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O ensino técnico-profissional na Lei nº 17/16, de 7 de Outubro

CAPÍTULO III. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO NO PERÍODO PÓS-INDEPENDÊNCIA

3. Educação e formação no período Pós-independência

3.9. O ensino técnico-profissional na Lei nº 17/16, de 7 de Outubro

A avaliação geral realizada ao Sistema Educativo demostrou que a implementação da Lei nº 13/01, de 31 de Dezembro, permitiu o crescimento do sistema de educação. Com efeito, com a entrada em vigor da Constituição da Republica de Angola urgia conformar a Lei de Bases do sistema de educação ao novo quadro constitucional e aos planos e programas estratégicos de desenvolvimento social e garantir a inserção do país no contexto regional e internacional (Angola G. d., 2016). Neste sentido, a avaliação global demonstrou que a expansão da rede escolar, a melhoria da qualidade de ensino, o reforço da eficácia e a equidade do sistema educativo estavam longe de ser alcançados nos moldes definidos pela Lei.

Por outro lado, com a entrada em vigor da Constituição da República de Angola, em 2010, houve a necessidade de repensar, no quadro da materialização da política educativa, as bases do Sistema de Educação e de Ensino, procurando promover a educação permanente, de qualidade e, igualmente, virada para um processo de ensino e aprendizagem de excelência científica, técnica e tecnológica, articulando-o, mais efetivamente, ao sistema nacional de formação profissional, à livre concorrência e à atividade económica. Nesta sequência, foi publicada a Lei nº 17/16, de 7 de Outubro, Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino. Nos termos do artigo 1° número 1 da referida lei, a ``educação é um processo planificado e sistematizado de ensino e aprendizagem, que visa preparar de forma integral o individuo para as exigências da vida individual e coletiva´´. Este conceito cria as condições para uma maior articulação entre o sistema de ensino e o sistema de formação, ambos concorrendo para o aperfeiçoamento do indivíduo

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É neste quadro que foi aprovada a Lei nº 17/16, de 7 de Outubro, nova Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino (LBSEE) cuja implementação veio propiciar a criação de condições mais adequadas para a materialização das políticas públicas de educação e formação. Nesta Lei, a educação é elevada ao lugar de vanguarda, sendo definida como a base fundamental para a promoção do desenvolvimento humano, inscrito no âmbito da aprendizagem ao longo da vida, e como principal instrumento que permite assegurar a excelência do processo de ensino (assente nos valores patrióticos, cívicos, morais, éticos e estéticos), do desenvolvimento tecnológico, do empreendedorismo, da dinamização do emprego e da atividade económica, da consolidação da justiça social, do humanismo e da democracia pluralista (Angola, 2016; Angola, 2014).

No âmbito da atual LBSEE, a formação técnico-profissional foi inserida com a designação de Subsistema do Ensino Secundário Técnico-Profissional (SSETP), alterando-se a designação constante na antiga lei de bases (subsistema de ensino técnico-profissional). O ensino secundário técnico surge no artigo 17. ° número 2, alínea c) e do artigo 34. ° ao 42. °.. Nos termos do artigo 36. ° o SETP compreende a Formação Profissional Básica (FPB) e o Ensino Secundário Técnico Profissional (ESTP). A atual lei de base manteve a designação da formação profissional tal como a tratava a Lei 13/01, de 31 de dezembro, porém, alterou a designação da formação média técnica, na atual lei é designada ensino secundário técnico profissional.

A FPB é dirigida aos alunos com idade entre os 12 aos 14 anos, compreende o primeiro ciclo do ensino secundário (7ª, 8ª e 9ª classes) e realiza-se nas escolas secundárias técnicas, após a conclusão do ensino primário. Todavia, podem frequentar a FPB indivíduos até aos 17 anos de idade (Angola G. d., 2016). Esta disposição também difere parcialmente da estipulada na antiga lei de base, onde o acesso à formação profissional básica ocorria após a 6ª classe e compreendia a 7ª e 8ª classes. Diferente do estipulado na atual lei de base, a formação profissional básica realizava-se nos centros de formação profissional. Na verdade, a passagem do espaço de realização da formação profissional básica dos centros de formação para as escolas secundárias técnicas veio devolver, do ponto de vista da tutela e do papel que a educação e a formação devem assumir no desenvolvimento dos jovens, a competência e responsabilidade ao Ministério da Educação. A educação deve assumir o seu papel formador do indivíduo, no quadro de uma política orientada para o desenvolvimento integral. No mesmo sentido, ``a formação deve superar os objetivos meramente orientados para tarefa´´ (Bernardes, Políticas e Práticas de Formação em Grandes Empresas. Situação Actual e Perspectivas Futuras., 2011, p. 33). Neste sentido, a FPB visa entre outros objetivos, nos termos do artigo 39. ° i. consolidar, aprofundar e ampliar os conhecimentos e reforçar as capacidades, os hábitos, as atitudes e as habilidades

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adquiridas no ensino primário; ii. complementar a formação escolar no quadro da educação permanente; iii. assegurar o desenvolvimento do raciocínio lógico, da reflexão e das curiosidades técnica e tecnológica; iv. permitir a aquisição de conhecimentos necessários ao prosseguimento dos estudos em níveis de ensino subsequentes ou a entrada no mercado de trabalho (Angola G. d., 2016).

Relativamente aos objetivos da formação profissional básica, a atual lei de base assume uma vocação completamente díspar da orientação que era assumida anterior. A atual lei de base do sistema de educação e ensino tem a virtualidade de assumir uma vocação mais virada à universalidade do desenvolvimento humano.

O Ensino Secundário Técnico-Profissional (ESTP) tem por objetivo a consolidação, ampliação e aprofundamento dos conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes adquiridas no primeiro ciclo do ensino secundário com vista ao exercício de uma atividade profissional ou especializada. Os objetivos do ESTP são quase todos semelhantes aos da FPB com algumas exceções próprias do nível de escolaridade, como o desenvolvimento da autonomia, do espírito de iniciativa, prosseguimento de estudos ao nível do ensino superior, etc. O acesso ao ESTP ocorre depois da conclusão com aproveitamento do 9º ano de escolaridade (9ª classe da FPB ou geral). Tem a duração de quatro (4) anos. Têm acesso a formas intermédias de formação técnico-profissional esta modalidade os alunos que, tendo concluído a 9ª ou 12ª classe queiram fazer especialização e ingressar no mercado de trabalho. As formas intermédias de formação profissional têm duração variável de seis (6) meses a dois (2) anos, conforme a especialidade eleita (Angola, 2016; Angola, 2004). O ESTP é destinado aos indivíduos a partir dos 15 anos de idade.