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O carnaval da cidade de São Paulo e a resistência cultural

No documento Joao Pereira Paulo.pdf (páginas 87-118)

O carnaval da cidade de São Paulo e a resistência cultural 4.1 Mudanças e permanência

As discussões que se estabeleceram sobre as festividades como elementos de manifestação dos valores da etnia negra orientavam-se no sentido de valorizar as culturas afro-brasileiras com suas danças, seus batuques e a religião, representados pelo modo que incorporavam elementos ancestrais que possibilitavam a criação de laços de afinidade dentro da comunidade formada na Zona Leste em conjuntos habitacionais e a mobilização em torno de suas reivindicações por condições mínimas de vida, moradia, lazer e espaços de sociabilidade. A Associação de Moradores de Bairro da Vila Jussara133, fundado em 1970, foi formada por um grupo de amigos no qual um dos participantes era Gilson Vitório, que auxiliou nas atividades voltadas para as crianças, promovendo encontros através de festejos, brincadeiras de rua, roda pião, pipa, mãe da rua, pega-pega e esconde-esconde sempre com o objetivo de arrecadar brinquedos e doces para as crianças como forma de compartilhar das festas de Cosme e Damião - símbolo católico que representa a guarda de crianças - e com isso auxiliando na composição da formação do grupo social enquanto o embrião de uma sociedade surgida por sentimentos que buscavam laços de afetividade na qual suas experiências de vida se assemelhavam.

Neste ponto, percebe-se que os festejos têm fundamento religioso, articulando valores cristãos e de religiões africanas. Estes festejos, em seus aspectos religiosos e lúdicos, apresentam maneiras próprias por meio das quais em grupo social contribui para a manutenção e ressignificação dos hábitos culturais e da memória de sua ancestralidade, estimulando o reconhecimento dos aspectos mais importantes mantidos vivos na memória e nos costumes dos mais velhos, que as transmitem às gerações mais novas. Não se trata de afirmar que tais tradições sejam imóveis, mas que se modificam a partir do modo específico

133 Associação de Amigos de Bairro Vila Jussara em Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo,

não há registro desta entidade, assim como documentação de suas atividades ou organização administrativa.

que as comunidades atribuem significado ao presente e ao passado. Neste tipo de relação, a cultura afro-descendente procura rememorar saberes preservados e expressos pelos “negos veios”, como comumente são tratadas as pessoas velhas na comunidade e incorporá-los à sua maneira, não sem tensões.

Entre os anos de 1972 e 1974, as dificuldades para realizar as festas nas comunidades da Vila Jussara e Cidade Líder, na Zona Leste de São Paulo foram tornando-se mais freqüentes devido à falta de apoio da própria comunidade. Essas festas representavam uma forma ativa de atualização das tradições e de aprofundamento dos laços de convivência na comunidade, onde a participação dos comerciantes e dos moradores servia de fundo para angariar recursos para os festejos. Esses fundos eram obtidos a partir de rifas e vendas das prendas, que a cada ano se escasseavam, tornando inviável a realização das festas. Com o passar dos anos, isto é, em 1975, a situação se torna menos crítica, pois algumas pessoas que tinham preocupações e objetivos políticos começaram a apoiar as atividades culturais e eventos na comunidade. Proporcionar aos moradores das comunidades eventos musicais, apresentações de dança, apresentações de peças teatrais, nas praças ou no centro comunitário, tinha um efeito de inserção social.

Assim, manter práticas culturais que incorporavam elementos oriundos da África misturados a outros, inventados aqui pelos escravos ou por seus descendentes como estratégia para conseguirem agüentar os esforços físicos aos quais eram expostos no seu dia-a-dia de trabalho, acaba por contribuir para a constituição de suas referencias identitárias e ancestrais específicas, refiro-me às pernadas e as rodas de samba.

