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3 PROPOSTA METODOLÓGICA

4 ESTUDO DE CASO

4.4 A creche modificando-se ao longo do processo de pesquisa

4.4.3 O EMI e a creche

O EMI faz parte do PPP53 da Creche Maria, portanto, é também objeto de avaliação dos profissionais da creche. No final do ano de 2004, a equipe identificou necessidades em relação à ampliação desse espaço e à formação oferecida.

A coordenadora destaca que os cursos oferecidos pelo NTE são de extrema importância, porém as vagas são reduzidas e a rotatividade de professores faz com que a formação tenha de ser constante. Relata também que, para ampliar as possibilidades de capacitação, estão programadas oficinas na própria creche, no segundo bimestre, abertas para todos os profissionais, planejadas de acordo com a necessidade do grupo e ministradas pela própria coordenadora do EMI.

Sugere-se que o estudo com os professores, para ressignificar as atividades no EMI, também com as demais mídias, como a televisão e o vídeo, por exemplo, seriam de extrema importância. Ao vivenciar atividades desse tipo e refletir sobre as mesmas, as professoras podem vivenciar novos momentos neste espaço com seus grupos.

Destaca-se que, mensalmente, são realizados planejamentos coletivos na creche, quando as crianças escolhem a oficina de que irão participar. Esses planejamentos sempre envolvem a utilização do EMI por todas as crianças. Além disso, é significativa a crescente participação das professoras, que planejam, juntamente com a coordenadora, interações de seus grupos no EMI. Tais atividades estão sempre relacionadas ao projeto que vem sendo desenvolvido pelos grupos e envolvem todos os recursos/mídias do EMI, além do computador. Outra novidade a ser implantada é o horário livre, quando todas as crianças da creche podem utilizar o espaço,

independente de marcação. Para a identificação desse horário, a coordenadora irá elaborar um símbolo que será colocado na porta e que deixará claro para as crianças que o EMI está liberado para elas.

Em conversa com a coordenadora do EMI, esta relatou que, atualmente, tem emprestado materiais para as demais creches da comunidade. Segundo a coordenadora, o EMI é um espaço de pesquisa e discussão para os professores. O espaço conta hoje com os computadores em rede, web-cam54, filmadora, máquina digital, game show (espécie de data-show).

O trabalho realizado em 2003, com as crianças que já estavam na 1ª série e que não tiveram a oportunidade de utilizar o EMI, não existe mais, pois foi uma demanda específica daquele ano.

Sobre o registro do trabalho desenvolvido no EMI, este adquire forma de um relatório trimestral enviado para o NTE. Há também o planejamento atualizado anualmente, o relatório anual, além dos arquivos dos projetos feitos pela coordenadora.

O planejamento com o NTE acontece periodicamente, sendo uma oportunidade ímpar de discutir com os coordenadores de salas informatizadas o que tem sido realizado, estudar e planejar novas ações. A coordenadora do EMI falou também da importância da interlocução com profissionais do ensino fundamental, pois a experiência do EMI tem gerado modificações no trabalho das Salas Informatizadas, e não o contrário, como geralmente acontece. Em vez de o ensino fundamental influenciar a educação infantil, propondo ações relativas à escolarização, didatização da brincadeira e redução das linguagens utilizadas, a educação infantil é que tem trazido novos ares para as discussões, mostrando que a criança não deixa de ser

criança de um ano para o outro e que é necessário “abrir” esses espaços. Como algumas turmas de crianças de creches e NEI “vizinhos” dessas escolas têm sido atendidas nas salas informatizadas, a comunicação tem sido bem proveitosa.

As sugestões para a creche têm por finalidade articular um projeto com as escolas próximas, a fim de acompanhar a passagem das crianças, da creche para o ensino fundamental. Outro aspecto que merece destaque é a participação de todos no registro da experiência do EMI, que atualmente vem sendo realizado pela coordenadora. Baseando-se na experiência italiana, Leite (2004) reflete sobre a necessidade de registro, tanto para a formação de crianças e adultos quanto para a comunicação entre as famílias, e, também, principalmente, para as diferentes possibilidades expressivas desveladas nessas práticas. A proposta é fazer com que a instituição reflita sobre a forma como está registrando a experiência do EMI, a partir da utilização de várias alternativas de linguagem, repensando, assim, formas e encaminhamentos.

Acredita-se que o registro possa dar visibilidade ao processo de formação dos professores, aos seus acertos e equívocos, além de dar voz às crianças e famílias. É extremamente enriquecedor “[...] voltar sobre o que foi feito, partilhar com os outros o

próprio trabalho e, também, devolver às crianças, de forma mais qualitativa, os resultados das experiências delas”. (GALARDINI, 1996, p.11 apud LEITE, 2004, p.

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A divulgação de espaços culturais da comunidade e das programações que possam ser compartilhadas em família é outra sugestão que se apresenta para a creche. Sendo um espaço que amplia o repertório das crianças, a creche poderia continuar planejando atividades como: apresentação da Orquestra Sinfônica de Florianópolis, participação no Festival de Teatro Isnard Azevedo e Mostra de Cinema

Infantil, além de idas ao cinema, pois, como foi relatado pela diretora: ‘[...] tinha criança que nunca tinha entrado no cinema, e eles quiseram sentar na frente. Aquela tela, o barulho da água do mar, aquela coisa que dava, aquela correria dos peixes... ahhhh! A emoção era tão grande, era uma coisa assim, inexplicável [...]”.

Conforme foi explicitado no capítulo anterior, a maioria das crianças só tem acesso ao teatro e ao cinema, por exemplo, através da creche. É claro que a instituição não deve tomar para si toda a responsabilidade, mas pode proporcionar, dentro do possível, a abertura de seus portões para a comunidade que a cerca.

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS