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estratégias x falta de políticas públicas

ÁREA COLHIDA

4 O CIRCUITO ESPACIAL PRODUTIVO E A IMPORTÂNCIA DO CACAU NAS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL E TERRITORIAL

4.1 O Circuito Espacial Produtivo do Cacau no Mundo

A produção de cacau no mundo está distribuída espacialmente no continente Africano, na Ásia e Oceania e nas Américas. De acordo com a ICCO43, a produção de cacau no ano agrícola internacional 2007/2008 foi de 3,7 milhões de toneladas (Tabela 06), valendo ressaltar que a África historicamente tem sido a região mais representativa, sendo responsável no referido período por 71,8% da produção global, seguida da Ásia/Oceania e das Américas, com 15,8% e 12,5%, respectivamente.

Tabela 06 – Produção mundial de amêndoas de cacau (em 1000 t)

PAÍSES 2007/2008 2008/2009 2009/2010 África 2693 71,8% 2518 69,9% 2458 68,0% Camarões 185 227 190 Costa do Marfim 1328 1222 1242 Gana 729 662 632 Nigéria 230 250 240 Outros 166 158 154 América 469 12,5% 488 13,5% 522 14,4% Brasil 171 157 161 Equador 118 134 160 Outros 180 197 201 Ásia e Oceania 591 15,8% 599 16,6% 633 17,5% Indonésia 485 490 535

Papua Nova Guiné 52 59 50

Outros 55 50 48

Total (mundial) 3752 100% 3605 100% 3613 100%

Fonte: ICCO - Cocoa Statistics, nov, 2010

Segundo a ICCO (2010), a produção mundial de cacau aumentou de forma irregular de quase 2,9 milhões de toneladas de cacau em 2000/01 para um nível superior a 3,7 milhões de toneladas em 2007/08, representando uma taxa de crescimento médio anual de 3,2%, utilizando uma média móvel de três anos para suavizar o efeito de aberrações relacionadas com o clima. Os níveis de produção anual se desviaram consideravelmente do valor de tendência, principalmente devido à influência de fatores climáticos. Uma safra recorde, estimada em 3,8 milhões de toneladas, foi atingida durante o ano agrícola 2005/06. Em contraste, nos anos

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seguintes 2008/09 e 2009/10, o cacau trouxe preocupações sobre um possível fim da tendência de aumento na produção global, com saída substancialmente inferior à safra recorde. Esta evolução recente foi atribuída principalmente à falta de crescimento da produção de cacau na Costa do Marfim, principal produtor mundial.

Dentre os principais países produtores, a Costa do Marfim lidera a produção de cacau no mundo, com 1,3 milhões de toneladas (36% do total), seguida de Gana, Indonésia, Nigéria e Camarões. O Brasil, no contexto atual, ocupa a posição de 6º produtor mundial de amêndoas de cacau, conforme pode-se observar na Figura 04 abaixo.

Figura 04 – Principais países produtores de cacau no mundo. Fonte: Adaptado de CEPLAC (2008) apud ICRAF (2011)

De acordo com Mendes e Lima (2009), uma variável importante no que diz respeito à oferta de cacau no mundo, está relacionada, obviamente, ao desempenho da área colhida. Conforme dados da FAO (2009 apud MENDES; LIMA, op. cit.), até o final do ano de 2007 tem-se registrado cerca de 7,4 milhões de hectares na somatória de todos os países produtores de cacau. Estão também no continente africano os maiores plantadores de cacau. A Costa do Marfim e Gana (1,7 milhões de hectares cada um) acrescida da Nigéria (1,1 milhão de hectares), somam 4,5 milhões de hectares, ou 61% de toda área plantada no mundo. O Brasil está posicionado com a quarta maior área de cacaueiros em fase de colheita, cerca de 660 mil hectares. Um fato importante a ser verificado nesta série de dados, tem relação com a diminuição da área colhida na Costa do Marfim e Gana; ambos saíram de 2 milhões de hectares entre os anos de 2003 e 2004 para 1,7 milhão em

2007. Outro registro importante refere-se à Malásia que em 1991 colhia cacau em quase 400 mil hectares, em 1999 já eram 100 mil hectares e hoje são pouco mais de 30 mil hectares.

No que diz respeito à demanda mundial de amêndoas de cacau, em conformidade com os estudos de Mendes e Lima (op. cit.), estatisticamente ela é medida pelas moagens anuais feitas pelas principais indústrias, localizadas na Europa e Estados Unidos da América. Em conformidade com os dados da ICCO (2009 apud MENDES; LIMA, op. cit.), as moagens totais ocorridas no ano de 2007 alcançaram um total de 3,637 milhões de toneladas de amêndoas de cacau e a previsão feita para o ano de 2009 foi de 3,744 milhões de toneladas, inferindo-se uma variação percentual de 2,94%. Dos dezessete países listados, em seis estão previstos decréscimos nas suas possibilidades de moagens, entre eles destacam-se: a Holanda (menos 5000 toneladas), os Estados Unidos da América (menos 8000 toneladas) e a Costa do Marfim (menos 5000 toneladas).

