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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.3 Uso de softwares no ensino das funções quadráticas

Conforme já discutimos anteriormente, são muitas as dificuldades apresentadas pelos alunos na compreensão do conceito de função quadrática. Uma das causas desta dificuldade pode estar na forma como muitos livros didáticos abordam o assunto, às vezes

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René Descartes (1596 – 1650) foi um filósofo, físico e matemático francês, criador do pensamento cartesiano, sistema que deu origem a geometria analítica.

sem relacionar com as demais disciplinas estudadas pelos alunos, ocasionando a perca da grande possibilidade de se gerar uma interdisciplinaridade, principalmente entre os conteúdos de física e matemática.

A descontextualização também leva o aluno a um maior desinteresse pelo assunto, pois os estudantes não conseguem associar os conceitos aprendidos nas aulas com as situações cotidianas vivenciadas por eles.

Outra grande causa de dificuldades na compreensão deste conceito está na forma estática como ele é abordado pelos livros didáticos, como também em sala de aula pelo professor. Pois considerando que este assunto é componente curricular trabalhado na 1.ª série do ensino médio, e que nesta etapa escolar os alunos são jovens pré-adolescentes com idade média de 14 a 16 anos, e que graças aos avanços da tecnologia estão sempre conectados a tudo e a todos. Há de se convir que este conhecimento, apresentado de modo estático, não desperta nesse aluno interesse algum pelo conteúdo.

Em consonância com este pensamento, Lopes Júnior (2013) enfatiza que:

A juventude de hoje está acostumada com dinamismo e interatividade relacionados com uma infinidade de aparelhos eletrônicos que caracteriza o mundo tecnológico e informatizado de hoje. Assim, aulas na lousa e no livro são desestimulantes para muitos desses jovens e até para alguns adultos. (LOPES JÚNIOR, 2013, p. 12)

Numa aula de matemática ao se abordar o conteúdo de funções quadráticas utilizando a lousa, o professor inevitavelmente ficará limitado ao problema do gráfico estático sem possibilidade de movimentação quando da variação dos coeficientes da função. De um modo geral, até por conta da limitação física apresentada pela lousa, muitos professores lamentavelmente não enfatizam esta interpretação do gráfico da função ou quando abordam este assunto, fica por conta da imaginação do aluno entender a movimentação da curva da parábola quando se altera os valores dos coeficientes da função, o que convenhamos é algo bastante complexo e abstrato.

Uma possibilidade de sanar esta e outras dificuldades didáticas no ensino do comportamento do gráfico das funções quadráticas pode ser com a utilização de recursos computacionais que realizam construções de gráficos de funções. Neste cenário, o professor pode levar os alunos da condição de meros expectadores para condutores de seu próprio conhecimento, uma vez que eles mesmos podem realizar mudanças nos coeficientes das funções e perceberem o que acontece com seus gráficos, entendendo assim algumas propriedades presentes no estudo deste conteúdo.

Sobre a possibilidade do uso do computador tornar o aluno mais protagonista de seu conhecimento, Fainguelernt (1999) destaca que:

O computador pode ser um catalisador para mudar a dependência e, em um ambiente interativo, envolver os alunos em atividades matemáticas durante as quais eles podem propor os seus próprios problemas, tomar suas próprias decisões e depurar suas representações baseados no feedback proporcionado pelo computador. (FAINGUELERNT, 1999, p. 63)

A expressão feedback enfatizada por Fainguelernt (1999) refere-se aos dados de resposta oferecidos pelos programas de computadores destinados a realizarem operações com base em comandos estabelecidos, tais feedbacks podem ser apresentados em forma de resultados numéricos, algébricos, figuras geométricas, tabela de dados, animações ou mais especificamente em gráficos de funções.

Ao se fazer uso da tecnologia, o professor pode levar sua aula a um patamar que vai além da mera exposição, possibilitando a investigação e a dedução de novos conhecimentos.

No processo de ensino com o uso da tecnologia o planejamento é algo muito

importante, não levando o computador a ser um mero “resolvedor” de problemas no qual se

digita os dados de entrada e ele disponibiliza a solução do problema, como também, quando do estudo com as funções, tomar o cuidado para que este recurso não seja apenas um

“construtor” de gráfico no qual se digita a função na caixa de entrada e o software apresenta o gráfico.

Cabe ao professor elaborar situações de aprendizagem nas quais o aluno seja levado a refletir sobre aquilo que ele está vendo na tela do computador, analisando o comportamento do gráfico, descobrindo padrões e propriedades, levando assim a conjecturar ideias e investigar novos conhecimentos.

Segundo enfatiza a BNCC “o uso de softwares se constitui uma ferramenta fundamental para a análise e interpretação das relações existentes entre as variáveis

envolvidas numa função.” (BRASIL, 2016, p. 576)

Nos dias atuais, com o avanço tecnológico cada vez mais acelerado, já estão disponibilizados na internet uma quantidade significante de softwares e aplicativos voltados para o ensino das funções e consequentemente das funções quadráticas. Entre os que oferecem possibilidade de trabalhar com gráficos de funções destacam-se: Cabri-Géomètre, Graphequation, Graphmática, Winplot, Aplusix, Winfun, Modelus, Régua e Compasso, Thales, WinMat, Geogebra, e muitos outros. Dentre os aplicativos citados acima, muitos são

disponibilizados gratuitamente e em versões que rodam em diversas plataformas e sistemas operacionais, inclusive em dispositivos móveis, como celulares e tabletes. (LOPES JÚNIOR, 2013)

Embora considerando a grande diversidade de programas voltados para o ensino das funções, nesta pesquisa priorizamos o trabalho com o software geogebra o que será evidenciado na seção seguinte.