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CAPÍTULO 3 – DESCRIÇÃO E ANÁLISE: O DESASTRE NOS JORNAIS O

3.3 Governador Valadares (MG) e o Jornal DIÁRIO DO RIO DOCE (DRD)

3.3.4 Notícia 6: II Seminário Integrado do Rio Doce discute desastre ambiental

3.3.4.1 Resumo

A notícia informa sobre a realização do II Seminário Integrado do Rio Doce, uma iniciativa da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), após dois anos do rompimento da Barragem da Samarco, em Bento Rodrigues, ocorrido em Mariana (MG), entre os dias 9 e 11 de novembro de 2017, com o apoio de várias outras instituições. A coordenação do Seminário informa os nomes do engenheiro e Consultor Ambiental, Cláudio Guerra, e do professor da Univale, Haruf Salmen Espíndola, como os responsáveis. A notícia transmite a fala de Claúdio Guerra, na qual ele lembra que parte da população e o Rio Doce continuam sofrendo com os efeitos do desastre. Na programação apresentada na notícia, constam os seguintes dias e atividades: no dia 9 de novembro de 2017, Encontro e Aula Magna (Ética Biocultural e Desastres) com o Prof. Dr. Ricardo Rozzi, da Universidade do Norte do Texas (EUA), Doutor em Ecologia, líder do Centro de Filosofia Ambiental; no dia 10 de novembro de 2017, visita ao povo Krenak, Encontro com o Fórum Permanente do Rio Doce e Mesa Redonda (Avaliação dos dois anos do Desastre) com a participação do Dr. Francisco Antônio Rodrigues Barbosa (UFMG), do Dr. Sérvio Pontes Ribeiro (UFOP), Dr. Haruf Salmen Espíndola (Univale), da Shirley Krenak (escritora, professora, liderança do povo Krenak), do Leonardo Castro Maia (Promotor de Justiça), do Filipe Fernandes de Souza (Centro

Agroecológico Tamanduá – CAT), tendo como mediador, Claudio Bueno Guerra (Consultor Ambiental); e no dia 11 de novembro de 2017, uma expedição ao Parque Estadual do Rio Doce e apresentação do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD-CNPq), pelo Prof. Dr. Francisco Barbosa (UFMG). Apresentam-se também, na notícia, como sugestões para serem entrevistados, o Dr. Haruf Salmen Espíndola, Cláudio Guerra e Dr. Ricardo Rozzi.

3.3.4.2 Descrição dos Modos de Organização do Discurso

O Quadro no anexo 34 apresenta aspectos relacionados à organização enunciativa da notícia. Dentre eles, destaca-se que predominou a voz do jornal Diário do Rio Doce por meio das asserções de constatação. Apresentaram-se dois discursos relatados, sendo um em estilo indireto (excerto 121) e outro em estilo direto (citação de Cláudio Guerra, no excerto 122).

(121) “Guerra lembra que o rio Doce, assim como parte da população, continua sofrendo os efeitos do desastre. Segundo ele, a lama permanece no fundo dos rios e do mar, a pesca está proibida e a disposição final dos rejeitos e da lama ainda é desconhecida.”

(122) “„A vida de milhares de pessoas ainda não voltou à normalidade, como são os casos dos moradores das vilas de Bento Rodrigues e Paracatu, dos pescadores e da população indígena crenaque. E nem mesmo para os pequenos produtores rurais, comerciantes, donos de hotéis e pousadas no litoral capixaba, próximos da foz do rio Doce, em Linhares no Espírito Santo‟, explica.”

O componente Nomear, na notícia, apresentou, significativamente, o procedimento discursivo de caracterização identificatória. O excerto 123 apresenta um exemplo desse tipo de identificação específica, que corresponde à finalidade de informar.

(123) “Na Conferência de abertura, o encontro contará com a participação do professor Ricardo Rozzi, da University North of Texas, EUA, que abordará o tema “Ética Biocultural e Desastres Ambientais”. (Grifo nosso).