Nesse sentido, a capoeira tem dupla função. De um lado prepara o indivíduo para se defender e atacar quando for preciso, e por outro os remete às práticas que podem ser entendidas como modo de atuação frente às tensões vividas no dia-a-dia. E assim a capoeira, ou as pernadas, não são só uma forma de ataque ou defesa, mas uma maneira de se identificar com as suas tradições culturais, vinculando -se não só ao passado, mas ao presente, no qual símbolos e linguagens se preservam e se criam. Entendemos tradição não com um passado morto, mas como um passado vivo no presente.

Homi K. Bhabha rejeita a separação rígida entre presente e passado ao dizer:

A enunciação da diferença cultural problematiza a divisão binária de passado e presente, tradição e modernidade, no nível da representação cultural e de sua interpelação legítima. Trata-se do problema de como, ao significar o presente, algo vem a ser repetido, relocado e traduzido em nome da tradição, sob a aparência de um passado que não é necessariamente um signo fiel da memória histórica, mas uma estratégia de representação da autoridade em termos do artifício do arcaico134 (1998, p. 64-65).

Para Homi Bhabha, o passado que nos chega até o presente é buscado, valorizado e interpretado pelas razões do presente.

O grupo ao qual Gilson Vitório pertencia, amigos da escola e da vizinhança, ao se reunirem constantemente, decidiram participar da escola de samba de uma comunidade vizinha, cujos componentes formadores da bateria e ritmistas ali já estavam. Gilson, para ingressar como ritmista, deveria concorrer ao cargo. Salienta, ainda, que no início, ele mesmo tinha reservas com o interesse pelo samba, pois considerava que era “coisa de maloqueiro135”. Este preconceito veio

da época que residia na Liberdade, bairro do centro da cidade de São Paulo, onde os participantes da escola de samba local tinham este estigma de serem pessoas de maus hábitos que fumavam, bebiam exageradamente, não trabalhavam e faziam bagunça.

Associar o samba com desordem e violência, e considerar os ex-escravos como primitivos e incivilizados, vem de longa data:

Esses “novos cidadãos” eram, além disso, condenados e representados através de suas práticas bárbaras: “os sambas, as capoeiras, e as feitiçarias”. Assim, se por um lado o samba era entendido e aceito nos editoriais, ao menos como uma exótica manifestação de negros, de outro cada vez mais se insistia em como esta prática “pouco civilizada” gerava constantemente incidentes e conflitos graves (sendo por isso mesmo considerada indesejável, ao menos enquanto uma atividade que congregasse somente elementos negros)136 (SCHWARCZ, 1987, p. 229).

Esta reflexão de Lilia Schwarcz é feita a partir da construção da imagem do negro nos jornais do século XIX. Porém, os grupos sociais dominantes utilizavam esses termos com referência aos negros, estendendo esse estereótipo à pobreza,

134 Cf. BHABHA, 1998, p. 64-65, referência 62 da página 50. 135 Cf. VITÓRIO, 2007, referência 67 da página 54.

vista como postura de maus hábitos, carente de educação e naturalmente perigosa.

Podemos dizer que o preconceito racial vem de longe e tem raízes não só na intolerância em relação ao diferente, mas na dominação de classe. Seu Nenê da vila Matilde, nos fala da importância na formação da cultura negra:

Sou Alberto Alves da Silva, Nenê porque ultimamente devido aí esse problema da escola de samba né, e agora desde pequeno sempre fui nenê, agora rapaz como é que era, porque tudo mineiro, sou de Santos Dumont. [...]

A escola tem uma parte social, bastante até, mas o problema da escola é que ela é um setor de cultura onde reúne tudo quanto é gente da dança, de canto, de cantores e compositores, daquele pessoal, da moçada que gosta de, vamos falar assim “que é essa favela assim que gosta de curtir”137 (SILVA, São Paulo, 2007).

Faz referência ainda ao período em que os boêmios se reuniam e faziam samba, tocavam pandeiro, cavaquinho e violão, e começavam a animar as pessoas. Estes encontros culminaram na criação da escola de samba de Nenê da Vila Matilde, que dedica sua vida à da escola, surgida da necessidade de integrar- se a um grupo. Seu Nenê se alegra ao contar sobre o sentimento que une os integrantes da escola, pois todos fazem as coisas com o coração, querendo realmente o bem da comunidade, e que se sentem realizados com este trabalho.

