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CAPÍTULO II PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO

2.1 O Campo da pesquisa

O campo de pesquisa é um recorte que fazemos da realidade, seja ele espacial ou social, onde iremos buscar os elementos que vão nos ajudar a responder a nossa pergunta de pesquisa, como também criar novas perguntas

e conseqüentemente novos conhecimentos sobre essa mesma realidade (MINAYO,1993) .

Escolhemos a Rede de Ensino Municipal do Recife como nosso campo de pesquisa, em primeiro lugar porque nela atuamos há cinco anos em classes do Ensino Fundamental e da Educação Infantil; assim, já tínhamos uma pequena visão da estruturação tanto da parte física do seu parque escolar como das políticas de formação e de apoio à prática pedagógica dos professores e, principalmente, da dinâmica de trabalho dos professores. Essa dinâmica está marcada por tensões, anseios, alegrias e realizações que constituem um conjunto de experiências ligadas direta ou indiretamente ao nosso objeto de estudo. Em segundo lugar, por ser ela uma rede de ensino do nosso Estado que tem cumprido a função social de ser disseminadora de formulações e experiências na área da educação ao manter um debate promissor tanto com outros municípios como com as escolas de formação, o que para nós é de suma importância para a relevância e a possível propagação dos achados de nossa pesquisa.

Para fazermos a entrada em nosso campo de pesquisa, estabelecemos o contato com o Departamento de Ações Culturais e Desportivas (DACD), instância da Secretaria de Educação da Prefeitura da Cidade do Recife que tem a função de dar suporte às escolas, como o próprio nome indica, nos campos da cultura e dos desportos. Esse departamento gerencia o agendamento das escolas nas mais diversas atividades ligadas aos campos referidos acima, dentre as quais se encontra a visita aos museus. Sabendo disso, decidimos que iríamos captar nessa instância da gestão do sistema de ensino os nomes de escolas que realizaram atividades educativas em parceria

com o museu e assim solicitaram o transporte para a realização de visitas a algumas instituições museais da cidade. Constatamos, na planilha de agendamento e efetivação dessas visitas, que, entre o mês de dezembro de 2003 e o primeiro trimestre de 2004, quarenta (40) escolas, integrantes das (6) seis RPA (Regiões Político-Administrativas) do Recife, solicitaram o transporte e puderam realizar visitas a um museu. Algumas delas realizaram visitas mais de uma (01) vez, como nos mostra o quadro 1:

QUADRO 1- AGENDAMENTO DE ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE DE VISITAS A MUSEUS (DEZEMBRO DE 2003 A MARÇO DE 2004).

MUSEUS ESCOLAS RPA

1.Museu da Cidade do Recife 1.Alto do Refúgio Ivam Neves; 2.Fernando Sampaio 02/03

2.Casa do Carnaval 3.Engenho do Meio ; 4.Simões Barbosa 04/06 3.Museu do Homem do Nordeste 5.Antônio Heráclio do Rego; 6.Santo Antônio do Caçote;

7.Henfil ; 8.Jardim Monte Verde 02 /06 04/ 06 4.Museu da Abolição 9.Antônio de Brito Alves; 10.Da UR-07;

11.Pintor Lula Cardoso Ayres 05/ 04 06 5.Museu do Trem 12.Prof. Júlio Oliveira

13.Poeta João Cabral de Melo Neto 06 06 6.Museu da Moeda 14.Mário Melo

15.Reitor João Alfredo 02 01

7.Casa-Museu de Magdalena

e Gilberto Freire 16.Sen. João Pessoa Guerra 17.Educador Paulo Freire 05 06 8.Museu de Arte

Contemporânea-Aluísio Magalhães Alto do Refúgio Ivam Neves; 18.Cícero Franklin Cordeiro 02 06 9.Museu do Mamulengo 19.Serra da Prata; 20.São João Batista

21.José Ermírio de Morais; 22.Novo Mague 06/03 04/ 01 10.Museu Murilo La Greca Antônio Heráclio do Rego; 23.Santa Cecília

24.Edite Braga; 25.Jardim Uchoa; 26.Do Barro

02; 02 05/ 06 05 11.Instituto Ricardo Brennand 27.André de Melo

28.Waldemar Valente

29.Poeta Paulo Bandeira da Cruz 30.Jordão Baixo

31.Nossa Senhora do Pilar 32.Novo Horizonte

33.Pedrinho

34.Mauro Mota 35.João XXIII 36.Sítio do Berardo 37.Prof. Nilo Pereira 38.Nadir Colaço .Fernando Sampaio 39.Dos Coelhos 06 05 06 06 01 02 03 03 04 03 03 03 03 01 12.Museu Regional de Olinda Pedrinho; 40.Renato Aciolly 03/02

13.Museu do Brum Alto do Refúgio Ivam Neves 02

Fonte: Departamento de Ações Culturais e Desportivas – março/ 2004.

Esse contato com a agenda de visitas de escolas públicas municipais foi fundamental, pois referendou a decisão de fazermos nossa análise apenas com professores(as) das séries iniciais do ensino fundamental da rede pública municipal do Recife, o que se apresentava, por vezes, como uma dúvida a ser

dirimida, pela referência prévia, que se revelou equivocada, de que os professores da rede privada estariam mais dispostos e efetivamente faziam visitas ao museu, devido à sua inserção num contexto que, possivelmente, lhes daria maiores subsídios econômicos e melhor apoio didático. O quadro 1 nos mostra, porém, que, mesmo considerando um período de observação relativamente curto (dezembro de 2003 a março de 2004), uma quantidade significativa de professores(as) da rede pública em questão realiza visitas, com seus alunos, aos mais diversos museus.

Ele nos forneceu ainda bons elementos para desmistificar a idéia que tínhamos e, com certeza, ratificou a decisão política de nossa pesquisa, de contribuir para o debate sobre a escola pública em nosso país, dando voz particularmente ao(à) professor(a) que nela trabalha. Ele nos forneceu também um cenário das escolas cujos docentes poderíamos manter contato, permitindo-nos uma primeira aproximação com o campo.

Por fim, o quadro de distribuição das visitas das escolas municipais aos museus da cidade do Recife no período citado pôde ser um primeiro dado de análise. A partir dele, percebermos que nenhuma Região Político- Administrativa deixou de ser representada na distribuição das escolas nas visitas a museus, o que nos faz inferir que a relação museu-escola nessa rede de ensino, estabelecida pela visita dos(as) professores(as) com seus alunos, tem revelado uma possível democratização do acesso, no que se refere à efetiva ida daqueles aos museus. Um outro fato também observado foi que nenhuma RPA se sobressaiu – uma em relação a outra – em número de escolas que realizaram visitas, correspondendo a um percentual proporcional

ao número de unidades educacionais existentes em cada uma delas, à sua extensão territorial e à sua densidade demográfica.

Para efeito da primeira etapa da pesquisa, trabalhamos com um total de vinte oito escolas representadas por cinqüenta professoras que responderam aos testes de associação livre de palavras aplicados. Em média, trabalhamos com quatro escolas por RPA, o que foi coerente com o quadro da relativa uniformidade na distribuição das visitas dos(as) professores(as) por RPA constatado na lista que coletamos inicialmente. Posteriormente, no momento das entrevistas, continuamos coerentes com essa relativa uniformidade: trabalhamos, em média, com uma professora por escola, perfazendo um total de 11 escolas distribuídas também por RPA.