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Neste item, esclarece-se a lide havida entre o ex-empregado e o ex- empregador, caracteriza-se as partes e o processo e analisa-se a sentença de 1º Grau e o Acórdão de 2º Grau, com vistas a definir o objeto dos cálculos de liquidação de sentença, a serem efetuados pelo perito-contador. Na petição inicial o reclamante relata e requer o seguinte:

 Reconhecimento de sua condição de bancária;

 Horas extraordinárias contadas a partir da sexta hora diária;

 Reflexo das horas extras;

o Nas férias acrescidas de 1/3; o Nos décimo terceiro salários; o Nas gratificações semestrais; o No FGTS.

 Pagamento de uma hora diária de intervalo intrajornada não concedido, acrescido do adicional de 50%;

 Indenização de adicional de risco de vida;

 Recolhimento dos encargos previdenciários de fiscais por conta do reclamado;

 Honorários de assistência judiciária gratuita;

 Juros e correção monetária da lei, considerando o índice de atualização do próprio mês da prestação do trabalho;

 Pagamento do FGTS;

 Pagamento de comissão de corretagem;

 Devolução dos frutos financeiros gerados ao Banco pela posse de má- fé.

“FULANO DE TAL”, reclamante, qualificado na petição inicial, ajuizou, em 14/04/2008, reclamação trabalhista em face de “COOPERATIVA DE CRÉDITO” e “BANCO COOPERATIVO”, também qualificados na mesma peça. Afirmou serem os reclamados devedores solidários, por serem integrantes do mesmo grupo econômico. Sustenta ter vínculo de emprego com o segundo reclamado, sendo bancário. Referiu que, apesar de dever submeter-se a jornada de trabalho de seis horas diárias, trabalhava em média das 08h às 19h, com 15 minutos de intervalo para repouso e alimentação, além de participar de reuniões aos sábados e eventos de interesse da reclamada. Relata que foi impedido de anotar a integralidade da jornada de trabalho e que as horas extras, quando pagas, o foram em valor inferior ao devido. Pretendeu a aplicação do adicional de 50% para as duas primeiras horas extras e de 100% para as demais, além da adoção do divisor 150, com reflexos que refere. Salientou que somente gozou intervalo de 15 minutos, apesar de sempre ter laborado mais do que seis horas diárias. Ressaltou que foi contratado para exercício da função de caixa, mas acumulou a função de atendente, fazendo jus a adicional de 1/3 sobre sua remuneração, pelo acúmulo de função de sobrecarga de trabalho, com reflexos que refere. Afirma que realizava transporte de valores, sem receber qualquer indenização ou adicional por risco de vida, equivalente a 35% das verbas de natureza remuneratória ou em percentual fixado pelo juízo.

Observou que durante o curso do contrato de trabalho houve alteração do plano de cargos e remuneração, instituindo-se pagamento variável de diversas parcelas salariais, o que lhe causou prejuízo, pois as verbas englobadas não incidiram em outras verbas. Salientou que durante o contrato de trabalho efetuou a venda de produtos e serviços sem receber comissão de corretagem. Entendeu fazer jus ao recebimento dos frutos que o reclamado auferiu pela posse de má-fé, não pagando os direitos de forma oportuna e utilizando o valor correspondente no mercado financeiro para receber vantagens. Ressaltou que as lesões aos seus direitos importaram no acúmulo dos créditos pleiteados, com pagamento em uma única oportunidade, razão pela qual não lhe deve ser repassada a responsabilidade pelos descontos previdenciários e fiscais ou ser acrescido o valor correspondente na condenação a título de indenização.

Postulou, em consequência, a declaração de sua condição de bancário e a condenação das reclamadas de forma solidária ao pagamento das parcelas indicadas nas fls. 18-20 dos autos.

Atribuiu à causa o valor de R$24.000,00.

