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O IMPACTO DA CRIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA – PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE

POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP

ANDREA HIERT RECH

O IMPACTO DA CRIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NA UNICENTRO: uma análise sob a ótica das políticas públicas

de fomento à ciência, tecnologia e inovação.

Itajaí Fevereiro/2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA – PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS – CEJURPS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE

POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP

O IMPACTO DA CRIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NA UNICENTRO: uma análise sob a ótica das políticas públicas

de fomento à ciência, tecnologia e inovação.

Andrea Hiert Rech

Dissertação apresentada à Banca Examinadora no Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, da Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Rogério Melo de Oliveira e co-orientação do Prof. Dr. Cláudio José de Almeida Mello e do Prof. Msc. José Éverton da Silva, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

Itajaí (SC) Fevereiro/2014

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“Ciência e Tecnologia multiplicam-se ao nosso redor... crescem tão rapidamente que passam a ditar as línguas com que falamos e pensamos: ou aprendemos a falar essas línguas ou permaneceremos mudos”.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, antes de qualquer coisa, a Deus que me deu o dom da vida e sem o qual nada seria possível. Dou graças a Ele por me conceder sabedoria, coragem e força durante essa jornada e por me fazer acreditar cada vez mais que “tudo posso naquele que me fortalece”.

Gostaria de agradecer aos meus pais, Euclides e Isabel, por me propiciarem a base através de uma sólida educação, sem a qual não teria estímulos para iniciar essa etapa. Estendo meus agradecimentos à minha irmã Cristiane que, embora mais nova, está prestes a defender seu doutoramento, por ser meu exemplo de pesquisadora competente.

Ao meu marido Remi, um agradecimento especial pela imprescindível ajuda e forma com que cuidou das crianças nas minhas ausências. Graças ao seu cuidado, carinho, cobranças positivas e apoio esse trabalho pôde ser concretizado.

Agradeço muito aos meus queridos filhos, Rafael e Bruno, que mesmo sem entender direito o que era a tal dissertação, o tal mestrado, torceram pelo sucesso e pelo fim desse processo. Espero que a minha força de vontade e o meu entusiasmo pelos estudos sirvam de exemplo a vocês!

Serei sempre grata ao ex- pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UNICENTRO, o professor Dr. Claudio José de Almeida Mello, que acreditou e me fez acreditar que eu era capaz, culminando na minha inscrição de última hora para a seleção do mestrado. E com muita competência científica e amizade me ajudou em todas as etapas, desde a formulação do projeto até as considerações finais. Professor Cláudio, muito, muito obrigada!

Aos meus orientadores, prof. Dr. Paulo Melo e prof. José Éverton da Silva, pelas valiosas contribuições, orientações, ideias, trocas de experiências, que moldaram este trabalho.

Ao prof. Flavio Ramos, coordenador do PMGPP, por toda dedicação, presteza e amizade a mim dispensada nesse período.

Agradeço ainda aos 16 colegas de trabalho e de curso que compartilharam comigo mais de 20.000 quilômetros nas idas e vindas de Itajaí, pois juntos dividimos livros, dramins, aflições e sonhos: Valeu muito: Adriana, Antonio Carlos, Antonio Marcos, Celso, Francine, Ivonete, Juliano, Leidiane, Leomar, Mara, Ranciaro, Roberto, Robson, Sebastião e Sergio.

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Especialmente à amiga Karla, com quem dividi o apartamento durante a realização dos créditos, agradeço por tornar-se uma grande amiga.

Meu carinho e agradecimento à querida família PROPESP: ao pró-reitor, prof. Dr. Marcos Ventura Faria, pela compreensão da minha ausência e incentivo constante. A Carmem e a Eliani, pela amizade tão especial para mim. A Vania por aceitar o desafio e me substituir tão bem durante minha licença especial. Aos demais colegas da pró-reitoria que, mesmo de longe, estavam na torcida pelo êxito desse trabalho. Estendo este agradecimento aos meus amigos e colegas de trabalho da UNICENTRO que me incentivaram e me apoiaram nesse projeto.

Agradeço ainda, à UNICENTRO, particularmente à reitoria, através dos professores Aldo e Osmar, por terem firmado convênio com a UNIVALI, incentivando a qualificação do corpo técnico e também por terem financiado o nosso transporte até Itajaí; recebam minha sincera gratidão.

Sou grata aos coordenadores e secretários (as) dos Programas de Pós-Graduação da UNICENTRO, por fornecerem documentos importantes e informações valiosas, sem os quais esse trabalho não teria sentido.

Ao prof. Dr. Marcos Roberto Kuhl pela importante contribuição nas análises estatísticas deste trabalho.

Às funcionárias do PMGPP: Nai e Melissa, pela dedicação e bom atendimento, e também à Tânia, ex-funcionária, que sempre me atendeu com muito carinho e atenção.

Ninguém vence sozinho e por isso finalizo com um repetitivo, mas sincero “Muito Obrigada” a todos!

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O IMPACTO DA CRIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NA UNICENTRO: uma análise sob a ótica das políticas públicas de fomento à ciência, tecnologia e inovação.

RESUMO

ANDREA HIERT RECH

Os efeitos da ampliação das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil têm sido notados particularmente nas universidades, que se tornam o principal celeiro de C, T &I do país, por meio da pesquisa e da pós-graduação. O Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) elaborado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o decênio 2011-2020 estabelece alguns parâmetros principais: o fortalecimento da universidade e do sistema educacional como um todo, o financiamento e a indução da pesquisa nas diversas instituições nacionais, a valorização do pesquisador e a aplicação dos resultados no desenvolvimento econômico e social. Tendo como base esses parâmetros, decidiu-se realizar a presente pesquisa, a qual se concentrou na correlação entre as políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação e as políticas de pesquisa e ensino superior no âmbito da Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. O objetivo geral desta investigação consistiu em analisar o impacto da criação dos programas de pós-graduação stricto sensu na UNICENTRO, sob a ótica das políticas públicas de fomento à ciência, tecnologia e inovação, baseando-se no Plano Nacional de Pós-Graduação e no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Este trabalho objetivou ainda destacar o impacto gerado a partir da criação dos programas de pós-graduação na universidade, bem como, destacar o papel estratégico das agências de fomento no desenvolvimento científico e tecnológico da instituição. Foi realizado um diagnóstico quantitativo da pesquisa e pós-graduação, com o levantamento de diversos indicadores (nº. de patentes, nº. de bolsas de mestrado e doutorado, nº. de bolsistas de produtividade em pesquisa, captação de recursos junto às agências de fomento etc), a partir dos quais estabeleceu-se um comparativo com as prospecções propostas no PNPG 2011-2020 e no Plano de Desenvolvimento Institucional, além do confronto dos dados com o panorama de crescimento da pós-graduação nas demais IES públicas paranaenses. Os resultados obtidos como a percepção do avanço de uma cultura de inovação tecnológica, o aumento expressivo no número de cursos de pós-graduação, os valores consideráveis da captação de recursos para infraestrutura, a construção de modernos laboratórios e centros de pesquisa, dentre outros fatores assinalam que a UNICENTRO tem associado a política interna de pesquisa, pós-graduação e inovação tecnológica às diretrizes das políticas públicas federal e estadual para essas áreas, o que nos leva a considerar que essa instituição tem se consolidado como centro de excelência em Ciência & Tecnologia e formação de recursos humanos qualificados no interior do Estado do Paraná.

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THE IMPACT OF THE CREATION OF POST-GRADUATION STRICTU SENSU PROGRAMS AT UNICENTRO: an analysis from a perspective of public furtherance policies for science, technology and innovation.

ABSTRACT

ANDREA HIERT RECH

The effects of the enlargement of public policies for science, technology and innovation in Brazil have been felt, particularly in universities, which have become the main locus for the C, T & I in the country, through research and postgraduate studies. The National Post-Graduation Plan (PNPG), produced by CAPES (Higher Education Staff Development Coordination) and covering the period 2011 to 2010, establishes some key parameters: strengthening of the university and the educational system as a whole; financing and induction of research at the different national institutions; increasing the importance given to the researcher; and application of results for social and economic development. Based on these parameters, we investigated the correlation between public policies for science, technology and innovation and policies for research and higher education at UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste. The overall objective of this research was to analyze the impact of the creation of postgraduate strictu sensu programs at UNICENTRO from a perspective of public policies for promoting science, technology and innovation, based on National Postgraduation Plan and the Institutional Development Plan (PDI). This study also aimed to further highlight the impacts of the creation of postgraduate programs at the university, and the strategic role of development agencies in the scientific and technological development of the institution. A quantitative diagnosis was carried out of the research and postgraduate courses, investigating several indicators (no. of patents, no. of scholarships for master’s and doctorate degrees, no. of academics receiving research productivity grants, applying for resources from the development agencies etc.). Based on these, a comparison was made with the forecasts proposed in the PNPG 2011-2020 and in the Institutional Development Plan, as well as collating data on the outlook for growth of postgraduate education in at the other public Higher Education Institutions in the State of Paraná. The results obtained, such as the perception of advancement of a culture of technological innovation, the significant increase in the number of postgraduate courses, considerable amounts of funding for infrastructure, and the construction of modern laboratories and research, among others, indicate that UNICENTRO has associated its own research policy, postgraduate programs and technological innovation with the guidelines of state and federal policies in these three areas. We consider that this institution has become consolidated as a center of excellence in Science & Technology, and in training qualified human resources in the State of Paraná.

Keywords: Science, Technology, Innovation, Postgraduate Programs, University

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Quadro 1 - Números da Pós-Graduação Stricto Sensu no Brasil em 2012 ... 15

Figura 1 - Mapa estratégico da ENCTI 2012-2015...31

Quadro 2 - Concentração de doutores no Brasil... 34

Quadro 3 - Número de cursos de pós-graduação recomendados no período de 2006 a 2012. 47 Quadro 4 - Número de discentes em cursos de pós-graduação no período de 2006 a 2011. .. 48

Quadro 5 - Número de docentes em cursos de pós-graduação no período de 2006 a 2009. .. 48

Quadro 6 - Número de bolsas distribuídas pela CAPES no período de 2006 a 2010. ... 48

Quadro 7 - Número de bolsas distribuídas pelo CNPq no período de 2006 a 2010. ... 48

Quadro 8 - Número e evolução dos cursos de Mestrado nos estados selecionados e no Brasil nos anos de 1999 - 2009. ... 54

Quadro 9 - Número e evolução dos cursos de Doutorado nos estado selecionados e no Brasil nos anos 1999 - 2009. ... 55

Quadro 10 - Número e evolução de alunos titulados nos cursos de Mestrado nos estados selecionados e no Brasil nos anos 1999 - 2009. ... 55

Quadro 11 - Número e evolução de alunos titulados nos cursos de Doutorado nos estados selecionados e no Brasil nos anos 1999 - 2009. ... 56

Quadro 12 - Dados da Agência de Inovação Tecnológica da Unicentro ... 71

Quadro 13 - Captação de recursos junto à FINEP ... 74

Quadro 14 - Previsão de investimentos PDI 2005 - 2009 Unicentro ... 75

Quadro 15 - Evolução do número de bolsas de Mestrado e Doutorado da CAPES, CNPq e Fundação Araucária. ... 79

Quadro 16 - Número e valores das bolsas de pós-doutorado. ... 81

Quadro 17 - Recursos financeiros referentes ao Proap Institucional no período de 2012 a 2014. ... 83

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução dos Programas de Pós-Graduação na UNICENTRO... 65

Gráfico 2 - Evolução do Número de Bolsas de Iniciação Científica ... 67

Gráfico 3 - Evolução dos Projetos de Iniciação Científica Voluntária. ... 68

Gráfico 4 - Evolução do Número de Grupos de Pesquisa. ... 70

Gráfico 5 - Evolução da Captação de Recursos para Infraestrutura junto à FINEP ... 73

Gráfico 6 - Evolução da Captação de Recursos para Infraestrutura - CAPES E FA ... 78

