• Nenhum resultado encontrado

2. INTENSIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL NA OLERICULTURA

2.3 PRÁTICAS DE INTENSIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL NA OLERICULTURA

2.3.3 Nutrição das plantas

Embora a qualidade do solo seja primordial na agricultura, sendo que esse é o principal responsável pelo fornecimento de nutrientes às plantas, a necessidade de reposição por meio de fertilizantes não pode ser negligenciada, isso por que a má gestão do solo ocasionou em muitos casos, danos irreversíveis, incluindo a erosão, a perda de matéria orgânica e a acidificação (GÜNAL et al., 2015). Assim, torna-se cada vez desafiadora a correta suplementação de nutrientes para as plantas, nesse sentido, torna-se necessária a utilização de técnicas que permitam nutrir as plantas, sem ampliar os danos correlacionados.

2.3.3.1 Tipo de fertilizante

Os fertilizantes são reconhecidamente uma ferramenta importante na busca por maiores produtividades nas áreas agrícolas, uma vez que podem suprir de forma eficiente as necessidades nutricionais das plantas. A maior produtividade poderia propiciar um aumento de renda para muitas populações rurais (BALIGAR; FAGERIA; HE, 2001). Em detrimento dessa situação, estudos apontam que o uso de fertilizantes ainda ocorre de forma limitada em várias regiões agrícolas do mundo. Os motivos incluem principalmente a falta de acesso e de informação por parte dos produtores (KASSIE et al., 2013).

Paralelamente, tem-se a possibilidade da utilização de adubos orgânicos, que poderiam auxiliar na redução da adubação química e ainda elevar o teor de matéria orgânica no solo (SHARMA et al., 2015). Alguns estudos têm relatado os problemas decorrentes da perda de matéria orgânica no solo. Machmuller et al. (2015), por exemplo, salientaram que a perda de matéria orgânica do solo restringe a capacidade de alimentar a população de forma sustentável e de mitigar os impactos das alterações climáticas. Nesse sentido, várias alternativas têm sido discutidas para melhorar os índices de matéria orgânica no solo, entre essas estão inclusas a utilização de sistemas de cultivo intensivo com preparo reduzido (LIEBIG, TANAKA, WIENHOLD, 2004) e a utilização de restos culturais e adubo orgânico (SHARMA et al., 2015).

Dessa forma, a utilização consorciada de fertilizantes químicos e orgânicos também tem sido defendida por pesquisadores (SHARMA et al., 2015; LAMBRECHT; VANLAUWE; MAERTENS, 2016). Masto et al., (2008), por exemplo, conduziram um experimento, utilizando um índice que considerou, entre outras coisas, a capacidade do solo para gerir e reter água, a disponibilidade de nutrientes, a matéria orgânica do solo e a produtividade das culturas. Os autores concluíram que os melhores resultados foram obtidos com a combinação de fertilizantes químicos e orgânicos. Sharma et al. (2015) observaram que, em uma abordagem de manejo integrado de recursos, a utilização de fertilizantes orgânicos melhora o rendimento das culturas de arroz e trigo, quando comparados com campos de produção tratados apenas com adubação química.

A utilização consorciada de fertilizantes químicos e orgânicos parece ser uma alternativa para aumentar a fertilidade do solo e, consequentemente, a produtividade e a oferta de alimentos. Além disso, pode ainda diminuir a utilização de fertilizantes químicos, reduzindo também o consumo de energia e os riscos oriundos da utilização excessiva desses insumos.

2.3.3.2 Análise de solo

A adição de fertilizantes é essencial para um correto fornecimento de nutrientes, tendo como objetivo alcançar rendimentos maiores. No entanto, Baligar, Fageria e He (2001) salientaram que as estimativas de eficiência global no uso de fertilizantes se situam em torno de 50% para o nitrogênio (N), menos de 10% para o fosforo (P) e 40% para o potássio (K). Para aumentar a eficiência no uso de fertilizantes, os autores defendem o conceito de utilização eficiente de nutrientes; esta abordagem deveria incluir aspectos relacionados à genética e fisiologia das plantas. Em linha, Lambrecht, Vanlauwe e Maertens (2016) trabalharam em sua pesquisa o conceito de gestão integrada da fertilidade do solo. Tal conceito defende a utilização eficiente de fertilizantes químicos e orgânicos, aliados com melhoria de germoplasma, enfatizando as complementariedades que são obtidas quando essas tecnologias são aplicadas em conjunto.

A aplicação eficiente de fertilizantes pode variar em função da forma de aplicação e das doses recomendadas. Rocha, Roebeling e Rial-Rivas (2015) analisaram os efeitos da redução das taxas de aplicação de nitrogênio, bem como métodos de aplicações parceladas e de liberação lenta. Os autores observaram que os melhores resultados são obtidos por meio de aplicações parceladas em detrimento de aplicação única, entretanto, a redução nas taxas de aplicação pode ocasionar perda de rendimento nas culturas analisadas. Em estudo semelhante, Zhang, Jiang e Tian (2016) testaram diversas alternativas para o uso mais eficiente de fertilizantes. Esses testes incluíam a diminuição da quantidade aplicada, fertilizantes de liberação lenta, aplicações parceladas e aplicações mais profundas. Os resultados demonstraram que o aproveitamento depende do local analisado, todavia a aplicação de fertilizantes com liberação lenta teve melhor custo-benefício.

Visando melhorar o aproveitamento dos fertilizantes e a correta correção do solo, torna-se indispensável a realização frequente de análises químicas de solo. Segundo Camargo et al. (2009), as amostras de solo devem ser coletadas na área de cultivo, acondicionadas em sacos plásticos ou caixas de papelão e, depois de devidamente etiquetadas, enviadas ao laboratório. Essas amostras são colocadas em salas isoladas, secas e depois peneiradas. Na sequência são feitas as análises para a identificação das propriedades do solo, tais como PH para avaliar a acidez e a disponibilidade de nutrientes do solo, incluindo phosforo, potássio, cálcio, enxofre, entre outros (CAMARGO et al. 2009).

Essas análises poderiam contribuir com o objetivo de aumentar a eficiência na utilização de nutrientes, uma vez que serviriam para determinar a quantidade ideal de fertilizantes que seria necessária para o desenvolvimento das culturas.

2.3.3.3 Uso de corretivos

O uso de corretivos poderia amenizar o problema da acidificação dos solos, situação essa recorrente nos campos de produção. Esse é um problema geralmente relacionado ao uso excessivo de fertilizantes e a incorreta gestão dos solos (HAN et al., 2015). Essa problemática tem estimulado a busca por alternativas que visam amenizar os danos ocasionados pela acidez do solo.

Nolla et al. (2015), por exemplo, observaram melhora no desenvolvimento de plantas de soja, em sistemas de solo com acidez corrigidos com calcário e gesso agrícola. Nascente e Cobucci (2015) verificaram que a aplicação de calcário pode alterar consistentemente os atributos químicos do solo. Em sua análise, os autores verificaram um incremento significativo na produção de feijão após aplicações de calcário no sulco de plantio.

Documentos relacionados