A primeira reclamada apresentou contestação escrita. Alegou a preliminar de inépcia da petição inicial, quanto aos pedidos relativos a devolução de frutos percebidos de má-fé e recolhimento dos encargos previdenciários e fiscais por conta da reclamada, por ausência de causa de pedir, sob o fundamento de que as postulações são direcionadas ao segundo reclamado. Invocou a prescrição. Insurgiu- se contra o pedido de condenação solidária, sob o fundamento de que as integrantes do polo passivo são empresas independentes. Afirmou que a reclamante não é bancária, pois trabalha exclusivamente em seu favor, que não é uma instituição bancária, mas uma sociedade cooperativa de crédito. Argumentou que o fato singular de haver descontos da contribuição sindical da reclamante em favor do sindicato dos bancários de Ijuí não a caracteriza como bancária, pois isso ocorre em virtude de os empregados das cooperativas não terem sindicato próprio, sendo em alguns casos representados pelo sindicato dos bancários.

Alegou que a jornada de trabalho foi integralmente registrada nos cartões- ponto. Refere que o pedido de pagamento de intervalo intrajornada constitui-se em bis in idem, pois há remuneração extra a título de intervalo intrajornada pela dilação da jornada de seis horas já remunerada como hora extra. Aduziu que a pretensão de pagamento de adicional de risco de vida carece de amparo legal e que a reclamante somente em algumas oportunidades auxiliou no transporte de valores em substituição a um colega. Referiu que a remuneração básica e variável da reclamante observou corretamente o plano de cargos e remuneração e refletiu nos valores devidos. Ressaltou que a reclamante não é nem se equipara a uma corretora, não sendo devida comissão de corretagem. Argumentou que nunca sonegou direitos da reclamante, muito menos de má-fé. Salientou que os descontos previdenciários e fiscais sobre eventual acúmulo de valores não podem ser transferidos ao empregador, eis que são ônus legais do empregado. Entendeu não estarem preenchidos os requisitos que ensejam a condenação ao pagamento de honorários de assistência judiciária ou de advogado. Pediu, enfim, a improcedência da ação e, no caso de acolhimento do

pedido, a dedução das contribuições previdenciárias e fiscais cabíveis e a compensação dos valores pagos.

A segunda reclamada contestou a ação. Alegou a inépcia da petição inicial, pela ausência de pedido de reconhecimento de vínculo empregatício entre a reclamante e a segunda reclamada; por serem os pedidos de reconhecimento de vínculo de emprego e de nulidade do plano de cargos e salários da cooperativa incompatíveis entre si; e pela conclusão não decorrer logicamente da narração dos fatos. Invocou a prescrição quinquenal. Referiu que a reclamante jamais prestou serviços em seu favor, o que afasta qualquer pretensão de reconhecimento de vínculo de emprego diretamente com o banco. Sustentou que as reclamadas não integram qualquer espécie de grupo econômico para ensejar a responsabilidade solidária com base no art. 2º da CLT, tampouco cabe responsabilidade subsidiária, por não haver terceirização. Salientou que a reclamante jamais exerceu qualquer atividade que lhe permitisse o reconhecimento da condição de bancária, até porque a cooperativa não tem autorização para realizar atividade inerente a instituições financeiras.

Afirmou que eventuais horas extras prestadas foram devidamente pagas ou compensadas e acredita que tenha gozado regularmente o intervalo intrajornada. Argumentou que é intrínseca às funções de caixa o atendimento a clientes, não se tratando de um cargo distinto e específico, o que afasta a pretensão relativa a acúmulo de funções. Impugnou o pedido de pagamento de adicional por risco de vida, pois a reclamante jamais exerceu a função de vigilante ou trabalhou com transporte de valores. Negou qualquer modificação realizada no processo que tenha sido maléfica, ressaltando que a simples instituição de salário variável não significa prejuízos. Alegou que em momento algum foi acertado entre as partes o pagamento de comissões em decorrência da corretagem de seguros e planos de previdência privada. Aduziu que o pedido de indenização pela deliberada retenção de créditos trabalhistas em montante equivalente à taxa de juros vigentes no mercado financeiro carece de amparo legal. Sustentou que por força de norma cogente, os descontos fiscais e previdenciários devem ser realizados normalmente. Entendeu não estarem preenchidos os requisitos que ensejam a concessão da gratuidade da justiça e da assistência judiciária gratuita, além de não serem devidos honorários advocatícios na Justiça do Trabalho. Pediu, enfim, a improcedência da ação e, no caso de acolhimento do pedido, a realização dos descontos previdenciários e fiscais cabíveis.

No documento Perícia contábil trabalhista (páginas 35-39)

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