Gráfico 7 - Evolução da Captação dos Recursos através do PROAP - CAPES ... 82

Gráfico 8 - Evolução do Número de Mestres e Doutores ... 85

Gráfico 9 - Evolução do Número de Docentes atuando na Pós-Graduação ... 87

Gráfico 10 - Evolução do Número de Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq ... 88

Gráfico 11 - Evolução do Número de Bolsas de Produtividade em Pesquisa da Fundação Araucária ... 89

Gráfico 12 - Distribuição da Pós-Graduação entre as IES Estaduais Paranaenses em 2013. . 91

Gráfico 13 - Evolução do Número de Matriculados em cursos de Mestrado nas IES estaduais paranaenses no período de 2006 a 2013. ... 92

Gráfico 14 - Evolução do Número de Matriculados em cursos de Doutorado nas IES estaduais paranaenses no período de 2006 a 2013. ... 93

Gráfico 15 - Evolução do Número de Docentes (efetivos e temporários) nas IES estaduais paranaenses no período de 2006 a 2012. ... 94

Gráfico 16 - Evolução do Número de Agentes Universitários (efetivos e temporários) nas IES estaduais paranaenses no período de 2006 a 2012. ... 95

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LISTA DE SIGLAS

AMBIOTEC - Centro de Pesquisas Avançadas Ambientais, Bioenergéticas e Biotecnológicas BIO 3 - Centro Integrado de Pesquisas de Biomassa, Biotecnologia e Bioenergia

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento C, T&I – Ciência, Tecnologia e Inovação C&T – Ciência e Tecnologia

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CCMN - Centro de Ciências Moleculares e Nanotecnologia

CCT Paraná - Conselho Paranaense de Ciência e Tecnologia

CEDETEG - Centro de Desenvolvimento Tecnológico e Educacional de Guarapuava CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CI - Conceito Institucional

CNE - Conselho Nacional de Educação

CNPq – Conselho Nacional Científico e Tecnológico CTC - Comitê Técnico-Científico

DAV - Diretoria de Avaliação da CAPES DINTER - Doutorado Interinstitucional

DIRPES - Diretoria de Pesquisa da UNICENTRO DIRPG – Diretoria de Pós-Graduação da UNICENTRO EAD - Educação a Distância

ENC - Exame Nacional de Cursos

ENCTI - Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação F.A. – Fundação Araucária

FAFIG - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava FAP - Fundação de Amparo à Pesquisa

FECLI - Fundação Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Irati FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ICT - Instituição Científica e Tecnológica

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IES – Instituições de Ensino Superior IGC - Índice Geral de Cursos

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INPI - Instituto Nacional de Propriedade Intelectual

IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social LDBN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

MCTI - Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação MEC – Ministério da Educação

MINTER - Mestrado Interinstitucional NIT – Núcleo de Inovação Tecnológica

NOVATEC - Agência de Inovação Tecnológica da UNICENTRO PACTI - Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação

PAIC - Programa de Apoio à Iniciação Científica

PBDCT – Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico PCT – Política Científica e Tecnológica

PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

PIB – Produto Interno Bruto

PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica PNE - Plano Nacional de Educação

PNPD - Programa Nacional de Pós-Doutorado PNPG – Plano Nacional de Pós-Graduação PPG – Programa de Pós-Graduação

PqC – Pesquisa Continuada

PqE – Projeto de Pesquisa Especial PqI – Projeto de Pesquisa Isolado

PROAP - Programa de Apoio à Pós-Graduação

PROIC - Programa de Iniciação Científica da UNICENTRO

PROINFRA - Programa de Apoio a Projetos Institucionais de Implantação de Infraestrutura de Pesquisa da FINEP

PROPLAN - Pró-Reitoria de Planejamento da UNICENTRO

RIEC&T – Rede de Indicadores Estaduais de C&T, vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

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SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SETI – Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior SICONV - Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior SNPG - Sistema Nacional de Pós-Graduação

TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná UEL - Universidade Estadual de Londrina UEM - Universidade Estadual de Maringá

UENP - Universidade Estadual do Norte Pioneiro UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa UFF - Universidade Federal Fluminense

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná

UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – o tripé C, T & I ... 21

2.1 Ciência ... 21

2.2 Tecnologia ... 22

2.3 Inovação ... 23

3 POLÍTICAS PÚBLICAS ... 25

3.1 Políticas Públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação ... 25

3.1.1 Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil ... 26

3.1.2 Ciência, Tecnologia e Inovação e a Universidade ... 33

3.2 Políticas Públicas de Ensino Superior ... 36

4 A PÓS-GRADUAÇÃO... 41

4.1 Os Planos Nacionais de Pós-Graduação (PNPGs) ... 45

4.2 O Financiamento da Pós-Graduação no Brasil ... 49

5 O SISTEMA PARANAENSE DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ... 51

5.1 O Sistema Público Estadual de Ensino Superior do Paraná ... 53

5.1.1 A Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO ... 56

5.1.1.1 A Pesquisa na UNICENTRO ... 58

5.1.1.1.1 A Pós-Graduação na UNICENTRO ... 60

6 DIAGNÓSTICO DA PESQUISA E DA PÓS-GRADUAÇÃO DA UNICENTRO ... 64

6.1 Número de Cursos de Pós-Graduação Recomendados ... 65

6.2 Número de Bolsas e Projetos de Iniciação Científica ... 67

6.3 Número de Grupos de Pesquisa Cadastrados no CNPq ... 69

6.4 Número de Patentes Registradas ... 71

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6.6 Laboratórios de Pesquisa Construídos ... 75

6.7 Captação de Recursos para Infraestrutura de Pesquisa junto à CAPES e à Fundação Araucária ... 78

6.8 Número de Bolsas de Mestrado e Doutorado ... 79

6.9 Bolsas de Pós-Doutorado, PNPD ... 81

6.10 Recursos para Custeio dos Programas de Pós-Graduação - PROAP CAPES ... 82

6.11 Recursos para Custeio dos Programas de Pós-Graduação - PROAP Institucional ... 83

6.12 Qualificação Docente e Técnica ... 82

6.13 Número de Docentes em Cursos de Pós-Graduação ... 86

6.14 Número de Bolsas de Produtividade em Pesquisa do CNPq e da Fundação Araucária .. 87

7 COMPARATIVO DA EXPANSÃO DA PÓS-GRADUAÇÃO DA UNICENTRO COM AS OUTRAS IES PARANAENSES ... 90

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 96

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1 INTRODUÇÃO

A evolução da ciência no Brasil decorreu, em grande parte, de uma política de Estado com investimentos continuados por várias décadas, a fim de criar e expandir a infraestrutura de pesquisa, para a formação de recursos humanos a produção do conhecimento, fortemente alicerçada no ensino superior de pós-graduação. Hoje, há consenso no meio acadêmico e mesmo no meio político de que esta política deve ser ampliada e consolidada, aproveitando a boa fase do desenvolvimento econômico do Brasil para efetivar um avanço mais acelerado da ciência brasileira e, assim, aumentar sua capacidade de produção do conhecimento e a sua competitividade, com base nos preceitos da nova economia, ou seja, com inovação tecnológica e sustentabilidade.

Na chamada “Era do Conhecimento1” é incontestável a importância das universidades para o desenvolvimento científico e tecnológico de um país, conforme explica Appoloni (2003), a universidade por possuir uma concentração de diversas áreas, possibilita o enriquecimento cultural que impulsiona o desenvolvimento dos povos e representa papel importante para as mudanças econômicas, sociais e políticas do país.

Segundo o ex-ministro brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Sergio Rezende, dificilmente será possível atribuir a outra instituição, que não à universidade, a tarefa de formar as bases para alterar o estado de subdesenvolvimento de uma nação (REZENDE, 2010). No Brasil, a concentração de mais de 90% dos doutores em atividade nas universidades (SBPC, 2011), demonstra que as instituições de ensino superior, através do desenvolvimento da pesquisa básica e aplicada, são os principais celeiros de ciência, tecnologia e inovação.

Dentro das universidades, a pós-graduação ocupa posição de destaque no desenvolvimento da pesquisa científica, até porque essa atividade passa pelo sistema de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que acompanha a quantidade e a qualidade de ciência produzida em cada programa.

A implementação de políticas públicas, que culminaram na criação de agências de fomento, e contribuíram para um avanço acelerado da ciência brasileira e ainda para a efetivação do sistema nacional de pós-graduação, é um fenômeno da segunda metade do

1

Designação utilizada para definir o atual estágio da evolução humana, marcado pela intensidade do uso de informações e conhecimentos (LASTRES, 2004).

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século XX, quando o Brasil passa a aumentar os investimentos em C, T & I, por meio da criação de instituições-chave como a CAPES e o Conselho Nacional Científico e Tecnológico, CNPq, (criados em 1951), o Banco Nacional de Desenvolvimento, BNDES (1952), a PETROBRÁS (1953) e a Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP (1967).

Além da criação das agências de fomento e a avaliação, outro fator que contribuiu fortemente para a institucionalização dos cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras foi o I Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), publicado em 1975, uma ação concreta de política de Estado decisiva para iniciar a mudança de panorama na área de Ciência e Tecnologia do país. Antes do PNPG, os programas de pós-graduação visavam à formação de pesquisadores e de pessoal docente para realimentar o próprio sistema de ensino das universidades. Na época de lançamento do documento, as condições de infraestrutura desses cursos não eram propícias para a criação científica, e o financiamento à pós-graduação era instável e incipiente.

O panorama da pós-graduação brasileira apresentava, em 2012, os seguintes dados:

Fonte: Dados extraídos do GEOCAPES. Elaborado pela autora.

Os dados mais recentes apresentados pelo GEOCAPES2 referem-se ao ano de 2012 (Quadro 1) e revelam que havia um total de 5.006 cursos de pós-graduação em funcionamento no país. Outros dados relevantes referem-se ao número de titulados em 2012, ano em que o Brasil formou 42.878 mestres, 13.912 doutores e 4.260 concluintes de mestrado profissional. Os números expressam a magnitude da pós-graduação brasileira que alcançou um patamar significativo nos últimos anos, destacando-se entre as nações emergentes.

De acordo com o Plano Nacional de Pós-Graduação vigente (CAPES, 2010a), os parâmetros para as políticas públicas para a ciência, tecnologia e inovação no Brasil, no

2

Base de dados que consiste em referenciar informações de acordo com sua localização geográfica, disponibilizada pela CAPES.

Quadro 1 - Números da Pós-Graduação Stricto Sensu no Brasil em 2012

Modalidade N. de Cursos

Recomendados N. de Matriculados N. de Titulados

Mestrado 2.894 109.515 42.878

Mestrado Profissional 395 14.724 4.260

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período de 2011 a 2020, são: o fortalecimento da universidade e do sistema educacional como um todo, o financiamento e a indução da pesquisa nas diversas instituições nacionais, a valorização do pesquisador e a aplicação dos resultados no desenvolvimento econômico e social.

Os efeitos da ampliação das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil podem ser facilmente notados nas universidades públicas. Particularmente, no estado do Paraná, o governo vem cumprindo o papel de criar uma base técnico-científica aliada às políticas de ensino superior. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, SETI (2013), o Paraná é o único estado brasileiro que mantém atualmente sete instituições de ensino superior com recursos próprios, apresentando um crescimento expressivo da pós-graduação, conforme poderemos conferir no decorrer deste trabalho.

A Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, se insere nesse contexto, pois a partir da criação do seu primeiro programa de pós-graduação, em 2006, a universidade aumentou a captação de recursos para ciência e tecnologia, de forma que esses investimentos permitiram a consolidação do processo de verticalização da instituição, dentre outros resultados positivos. A UNICENTRO é uma universidade jovem, com vinte e três anos de existência, e em oito anos teve 17 cursos de pós-graduação aprovados pela CAPES.

A questão norteadora desta pesquisa é investigar a relação entre as políticas públicas de C, T & I e o atual estágio de desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação3 na Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, bem como demonstrar o seu desempenho no contexto de Ciência, Tecnologia e Inovação a nível estadual e também nacional. O período de recorte desse estudo é de fevereiro de 2006, ano de criação do primeiro programa de pós-graduação da universidade, a outubro de 2013.

O estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, tipologia que segundo Gil (2012), permite a descrição das características de determinada população ou fenômeno e visa descobrir a relação de associações entre variáveis. Nesse sentido, a pesquisa é desenvolvida a partir de um diagnóstico que permita a compreensão do escopo das políticas de pesquisa e pós-graduação da UNICENTRO.

Para essa investigação foi adotado o método descritivo hipotético-dedutivo, visto que se utilizará de estudos preliminares, bem como de outras bibliografias, efetuando-se comparação dessa literatura com o que for diagnosticado.

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Para Lakatos e Marconi (2000), o método hipotético-dedutivo defende o aparecimento, em primeiro lugar, do problema que será testado pela observação e experimentação. Para Popper, citado pelas autoras (2000, p. 73), o único método científico seria o método hipotético-dedutivo, já que “toda pesquisa tem sua origem num problema para o qual se procura uma solução, por meio de tentativas (conjecturas, hipóteses e teorias) e eliminação de erros”.

O objetivo geral dessa investigação é analisar o impacto da criação dos programas de pós-graduação stricto sensu na UNICENTRO, sob a ótica das políticas públicas de fomento à ciência, tecnologia e inovação, tendo como base o Plano Nacional de Pós-Graduação e o Plano de Desenvolvimento Institucional. E os objetivos específicos são:

 Verificar o impacto gerado na UNICENTRO através do fomento recebido pelos programas de pós-graduação (aumento do nº de patentes, nº de bolsas de mestrado e doutorado, nº de bolsistas produtividades, captação de recursos junto às agências de fomento, laboratórios construídos etc.);

 Destacar o papel estratégico das agências de fomento no desenvolvimento cientíifico e tecnológico da universidade;

 Estabelecer um comparativo da realidade da pós-graduação da UNICENTRO com as prospecções propostas no PNPG 2011-2020 e também no Plano de Desenvolvimento Institucional da IES;

 Estabelecer um comparativo do crescimento da pós-graduação da UNICENTRO com as demais IES públicas paranaenses;

 Fornecer subsídios para futuras alterações no Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade.

Para atingir os objetivos propostos, a metodologia do trabalho compreende três atividades principais. A primeira delas refere-se à revisão de literatura sobre temas pertinentes ao objetivo geral da pesquisa. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a evolução da ciência e sua ligação com a tecnologia e a inovação, sobre as políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação, políticas públicas de ensino superior no Brasil e suas correlações com a pós-graduação, além de abordar o sistema paranaense de C,T&I.

O “estado da arte” foi abordado a partir de consultas em livros específicos da área de ciência, tecnologia e inovação, como os Planos Nacionais de Pós-Graduação, os Planos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a Estratégia Nacional de C, T & I, bem como em obras literárias de diversos autores que se aprofundaram nesse tema, também em artigos

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científicos publicados, teses de doutorado e dissertações de mestrado, e ainda em sites da internet.

Considerando o caráter quantitativo da pesquisa, foram realizadas consultas aos seguintes bancos de dados: 1) GEOCAPES (Base de dados da CAPES); 2) CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos); 3) RIEC&T (Rede de Indicadores Estaduais de C&T, vinculado ao MCTI); 4) IPARDES (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social); 5) Projeto Sistema de Indicadores em C, T & I do Paraná (coordenado pela SETI); 6) INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira); dentre outros. Todas as consultas tiveram a finalidade de obter números relacionados à Ciência, Tecnologia e Inovação que permitam a comparabilidade com os índices apresentados pela UNICENTRO.

A segunda atividade envolveu a pesquisa documental, realizada por meio da coleta, sistematização e tratamento de dados nos programas de pós-graduação (PPGs) e na pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação (PROPESP) da universidade. Primeiramente, foi feita uma análise dos relatórios do aplicativo Coleta de Dados CAPES referentes ao ano de 2012, preenchido anualmente pelos cursos de mestrado e doutorado, utilizado para avaliação de todos os programas de pós-graduação brasileiros. Dos relatórios foram extraídos dados relativos ao número de teses e dissertações defendidas, volume de captação de recursos em editais de apoio à pesquisa, número de bolsas de mestrado e doutorado, dentre outras informações que serviram de base para a descrição do diagnóstico situacional da pesquisa e da pós-graduação da UNICENTRO.

Além dos relatórios do aplicativo Coleta CAPES, foram analisados também os documentos da Universidade, como os Planos de Desenvolvimento Institucional, os arquivos utilizados pela Diretoria de Pesquisa (DIRPES) e pela Diretoria de Pós-Graduação (DIRPG), vinculadas à PROPESP/UNICENTRO.

Para a análise em nível estadual, foram apreciados os boletins Indicadores C,T&I, do projeto “Sistema de Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação do Paraná”, coordenado pela SETI. Os boletins fornecem o desempenho paranaense em índices como: a expansão dos cursos de mestrado e doutorados, número de alunos titulados, volume de captação de recursos junto à FINEP, evolução do número de grupos de pesquisa ativos no Paraná etc. Essas constatações tiveram significativa importância para contextualizar a UNICENTRO na realidade paranaense de C, T&I. De acordo com a SETI (2012), os indicadores constituem-se em pontos de partida para a formulação e acompanhamento de políticas públicas rumo ao

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desenvolvimento científico e tecnológico do Estado, através de programas e projetos estratégicos, envolvendo a efetiva participação das universidades.

A terceira atividade compreendeu a comparação dos dados levantados com a proposta do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2011-2020) e com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), com a finalidade de verificar se a universidade está acompanhando as prospecções estabelecidas nos respectivos documentos. Para o confronto dos dados, utilizamos como referencial do PNPG o capítulo referente às análises históricas e projeções de crescimento da pós-graduação brasileira, que apresenta os seguintes índices: 1) Número de cursos de pós-graduação recomendados; 2) Número de discentes em cursos de pós-graduação; 3) Número de docentes na pós-graduação; 4) Número de bolsas do CNPq e 5) Número de bolsas CAPES. Para o comparativo da realidade da Instituição de Ensino Superior, IES com o pré-estabelecido em seu PDI, será utilizado o tópico “Políticas de Pesquisa e Pós-graduação” para o período de 2009 a 2013.

Os resultados da comparação e os demais índices levantados acerca da realidade de C, T & I na UNICENTRO, fornecerão subsídios para um redirecionamento das políticas institucionais de pesquisa, possibilitarão futuras alterações a serem realizadas no Plano de Desenvolvimento Institucional, bem como contribuirão com os trabalhos do Comitê de Pós-Graduação e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Pós-Graduação da referida instituição.

A relevância desta pesquisa está situada no contexto daquilo que afirma Borges (2010, p. 313): “a pós-graduação tem papel central e precisa avançar ainda mais, sendo um dos vetores responsáveis por transformar a ciência em desenvolvimento tecnológico e inovação”. Em sintonia com essa afirmação, entendemos que a inserção mais efetiva da pós-graduação na agenda de políticas públicas do governo federal, certamente trouxe e trará importantes contribuições para a sociedade brasileira. O crescente investimento realizado através do aumento do número de bolsas de mestrado e doutorado, da abertura de editais diversificados de fomento à pesquisa e de outras políticas específicas têm contribuído para fortalecer a pós-graduação no Brasil. Assim, a compreensão do modo como a valorização do papel da pós-graduação se relaciona às políticas públicas de ciência e tecnologia demonstra a importância deste estudo.

Este trabalho contribui ainda, com uma análise das políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação direcionadas às universidades, especificamente à pós-graduação, de forma que sua conclusão terá importância também para as outras universidades públicas paranaenses, fornecendo um parâmetro, através do diagnóstico institucional da UNICENTRO,

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consequentemente possibilitando uma reflexão acerca das políticas internas de pesquisa e da contribuição da pós-graduação ao desenvolvimento científico e tecnológico regional.

Por fim, esta pesquisa contribuirá também para engrossar o acervo de investigações científicas da Linha de Pesquisa “Dinâmicas Institucionais das Políticas Públicas”, do Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas da UNIVALI, bem como para ampliar as discussões científicas a respeito deste tema de maneira geral.

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2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO – o tripé C, T & I

2.1 Ciência

A palavra latina ciência provém de scire e significa aprender ou alcançar conhecimento. A ciência, de forma organizada, surgiu por volta de 1600, porém, antes disso houveram observações e experimentos, antecedendo a criação do método científico.

Para Helene (1996), a ciência é um conjunto de conhecimentos organizados em princípios e leis, cujo propósito principal é compreender o universo, conceituar a estrutura dos eventos, as formas e os ritmos da natureza.

O método científico baseia-se na observação, na anotação cuidadosa do que se observa e nas relações entre os dados. Atualmente, é esse o método utilizado pelos cientistas que trabalham realizando experimentos, coletando dados, desenvolvendo novos produtos e aperfeiçoando antigos conhecimentos (HELENE, 1996).

Na visão de Bunge (1980), a ciência pode ser considerada um sistema de dados, hipóteses, teorias e técnicas, sendo um objeto complexo, composto por unidades independentes. O surgimento e o desenvolvimento da ciência encontram-se ligados às necessidades e práticas humanas, que condicionam suas formas de produção, reprodução e utilização.

Sobre a evolução da ciência, Morais (1988, p. 30) afirma que “desde a Idade Antiga esteve presente a preocupação científica, contudo, notaremos que só o surgimento da ciência experimental moderna produziu as mais rápidas e profundas mudanças sociais que a História registra”.

Da alquimia à cibernética, a evolução da ciência compreende um fenômeno da civilização e evidencia a vinculação concreta dela com as demais atividades da vida humana, ou seja, a ciência não é algo distante de nós, ela faz parte do nosso dia -a -dia.

A filosofia da ciência defende a participação ativa da sociedade na ciência e tecnologia, afirmando que a participação do público nos processos de tomadas de decisão em casos que envolvam ciência e tecnologia é essencial para a coerência das sociedades democráticas e a sobrevivência de suas instituições (DUBOS, 1972).

De acordo com Meis (1994), os cientistas desempenham um papel importante na sociedade contemporânea, atuando:

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a) Na produção de novos conhecimentos indispensáveis para alavancar uma indústria moderna e competitiva;

b) No recrutamento de talentos para o treino de novos cientistas;

c) Na decodificação e transmissão da grande massa de conhecimentos produzida a cada ano, de modo a integrar os jovens a um mercado de trabalho em contínua transformação tecnológica.

Nesse sentido, Silva Filho (1994) destaca que a ciência deve assumir seu papel de elemento essencial à formação de recursos humanos, à atualização dos conhecimentos e ainda, como fonte permanente de desafio e de investigação, assim sua valorização será incorporada como um bem cultural essencial ao progresso de um país.

É inegável o importante papel desempenhado hoje pela Ciência no mundo e há uma grande expectativa para que suas contribuições para o futuro sejam guiadas pela preservação da sustentabilidade no planeta e em prol do bem-estar da humanidade. Sobre isso, o autor Chagas Filho (1972) apregoa que:

A ciência não está esgotada [...] Cabe-lhe papel preponderante na realização do futuro, para que este não escape ao controle do homem... Mas a Ciência não é a Sabedoria, nem é o elixir milagroso que tudo resolve e que instilará esta na consciência dos que disputam o poder ou o retém... Mas a Ciência, dissipando erros e indicando caminhos certos, prevendo catástrofes e dirimindo conflitos, devolvendo enfim ao homem a confiança no seu destino, há de contribuir para a aquisição da Sabedoria, que será a afiançadora da tranquilidade que a humanidade almeja. (CHAGAS FILHO, 1972, pp. 346-347).

Tendo em vista o exposto acerca da valorização da ciência para as sociedades, avulta a importância do estudo das políticas públicas para o seu desenvolvimento, como pretendemos demonstrar nesse trabalho.

2.2 Tecnologia

Tendo em vista a importância da ciência para o progresso das sociedades, sobretudo as industrializadas, é necessário abordar a forma como ela se relaciona à sua aplicação, ou, em outras palavras, como ela se transforma em tecnologia disponível para as sociedades.

A palavra “técnica” tem origem grega (téchné) e significa arte, no sentido de habilidade ou ofício.

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Helene (1996, p. 11) conceitua tecnologia como “o conhecimento que permite alterar nossas relações com o ambiente e com os outros seres humanos”. Já Rezende (2010), afirma que tecnologia é a palavra empregada para descrever as atividades do homem por meio das quais ele tenta controlar a matéria ao seu redor, para melhoria das condições de vida.

Para Faria (1968), a tecnologia possui um sentido mágico, sendo para alguns o conjunto de invenções existentes, que se constitui numa chave que abre as portas do futuro. Sem dúvidas, o termo tecnologia nos remete a projeções sejam elas invenções, instrumentos ou serviços que facilitarão a vida do homem.

Nos primeiros tempos, a tecnologia era calcada em bases empíricas e desenvolvida por meio de tentativas. Na atualidade, a tecnologia é derivada de princípios científicos, ou seja, de adaptações das descobertas realizadas nos laboratórios de pesquisa, de forma que possam ser produzidas em maior quantidade (HELENE, 1996).

Morais (1988) destaca uma necessidade de reinterpretação da tecnologia, de forma a recolocar o capital não-vivo a serviço do capital vivo, ou seja, negar a tecnologia como um fim e tratá-la como um meio de afirmação do humano.

Sobre a convergência da ciência e da tecnologia, Morais (1988) afirma que são atividades absolutamente interdependentes, pois a técnica ensina o “como”, enquanto a ciência explica o “porquê”. Segundo Ripper Filho (1994, p. 151), “a tecnologia é o principal meio de criar vantagem competitiva suficiente para tirar o país do subdesenvolvimento”.

Drucker (1972, p. 205) afirma que “a tecnologia é importante hoje precisamente porque une o universo do realizar e o do conhecimento”. Esse é o desafio das universidades: expandir o foco tradicional de capacitação e formação, de forma a valorizar a criação e a transformação do conhecimento.

A tecnologia é de relevante importância, pois complementa a ciência, transformando-a em produto ou serviço. Os países que mais se desenvolveram foram aqueles que investiram na criação de produtos, processos e serviços de alta tecnologia.

2.3 Inovação

A inovação está relacionada à transformação do conhecimento em algo novo, e essa novidade, na maioria das vezes, resulta em vantagens competitivas, de forma que a inovação torna-se essencial e complementar à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico.

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A palavra “inovação”, derivada do termo latino innovatio, significa novidade ou renovação e remete a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. Para Schumpeter (1982, p. 117), um dos autores mais citados quando se trata de inovação, “a inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização do trabalho e, ao produzir novas mercadorias, possibilita a abertura de novos mercados mediante a criação de novos usos e consumos”.

Na concepção de Spaey (1972), a inovação tecnológica resulta de esforços que visam à utilização de novas matérias ou novos fenômenos naturais ou a melhor utilizar aquilo que já existe. Nessa perspectiva, o cientista René Dubos (1972, p. 28) assevera que “todas as inovações tecnológicas devem ser adaptadas a objetivos sociais baseados em considerações ecológicas”. Essa importante afirmação alerta para que a inovação seja um instrumento consciente de progresso, levando em consideração não apenas lucros e resultados econômicos, mas principalmente uma forma de desenvolvimento sustentável para a humanidade.

O conceito de inovação, em geral, é correlacionado com pesquisa e desenvolvimento (P&D), porém é distinto e mais amplo. Inovação implica não somente tecnologia, máquinas e equipamentos, mas vai além, contemplando também mudanças incrementais, novas funcionalidades, bem como melhorias na gestão ou novos modelos de negócios, associados à conquista ou criação de novos mercados. (CAPES, 2010a , p. 180).

A inovação é um dos assuntos mais atuais da agenda internacional. Todos os países enxergam na inovação a estratégia para se garantir um futuro sustentável na economia, meio ambiente e sociedade. Dessa forma, a inovação foi incorporada à ciência e à tecnologia, formando um importante tripé (C, T & I) para o desenvolvimento de um país.

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3 POLÍTICAS PÚBLICAS

3.1 Políticas Públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação

Os benefícios para a sociedade gerados pelas atividades de ciência, tecnologia e inovação colocam na mão do Estado, a responsabilidade de induzir esta atividade nos diversos segmentos da sociedade, sendo através das políticas públicas que o governo conduz esse processo.

Carvalho (2012, p. 28) conceitua políticas públicas como “o conjunto de objetivos ou de intenções que, em termos de opções e prioridades, dão forma a um determinado programa de ação governamental, condicionando sua execução”. A autora afirma ainda que a política pública caracteriza-se pelas iniciativas e diretrizes, pelos planos e programas adotados pelo governo em resposta aos problemas socialmente relevantes.

A Política Científica e Tecnológica, PCT, é uma política pública que assumiu, ao longo da história, suma importância no desenvolvimento geral das nações, em especial como um dos determinantes responsáveis pelo desenvolvimento político, econômico e social de um país.

Na visão de Dias (2009), a PCT se constitui como uma política-meio, ou seja, uma política que serve de suporte para as demais políticas públicas (industrial, agrícola, educação, saúde, inclusão social etc.). Ainda segundo o autor, trata-se de um objeto de estudo complexo e que permite uma ampla variedade de recortes. Programas de pesquisa, instrumentos de financiamento, instituições, aspectos da legislação e a dinâmica de geração de conhecimento e inovações são exemplos de temas que compõem o escopo dessa política.

De acordo com Spaey (1972), a política científica é praticada essencialmente em âmbito nacional e tem como principal objetivo aumentar e mobilizar o potencial científico e técnico de um povo ou Estado, a serviço de fins que seu governo persegue. O autor destaca ainda, que: “a política científica realiza a penetração da ciência na ordem do poder; ao mesmo tempo, aumenta sua responsabilidade” (SPAEY, 1972, p. 76).

