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O Financiamento da Pós-Graduação no Brasil

3 POLÍTICAS PÚBLICAS

4.2 O Financiamento da Pós-Graduação no Brasil

A CAPES é a principal responsável pela expansão, consolidação e financiamento da pós-graduação stricto sensu brasileira. Destacam-se também a FINEP, o CNPq e as FAP’s, no financiamento da infraestrutura de pesquisa e pós-graduação no Brasil.

Considerando o parágrafo 3º do Art. 218 da Constituição Brasileira, o qual estabelece que “o Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciências, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que dela se ocupem meios e condições especiais de trabalho”, fica evidente a responsabilidade que o Estado tem no financiamento da pós-graduação.

O fomento promovido pela CAPES à pós-graduação pode ser agrupado em dois grupos distintos: 1) programas de desenvolvimento institucional: a CAPES concede bolsas de estudo no Brasil visando a estimular a formação de recursos humanos de alto nível. As bolsas são oferecidas aos programas de pós-graduação e geridas em parceria com as pró-reitorias de pesquisa e pós-graduação das instituições de ensino superior. A cota de bolsas e o financiamento dos cursos estão vinculados ao processo de avaliação da pós-graduação, realizado pela Coordenação desde 1976. São concedidas bolsas para alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado; 2) programas estratégicos: a CAPES também concede bolsas de diferentes modalidades e apoia projetos de pesquisa com o objetivo de induzir a produção de conhecimento em áreas de natureza estratégica para o país. São iniciativas que fomentam e priorizam áreas como saúde, tecnologia da informação e comunicação, complexo industrial de defesa, biotecnologia, nanobiotecnologia, engenharias e ciências do mar (CAPES, 2013).

No Brasil, as bolsas de pós-graduação, além de incentivar a formação de mestres e doutores, são fundamentais para o incremento da produção científico-tecnológica e para o sucesso da pós-graduação nacional. A bolsa, além dos benefícios práticos que oferece, cumpre o papel de formar pesquisadores, acelerando e melhorando a qualificação (CAPES, 2010).

Na opinião de Silva Filho (1994), o governo brasileiro tem feito um investimento crescente na formação de recursos humanos para o ensino superior e a pesquisa, através dos programas de bolsas de pós-graduação. Conforme dados disponíveis no GEOCAPES (2013),

a CAPES concede atualmente 43.595 bolsas de mestrado e 34.876 bolsas de doutorado no país, ou seja, os dados comprovam que há investimento expressivo na pesquisa científica desenvolvida na pós-graduação, por parte do governo brasileiro. Diante desse cenário, espera- se como contrapartida aos investimentos realizados, que a ciência produzida seja materializada em produtos ou serviços que gerem benefícios e melhoria da qualidade de vida da população.

A FINEP, segundo Mélo (2011), opera com duas modalidades de financiamento: reembolsável e não-reembolsável para o apoio a ações de ciência e tecnologia empreendidas por organizações brasileiras. O financiamento não-reembolsável é o apoio financeiro concedido a instituições públicas ou organizações privadas sem fins lucrativos para a realização de projeto de pesquisa científica, tecnológica ou de inovação.

O apoio da FINEP abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de desenvolvimento científico e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa aplicada, melhoria e desenvolvimento de produtos, serviços e processos. O apoio à pós-graduação ocorre principalmente através do programa PROINFRA, Programa de Infraestrutura FINEP, criado com o intuito de viabilizar a modernização e ampliação da infraestrutura e dos serviços de apoio à pesquisa desenvolvida em instituições públicas de ensino superior e de pesquisas brasileiras, por meio da criação e reforma de laboratórios e compra de equipamentos, dentre outras ações. De acordo com dados da FINEP (2013), a maioria dos “clientes” do PROINFRA são universidades públicas, tendo em vista que na avaliação das propostas, um dos pontos positivos é a vinculação da instituição a programas de pós-graduação com bom conceito da CAPES.

Nesse contexto, para a realização do financiamento o CNPq instituiu uma norma específica de apoio às atividades de pesquisa científica, tecnológica e inovação, partindo de apoios a projetos que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, em todas as áreas do conhecimento. Os financiamentos ocorrem por meio de editais e chamadas públicas e a aprovação das propostas ocorre após a análise e classificação das mesmas pelos comitês de avaliação. (MÉLO, 2011)

O apoio das Fundações de Amparo à Pesquisa é fator determinante para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação nos diferentes estados brasileiros. A título de exemplo, podemos mencionar que grande parte dos investimentos do governo federal exige uma contrapartida das FAP’s, e sem isso não há o lançamento de editais em locais em que as FAP’s não atuem diretamente, acarretando em atraso no desenvolvimento de C, T & I dessas regiões.