Relembra, ainda, a gafieira, salientando que qualquer tipo de ocasião era motivo para reunir-se, cantar e dançar, referindo-se a participação de indivíduos de outras etnias, quatro ou cinco, mas isso era raro. A identificação do samba como coisa de negro é assumida pelos negros de tal forma que quando o ritmo levado na roda de samba está descompassado ou fora do tom musical, surge a expressão “tem branco na roda”, mesmo quando na roda há disputa pelo instrumento ou revezamento de participantes.

Outro aspecto que pode ser destacado é a postura assumida nas rodas de samba que são as disputas pelo reconhecimento e respeito do grupo ao qual pertence. Destacando a capacidade de atuar na música e na dança, cujas expressões corporal e rítmica, com uso da cadência própria dos movimentos os remetem aos seus modos e as suas ancestralidades culturais.

137 SILVA, Alberto Alves. Presidente e Fundador da escola de samba Nenê de Vila Matilde.

Entrevista realizada em sua residência, no bairro da Penha de França, São Paulo/SP, em 19 de janeiro de 2007.

É importante salientar que o movimento dos ritmos africanos é percebido nas letras e na própria construção do samba enredo das escolas de sambas de São Paulo, o que nos permite refletir sobre as questões de ancestralidade vivenciadas pelos afro-descendentes, podendo ser compreendidas como uma forma de valorizar ou de sentir orgulho de sua negritude.

Considerando a importância atribuída à música no habitus dos negros da diáspora, é irônico que nenhum dos pólos neste tenso diálogo leve a música muito a sério. O narcisismo que une ambos os pontos de vista é revelado pelo modo com que ambos abandonam a discussão da música e a dramaturgia, a performance, o ritual e os gestos que a acompanham em favor de um fascínio obsessivo com os corpos dos próprios artistas138 (GILROY, 2001, p. 207).

A importância e os significados das músicas carnavalescas nem sempre são compreendidas e valorizadas adequadamente, nem sempre constituem aquilo que aproxima as pessoas deste tipo de evento. Criam-se diversos elementos desconectados do sentido originário, capazes de atrair os participantes movidos por apelos estéticos variados. Isto nos permite refletir sobre as relações de tensão impostas pela pós-modernidade, aos quais se refere Gilroy, como quando trata

“fascínio obsessivo” atribuído aos corpos dos próprios artistas, em detrimentos da performance, o ritual e os gestos que originariamente faziam parte destes

eventos.

4.2 O carnaval e as disputas no campo da cultura.

O carnaval pode ser entendido como uma festa popular que depende da integração da comunidade em que está inserido. Porém, possui um fundamento muito maior do que a de simples folia.

Azevedo denomina as experiências vividas nas escolas de samba de micro-áfricas, que são vistas por ele como fatores importantes de coesão de grupo.

Nessas micro-Áfricas as organizações carnavalescas se transformaram em estratégias de manutenção dos laços comunitários entre os descendentes de africanos.

[...]

A importância do samba e das escolas para Geraldoi resulta do

sentimento de apego e identificação que ele estabeleceu com a música e as organizações carnavalescas. Ele circulou pelas mais diversas escolas de samba situadas em diferentes pontos da cidade139 (AZEVEDO, 2006, p. 59).

Na opinião de Azevedo as organizações carnavalescas criadas pelas comunidades em que algumas se transformaram em escolas de samba ou blocos carnavalescos têm como referência às discussões sobre a negritude, formando-se então as ilhas de ancestralidade ou micro-áfricas paulistanas.

O carnaval como parte de manifestação do Movimento Negro que pretendemos tratar neste capítulo é justamente o carnaval de rua. Parte da organização dos desfiles das escolas de samba está relacionada às pessoas que valorizam sua ancestralidade afro-brasileira. No caso dos desfiles das escolas de samba da cidade de São Paulo é preciso pensar o papel da Liga das Escolas de Samba de São Paulo.

