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8.2 | O DESENHO DO PLANO;

No documento O espaço agrícola em contexto urbano (páginas 132-135)

A intervenção proposta não encara este território como um espaço vazio, mas sim como um espaço com passado e presente, e tem como objetivo conseguir impulsioná-lo para o futuro. Assim, a intervenção pode ser qualificada como uma atualização do estado da Estação Agária de modo a que possa continuar o seu trabalho no futuro.

Por ser uma grande área de intervenção (18 ha), este território encontra-se em conflito com uma série de diferentes malhas, que de melhor ou pior forma se interligam, sendo um dos objetivos da intervenção a articulação das novas propostas com as malhas envolventes, adaptando-se a intervenção às mesmas.

A conexão com a envolvente permite criar zonas onde a vertente pública e de lazer se sobrepõe à de trabalho e investigação, que surgem à medida que se avança para o interior do território. Assim, na zona mais a Norte, junto ao Rio Pavia, a ligação que permite criar um percurso continuo entre o Parque Urbano de Santiago e a Estação Agrária leva à criação de uma praça onde

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se encontram pequenos edificios de apoio que a convertem num espaço de uso público, servindo como principal ponto de entrada a Norte da Estação Agrária. São criados uma cafeteria de apoio da praça, um pequeno edificio com funcionamento de Quinta Pedagógica, e um edificio de apoio ás atividades agricolas, contendo balneários, zonas de apoio, pontos de venda e arrumos. Esta Praça formada por estes edifícios encontra-se integrada num plano que segue a lógica de interveção no Parque de Santiago, de onde se prolongam percursos que definem a Zona junto ao Rio, de uso mais público. Para além desta principal conexão, existem uma serie de outros que seguem a mesma lógica interventiva e que se encontram em outros pontos notavéis do território, como seja na zona mais a jusante no rio, a conexão entre uma zona mais de trabalho, relacionada com a pequária e investigações relacionadas com o mundo animal, não só com o Parque de Santiago, mas também com o espaço onde se realiza a Feira Semanal, mais Oeste, coneção essa que segue o percurso do Rio, criando novas possibilidades de percursos no Espaço Público.

A Este, a intervenção prolonga-se até ao Bairro de Gumirães, sendo a principal conexão feita através do prolongar de uma das principais vias deste bairro para o interior do território, definindo assim a principal via de acesso motorizado ao mesmo, e permitindo assim a criação de uma pequena praça que faz a articulação entre este novo território e o Bairro já existente, eliminando assim possiveis conflitos entre estes territórios e reforçando o caráter público da intervenção proposta.

A Sul, a conexão é feita com o Parque do Fontelo, não só através da ligação principal junto ao Museu do Vinho do Dão, mas também através de uma série de outros pontos que ligam a percursos e trilhos já existentes no interior do Parque do Fontelo, reforçando a ideia de continuo territorial.

A continuação do tipo de trabalho realizado no território, a exploração e inovação agricola, leva a que os principais edifiicios com usos, não sofram nenhuma intervenção, como é o caso do Edificio Sede e o edifíco de arquivo adjacente à mesma. A mesma lógica interventiva de respeito pela memória deste território, leva a que as principais vias definidoras do plano se encontram sobrepostas ao traçado original existente, um pouco à

Fig. 183 Cconexão com o Parque Urbano de Santiago;

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semelhança da própria construção da cidade, permitindo não só respeitar a memória do lugar, bem como entender quais as zonas com mais impacto e importância no território, sendo em alguns casos essas vias sujeitas apenas a uma regularização. Os novos traçados introduzidos vêm complementar o traçado existente, reforçando a ideia de território conectado entre si e com o exterior. A principal via pedonal funciona como conector entre os dois parques que “cercam” a E.A. e o território da mesma, criando um percurso público que permite o rápido acesso aos principais pontos dentro e fora do território intervencionado. Surge assim como um forte elemento estruturante da intervenção, ao permitir criar um continuo entre os dois espaços da Estação Agrária, separados por uma via de trânsito intenso. Com o intuito de reduzir o impacto urbano que esta via tem, é proposta uma separação de sentidos viários, criando um espaço que atua como prolongamento do Parque, mas que também permite aproximar o mesmo do Bairro da Caneira (que serve de charneira entre as duas Quintas) levando assim a um aumento da qualidade de vida do bairro, quer através do contacto com a Natureza, quer através de outros beneficios resultantes desta intervenção, como seja a redução do ruido presente.

Embora a intervenção seja realizada na totalidade do território, pode definir- se um dos edificios propostos como sendo o principal, não só pelo programa mas também pela sua escala, sendo a sua implantação escolhida tendo em conta as principais vias no território, tornando-o assim num ponto central no território, conectando-o diretamente com todos os outros pontos, assumindo assim o papel de elemento unificador e regulador de todo o território. A sua colocação específica tem também como objetivo a requalificação do espaço da Eira enquanto um dos principais espaços mediadores entre o edifício e o parque, entre o público e o privado.

Nos espaços exteriores, o tipo de ocupação varia consoante o programa a ele associado, quer seja de lazer ou de trabalho. A barreira entre o que é Parque Urbano e o que é Zona Agricola é inexistente, formando assim um territorio que é possivel percorrer, cruzando tanto espaços de trabalho como de lazer, criando-se um Parque Agrícola aberto ao público, complementado com uma série de edificios de apoio de utilização mais pública. As vias

Fig. 184 Definição vias no território; Azul: Automóvel; Amarelo: pedonal: Cinzento_ Misto; Vermelho: Passagem Aérea; Esquema do Autor;

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criadas são categorizadas segundo o tipo de uso pretendido, encontrando-se vias principais, de uso pedonal e viário permanente, vias secundárias, de uso maioritáriamente pedonal mas que suportam um uso viário ocasional, e vias terciárias, de uso exclusivamente pedonal.

No documento O espaço agrícola em contexto urbano (páginas 132-135)