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A Educação Inclusiva se fundamenta em princípios éticos, filosóficos, políticos e legais dos direitos humanos e compreende a mudança de concepção pedagógica, de formação docente e de gestão educacional que assegurem as condições de acesso, participação, aprendizagem e transposição de barreiras de todos os alunos nas escolas regulares, em equidade de direitos.

Conforme preconiza a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), a Educação Especial é definida como uma modalidade de ensino transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, que disponibiliza recursos e serviços e realiza o (AEE) de forma completar e ou suplementara formação dos alunos público alvo da Educação Especial.

Assim, na organização dessa modalidade na Educação Básica, devem ser observados os objetivos e as diretrizes da Política Educacional Nacional, atendendo ao disposto na legislação que assegura o acesso de todos a um sistema educacional inclusivo, onde se destacam:

A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), que define, em seu Art. 205, a educação como um direito de todos e, no Art. 208, III, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) às pessoas com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino;

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), publicada pela ONU e promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 6.949/2009, que determina no Art. 24, que os Estados Partes reconheçam o direito das pessoas com deficiência à educação; e para efetivar esse direito sem discriminação, com base na igualdade de oportunidades, assegurarão um sistema educacional inclusivo em todos os níveis;

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), que tem como objetivo garantir o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na escola regular, orientando para a transversalidade da Educação Especial, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), a continuidade da escolarização, a formação de professores, a participação da família

e da comunidade, a acessibilidade e a articulação intersetorial na implementação dessas políticas públicas;

O Decreto nº 6.571/2008, que dispõe sobre o Apoio Técnico e Financeiro da União para ampliar a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), regulamentando, no Art.9º, para efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas dos alunos da educação regular da rede pública que recebem Atendimento Educacional Especializado (AEE), sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular.

Dentre as ações de Apoio Técnico e Financeiro do Ministério da Educação previstas nesse Decreto, destaca-se, no Art.3º, a implantação de salas de recursos multifuncionais, definidas como “ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos para a oferta do Atendimento Educacional Especializado”.

A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008, p.15) que define o Atendimento Educacional Especializado (AEE) com função complementar e ou suplementar à formação dos alunos, especifica que “o Atendimento Educacional Especializado tem como função, identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”.

A Resolução CNE/CEB nº 4/2009, que institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, dispõe, no Art. 3º, que a Educação Especial se realizará em todos os níveis, etapas e modalidades, tendo esse atendimento como parte integrante do processo educacional.

Esse atendimento constitui oferta obrigatória pelos sistemas de ensino para apoiar o desenvolvimento dos alunos público alvo da Educação Especial, em todas as etapas, níveis e modalidades, ao longo de todo o processo de escolarização.

O acesso ao Atendimento Educacional Especializado (AEE) constitui direito do aluno público alvo da Educação Especial, cabendo à escola orientar a família e o aluno quanto à importância da participação nesse atendimento.

O Decreto nº 6.571/2008 que dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE), definido no §2º do Art.1º, que o Atendimento Educacional Especializado – AEE integre a proposta pedagógica da escola, envolvendo a participação da família e a articulação com as demais políticas públicas.

O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas" (SEESP/MEC, 2008), e é necessariamente diferente do ensino escolar regular, não podendo caracterizar-se como um espaço de reforço escolar ou complementação das atividades escolares regulares.

São exemplos práticos de Atendimento Educacional Especializado (AEE): o ensino da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e do código BRAILLE; a introdução e formação do aluno na utilização de recursos de Tecnologias Assistivas, como a comunicação alternativa e os recursos de acessibilidade e as Novas Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (NTDIC) como o computador, o Tablet, o Smartfone, a internet entre outros dispositivos; a orientação e mobilidade e a preparação e disponibilização ao aluno de materiais pedagógicos e de uso individual e coletivo acessíveis que permitam a sua participação nas atividades escolares.

De acordo com as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial (2009) em seu Art. 4º Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do Atendimento Educacional Especializado – AEE:

I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial.

II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação.

III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade.

As Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado, com base na Resolução nº 4/2009 em seu Art. 10º afirma que “o Projeto Pedagógico da escola de ensino regular (bem como o do Município) deve institucionalizar a oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE.

