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ESTRATÉGIAS DE ACONSELHAMENTO, ORIENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE ADULTOS CERTIFICADOS

2. O Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Santa Maria

A Escola Secundária de Santa Maria, em Sintra, promotora deste Centro Novas Oportunidades, completou em outubro de 2010 quarenta e um anos de existência. Para descrever o enquadramento desta instituição no espaço natural e cultural que a acolhe, transcreve-se um parágrafo do texto que constitui o Projeto Educativo da Escola (PEE):

Situada na base do contraforte nordeste da serra de Sintra e na zona da freguesia de Santa Maria e S. Miguel designada como Portela de Sintra, a Escola Secundária de Santa Maria insere-se num contexto cultural, paisagístico e patrimonial com importância histórica na identidade portuguesa. Esta envolvência constitui um quadro cultural que se traduz num espaço privilegiado de construção de valores éticos e estéticos (PEE, pp.5).

Mas muito mais há a dizer sobre Sintra – património mundial da UNESCO – a vila histórica que atrai o olhar do visitante mais incauto; romântica (para uns), turística (para muitos). Inquestionavelmente verde, fresca, calma – no sopé da enigmática serra, também ela calma, fresca e verde, com as antigas capelas e faustosos palacetes de outras eras, envoltos em mistério de tempos passados, que nos trazem à memória histórias de princesas e mouros, e que o fino nevoeiro, ao dissipar-se, vai mostrando no horizonte.

De um lado o mar, e as praias tão frequentadas por turistas e veraneantes que procuram o clima ameno mesmo em pleno mês de Agosto – o tão caraterístico “micro-clima”. Do outro lado, as imensas terras a perder de vista, cultivadas, matizadas a várias cores na primavera; húmidas e nostálgicas no inverno.

Em Sintra ainda se ouvem os guizos dos cavalos que puxam as charretes pelo centro histórico, a ecoar outros tempos, não já da realeza que por ali se passeava, mas de turistas que, pelas estreitas estradas, da vila são conduzidos à espectacular paisagem natural da serra. E o passeio não está terminado sem uma passagem pela Periquita para saborear um delicioso travesseiro ou uma queijada tão dourada quanto o pôr-do-sol que já se adivinha no horizonte.

Para além da vila, Sintra é sede de um vasto concelho composto por 20 freguesias, que albergam quase 380 mil habitantes, 48% dos quais homens e 52% mulheres (segundo dados dos Censos 2011). O concelho é um espaço de dormitório para muitos dos aqui vivem, mas têm de se deslocar diariamente para Lisboa, ou outros locais, para exercer a sua atividade profissional. E aqui regressam, após um extenuante dia de trabalho, trânsito caótico, poluição … E Lisboa ali tão perto, ao alcance de uma breve viagem de comboio ou de uma menos breve (por vezes desesperadamente longa) jornada no IC19.

Neste município, paradoxalmente urbano (com maior densidade demográfica) e rural (mais desertificado, sobretudo em algumas zonas devido ao êxodo da população para os grandes centros), predominam actividades económicas relativas ao comércio, à indústria (extrativa e transformadora) e aos serviços. Também a agricultura representa alguma expressão na vida económica da população “saloia” que, insiste em preservar a tradição, vendendo, nas feiras quinzenais de S. Pedro, os produtos extraídos das generosas terras. Efetivamente, a tradição mantém-se viva como testemunham algumas manifestações socioculturais, de que são exemplo as festas populares das aldeias, com os seus arraiais e procissões, o folclore, as associações recreativas, as feiras de artesanato. E com esta tradição convive uma moderna dinâmica cultural, com os espectáculos teatrais ou musicais no Centro Cultural Olga Cadaval, festivais de música e bailado na Quinta da Regaleira, exposições e outras atividades dinamizadas por diversos organismos públicos e privados.