Nos demais países cuja expectativa é a de crescimento, verifica-se que a alteração mais relevante encontra-se na Alemanha que passa de 357 mil toneladas para 405 mil toneladas (mais 48 mil toneladas). No Brasil espera-se que haja um crescimento nas moagens de pelo menos 11 mil toneladas (MENDES; LIMA, op. cit.).

Relativo ao consumo, em escala mundial, segundo Mendes e Lima (op. cit.), os dados divulgados pela ICCO para o consumo per capita combinados com os do Banco Mundial para Renda per capita, População e Taxa de Crescimento da População, para o ano de 2007, apresentados na Tabela 07, deixam claro que os maiores consumidores mundiais estão concentrados em países desenvolvidos, cujo poder aquisitivo de sua população é elevado.

Estes autores asseguram que tão importante quanto à renda, principalmente o seu crescimento, está a população do país consumidor. Países com renda alta, mas com população pequena e baixas taxas vegetativas de crescimento – como é o caso dos países europeus – não refletem expectativas animadoras como mercados potenciais; no máximo contabilizam-se consumos constantes, como é o caso da Itália, Holanda, Suécia, Suíça, Inglaterra e Portugal.

Tabela 07 - Consumo per capita de cacau (cpcc kg/pessoa), taxa de crescimento da população (tcp %), população (pop milhões de habitantes) e renda per capita (rpc US$) dos principais países consumidores de cacau, em 2007

PAÍS (kg/pessoa) CPCC TCP (%) (milhões) POP (US$) RPC

ISLÂNDIA 6,0 2,3 0,3 54,100.0 BÉLGICA 5,6 0,7 10,6 40,710.0 SUIÇA 5,2 0,9 7,6 59,880.0 ESTÔNIA 4,6 -0,1 1,3 13,200.0 FRANÇA 4,2 0,6 61,7 38,500.0 NOROEGA 4,1 1,0 4,7 76,450.0 AUSTRIA 4,0 0,4 8,3 42,700.0 LUXEMBURGO 4,0 2,6 0,5 75,880.0 ALEMANHA 3,8 -0,1 82,3 38,860.0 DINAMARCA 3,7 0,4 5,5 54,910.0 INGLATERRA 3,6 0,7 61,0 42,740.0 IRLANDA 3,6 2,4 4,4 48,140.0 AUSTRÁLIA 2,8 1,5 21 35,960.0 USA 2,6 0,7 301,6 46,040.0 CANADÁ 2,3 1,0 33,0 39,420.0 HOLANDA 2,3 0,2 16,4 45,820.0 BERMUDA 2,3 0,3 0,1 76,403.0 ISRAEL 2,3 1,7 7,2 21,900.0 N ZELÂNDIA 2,3 1,0 4,2 28,780.0 ESPANHA 2,2 1,7 44,9 29,450.0 CORÁCIA 2,1 -0,1 4,4 10,460.0 PORTUGAL 1,8 0,2 10,6 18,950.0 POLÔNIA 1,7 -0,2 38,1 9,840.0 BÓSNIA 1,7 -0,1 3,8 3,790.0 ITÁLIA 1,6 0,7 59,4 33,540.0 F RUSSA 1,4 -0,6 141,6 1,291.0 KAZAQUISTÃO 1,4 1,1 15,5 5,060.0 COSTA RICA 1,4 1,4 4,5 5,560.0 JAPÃO 1,3 0,0 127,8 37,670.0 LÍBANO 1,3 1,0 4,1 5,770.0 SUÉCIA 1,2 0,7 9,1 46,060.0 URUGUAI 1,2 0,1 3,3 6,380.0

Fonte: Adaptado de ICCO (2009) apud Mendes e Lima (2009)

Ao sintetizar os indicadores por continente (Tabela 08), de acordo com esta mesma fonte, permite-se inferir que a Europa ainda é o foco mais importante para o mercado de cacau: o consumo per capita é o maior (3,1 kg/pessoa); a Renda

per capita supera em quase US$ 5,000 o segundo continente (Ásia); porém,

Tabela 08 - Os continentes e a sua participação média no consumo per capita de cacau (cpcc kg/pessoa), taxa de crescimento da população (tcp %), população (pop milhões de habitantes).

CONTINENTE CPCC TCP POP RPC África 0,4 1,54 26,10 3281 América 1,2 0,95 64,70 17429 Ásia 2,6 0,67 29,17 29109 Europa 3,1 0,67 27,85 36004 Oceania 2,6 1,25 12,60 32370

Fonte: Adaptado de Mendes e Lima (2009).