5 O SISTEMA PARANAENSE DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

As políticas e ações no âmbito da Ciência, Tecnologia e Inovação no Paraná são definidas e coordenadas pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, SETI.

A SETI, de acordo com Rolim e Serra (2009), ao estabelecer a política de ciência e tecnologia, determina as áreas prioritárias para o Paraná, cabendo às agências de fomento, Fundação Araucária e Unidade Gestora do Fundo Paraná, UGF, dar o suporte financeiro necessário aos projetos considerados de interesse regional.

Os principais atores responsáveis pelo desenvolvimento científico e tecnológico no Estado, segundo Oliveira (2007) são:

a) Fundo Paraná: tem como função principal apoiar o financiamento de programas, projetos e ações de cunho científico e tecnológico. Seus recursos são constituídos principalmente por repasses do Tesouro do Estado.

b) Conselho Paranaense de Ciência e Tecnologia (CCT Paraná): órgão de assessoramento do Governo do Estado, responsável pela formulação e implementação da Política Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, PDCT, da qual emanam diretrizes específicas para a aplicação dos recursos do Fundo Paraná.

c) Fundação Araucária: instituição de fomento às atividades de natureza técnico- científica e cultural no âmbito do Estado do Paraná, dentre elas o apoio à realização de estudos , pesquisas e ao desenvolvimento de tecnologias alternativas; a formação de recursos humanos; e a difusão de conhecimentos científicos.

d) Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR): empresa pública de direito privado com autonomia administrativa e financeira, ligada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, cuja principal atividade é a prestação de serviços tecnológicos. Outro aspecto importante a ser destacado é a criação da Lei Estadual de Inovação, sancionada em 24 de setembro de 2012, sob o nº 17314/12, que regula e institui o Sistema Paranaense de Inovação, além de promover incentivos à inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico. A Lei está pautada em cinco diretrizes principais: 1) construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação; 2) participação das Instituições Científicas e Tecnológicas do Estado do Paraná, ICTPR, no processo de inovação; 3) participação do pesquisador público no processo de inovação; 4) participação do

inventor independente no processo de inovação; e 5) estímulos ao processo de inovação nas empresas (SETI, 2012).

Todavia, o Estado do Paraná não possui um plano de ciência e tecnologia firmado, nem um plano de pós-graduação específico, o que se percebe é que cada governo institui um planejamento próprio, caracterizando-se numa descontinuidade na formulação das políticas públicas.

Destacamos as ações propostas elaboradas pelo atual governo do Paraná (2011 a 2014), no tocante às políticas públicas de ciência e tecnologia (PARANÁ, 2013):

a) Incentivar os mecanismos de participação da sociedade na formulação das políticas de C, T & I;

b) Apoiar a estruturação de redes e de serviços tecnológicos de âmbito estadual e regional, visando assessorar e acompanhar empreendimentos de cunho tecnológico;

c) Promover a expansão qualificada e diversificada das oportunidades de oferta de ensino superior, orientada a partir de um planejamento de prioridades, inclusive com a criação de um programa pró-universidade estadual;

d) Ofertar cursos de graduação e pós-graduação visando à formação de recursos humanos para as áreas estratégicas do Estado;

e) Desenvolver estrutura adequada de informação, ampliando as condições de acesso e uso de tecnologia para os distintos segmentos da sociedade, inclusive completando a instalação da infovia de fibra ótica da Companhia Paranaense de Energia Elétrica, COPEL, em todo o Estado;

f) Patrocinar editais públicos de incentivo à inovação que valorizem as instâncias municipais, regionais e locais, envolvendo-os no esforço do desenvolvimento sustentado;

g) Estimular a formação de grupos e redes de pesquisa temáticas e interdisciplinares; h) Celebrar parcerias com agências federais, visando à inserção das instituições e

pesquisadores nos programas, em especial no que tange aos Fundos Setoriais; i) Induzir maior participação do setor empresarial nos dispêndios de C, T & I,

mediante mecanismos de parceria;

j) Estimular parcerias entre os diferentes níveis de Governo na construção de arranjos institucionais flexíveis para pesquisa e inovação.

De acordo com a SETI (2013), as políticas públicas de ciência e tecnologia no Paraná vêm cumprindo o papel de criar uma base técnico-científica estadual que, aliada à política de

ensino superior, busca aproximar o setor produtivo da produção de conhecimento das IES e instituições de C&T, visando ao desenvolvimento de projetos estratégicos. O Estado tem buscado ainda a modernização da base laboratorial das universidades, procurando equacionar aspectos do tripé pesquisa/capacitação/inovação.

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