O procedimento linguístico de denominação por nomes comuns ocorreu, principalmente, como foi exemplificado no excerto acima, para caracterizar os participantes do seminário. A denominação por nomes próprios foi também muito significativa, tendo em vista que a narrativa necessitava que fossem citados os nomes de participantes do evento e das instituições que representam. A dimensão descritiva e o contexto da notícia apontam para a construção objetiva do mundo, por apresentar a

descrição de seres, identificando-os e denominando-os, acompanhados de qualificações objetivas.

A organização da lógica narrativa tem como actante a Universidade Vale do Rio Doce (Univale) com apoio de várias instituições públicas de ensino e do Fórum Permanente da Bacia do Rio Doce. É uma actante que age, sendo iniciadora e responsável pela ação, para defender outros actantes, a saber, os atingidos pelo desastre e o Rio Doce. Para isso, associa-se, a outros actantes, os pesquisadores e outras instituições. A ação é voluntária, constitui-se de ato intencional. Sobre a Univale, pesquisadores e instituições colaboradoras do evento, na notícia, emergem qualificações positivas como: prestígio, conhecimento científico, mobilização, organização e planejamento. Quanto aos processos narrativos, o ato recai sobre o outro, os atingidos pelo desastre e o rio Doce, como beneficiários, tendo como função melhorar um estado inicial por intervenção em favor do outro (auxílio).

A seguir, apresentam-se os personagens e seus respectivos papéis narrativos: a Empresa Samarco: agente (agressora); a Univale e instituições participantes do Seminário (agentes benfeitores); atingidos pelo desastre e o Rio Doce: em relação à empresa Samarco (pacientes vítimas), em relação à Univale e instituições participantes (beneficiários). A notícia mostra os atingidos pelo desastre e o Rio Doce como vítimas do desastre, mas sobressai o seu papel narrativo como beneficiários do II Seminário.

Quanto à encenação argumentativa, não há definição explícita do dispositivo argumentativo, podendo-se dizer que possivelmente há uma persuasão por justificativa, de forma implícita, ao se colocar na notícia a programação do Seminário, o que consiste em um convite para a participação no evento. Como aspectos argumentativos também podem ser considerados os procedimentos Semânticos do Domínio de Verdade, e dentre os procedimentos de Valores, os concernentes ao Domínio da Verdade. Tais procedimentos se apresentam ao se identificar os professores e as universidades, relacionados ao conhecimento do tipo científico. O procedimento discursivo de citação é o que foi utilizado na encenação argumentativa.

3.3.4.3 Imagem

Figura 23 - Imagem da notícia 6 - Jornal Diário do Rio Doce.

Quadro 22 - Síntese das mensagens plásticas da imagem da notícia 6 - Jornal Diário do

Rio Doce (DRD).

Significantes plásticos Significados

Moldura Presente: concreta.

Enquadramento Fechado: proximidade.

Ângulo do ponto de vista Horizontalidade: proximidade.

Escolha da objetiva Com profundidade de campo: focalização.

Composição Horizontalidade: proximidade.

Formas Retas: formalidade.

Dimensões Grande.

Cores Cinza e preto:padronização, formalidade..

Iluminação Difusa.

Textura Lisa: visual.

*significados em itálico.

Fonte: Dados da pesquisa.

A mensagem plástica da imagem conduz a significados de encontro formal e de destaque a uma das atividades do II Seminário, que é a exposição oral de pesquisadores e outros participantes.

Quadro 23 - Significados de primeiro e de segundo níveis da imagem da notícia 6 - Jornal Diário do Rio Doce (DRD).

Significantes icônicos Significados de primeiro nível Significados de segundo nível

Uma pessoa Professor da Univale, Haruf Salmen Espíndola, coordenador do Seminário.

Palestra, explicação, exposição oral e conhecimento.

Terno e gravata Roupa social Formalidade.

Óculos Objeto para melhoria da visão. Formalidade, necessidade de ler ou visualizar algo sem perda de tempo, organização.

Mesa Móvel Formalidade, palestra, espaço

fechado.

Fonte: Dados da pesquisa.

A mensagem icônica, assim como a plástica, conduz a significados relacionados à exposição oral, ambiente formal e fechado. Além destes, é possível relacioná-los também a um foco sobre um determinado tema.

A mensagem linguística teve a função de âncora, promovendo a identificação de Haruf Salmen Espíndola no Seminário, através da legenda “O coordenador da Univale é um dos coordenadores do Seminário”.