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6 DIREITO PENAL DO INIMIGO

6.5 O Combate à Criminalidade Exemplificado

O combate ao crime sempre existiu em maior ou menor número, mas sua existência nunca fora questionada e havendo alguns exemplos apontados pela doutrina, merecendo destaque três, intitulados como “Lei e Ordem”, “Tolerância Zero” e ainda as “Janelas Quebradas”.

Desta forma, passaremos a analisá-las a seguir.

6.5.1 “Lei e ordem”

Basicamente, o “Movimento Lei e Ordem” têm por pano de fundo o Direito Penal máximo, onde seu rigorismo é evidente, acreditando-se ser esse direito a chave para os problemas da sociedade.

Esse movimento ocorreu nos Estados Unidos da América teve a mídia como primordial relevância, onde disseminava que o caminho para se resolver os problemas de uma sociedade, seria uma intensificação das normas penais de forma exacerbada.

Isso somente ocorreu por conta de uma sociedade fragilizada pelo medo e pela insegurança, somando-se a isso, os meios de comunicação que transmitem as informações, cada vez mais célere, onde muitas das vezes, as referidas informações são banalizadas e desmedidas, fazendo com que a sensação de que o crime encontra-se perto do telespectador, está muito mais próximo, do que na verdade está.

Articulando sobre o assunto, Rogério Greco (2009, p. 13) observa.

O convencimento é feito por intermédio do sensacionalismo, da transmissão de imagens chocantes, que causam revolta e repulsa no meio social.

Homicídios, estupros de crianças, presos que, durante rebeliões, torturam

suas vítimas, corrupções, enfim, a sociedade, acuada, acredita sinceramente que o Direito Penal será a solução para todos os problemas. E continua Rogério Greco (2009, p. 13) abordando sobre o resultado desta situação.

O Estado Social foi deixado de lado para dar lugar a um Estado Penal.

Investimentos em ensino fundamental, médio e superior, lazer, cultura, saúde, habitação são relegados a segundo plano, priorizando-se o setor repressivo. A toda hora o Congresso Nacional anuncia novas medidas de combate ao crime.

Esse e outros movimentos foram criticados severamente como bem observa Alexandre Rocha Almeida de Moraes (2011, p. 212) tendo em vista que os críticos dos movimentos “entendem que se trata de mera seleção e limpeza social, com exclusão do convívio dos mais pobres e marginalizados socialmente”.

Contudo, para entendermos melhor, daremos continuidade com o próximo movimento.

6.5.2 “Tolerância zero”

Essa política se deu nos anos de 1990, por meio de Rudolph Giuliani, na época prefeito da cidade de Nova York, havia assumido o cargo de chefe de polícia municipal e começou dar início, juntamente com William Bratton, uma reestruturação dos meios de segurança.

Seu objetivo, com esse movimento, era realizar uma diminuição do medo que a sociedade de classe média e alta, possuía dos menos afortunados, nos espaços públicos, visando uma limpeza dos referidos locais, utilizando um aprimoramento de todos os meios possíveis na parte policial ostensiva.

Nos dizeres de Rogério Greco (2009, p. 14).

A política de tolerância zero é uma das vertentes do chamado movimento de Lei e Ordem. Por intermédio desse movimento político-criminal, pretende-se que o Direito Penal seja o protetor de, basicamente, todos os bens existentes na sociedade, não se devendo perquirir a respeito de sua importância. Se um bem jurídico é atingido por um comportamento anti-social, tal conduta poderá transformar-se em infração penal, bastando, para isso, a vontade do legislador.

Desta forma, pode-se concluir que o Direito Penal máximo não tem sua efetividade, já que o Direito Penal não lhe comporta o caráter educacional, de uma determinada sociedade ou coletividade, onde referido direito máximo, possui uma quantidade de normas penais incriminadores em excesso, fazendo com que a punição dos infratores seja ínfima, dado sua quantidade.

Sobre o assunto já dizia Cesare Beccaria (1764, p. 113) afirmando que

“a perspectiva de um castigo moderado, mas inevitável causará sempre uma forte impressão mais forte do que o vago temor de um suplício terrível, em relação ao qual se apresenta alguma esperança de impunidade”, evidenciando que o ponto fulcral e intimidador é a punição e não a quantidade dela propriamente dita.

E ainda, corroborando o pensamento de Beccaria, Rogério Greco (2009, p. 18), afirma que a quantidade de normas penais influencia diretamente a criminalidade, senão vejamos.

Na verdade, o número excessivo de leis penais, que apregoam a promessa de maior punição para os delinquentes infratores, somente culmina por enfraquecer o próprio Direito Penal, que perde seu prestígio e valor, em razão da certeza, quase absoluta, da impunidade

Por ultimo, verificaremos o que viria a ser a teoria das janelas quebradas.

6.5.3 Teoria das janelas quebradas

A teoria que iremos estudar a partir de agora, foi desenvolvida por James Q. Wilson, conjuntamente com George Kelling, psicólogo criminologista, onde no ano de 1982 sustentavam a ideia de segurança e vigilância.

A teoria de George foi fundada em uma pesquisa realizada por Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford, consistente em deixar dois veículos em dois bairros distintos, onde um seria estacionado em um bairro nobre e o segundo em um bairro considerado como violento.

No caso do bairro violento, no Bronx, localizado nos subúrbios de Nova York, teve suas partes furtadas restando somente aquilo que não poderia ser levado, em cerca de 30 minutos.

Já o veículo localizado em bairro nobre, permaneceu intacto por uma semana, mas logo após Philip destruir uma de suas janelas e deixá-lo no mesmo

lugar em que se encontrava, também havia sido vítima de vandalismo e furto, pouco tempo depois.

De igual sorte, George sustentava que se uma janela de algum imóvel estivesse quebrada e não fosse concertada imediatamente, as pessoas daquela localidade que ali passavam, percebiam o vidro estilhaçado, entendendo que naquela região não havia alguém responsável pela manutenção e nem mesmo pela vigilância do ambiente.

O que acontecia era um apedrejamento compassado, mas contínuo do lugar, sendo destruídas as janelas remanescentes.

Isso faz com que a ideia de observação do ambiente seja diminuída de forma drástica, e com o passar do tempo, o mesmo sentimento se alastrasse para as regiões próximas, onde as pessoas de má índole, desocupados, imprudentes ou criminosas em potencial, tenha a preferência por se manterem em localidades do gênero, ou seja, desprovidos de fiscalização segundo Eduardo Luiz Santos Cabette.

Como consequências, as pessoas de boa índole, que não se comprazem com as atitudes de desequilíbrio, e ainda, não suportem a ideia de ausência de vigilância ou da ausência de supervisionamento, buscam outras localidades para residirem, abandonando completamente as localidades anteriores.

Como bem aponta Alexandre Rocha Almeida de Moraes (2011, p. 212) afirmando que a desordem leva a grandes desordens e problemas e por consequencia aos crimes mais graves e ainda, aos de grande monta.