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4. SELESNAFES.COM: A REDAÇÃO VIRTUAL EM TERRA TUCUJU

4.1. NOTAS INTRODUTÓRIAS: OS NÚMEROS DA INTERNET NO AMAPÁ

As configurações do webjornalismo no Amapá estão entrelaçadas com recentes aspectos tecnológicos do estado. Em outubro 2012, foi lançada, inicialmente apenas para Macapá, a terceira geração de internet móvel, conhecida por 3G (SILVA, 2016). Mesmo sendo uma capital de estado, somente oito anos depois de a tecnologia chegar ao Brasil, em 2004 (ESTADÃO, 2008), que a cidade teve acesso a esse serviço. Menos de um ano depois, houve o lançamento dos primeiros webjornais. O Portal Cotidiano foi o pioneiro, permanecendo no ar de fevereiro a dezembro de 2013. Em junho daquele ano, a filiada do G1 se instalou no Amapá, seguido pelo surgimento do SelesNafes.com em dezembro.

Em 2014, iniciou a oferta da conexão 4G para celulares compatíveis com a tecnologia e 3G aos demais. No mesmo ano, a banda larga por fibra óptica (internet usada em computadores em rede e wi-fi) chegou ao estado após intervenções de capitais privados em consonância com incentivos fiscais do governo estadual e a construção bilionária pela União de um linhão energético (SILVA, 2016). O Amapá, que antes acompanhava temporalmente os primeiros avanços tecnológicos na era da sociedade em rede, estagnou por um longo período, ao ponto de deixar Macapá como a única capital brasileira que não possuía o serviço até a década de 2010 (FOLHA DE S.PAULO, 2014).

É interessante notar que em 2014, com a transmissão da banda larga e do serviço 4G, os sites SelesNafes.com e G1 Amapá se consolidaram no mercado local. Também foi a oportunidade do fortalecimento do site do Jornal Diário do Amapá, disponibilizando mais conteúdos para a versão online que, até então, era atualizada uma vez por dia somente com o material da versão impressa.

Apesar das especificidades históricas, econômicas e políticas que interferiram no desenvolvimento tecnológico, os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) tendo como ano base 2015, mostram os números envolvendo o processo de crescimento da conexão de internet no Amapá. Com mais domicílios conectados, o estado divide a terceira posição com

61 Tucuju é o nome da tribo indígena dos primeiros habitantes do Amapá antes da chegada da colonização

portuguesa. Não existem mais índios dessa etnia. O termo atualmente é popularmente usado, em especial no próprio estado, como sinônimo do gentílico amapaense.

Rio de Janeiro. Em ambos, 70,8% das casas têm acesso à internet62. O indicador é de destaque porque um ano antes, em 2014, o Amapá ocupava a 15ª posição no mesmo ranking, com o serviço atingindo 52,3% das residências. Houve crescimento de 32%, o maior registrado entre as unidades da federação.

Em números absolutos, estão com acesso à internet no Amapá 146 mil de um total de 207 mil domicílios. Dos que dispõem esse serviço em casa, 70% utilizam em celular, 29% em microcomputador, 10% em tablet, 8% em TVs e 0,1% em outros equipamentos (IBGE, 2016). A soma é superior a 100% porque o mesmo domicílio pode usar a internet em mais de um acessório. Outro resultado coloca o estado como o que mais acessa a web por meio de banda larga (incluindo móvel e fixa): 100% das residências que têm serviço de internet utilizam a tecnologia de troca de dados de alta velocidade63.

O Amapá também é o primeiro em que o celular se torna o principal aparelho para acessar a internet. No estado, 99% dos domicílios utilizam esse equipamento para poder ter o serviço. Em 2014, o indicador era de 86%64. Na mesma colocação no ranking, o estado aparece

quando a pesquisa mede a porcentagem da incidência da banda larga móvel (3G e 4G) nas residências, que alcança 91% dos domicílios65. As casas com banda larga fixa correspondem a

36,8%, porém, desde 2013, esse item foi o que mais cresceu entre as unidades federativas, com mais de 50% em apenas dois anos66. Tanto que em um ano, de julho de 2016 a julho de 2017, houve aumento de 48,18% na contratação de pacotes de banda larga fixa pelos amapaenses, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (2017).

O IBGE (2016) apontou que a televisão continua sendo o meio mais utilizado para acesso à informação pelos amapaenses, com 96,6% de usuários. Porém, o celular com acesso à internet vem logo atrás, com 90,4% e o rádio em terceiro, com 47,8%. A Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, desenvolvida pela Secretaria Especial de Comunicação Social (SECOM, 2017), tem resultados semelhantes quanto à ordem dos itens elencados. No Amapá, a TV também aparece em primeiro como a mídia mais usada para acesso à informação, com 73%. Internet (20%), rádio (6%) e jornal (1%) completam a lista.

É valido mencionar que a maioria dos que acessam informações pela web compõe a faixa etária entre 16 e 17 anos (50%). Sobre a escolaridade, a maioria dos internautas tem o

62 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/4859. Acesso em: 12 dez. 2019. 63 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5238. Acesso em: 12 dez. 2019. 64 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5192. Acesso em: 12 dez. 2019. 65 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5242. Acesso em: 12 dez. 2019. 66 Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5240. Acesso em: 12 dez. 2019.

ensino superior incompleto (36%). A profissão com mais incidência é a de trabalhador do comércio (37%). O estado civil que mais procura a web é o solteiro (31%). Além disso, os indígenas (29%) e evangélicos (33%) aparecem na frente no item relacionado a autodeclarações de raça e religião, respectivamente. Quanto a renda familiar bruta do amapaense que acessa a internet, 60% está acima de ganhos de R$ 8 mil (SECOM, 2017).

Os dados demonstram que a adesão das tecnologias 3G, 4G e banda larga fixa por fibra óptica no cotidiano dos amapaenses provocaram constantes formas de interações sociais (CASTELLS, 2007). Assim, o jornalismo na internet, mídia em que o SelesNafes.com está inserido, apresenta crescimento com um público em potencial.