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3 PROPOSTA METODOLÓGICA

4 ESTUDO DE CASO

4.3 Descrevendo e analisando as entrevistas

4.3.5 Desejos e sonhos

4.3.5.3 Projetando um futuro melhor

A última pergunta da entrevista, que foi antecedida de uma série de questões referentes a desejos relacionados a programação televisiva e ao uso doméstico do computador, também tinha um enfoque para o sonho. Foi pedido que o familiar entrevistado se colocasse em uma situação imaginária, tirada de livros de literatura infantil: “Se você encontrasse um gênio da lâmpada, que lhe concedesse três desejos, o que pediria?”. Os pais, apesar de acharem engraçado ou pouco útil

responder a essa pergunta, gostaram de fazê-lo. Deu-se destaque a pedidos relacionados aos filhos: que se tornassem pessoas boas, realizadas; que tivessem uma boa profissão; que fossem obedientes e felizes. O desejo de que pudessem estudar e alcançar um nível superior também foi expresso, bem como a intenção de corrigir uma imperfeição estética (lábio leporino):

“eu pedia assim pra Deus ajudar ele, o V. Queria que Deus ajudasse o V., que ele conseguia os objetivos que ele queria. Mas se fosse pra pedir mesmo, tudo que ele quer na vida, o sonho dele, ele conseguir”.

“[...] que crescessem, que estudassem bem. Tudo que eu não fiz, né?”

“Ah, eu ia querer que o meu filho quando crescesse fosse uma boa pessoa, me desse muito orgulho; queria poder dar pro meu filho tudo que ele quisesse ter e queria poder dar um lugar melhor pra poder criar os meus filhos [...] É, morar num lugar bom. Ali é bom, só que tem vezes que não tá muito bom. Gostaria de criar os meus filhos num lugar bom, onde eles pudessem crescer sem violência, essas coisa”.

“Poder dar ao meu filho o que ele quisesse”.

“Eu pediria assim que, eu não consegui arrumar a boquinha dele, eu pediria pra Deus me ajudar, pra mim poder arrumar a boquinha dele [...] Sim, esse seria um pedido. Por que que ele fez a cirurgia, mas ficou abertinha e tem muitas pessoas que falam pra ele, se ele se machucou, por que e boquinha dele é aberta. Às vezes a gente tá na rua, no supermercado [...]. Ele se incomoda com isso. Ele fala depois. Um dia ele assim pra mim: ‘Ai mãe, eu vou rezar pra Deus me ajudar a melhorar a minha boca’. Então é um pedido que ele mesmo fala isso pra mim. Se eu pudesse pedir era isso aí. Era arrumar a boquinha dele. Depois o resto, a gente se empurra com a barriga”.

Outro desejo que foi destacado pelos adultos relacionou-se à moradia, abrangendo várias solicitações, como a melhoria da que já existia, a aquisição de casa própria, a mudança de bairro ou a segurança:

“Lá, a casa acho que trocaria por um sítio. Se eu tivesse bastante dinheiro, acho que eu queria era um sítio mesmo [...] Pra morar mesmo lá. Assim que fosse mais longe do agito. Eu não gosto de agito, muita coisa. Eu sou mais calma. No campo eu ia gostar de morar. Não que eu não goste de gente, sabe, eu adoro, adoro trabalhar, agora eu tô num emprego de vendedora, eu gosto de trabalhar com o público, com gente. Mas também eu acho que eu ia gostar de morar num sítio, o meu marido também, por que agente se dá super bem, nós somos bem parecidos. Quase tudo e nesse sentido também, o sonho dele é ter um sítio, que ele pudesse trabalhar lá e morar lá e produzir lá. Conta no banco com dinheiro para comprar casa”

“Eu pediria assim, aquela minha casa com o assoalho tão [...] Queria só arrumar o meu assoalho. Outra coisa também que eu queria, é não ter medo de nada. Por que dá uma trovoada eu fico com medo, por que dá a impressão que a minha casa vai tombar, entende. Uma sala bem grandona, por que tem um sofá assim e outro assim, mas é tudo ocupado e tem umas almofada pra eles sentarem. Aqueles que tem as canela bem grandona, a gente diz: ‘encolhe a perna, pra gente podê passar”’”.

“Ah, eu queria ter uma casa melhor, uma casa minha. Que a gente mora em casa de aluguel”.

A saúde para a família também foi um dos pontos lembrados, pois possibilitaria “curtir a vida”.

Ter um negócio próprio foi considerado um desejo importante para algumas famílias, pois possibilitaria trabalhar com o cônjuge ou com os filhos. Trabalhar em

algo que é seu parece um sonho, algo que tem sucesso garantido, pois permite flexibilidade de horários e rendimento vantajoso. Parece a solução para a falta de tempo para acompanhar os filhos, como se pode perceber pela confissão de uma mãe: “Queria ter mais tempo pra ver o acompanhamento deles, entende? Que eu tenho muito pouco tempo com eles, por motivo do trabalho eu passo fora o dia todo, vejo em casa eles só à tardezinha. Então tem coisas que tá acontecendo assim com eles que você tem que prestar atenção, por que se não na correria do dia a dia, você não tem tempo. Então eu queria ter mais tempo com eles e queria ter uma empresa minha. Eu queria ter uma empresa que eu dirigisse”.

Desejos que não parecem vinculados a dinheiro foram citados, como o de um mundo sem crianças abandonadas, sem drogas, com paz (2 ) e felicidade (2). Uma mãe manifestou o desejo de encontrar um novo companheiro, um “pai bem legal para meus filhos”.

Pedidos variados foram destacados, como: ter dinheiro para ajudar os outros; um salário melhor; o pagamento de todas as contas; a possibilidade de comprar algo para si mesmo; a permissão da mãe para que esta a deixasse sair para dançar todo fim-de-semana e até para viajar para o nordeste. A mãe que estava aprendendo a ler coloca seu objetivo de vida vinculado a uma melhoria no trabalho:

“Eu queria assim que me ajudasse pra aprender a lê, inteligência para poder trabalhar.”