Na última década, o concelho de Sintra cresceu 39,3% em termos populacionais e cerca de 55% em número de famílias, o que se traduziu na instalação de mais de 100 mil habitantes e mais de 47 mil famílias. Trata-se de uma população marcadamente multirracial e multicultural, cerca de 18,6% da totalidade de estrangeiros da Área Metropolitana de Lisboa – segundo dados dos Censos de 2001.

O fluxo migratório e a elevada taxa de natalidade fazem de Sintra um concelho jovem (cerca de 1/3 da população tem menos de 24 anos). De acordo com o mesmo estudo estatístico, apenas 10,4% da

população tinha mais de 64 anos. Cerca de 19,2% correspondia a crianças e adolescentes até aos 16 anos.

As habilitações literárias da população residente no concelho, segundo os Censos de 2001, limitavam- se predominantemente ao ensino básico e apenas 13% da população se situava ao nível do ensino superior, como se constata no seguinte quadro:

Quadro 1. Distribuição da população do concelho de Sintra por grau de ensino

Fonte: Isabel Sousa et al (2004). Diagnóstico Social do Concelho de Sintra, Conselho Local de Ação Social, Sintra (p. 39).

O Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária de Santa Maria foi criado em março de 2008, pelo Despacho nº 6950/2008 de 10 de março. Trata-se de um CNO cuja equipa pedagógica era, e continua a ser, exclusivamente constituída por professores da escola, todos eles convidados para o efeito, e que, confiantemente, deu os primeiros passos pela mão de um educador de adultos que, ao longo da sua passagem por esta escola, envidou todos os esforços no sentido dar expressão às modalidades de educação e formação de adultos, promovendo diversas ofertas formativas e processos de reconhecimento e validação de adquiridos experienciais. Foi, sem dúvida, um contributo muito enriquecedor para dar resposta às necessidades de formação/qualificação da população adulta

do concelho, e a sua passagem pela escola, ainda que, infelizmente, breve demais, deixou marcas indeléveis.

A equipa técnico-pedagógica do CNO da Escola Secundária de Santa Maria apresenta a seguinte constituição:

Fonte: material informativo do CNO, patente na página eletrónica da Escola

Trata-se de um CNO de reduzidas dimensões, contando apenas com um total de cinco Formadores (dois para o nível Básico - um Formador para as áreas de Linguagem e Comunicação e Cidadania e Empregabilidade; e um Formador para Matemática para a Vida e TIC - e três para o nível secundário, um para cada uma das áreas), quatro Profissionais de RVC, um Técnico de Diagnóstico e Encaminhamento e um Técnico Administrativo, para além de uma Coordenadora e de uma Directora. O facto de se tratar de uma equipa técnico-pedagógica coesa e estável é reconhecidamente considerado um dos pontos fortes deste Centro.

Este CNO desenvolve processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências Escolares de nível Básico e de nível Secundário, quer nas instalações do centro, quer em regime de itinerância em empresas da região, bem como o encaminhamento para as ofertas formativas que melhor se adequam ao perfil de cada candidato. Ao longo destes três anos de funcionamento, o CNO

tem firmado vários protocolos de colaboração, tanto com entidades protocoladas com a ANQ, como com entidades locais (e regionais), nomeadamente a Câmara Municipal e diversas empresas, no sentido de estabelecer uma aproximação cada vez maior à comunidade, de modo a dar resposta às necessidades de qualificação da população adulta, em geral, e do tecido empresarial, em particular.

É um CNO que está perfeitamente integrado na dinâmica da escola que o promove, partilhando dos mesmos princípios e valores definidos e partilhados pela comunidade (Projeto Educativo de Escola, p. 4), e potenciando as relações com a escola e com a comunidade envolvente. É um organismo contemplado nas instâncias de estrutura e organização pedagógica (como é o caso do Conselho Pedagógico) e nos documentos orientadores da tomada de decisões e da ação da escola, como é o caso do Projeto Educativo de Escola e do Regulamento Interno.

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