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CAPITULO 5. AVALIAÇÃO DE PERSPECTIVAS DE FUTURO PARA A ÁREA

5.1. NOVAS PERSPECTIVAS NA ÁREA DE RECICLAGEM

Hoje a reciclagem é uma actividade comercial de grande impacto ecológico em todo mundo, e particularmente na Europa. Com a reciclagem de plásticos consegue-se diminuir o lixo, economizar petróleo, reutilizar os reciclados como matéria-prima e obter de ter os novos produtos. Tudo isto traz vantagens para a nossa sociedade [192].

Para que ocorra o desenvolvimento de novas tecnologias de reciclagem, é necessário investir em pesquisas científicas e no desenvolvimento de nova maquinaria e tecnologia para reciclagem. A investigação no âmbito de reciclagem deve ser direccionada para as áreas de maior necessidade industrial porque as tecnologias precisam ser transferidas com êxito para a indústria [193]. Este conjunto de atitudes e acções melhorará o impacto ambiental e consequentemente uma maior preservação dos recursos naturais. Desta forma, adquirimos novos caminhos para novas aplicações e direcções no mercado nacional e contribuímos para a resolução de um dos problemas do nosso planeta, o lixo.

A reciclagem de plásticos e outros materiais de lixo garante abertura de novas perspectivas para a nossa sociedade [192].

Uma nova perspectiva, que começa a ser implementada no âmbito da reciclagem de plástico, é a descoberta do plástico biodegradavel. Não podemos esquecer que este não é a solução ideal para a reciclagem, porque continua a ter aspectos negativos associados. Assim, mesmo neste campo continuam a surgir inovações, que são desenvolvidas e aplicadas em função do aparecimento de um material biodegradavel.

Um dos exemplos mais interessantes nesta área é um plástico biodegradavel (PHB) obtido de cana-de-açúcar. Uma das mais recentes descobertas nessa área foi feita pela Divisão de Química do Agrupamento em conjunto com a Divisão Biotecnologia do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) [192]. Estas Instituições desenvolveram uma técnica que utiliza o bagaço de cana para produzir o plástico biodegradável em consequência da interacção de bactérias que sobrevivem no bagaço de cana-de-açúcar e formam o PHB (polihidroxibutirato).

O PHB pode ser aplicado no fabrico de vasos, colheres e sacos plásticos. Na instalação de Serrania, no Brasil, existe uma instalação piloto que produz à volta de 50 a 60 toneladas por ano de PHB, grande parte exportada para o Japão, EUA e Europa [194].

Outro exemplo de uma nova perspectiva, ocorre no Japão, onde foi desenvolvido um plástico, baseado em amido de milho, que se destaca pelo seu grande potencial de desenvolvimento. Este tipo de plástico pode ser reciclado por diversas formas: incineração, biodegradação ou reciclagem por insectos. Hoje, no Japão, a quantidade de sacos feito deste tipo de plástico concorre com o número de sacos feitos de poliolefinas [195]. Também na Austrália e nos E.U.A. se desenvolveu um material de embalagem quebrável com base no milho. Este material é também utilizado na Europa e na Ásia [195].

Recentemente, apareceu um novo tipo de material ecológico limpo para a indústria das embalagens. A sua base tecnológica baseia-se na decomposição de plástico em água. O ingrediente principal deste tipo de material é álcool polivinílico [-(-CH2-CH-OH-)n-]. A unidade técnica da CNPC (China National Packaging Products Corporation), da Zhuzhou

(Instituto de Tecnologia e de companhias de Guangdong Zhaoqing Fangxing Packaging Material Co., Lda.), na China, desenvolveu esta película e os equipamentos para a sua

produção. A produção basicamente já começou e o produto aparecerá no nosso mercado num futuro próximo [195].

Existe também um processo biológico de tratamento de resíduos sólidos orgânicos, que recicla com ajuda da minhoca vermelha da Califórnia. Este processo é chamado

vermicompostagem. Esta tecnologia utiliza-se para aumentar a velocidade de degradação

da matéria orgânica e produz um composto rico em ácido húmico através de vermicompostagem. O método de vermicompostagem tem vantagens em comparação com os outros processos biológicos. O composto final tem uma melhor qualidade e um menor

O tratamento mecânico e biológico aplicado aos resíduos sólidos urbanos identifica-se como TMB, enquanto que o tratamento mecânico e biológico aplicado através de vermicompostagem se identifica como TMBV [196].

