O acompanhamento da merenda escolar/PNAE na CDE

O ponto de partida da presente pesquisa estabeleceu, inicialmente, investigar a forma como a GEDIME acompanha o processo de execução do PNAE na CDE4, uma vez que o processo é centralizado na capital, Manaus. Conforme os dados dispostos na seção anterior, na ideia de investigar a execução do PNAE no Estado do Amazonas, esses dados, alinhados à luz das publicações sobre a temática definidos no percurso metodológico deste estudo, permitiram o diagnóstico situacional apresentado nesta seção.

O gráfico 1 foi gerado a partir da indagação sobre a Gerência de Alimentação Escolar entrar em contato com a escola para ter informações de como estaria o andamento do Programa de Alimentação.

Gráfico 1: Respostas sobre acompanhamento do PNAE: A Gerência de Alimentação Escolar acompanha a execução do PNAE na minha escola

Fonte: Autora da pesquisa (2017)

Evidencia-se que 20% dos respondentes discordam que a Gerência de Alimentação Escolar faz um acompanhamento da operacionalização do PNAE nas escolas, 5% mais discordam do que concordam, 10 % mais concordam do que discordam e a maioria, cerca de 65%, concorda que o acompanhamento é realizado. Os gestores das escolas, quando indagados sobre a figura da supervisora, segundo os dados coletados, foram unânimes em informar que a profissional faz a supervisão e o acompanhamento do PNAE na sua escola.

O resultado do questionamento em relação à GEDIME indica que, de acordo com a percepção dos entrevistados, a GEDIME realiza supervisão de maneira branda ou insuficiente, quando deveria realizar um acompanhamento das atividades do PNAE nas escolas da CDE4 de forma mais acurada. Embora a maioria dos respondentes diga que a supervisão e o acompanhamento acontecem, o dado de 20% aponta que a disposição em acompanhar as atividades deve ser otimizada por parte da GEDIME.

Outro fato que reforça tal necessidade de otimizar a supervisão e o acompanhamento das atividades por parte da GEDIME está apresentado no seguinte discurso:

Com certeza! Eu acho que a… Eu acho que a… A qualidade, né! Seria melhor, porque a pessoa estaria vendo, porque muitas vezes a gente sinaliza, quando a qualidade não tá boa, já! Sei lá, quando muitas vezes chega a carne, armazena a carne, aí vai fazer daqui há dois, três

20%

5%

10% 65%

DISCORDO

MAIS DISCORDO QUE CONCORDO

MAIS CONCORDO QUE DISCORDO

dias, aí que elas vão detectar se a carne é boa ou não! E, e... Eu vejo que contribuiria muito, né! Se… E ficaria melhor se tivesse mais pessoas (H. entrevista concedida em 04.05.2017).

.

Percebe-se, na fala da entrevistada, que o acompanhamento não é feito in loco, ocorrendo a detecção de possíveis falhas ou problemas de forma tardia, o que dificulta ou anula qualquer possibilidade de solução durante as operações na escola. Isso se mostra como um problema, pois, ao mesmo tempo em que é colocada a questão da qualidade alimentar, a qual pode ser percebida na resposta da supervisora, ainda há problemas de planejamento estratégico. Para Fleury (2000), quando a cadeia de abastecimento, que deve se constituir como uma reunião sinérgica e coordenada dos processos, apresenta rupturas em seu processo, é preciso supervisão constante para o monitoramento de seus processos, a fim de que se garantam os objetivos da organização.

Dando sequência aos questionamentos, perguntamos aos gestores se o mesmo processo de monitoramento é feito pelas nutricionistas da GEDIME. As respostas podem ser visualizadas no gráfico 2.

Gráfico 2: Respostas sobre acompanhamento do PNAE: A alimentação da minha escola possui acompanhamento feito por nutricionista

Fonte: Autora da pesquisa (2017)

Ainda sob o olhar de investigação do assunto acompanhamento e supervisão, de acordo com os dados coletados, 5% dos respondentes discordam que a merenda seja

5% 5%

15%

75%

DISCORDO

MAIS DISCORDO QUE CONCORDO

MAIS CONCORDO QUE DISCORDO

acompanhada pela profissional especializada, 5% mais discordam do que concordam, 15% mais concordam do que discordam e a grande maioria, cerca de 75%, concorda que o acompanhamento é realizado pela nutricionista.

Neste ponto, o acompanhamento realizado pela nutricionista deve ser notado, pois, segundo a supervisora “R”: “[...] a gente só tem contato com a nutricionista, né! Que ela é que vai fazer o cardápio”, ficando expressa a importância de seu papel no processo de fornecimento da merenda. Na elaboração do cardápio, além do sabor, é prevista a presença de componentes nutricionais de grande relevância para a saúde e disposição dos alunos.

As informações veiculadas no gráfico 2 apontam que 5% dos entrevistados não percebem a supervisão ou acompanhamento da nutricionista, no processo da oferta da merenda. Mesmo se reconhecendo que o percentual seja baixo, o olhar crítico considera, dada a sua importância, que esse percentual deveria ser próximo de zero. Consonante a este, o percentual dos que afirmam que percebem a importância da supervisão feita pela nutricionista deveria alcançar índices acima de 85%. Assim, a pesquisa aponta a necessidade de se replanejar o processo de acompanhamento, para que haja a maior percepção possível dos pares envolvidos no processo de oferta da merenda sobre a presença e a importância do papel dessa profissional para garantir cardápios com maior diversificação e qualidade.

De acordo com Domene (2014), a figura do nutricionista é fundamental para incutir a segurança alimentar, o desenvolvimento de práticas saudáveis de alimentação e a promoção da qualidade através da diversificação da oferta de alimentos no planejamento de cardápios criteriosos. É necessário frisar que a figura da nutricionista, com vistas na garantia da segurança alimentar, no desenvolvimento de práticas saudáveis de alimentação e na promoção da qualidade através da diversificação da oferta de alimentos no planejamento de cardápios criteriosos, confirmando as perspectivas e acepções de Domene, deve ser percebida pelas escolas da CDE4.

Na próxima seção, iremos discutir sobre os gêneros da merenda e sua qualidade, conforme o que estabelece o PNAE.