Com fins de se adequar as leis citadas anteriormente e colocar em funcionamento o (AEE), o Município de Nova Odessa/SP por meio da Secretaria Municipal de Educação responsável pela Educação Infantil (0 a 5 anos de idade) e o Ensino Fundamental I (1º ao 5º anos), no ano de 2014 buscou por diferentes meios e recursos implantar este atendimento nas escolas.

Como na época o Município de Nova Odessa/SP (Local de observação e coleta de dados desta pesquisa) era subordinado a uma das Diretorias de Ensino pertencentes ao Estado de São Paulo, além de cumprir as Leis Federais, foi necessário também cumprir as Leis Estaduais na qual o trabalho com (AEE) se pautou, porém se submetendo a Instrução, de 14-1-2015 da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica e a Resolução SE 61, de 11-11-2014 do Estado de São Paulo e que foi reestruturada pela Resolução SE 68, de 12-12-2017.

Foram meses de estudos das Leis que regem o (AEE), organização dos espaços físicos e materiais a serem utilizados, levantamento do público alvo da Educação Especial nesta rede como um todo e planejamento dos atendimentos a serem oferecidos as escolas, pais e aos alunos.

Com tudo organizado e bom base no número de alunos público alvo da Educação Especial, no ano de 2015 três salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com Deficiência Intelectual (DI) entraram em funcionamento, essas salas foram instaladas em três escolas, em diferentes pontos da cidade, e funcionaram como escolas Polo de Atendimento e eram responsáveis por atender a demanda da escola sede e a demanda das escolas próximas.

Esses alunos recebem atendimento no contra turno de sua freqüência em sala regular de forma individual ou em pequenos grupos, de acordo com suas necessidades e especificidades.

Permanecemos neste esquema de trabalho por dois anos, 2015 e 2016, porém ao final de 2016 constatou-se um aumento significativo da demanda de alunos e no ano de 2017 foram abertas mais duas novas salas, totalizando cinco salas.

Por meio da análise da demanda de alunos, foi possível observar que o número de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) era significativo, e devido as suas especificidades e não serem público alvo das salas para Deficiência Intelectual (DI) optou-se por oferecer esse atendimento em uma das duas novas salas abertas.

Então eu, pesquisadora – participante deste Trabalho, por já fazer parte da Equipe de profissionais que idealizaram e colocaram em prática o (AEE) no Município de Nova Odessa/SP, ser regente de uma das três salas inicialmente abertas e possuir formação Acadêmica na área do Transtorno do Espectro Autista (TEA), fui convidada a assumir a nova sala, a partir de então denominada sala de Atendimento Educacional Especializado para o Transtorno do Espectro Autista (AEE - TEA).

Foi escolhida para sediar esta sala uma escola localiza no Centro da Cidade a fim de facilitar a locomoção dos alunos para os atendimentos e, no início de 2017 entrou em funcionamento.

Durante a realização dos atendimentos foi possível observar que os alunos com (TEA), possuíam diferentes tipos de dificuldades e diferentes tipos de interesses, como é característica própria dessa condição, e com isso surgiu à idéia de inserir as (NTDIC) no trabalho com esses alunos, motivo que me levou a estudar sobre o assunto e realizar esta pesquisa.

Voltando as leis que regem o (AEE), a Coordenadoria de Gestão da Educação Básica, considerando a necessidade de estabelecer procedimentos a serem observados na escolarização de alunos com (TEA) matriculados na Rede Estadual de ensino (bem como os Municípios a ela subordinados), de que trata a Resolução SE 61/2014, expede a seguinte Instrução:

1-Definição de Transtornos Globais do Desenvolvimento:

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV (APA, 2002) utiliza o termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) para caracterizar os quadros com prejuízos nas habilidades de interação social, de comunicação e de comportamento, e com presença de interesses e atividades estereotipados. Os TGD englobam o Transtorno Autista, o Transtorno de Rett, o Transtorno Desintegrativo da Infância, o Transtorno de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação.

Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria lançou o DSM-5 que discute critérios clínicos diferenciados e a elaboração de uma nova categoria diagnóstica para incluir o Autismo. Propõe excluir da condição de TGD o Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Rett.

Diante deste processo, e da publicação da Resolução SE 68, de 12-12- 2017, em seu Art. 3º, ficam sendo considerados público-alvo da Educação Especial, para efeito do que dispõe a presente resolução, os alunos com:

I - Deficiência;

II - Transtornos do Espectro Autista - TEA; ou III - Altas Habilidades ou Superdotação.

De acordo com o Artigo 1º e parágrafo 2º da Lei Federal 12.764/2012, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista “a pessoa com Transtorno do Espectro Autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

Ainda no Artigo 1º, parágrafo 2º da Lei Federal 12.764/2012, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, “é considerada pessoa com Transtorno do Espectro Autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. ”

Assim, especificamente em relação à legislação e às orientações para a modalidade, a Secretaria Municipal de Nova Odessa utilizou a denominação AEE/TEA Atendimento Educacional Especializado para o Transtorno do Espectro Autista.

De acordo com o DSM-5, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é subdividido em três níveis:

Nível III para casos que exigem apoio muito substancial, com:

a) graves déficits na capacidade de comunicação social, verbal e não verbal;

b) graves prejuízos no funcionamento, muito limitado em dar início a interações sociais, resposta mínima às propostas sociais de outros;

c) inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos repetitivos/ restritos que interferem significativamente no funcionamento, em todas as esferas;

d) grande sofrimento/ dificuldade em alterar o foco ou ação. Nível II para casos que exigem apoio substancial, com:

a) déficits acentuados das habilidades de comunicação social, verbal e não verbal;

b) prejuízos sociais aparentes, mesmo com apoio;

c) limitação em dar início a interações sociais e respostas reduzidas ou anormais a aberturas sociais de outros;

d) inflexibilidade de comportamento, dificuldade em lidar com a mudança, ou outros comportamentos repetitivos / restritos;

e) sofrimento e/ou dificuldade em alterar o foco ou ação.

Nível I para casos que exigem apoio. Na ausência de apoios, podem apresentar:

a) déficits na comunicação social, causando prejuízos visíveis;

b) dificuldade em iniciar interações sociais e exemplos claros de resposta atípica ou mal sucedida de incursões sociais dos outros;

c) interesse reduzido em interações sociais; d) inflexibilidade de comportamento;

e) dificuldade em alternar atividades;

f) problemas de organização e planejamento são obstáculos à independência.

A Equipe da Educação Especial do Município de Nova Odessa/SP após mapear os alunos com (TEA) matriculados na rede observou que possuía alunos que se encaixavam somente nos níveis I e II conforme exposto anteriormente, podendo com esses dados estabelecer quais trabalhos seriam desenvolvidos com esses alunos.

Cumprindo o que dispõe o Art. 10º das Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado – AEE (2009) o projeto pedagógico da escola de ensino regular (bem como o Município) deve institucionalizar a oferta do AEE prevendo na sua organização:

I – Sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;

II – Matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola;

III – cronograma de atendimento aos alunos;

IV – Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas;

V – Professores para o exercício da docência do AEE;

VI – Outros profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção;

VII – Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE.

E cumprindo todas as exigências legais, acorreu à institucionalização do Atendimento Educacional Especializado para o Transtorno do Espectro Autista (AEE/TEA) no Município de Novo Odessa, porém, cientes de que a aquisição do conhecimento acontece periodicamente e acompanha a contemporaneidade, a Equipe que compõe a Educação Especial do Município de Nova Odessa/SP realizou aprofundados estudos.

Dentre eles, importantes conceitos e ações que formam adquiridos durante as aulas do curso de Mestrado Profissional em Educação Básica da Faculdade de Educação Unicamp e compartilhados com a equipe por esta pesquisadora e o estudo da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), onde foi possível compreender que não se deve categorizar as deficiências, tampouco o (AEE).

Frente a esse entendimento a equipe da Educação Especial, em meados de 2019 reestruturou o (AEE), retirou as nomenclaturas categorizantes, anteriormente chamadas de AEE/TEA Atendimento Educacional Especializado para o Transtorno do Espectro Autista e AEE/DI Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Intelectual e as nomeou Atendimento Educacional Especializado Multifuncional, que atende todos os tipos de deficiência, individual ou coletivamente.

Os avanços nesta área vêm ocorrendo paulatinamente e o Município de Nova Odessa/SP tem tentado acompanhar, aumentando constantemente o oferecimento desse atendimento.

Neste ano de 2020 são onze salas de (AEE) em funcionamento, reflexo do compromisso e da responsabilidade que há com os alunos público alvo da Educação Especial como um todo.

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