A Liga funciona com uma espécie de elo entre as escolas de samba e a Secretaria de Turismo do Município de São Paulo. Os acordos e regras que determinam a disputa pelo título de campeã do ano são definidos pela Liga das Escolas de Samba juntamente com os representantes das escolas de samba filiados à Liga.

Percebe-se que há vários participantes ativos do carnaval que divergem sobre o envolvimento da Liga das Escolas de Samba com seus filiados. Em alguns momentos da narrativa de Seu Nenê, podemos perceber alguns sentimentos que não estão claramente explicitados no texto, mas que podem ser lidos no seu silêncio sobre algumas questões ou nas reticências ou hesitações, como a profunda mágoa em relação às disputas das escolas de samba dos desfiles e o poder da Liga das Escolas de Samba sobre ela. Perguntado sobre os desfiles e as rivalidades entre as escolas de samba, Seu Nenê faz uma pausa e o seu silêncio responde, trata-se de algo que não vale apena ser mencionado. Um ou dois minutos depois o sorriso, ou melhor, uma gargalhada, e diz: “também, se

não tivesse isso aí, perdia o sabor né!, tem que ter a disputa, é a mesma coisa que o futebol, tem que ter campeão se não, não!” (2007). Suas palavras e seu

silêncio nos remetem ao tempo no qual o carnaval era uma festa genuinamente de rua.

De acordo com a metodologia da história oral, a narrativa pode ser interpretada de várias formas. Alessandro Portelli, em sua obra Il Borgo e la

borgata: i ragazzi di don Bosco e l’altra Roma del dopoguerra140, chama a atenção para este tipo de situação, em que muitas vezes o silêncio fala muito mais que algumas linhas. No caso do Seu Nenê, é possível entender o que ele pensa sobre a Liga das Escolas de Samba sem que ele precisasse dizer.

E o que mata mesmo é aquele pessoal que não se entrega, eles não. Se vem algum cara boas de idéias, estudados que quiser ir pro caminho sério, eles ficam enchendo a cabeça até que o cara também acompanha eles, isso é ruim. Também já foi expulso, também deve ta queimado, teve um também, antes dele também, teve o de fora, ele acabava com a Liga das Escolas. Já no contrato, eles são tão espertos que vai lá na hora que o contrato, sai da mão da prefeitura eles já põe um tanto pra eles, quer dividir com eles, já querem enfiar a metade. A cabecinha deles é desse tamanho141 [...] (SILVA, São Paulo, 2007).

Percebemos então, a partir do depoimento de Seu Nenê, que existe certa crítica à Liga das Escolas de Samba em que as disputas pelo poder criam uma tensão entre interesses financeiros e o tráfico de influências na forma de organizar o carnaval de rua da cidade de São Paulo.

Já para Gilson Vitório, diretor de harmonia da Escola de Samba Leandro de Itaquera, a importância da Liga das Escolas de Samba pode ser entendida em seu depoimento a partir do processo de organização do carnaval.

A gente foi pegando alguns amigos nessa linha, o samba também, existia a necessidade de se organizar, porque cada escola era por si, formava uma associação, que funcionava no prédio Martinelli, depois funcionou uma associação, depois passou a ser União, passou por 4 (quatro) entidades até chegar hoje que é a UESP e a Liga, que é a União das Escolas de Samba Paulistana e a Liga das Escolas de Sambas142.

(VITÓRIO, São Paulo, 2007)

A percepção da complexidade de fatores envolvidos na realização do carnaval e na atuação da Liga das Escolas de Samba não obscurece a compreensão da situação e da importância da participação das comunidades nas suas respectivas escolas como manifestação de ancestralidade.

140 PORTELLI, Alessandro. Il Borgo e la borgata: i rapgazzi del dopoguerra. Ed. Circolo Gianni

Bosio; introd. e coord. Alessandro Portelli; apres. Francesco Motto. Roma: Donzelli Editore, 2002.

141 Cf. SILVA, 2007, referência 138 da página 90. 142Cf. VITÓRIO, 2007, referência 67 da página 54.

O contato entre as culturas diferentes permite a realização, muitas vezes tensa, de trocas culturais. No caso dos africanos, tendo chegado aqui como escravos e sendo submetidos às relações de poder autoritários e despóticos, a sua inserção na nova sociedade envolveu aspectos de violência e de repressão aos seus hábitos culturais, obrigando-os a criar inúmeras táticas de resistência para preservá-los.

A cultura hegemônica não permaneceu incólume à presença das práticas culturais dos africanos aqui trazidos e de seus descendentes. No caso do carnaval, os afro-descendentes foram incorporando valores da cultura hegemônica e ao mesmo tempo, possibilitando que outras etnias se apropriassem de modos e formas de sua ancestralidade. Este fato permite ao carnaval alcançar novos sentidos através do processo não consensual de ressignificação cultural.

Desta maneira percebe-se a ocorrência de processos em que os sujeitos sociais convivem quer de forma harmoniosa quer em confronto declarado ou de forma dissimulada. As práticas culturais apenas podem ser compreendidas sob a ótica de um cenário onde coexistem alianças e conflitos sociais.

Portanto, entender o carnaval como um momento de inversão da ordem é apreendê-lo em sua complexidade composta por vários significados sociais, políticos, econômicos e religiosos. Uma mescla de elementos e de grupos tão dispares e que confere significado à prática carnavalesca.

Os múltiplos tipos de aprendizados contidos nas práticas de elaboração de todas as atividades que permeiam a construção de um desfile de carnaval é possível pela participação dos vários grupos sociais, cuja interação lhe retira o caráter de manifestação popular. O carnaval é popular não porque congrega gente de todas as classes e etnias, mas porque ainda mantém aspectos de resistência. Estes fatores indicam que o carnaval assume as expressões da festa, garantindo que este se fortaleça não apenas como um fenômeno popularesco mais social, e político já que grande parte da comunidade negra dele participa de maneira a torná-lo uma expressão mais próxima de sua ancestralidade e seus valores culturais, mesmo que tenham se organizado de forma diametralmente oposta, segundo entendimento de Sebe143 (1986, p. 96).

Esta visão também é apresentada na entrevista com o Seu Nenê de Vila Matilde, quando salienta que na sinopse do enredo já se percebe o entremeio de ações destinadas a unir a comunidade. Pode-se destacar ainda que o trabalho da comunidade é realizado com laços de afetividade e ancestralidade, e sentem-se admirados por aqueles que compartilham das manifestações culturais carnavalescas e pelos estrangeiros que vem para a cidade de São Paulo com a finalidade de assistir ao espetáculo do carnaval, direcionado ao desfile das escolas de samba.

Apresenta alguns enredos, a pessoa apresenta uma história né, aí eles se reúnem pra saber o que é melhor pra escola, um enredo melhor né, então depende do que vai falar, sobre o que vai falar, se interessa, se dá carnaval, se dá pra fazer carnaval né, é que tem enredo que não dá pra fazer, não tem história, não tá ali fazendo parte da história assim, entendeu, um resumo, sabe, tem que fazer o carnaval, tem que montar as alas, contar a história, a escola de samba passa, tem que contar uma história144 (SILVA, São Paulo, 2007).

Embora o carnaval esteja em constante transformação e constitua um espaço de tensões e conciliações constantes, na prática carnavalesca saberes vão se acumulando e padrões estéticos e narrativos vão se constituindo.

O carnaval passou a ser encarado como um espetáculo que gera recursos, através do estímulo ao mercado formal e informal. Maria da Penha145 diferentemente de seu Nenê, entende que no carnaval não existe discriminação, os foliões brincam, festejam e se integram no único objetivo: manter as associações que desenvolvem e se enfileiram frente ao Movimento Negro. O carnaval tem como um de suas principais características a presença de elementos contraditórios, permitindo que as comunidades dos grandes centros urbanos, das encostas de morros, das favelas, e dos bairros distantes das cidades, vão para desfilar no asfalto da passarela do samba, colocando seus protestos, sonhos, aspirações e esperanças, na folia, na alegria e no luxo de suas

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