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O DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE PARTIDA

Quando uma organização decide adoptar o voluntariado como estratégia para o de- senvolvimento dos seus projectos de Cooperação para o Desenvolvimento, existem al- gumas questões prévias ao desenvolvimento desse programa que devem ser analisadas e algumas condições garantidas.

Assim, damos conta de alguns pressupostos, que sustentam o diagnóstico institucional e aos quais podemos retomar quando estamos a avaliar o nosso programa e/ou a projectar novas actividades. Tratam-se de desafios aos quais podemos ir respondendo em momentos de plane- amento estratégico da organização, na planificação anual de actividades, em reuniões internas de equipa, em encontros de parceiros, em actividades de team-building com os nossos volun- tários, etc. Independentemente da escolha dos momentos para a análise e concretização destes pressupostos, é importante que se criem espaços próprios para o debate destes elementos; que as decisões tomadas sejam vinculativas; que sejam identificadas as pessoas que deverão estar envolvidas, as respectivas responsabilidades e o calendário para o desenvolvimento das acções que daí decorram:

a. Avaliar e determinar a pertinência da integração de voluntários

• Quais os motivos subjacentes à decisão e interesse da organização em trabalhar com voluntários?

• Que mais-valias pode a prática do voluntariado representar para a organização e as comunidades onde intervimos?

b. Conhecer a história e o percurso de voluntariado da instituição

• Que experiências de voluntariado temos actualmente ou tivemos no passado? • Que percurso foi seguido até aqui e quais foram as principais dificuldades? • Que aprendizagens podemos retirar da nossa experiência? Que práticas queremos manter e melhorar e que situações não queremos repetir?

Este passo permite manter a memória institucional da experiência ao nível do vo- luntariado.

c. Esclarecer qual é a tipologia de voluntariado da organização

• Que papel pretende a organização ter no campo do voluntariado? Situar a orga- nização na(s) tipologia(s) de voluntariado: organização de acolhimento; promoção do voluntariado em geral; recrutamento e encaminhamento de voluntários; formação de voluntários; organização de envio de voluntários.

d. Definir o papel e espaço do voluntariado para a cooperação (VpC) dentro da orga- nização assim como o grau de prioridade do mesmo

• Que dimensão se atribui ao voluntariado e ao voluntariado para a cooperação em particular no seio da organização?

• É algo em que todas as pessoas estão envolvidas? • Está restrito a uma área ou departamento?

• O VpC está inscrito na estratégia de acção da organização ou representa um cam- po secundário de intervenção?

e. Analisar e compreender os riscos e o investimento necessários a um Programa de VpC

• Dispomos dos recursos necessários (humanos, físicos, materiais, financeiros, tem- porais) ou uma estratégia para assegurar a existência destes recursos?

• Existe disponibilidade efectiva e interesse por parte da equipa em implementar programas de voluntariado?

• Temos know-how para desenvolver formação e realizar um acompanhamento adequado aos voluntários?

• Existem parceiros a quem podemos recorrer?

f. Garantir o envolvimento da chefia/direcção e da equipa técnica em todo o processo

• A decisão de integração/envolvimento de voluntários é consensual e partilhada por todos na Organização? É fundamental que a decisão de integrar voluntários seja consen- sual e aplaudida por todos aqueles que directa ou indirectamente estão integrados na instituição (Direcção, Técnicos, Público-Alvo, etc.). Uma decisão partilhada e institucio- nalizada facilitará não só a integração do voluntário bem como o seu acompanhamento.

g. Definir como se organiza a responsabilidade do voluntariado na organização

• Quem será responsável pela gestão e coordenação do(s) voluntário(s)? Identificar o(s) responsável(eis) e a(s) responsabilidade(s) específicas, de acordo com a estrutura organizativa existente é fundamental.

h. Relacionar o voluntariado com a missão da organização e a Cooperação para o De- senvolvimento

• De que modo o voluntariado nos aproxima da nossa missão? • Que contributos são expectáveis?

• Que mais valia representa para a a nossa intervenção em termos de Cooperação para o Desenvolvimento?

i. Elaborar o conceito ou visão de voluntariado da própria instituição de uma forma participativa

• Qual o entendimento institucional de Voluntariado? É importante consensualizar e sistematizar uma base mínima de compreensão dos princípios básicos do volunta- riado na organização, os seus objectivos e os valores subjacentes que, partilhados por

todos, permitam enquadrar devidamente os voluntários e a sua actuação.

j. Identificar e reflectir sobre os receios, expectativas e desejos de toda a equipa no que diz respeito ao voluntariado

• Esta estratégia tem sentido para toda a equipa? Clarificar e diferenciar os papéis dos voluntários e dos demais recursos humanos remunerados a fim de facilitar quem realizar o acompanhamento directo do trabalho dos voluntários.

k. Definir o posicionamento da organização em termos de Cooperação para o Desen- volvimento e as grandes áreas de intervenção do voluntariado para a cooperação

• Delinear o modus operandi em relação ao tipo de intervenção que a organização vai desenvolver (abrangência dos projectos, permanência no terreno, tipo de parcerias a es- tabelecer, prioridades estratégicas) e as áreas de actuação do voluntariado (por exemplo: educação, saúde, soberania alimentar, associativismo juvenil, capacitação institucional, etc.).

l. Identificar e mobilizar actores e parceiros

• Definir as principais parcerias institucionais, para o desenvolvimento dos projectos e para participarem activamente na reflexão sobre a área do Voluntariado para a Coope- ração na organização e a sua operacionalização.

m. Clarificar os grandes objectivos do Programa e a sua relação com a Educação para o Desenvolvimento/ Cidadania Global

• Definir a finalidade do programa e os objectivos do VpC em termos da intervenção em cooperação e estabelecer reciprocidades intencionais com a ED (reforçando a relação e interdependência destas duas dimensões).

• De que forma podem os nossos projectos contribuir para a construção de uma ci- dadania activa e solidária assente numa identidade global? Em que medida pode a nossa intervenção constituir um processo de aprendizagem com vista a mudanças sistémicas na sociedade, rumo a uma maior justiça social? Como é que, no processo de gestão de voluntários capacitamos novos agentes para a ED?

À LUPA DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO