resistência à compressão de 15 MPa. Foi comparado como exemplo a resistência de 15 MPa, já que está resistência mecânica, ao que tudo indica em termos de solicitações baixas, é suficiente para suportar a sobrecarga que será exercida em calçadas, praças e locais com transito leve.

Chega-se a conclusão que os valores exigidos na norma brasileira de 35 e 50 MPa poderiam ser revistos, já que por enquanto esse é o único quesito em relação a ensaio exigido para se fazer uso dos pavers no Brasil.

Esses valores de resistência exigidos na norma brasileira poderiam ser reduzidos levando-se em conta a aplicação do material. Isso se tornaria interessante também pelo aspecto ambiental, pois com certeza estaríamos contribuindo com a redução do alto consumo de cimento Portland que é feito atualmente, sem falar na possível redução do custo do material.

Assim, mais situações de aplicações de pavers, tanto para pequenas sobrecargas quanto para as que envolvam sobrecargas elevadas, deveriam ser incorporadas na norma brasileira.

Outras normas que viessem a servir como parâmetro na determinação da resistência e da durabilidade dos pavers também seria de grande valia, deixando de se limitar exclusivamente ao ensaio de resistência à compressão. A elaboração de ensaios para determinação de outras propriedades, como por exemplo, desgaste por abrasão, absorção de água, resistência à tração, resistência ao impacto, entre outros, são algumas das necessidades já constatadas.

Como a aparência dos pavers também é considerada uma das características principais, a realização de uma norma que estabeleça os procedimentos para um efetivo controle da uniformidade, da textura e da cor da superfície dos pavers, se enquadra em uma alternativa necessária para a obtenção de pavers com fabricação adequada.

Cabe destacar ainda que, o CB 18, Comitê Técnico Normativo da ABNT responsável por criar e atualizar as normas técnicas vigentes no país para cimento, concreto e argamassa, criou um grupo de trabalho para fazer a revisão das normas nacionais da pavimentação intertravada. Assim, procurou-se desenvolver neste subitem algumas discussões sobre a especificação do material paver, a fim de garantir seu uso de forma mais correta em nosso país.