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1.6. O declínio do trabalho assalariado e o surgimento de novas relações de trabalho

1.6.3. Novas relações de trabalho: incentivos e tendências

O encontro de outras possibilidades de obtenção de trabalho e renda, a fim de se enfrentar a nova lógica organizacional da produção e da prestação de serviços que já se encontra instalada – fundamentada na introdução das tecnologias da informação e de novas tecnologias de gerenciamento do processo de trabalho –, é urgente. Somente o crescimento econômico nacional não irá resolver o problema, especialmente, porque ele enfrenta limites, tais como: necessária preservação da natureza e controle do aquecimento global; preço do petróleo, do qual são derivados os insumos industriais; e prejuízos em se inundar os mercados com produtos inacessíveis para a grande maioria.

A terceirização tende a ser, cada vez mais, uma realidade no cenário atual e futuro, além de ser tendência comum a associação de terceirização com projetos. O profissional que trabalha com projetos passará de uma empresa a outra, com versatilidade. A mobilidade exigida dribla uma enorme dificuldade no mercado, principalmente, o brasileiro: a rigidez da legislação trabalhista.

Governos e sociedade civil têm elaborado políticas públicas de apoio ao empreendedorismo com a oferta de uma formação específica para trabalhadores, destinada à aquisição das competências necessárias à condução do próprio negócio.

O Plano Nacional de Qualificação (PNQ) brasileiro combina todo o esforço e todas as ações de Políticas Públicas de Emprego para inclusão, com foco nos que procuram uma forma de trabalho ou renda, a fim de tornarem-se cidadãos, sendo uma das prioridades do PNQ o

público do Programa Primeiro Emprego. Contribui para promover a integração das políticas e para a articulação das ações de qualificação social e profissional do Brasil, em conjunto com outras políticas e ações vinculadas ao emprego, ao trabalho, à renda e à educação.

A formação de cooperativas é outra tendência a ser seguida pelos prestadores de serviço. No Brasil, a implantação da Lei do Microeemprendedor Individual também tende a facilitar o crédito e simplificar os impostos, levando as pessoas a saírem da informalidade, por meio da criação de seus negócios e da geração de empregos. As incubadoras de empresas auxiliam os empreendedores na formalização de seus negócios, até mesmo porque a formalização é uma das exigências para se concorrer aos financiamentos governamentais, intermediados pelas incubadoras.

As grandes empresas têm apostado nas Unidades de Educação Corporativas, que consistem em um conjunto de ações desenvolvidas dentro da empresa e fora dela, com o objetivo de capacitar seus colaboradores, em todos os níveis, tanto para as tarefas desempenhadas no momento, quanto para o atendimento das necessidades futuras da organização. No Brasil, apenas 16% dos trabalhadores têm alguma qualificação profissional28, o que exige que as empresas adotem programas de formação e qualificação para seus trabalhadores, afinal, os ambientes de trabalho estão cada dia mais complexos.

Inovações criativas precisam ser agregadas, tanto na educação quanto no sistema público de emprego e qualificação. O programa Junior Achievement – Jovem Empreendedor –, adotado por várias empresas em Minas Gerais, é um exemplo de educação inovadora. Esse programa visa despertar o interesse empreendedor nos alunos, por meio de noções sobre o mundo do trabalho, opções de carreiras e introdução ao mundo dos negócios. Também demonstra, como forma de motivação, a maneira de conjugar educação e qualificação incluindo atividades práticas relacionadas ao cotidiano. Além de aumentar o interesse pela escola e reduzir a evasão, o aluno, de modo particular o socialmente vulnerável, qualifica-se, e, ao término do ciclo educacional (ensino médio ou superior), adquire um bom nível de empregabilidade, ficando em melhores condições de efetivar seus conhecimentos e inserir-se no mercado de trabalho.

O Brasil vem desenvolvendo o Programa de Apoio à Extensão Universitária (PROEXT), que viabiliza investimentos em áreas, tais como: educação, desenvolvimento

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Esse dado foi publicado na reportagem “Pessoas são a base do crescimento econômico”. A bibliografia completa encontra-se nas Referências Bibliográficas.

social e saúde; gestão cultural, economia da cultura e desenvolvimento das linguagens artísticas; preservação do patrimônio cultural brasileiro; e trabalho, emprego e incubação de empreendimentos econômicos solidários. Nesse programa, exige-se que as propostas das instituições de ensino superior pressuponham indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa e que seja trabalhado o impacto social da ação na comunidade e na formação dos estudantes.

Outras iniciativas são, por exemplo, o microcrédito com recursos financiados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), que começam a ser oferecidos também para os pequenos e médios empreendedores e para as ONGs, cuja finalidade seja a de promover trabalho e renda.

Os governos e a sociedade civil organizam-se, ainda, em programas de caráter estritamente assistencialista, mas que são fundamentais em determinadas regiões extremamente precárias. Constituem-se como os primeiros passos a serem dados para a garantia de escolaridade e para o desenvolvimento de iniciativas de trabalho e obtenção de renda. Todas as iniciativas existentes provam que a sociedade civil organizada, os governos e as grandes empresas, com seus programas de responsabilidade social (proteção da natureza, apoio às comunidades e cidadãos carentes, oferta de cursos de formação para o trabalho e promoção de outras formas de emancipação), são imprescindíveis no enfrentamento das transformações do capitalismo.

Enfim, não somente no Brasil, mas em todos os países, os indivíduos vêm buscando alternativa para a geração de trabalho e renda, seja através do trabalho autônomo, das empresas autogeridas, das oportunidades surgidas a partir das terceirizações, das cooperativas populares, da economia solidária, das incubadoras de empresas, entre outras.

Principalmente as incubadoras de empresas de base tecnológica foram pensadas como uma alternativa viável para responder às exigências da Sociedade Pós-Industrial. São, em sua maioria, atividades de extensão das instituições de ensino e universidades públicas, oferecem conhecimento tecnológico e administrativo, além do apoio de professores, de pesquisadores e de laboratórios, em muitos casos determinantes para o sucesso dos negócios. Outra questão relevante é que elas propiciam a interface de responsabilidades acerca das transformações do mundo do trabalho, ao envolver o Estado (especialmente, na forma de financiamentos) com a sociedade civil e o mercado. Quando há êxito no trabalho das incubadoras, toda a sociedade beneficia-se.