• Nenhum resultado encontrado

O papel do professor parece ser essencial em todas as fases do processo: desde a concepção e implementação da comunidade de aprendizagem, passando pela dinamização da mesma, até à análise dos resultados obtidos. O seu papel torna-se, naturalmente, mais complexo, com mais tempo despendido no acompanhamento da aprendizagem dos membros da comunidade e sujeito a mais desafios na sua actividade como professor. Ele deve ser capaz de dar resposta às exigências ou solicitações que uma comunidade de aprendizagem envolve ao nível social, organizacional, pedagógico e técnico.

“…um e-professor excelente é um professor excelente. Os professores excelentes gostam de lidar com alunos; conhecem suficientemente bem a matéria que ensinam; conseguem transmitir entusiasmo tanto relativamente à matéria que ensinam como ao que diz respeito à sua tarefa como motivador da aprendizagem; e estão equipados com uma compreensão pedagógica (ou andragógica) do processo de aprendizagem, e têm uma série de actividades de aprendizagem ao seu dispor através das quais orquestram, motivam e avaliam aprendizagens efectivas.” (Anderson, 2004, p. 321)

Embora seja importante um certo nível de conhecimentos técnicos que lhe permitam navegar e utilizar eficazmente a Internet e as ferramentas de que dispõe e necessita, o e- professor não precisa de ser um perito em tecnologia. Desde que tenha acesso ao hardware e software necessários, sendo capaz de responder aos desafios técnicos imediatos ou tendo um colaborador que dê apoio nessa área, ele conseguirá contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem online. Importa sobretudo que o professor seja versátil, perseverante e sinta realmente vontade de inovar.

É evidente que o professor mantém muitos dos seus papéis tradicionais, mas a concepção deprofessor como detentor único do saber desaparece. Ele continua a ser class leader (líder da classe) ou lecturer (leitor), mas assume outros papéis como os de colaborador, coordenador de uma ou mais equipas, conselheiro, monitor, orientador, avaliador, líder ou propulsor de discussões e, acima de tudo, instructional designer ao conceptualizar o curso e o seu desenvolvimento. A tabela 4 mostra claramente muitos dos novos papéis do professor.

Tabela 3 – Papéis e indicadores das competências chave do professor online

A função de instructional designer é particularmente importante pois envolve um trabalho autónomo e personalizado por parte do professor. Este terá de conceber e planear toda a experiência de aprendizagem online, desde a selecção da plataforma, ferramentas da Web 2.0 ou outras que irá utilizar, aos conteúdos e actividades a desenvolver. Todo este trabalho prévio exige um conhecimento dos alunos, das suas características, competências e interesses, das suas necessidades de aprendizagem e dos objectivos a atingir, bem como um conhecimento de si próprio. Toda a experiência deve constituir um desafio, algo motivador para todos os envolvidos, mas deve existir um clima colegial e onde todos se

sintam à vontade para descobrir, partilhar e aprender. Todo o contexto deve respeitar os estilos de professor e alunos para impedir constrangimentos que travem o desenvolvimento do processo de aprendizagem.

De realçar também a mudança de team leader para team coordinator, com o professor a deixar de liderar todo o trabalho quer presencialmente quer online, mas a partilhar com os alunos essa liderança, deixando-os, sempre que possível e sempre que os objectivos estejam a ser cumpridos, assumir essa mesma liderança. A par desta função devemos considerar a função de conselheiro ou facilitador de aprendizagens: o professor poderá pontualmente dar sugestões, colocar questões e prestar apoio de modo a levar os alunos a tomar as decisões adequadas em determinados momentos.

Por fim não podemos esquecer o papel do professor ao monitorizar e avaliar o desempenho dos alunos. Também aqui há um maior envolvimento por parte dos alunos, os quais conhecem de antemão os critérios utilizados para cada uma das actividades ou tarefas propostas e, tendo assumido a responsabilidade pelo seu percurso de aprendizagem, são capazes de melhor se auto-avaliarem.

Salmon (2000) avança com a ideia de um e-moderador, o qual seria alguém que modera uma discussão online. Todavia essa é uma perspectiva algo limitativa das funções do professor, já que, em contexto educativo, ele assume um novo papel ao gerir uma comunidade de aprendizagem online que ele próprio concebeu, criou e para a qual estabeleceu determinados objectivos. Ele é um tutor, pela sua função de orientação de um percurso de aprendizagem e é um moderador, pois deverá levar a discussão e o trabalho cooperativo rumo ao fim desejado. Salmon (2000) refere as principais características que um e-moderador deverá ter e que se desenvolvem a vários níveis: confiança, construtividade, desenvolvimento, partilha de conhecimento, criatividade e capacidade para se assumir como facilitador de aprendizagens.

De acordo com o modelo de Salmon (2000), as competências digitais que o e- moderador deverá revelar são:

1. compreensão de todo o processo online: funcionando como um modelo que intervém para sugerir novas abordagens, colocar desafios, fornecer feedback, promover troca de experiências e, de um modo geral, gerir o ambiente que se vai criando online;

2. competências técnicas ao nível do conhecimento de software e das potencialidades da Internet que lhe permitam desenvolver, monitorizar e avaliar as actividades;

3. competências de comunicação online ao nível do uso de ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona e da valorização da diversidade existente na comunidade;

4. conhecimento aprofundado dos conteúdos e capacidade para partilhar conhecimentos e experiências, encorajar participação e debate através de recursos multimédia ou electrónicos, avaliando de forma justa a participação e contribuição de cada um;

5. características de índole pessoal, tais como determinação e motivação, capacidade de estabelecer uma identidade online como e-moderador gerindo a comunicação e relações, adaptabilidade a novos contextos, métodos, audiências e papéis no âmbito do ensino.

Salmon considera ainda que deveria ser fornecido algum tipo de formação aos prospectivos e-moderadores: “Qualquer iniciativa significativa para mudar os métodos de ensino ou introduzir a tecnologia no ensino e aprendizagem deve incluir um apoio e formação eficazes ao e-moderador, caso contrário o resultado será, provavelmente, limitado ou um fracasso.” (p.55)

O e-moderador deve ter sempre presente na concepção e desenvolvimento de uma experiência de aprendizagem online que todo o curso deve adaptar-se aos diferentes estilos de aprendizagem da sua audiência. Da mesma forma, a comunicação mediada por computador deve assumir formas diversas que possibilitem também o contacto individual com cada um dos alunos, se tal se justificar.

Crosby e Harden (2000) referem seis grandes papéis do professor que podem ainda subdividir-se, a saber: transmissor de informação, criador de recursos, planeador, avaliador, modelo e facilitador. Efectivamente, o professor passa a ser um facilitador de aprendizagens enquanto o aluno passa a ser um sujeito activo no processo de aprendizagem. É possível, através de uma boa utilização destas plataformas, proporcionar aos alunos actividades diferenciadas que respeitem o ritmo, interesses, estilos de aprendizagem e níveis de consecução de cada um. Ao mesmo tempo professor e alunos desenvolvem em conjunto competências ao nível das tecnologias, partilhando saberes e descobertas e estabelece-se uma relação de maior reciprocidade.