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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 O conhecimento no mundo das tecnologias digitais

Estamos em um mundo onde o surgimento e a evolução das tecnologias digitais modifica a sociedade, influenciando nos costumes, na cultura, nas relações humanas e também na forma como as pessoas aprendem. Sobre isso D‟Ambrosio (2005, p. 112) afirma

que “estamos vivendo um período em que os meios de captar informação e o processamento

da informação de cada indivíduo encontram nas comunicações e na informática instrumentos auxiliares de alcance inimaginável em outros tempos.”

Com os recursos das tecnologias e o advento da internet já é possível armazenar informações e trocar conhecimentos de modo instantâneo. Hoje as informações e comunicações já podem ser produzidas e acessadas por diversas mídias, como o celular, o tablet, o notebook e até as TVs smart.

Os jovens da atualidade já são considerados nativos desta era digital. Percebemos isso ao analisarmos algumas práticas comuns em seu dia a dia, como ouvir música, jogar on- line, conversar com amigos por mensagens instantâneas, assistir vídeos da internet ou trocar fotos e arquivos via mensagens de celular. Neste contexto encontramos uma juventude acostumada a interagir e explorar.

Parnaiba e Gobbi (2010) reforçam esta característica da juventude atual destacando que:

Esse personagem é um nativo digital, nascido rodeado pela tecnologia digital, ele

está acostumado a interagir, explorar, construir, descobrir. Ele é “produto” de uma

sociedade cercada pelas mais diferentes tecnologias e estas são, por sua vez, não apenas instrumentos nas mãos dessa geração, mas ferramentas que integram o perfil desses jovens. (PARNAIBA; GOBBI, 2010, p. 2)

Como muitos destes estes jovens vivem imersos na internet e cercados por celulares, videogames e câmeras digitais, eles acabam por serem bem diferentes das gerações anteriores, e isso pode ser observado na sua personalidade, na sua forma de se divertir e também no modo de aprender, que é caracterizada por algo mais ativo, do tipo aprender fazendo.

Esta geração não se conforma em ser apenas espectadora dos acontecimentos. Ela cria, modifica, personaliza, expressa sua opinião, critica, analisa, simula, constrói e desconstrói, tudo em tempo real. Os nativos digitais estão acostumados a buscar pelas informações que lhes interessam e a interagir com quem a disponibilizou, além disso, também constroem informações e as transmitem. (PARNAIBA; GOBBI,2010)

O uso do aparelho celular tem se apresentado como uma característica da juventude atual, evidenciando a sua conectividade e forma de se comunicar. O telefone celular tornou-se um aparato tecnológico que faz parte de um novo contexto comunicacional dos jovens, já que nele diferentes meios de comunicação podem ser realizados, como troca de textos, sons, imagens e vídeos, além de estabelecer uma conexão com o mundo globalizado. (ARRAIS, 2014)

A internet vem possibilitando a interação destes jovens com pessoas de lugares e culturas diferentes, rompendo fronteiras geográficas, lhes dando acesso a informações e conhecimentos globais que lhe proporcionam novas vivências e experiências voltadas para uma aprendizagem mais interativa.

Assim, percebemos que num contexto de aprendizagem, as tecnologias permitem a interatividade do aluno com o conhecimento, com outros alunos e com o professor, a partir do momento, em que se propõe um ensino que considera como prioridade as formas de aprendizagens e, consequentemente, os estudantes. (BARROS; CARVALHO, 2011)

A possibilidade de aprender com a mediação das ferramentas tecnológicas implica em rever metodologias de ensino e aprendizagem, pois neste novo processo, o jovem precisa

interagir para constrói seu próprio conhecimento, e não apenas ser ouvinte, ou um mero expectador.

Sendo os alunos, nativos digitais, cabe aos educadores adaptarem seus métodos de ensino e aprendizagem para torná-los mais eficiência neste contexto. Pois a forma de aprender desta nova geração é caracterizada pelo aprender fazendo, e isso gera em alguns casos, certo descompasso com a forma como os conteúdos são trabalhados na escola.

Para Parnaiba e Gobbi (2010, p. 8) o professor continua sendo uma figura importante na era digital. ̌Porém, sua postura deixa de ser a de transmissor absoluto do

conhecimento, e passa a ser a de facilitador das descobertas, tudo isso em um novo processo de ensino e aprendizagem.̍

É importante destacar que não se trata apenas de implantar tecnologias nas salas de aulas, mas usá-las de modos planejado, considerando as interações socais.

Neste contexto de conhecimento inserido no mundo das tecnologias digitais, Barros e Carvalho (2011) enfatizam a influência de Vygotsky e a importância das interações sociais neste processo de aprendizagem. Elas destacam que:

O processo de aprendizagem pelo qual o sujeito passa quando está diante de um objeto de conhecimento pode ser observado sob várias concepções, todavia, quando se entende que a aprendizagem é um processo ativo que conduz a transformações no homem, o olhar se desvia para uma orientação em que o processo se estabelece pelas relações, sobretudo, pelas relações sociais. Esta idéia nos remete a Vygotsky (1998), para quem a questão da relação entre os processos de desenvolvimento e de aprendizagem é central. Mas é o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento, ou seja, o aprendizado precede o desenvolvimento. Quanto mais se oferece à criança mais chance ela tem para se desenvolver. (BARROS; CARVALHO, 2011, p. 221)

Ressalta-se que todos esses processos cognitivos têm como base a mediação, pois nas ideias de Vygotsky (1998), enquanto sujeito o homem através da mediação tem acesso ao conhecimento do mundo. Isto operado por instrumentos, que podem ser tecnológicos, e por sistemas de signos como a fala, os gestos, ou as imagens. Portanto enfatizamos a construção do conhecimento na era das tecnologias digitais na interação mediada por várias relações.

Neste contexto sociointeracionista, o jovem é quem constrói seu próprio conhecimento, sendo auxiliado pelo professor, que ajuda o estudante, instigando-o a avançar e a aguçar a sua curiosidade, acompanhando o processo de construção do conhecimento do aluno, sempre atento ao fato de que cada ser humano tem sua forma peculiar de aprendizagem, exercendo, assim, papel de mediador da aprendizagem. (BARROS; CARVALHO, 2011)