O TMBV mostra um elevado potencial sobre a reciclagem de embalagens plásticas, vidro e metálicas. Este método permite obter, com a ajuda das minhocas, húmus de alta qualidade, embalagens de plástico, vidro e metais, sem cheiro e com grande potencial de reciclagem. A experiência mostra que, com este tipo de tratamento realmente podemos separar os seguintes materiais: diversos tipos de plástico de embalagem, filme de polietileno, polietileno rígido, EPS, PET e plásticos mistos que vão ser utilizados nas unidades de reciclagem [196].

Então, para avaliar e concretizar este método de reciclagem em Portugal, juntaram-se três empresas: a Lavoisier - Gestão e Valorização de Resíduos, Lda , a AMAVE – Associação de Municípios do Vale do Ave e a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza [196].

A Lavoisier é uma empresa portuguesa pioneira no desenvolvimento da tecnologia de tratamento de RSU através de TMBV. Estabeleceu um centro experimental de vermicompostagem, em Palmela (Figura 69). No futuro a Lavoisier em conjunto com a AMAVE planeiam montar uma instalação maior em Riba d’Ave (Guimarães) [196]. A empresa AMAVE aplica a tecnologia de TMB mas quer adaptar a tecnologia de TMBV com capacidade para 1000 toneladas/ano [196].A Quercus, tem dedicado muito tempo ao estudo sobre TMB, através do seu Centro de Informação de Resíduos (CIR) [196].

Outros progressos surgem em outras partes do Mundo. Na Universidade de Mendeleyev de Moscovo, os cientistas russos desenvolveram uma técnica de reciclagem que permite produzir 1 litro de gasolina a partir de 1 kg de sacos de plástico reciclados. O plástico e a gasolina são derivados do petróleo.

Nos últimos anos várias tentativas de reciclar os subprodutos do petróleo tem surgido, inclusivamente algumas que já estão em operação comercial, mas a tecnologia mencionada é a primeira que trata da produção de gasolina pura.

A tecnologia desenvolvida pela equipa do Dr. Valery Shvets é baseada no processamento term-catalisado de materiais poliméricos. Os resíduos plásticos, conforme a tecnologia, devem ser moídos e derretidos, sem necessidade de lavagem. A seguir, o catalisador em pó é adicionado e a mistura é submetida a um tratamento térmico. Trata-se de um processo observado em "panela de pressão" com temperatura e pressão definidas. Por cada litro de gasolina produzido no processo gera-se também uma pequena quantidade de uma substância viscosa densa. Como a substancia é inflamável, ela também pode ser reaproveitada. Os cientistas não divulgam os detalhes sobre a composição do catalisador, porque o mesmo é o principal segredo da descoberta e está patenteado. Um protótipo do sistema já está em funcionamento nas instalações da Universidade [197].

Os resultados das últimas investigações no âmbito de reciclagem são, normalmente apresentados nos diferentes eventos, tais como Feiras e Exposições Internacionais.

Em Março, entre os dias 22 e 26 no Brasil, foi realizada a 2ª Semana Internacional da Embalagem, Impressão e Logística [197], onde várias empresas apresentaram as novas tecnologias mais sustentáveis. As empresas Rivierplast e Rochamam mostram novas tecnologias de reciclagem.

A Rivierplast faz os seus produtos de PP, PE e PEAD utilizando o aditivo oxi- biodegradável da Willow Ridge Plastics que desintegra o plástico através de foto- degradação (U.V.) e por oxidação, obtendo-se no final gás carbónico e água [198].

A Rochamam conseguiu desenvolver um processo com capacidade de recuperar os

solventes utilizados na lavagem. Através de um processo de destilação, o solvente é separado do poluente (resina, pigmento, tinta, verniz, tinta , óleo, entre outros), recuperado e pronto para ser reutilizando [199].

Na investigação e desenvolvimento de plásticos degradáveis e não degradáveis os vários países têm investido uma grande quantidade de recursos financeiros e humanos para obter os melhores resultados de reciclagem com o melhor aproveitamento final de todo material integrado na reciclagem.

5.2. NOVAS APLICAÇÕES POTENCIAIS PARA AS MATÉRIAS