Para Bunge (1980), toda política de desenvolvimento científico e tecnológico deveria basear-se em três pontos principais:

a) Informação sobre o estado atual e as tendências gerais da sociedade;

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c) Filosofia e sociologia da Ciência e da Tecnologia (natureza, valor e função de cada uma).

Esquematicamente, uma política de ciência e tecnologia compreende, segundo Spaey (1972), quatro funções básicas: o planejamento, a coordenação, o fomento e a execução.

O planejamento visa à definição dos objetivos, fixar-lhes a hierarquia e determinar os meios a serem mobilizados para atingi-los. A coordenação tem como principal objetivo o orçamento, o qual se estende a todos os aspectos da ação necessária para atingir os objetivos. O fomento refere-se aos programas de financiamento e técnicas de controle. E por fim, a execução destina-se a equipar as unidades de pesquisa, provê-las de pessoal e organizar suas atividades.

Uma política de ciência e tecnologia deve englobar ainda, a definição de estratégias e programas. Entende-se por estratégias a combinação de objetivos, políticas e programas consistentes que permitam atingir os melhores resultados possíveis. Programas seriam são os sistemas de ação que permitiriam atingir os objetivos, convertendo o conceito estratégico em ação dinâmica (ARAÚJO, 1994).

Cabe ressaltar que o governo tem papel fundamental na formulação de objetivos de Ciência, Tecnologia e Inovação, considerando não apenas os resultados, mas a necessidade da sociedade, bem como na responsabilidade sobre os investimentos realizados em pesquisa, propiciando condições de investigação e de transferência da ciência produzida ao setor produtivo em forma de inovação.

3.1.1 Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil

Somente a partir da década de 1950 definiu-se no Brasil uma política explícita voltada à ciência e tecnologia. Segundo Gouvêa (2012), o estado capitalista brasileiro, apesar de ser na época, intermediado por fortes ideologias (populismo, desenvolvimentismo, nacionalismo) atuou, de forma a tornar hegemônica a sua participação nos investimentos relativos à infraestrutura e nos projetos de desenvolvimento econômico e social, porém sua ação foi frágil no campo da tecnologia, demorando a perceber a necessidade de uma política de transferência de tecnologia às empresas nacionais.

De acordo com Schwartzman (1993), a maior parte do atual sistema brasileiro de C&T foi criada motivada por três fatores principais: 1) a preocupação das autoridades da necessidade de criar capacitação em C&T no país, dentro de um projeto maior de

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desenvolvimento nacional; 2) o apoio que essa política recebeu da comunidade científica; e 3) a expansão da economia brasileira nesse período.

Um passo importante dado pelo governo brasileiro para efetivar sua política de ciência e tecnologia foi a criação do CNPq, Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica, em 1951, pela Lei Federal nº. 1.310/51, cuja principal finalidade era conceder bolsas de estudo para iniciação científica, aperfeiçoamento, pesquisa e pós-graduação no país e no exterior. A Lei atribuía como uma das principais competências do Conselho, a cooperação com as universidades e institutos de ensino superior, no desenvolvimento da pesquisa científica e na formação de pesquisadores (DIAS, 2009).

Nesse contexto, também em 1951, foi criada a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, por meio do Decreto nº. 29.741/51, com a missão de assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do país. Apesar de dispor de recursos reduzidos, a CAPES em seu período inicial, promoveu uma série de iniciativas que tiveram impacto imediato na melhoria do ensino superior e que permitiram a implantação futura da pós-graduação no Brasil (FERREIRA&MOREIRA, 2002).

Segundo Dias (2010), a gênese do CNPq e da CAPES sintetizava uma concepção mundial de que o avanço da ciência era condição absolutamente necessária para o desenvolvimento das nações. O autor afirma ainda que a criação desses dois importantes órgãos, bem como a institucionalização da política de ciência e tecnologia brasileira devem ser compreendidas como reflexos da modernização da estrutura do Estado, no início da década de 1950.

Em 1952, foi criado através da Lei nº. 1.628, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES. A história de criação do BNDES ocupou posição de destaque durante a década de 1950, quando o Brasil precisa definir estratégias para acompanhar o reerguimento e a expansão da economia mundial. O BNDES surgiu como instrumento importante tanto para a elaboração de análises de projetos quanto para a posição que ocupava no país, tornando-se o braço do governo na implementação de políticas consideradas fundamentais à decolagem da industrialização. Nesse sentido, o Banco atuaria como formulador e executor da política nacional de desenvolvimento econômico (BNDES, 2013).

Dando sequência ao processo de consolidação da política de C&T brasileira, em 1967, foi criada a Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP, através do Decreto nº. 61.056/67, cujo objetivo principal era a disponibilização de fomento às atividades de inovação

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tecnológica e de desenvolvimento industrial. Desde sua criação, a FINEP financia projetos abrangendo todas as etapas e dimensões do ciclo de desenvolvimento científico e tecnológico (DIAS, 2009).

A partir de 1970, o apoio financeiro à ciência no Brasil, ganhou maior dimensão com a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, (FNDCT), por meio do Decreto-Lei nº. 719/69, possibilitando a aceleração do desenvolvimento científico brasileiro, através da ampliação do financiamento às entidades de ciência e tecnologia. O Fundo tinha como objetivo central responder à carência de mecanismos de apoio ao sistema de pesquisas científicas e tecnológicas, identificadas à época como uma prioridade para o Brasil. As ações do FNDCT eram executadas pela FINEP (REZENDE, 2010).

Com a criação do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), em 1985, pelo Decreto nº. 91.146/85, na visão de Rezende (2010), o então presidente, Tancredo Neves, deu à Ciência e Tecnologia brasileira maior prioridade e importância política. Dessa forma, o MCT passou a ter papel fundamental na organização do sistema nacional de C&T, bem como na recuperação da capacidade de pesquisa de universidades e institutos e também no aumento do ritmo de formação de novos pesquisadores.

O MCT incorporou, com o passar do tempo, as duas maiores instituições de apoio à ciência e tecnologia do país, o CNPq e a FINEP. O Ministério passou por vários períodos de instabilidade, devido à escassez de recursos financeiros, situação que somente foi revertida a partir da criação dos Fundos Setoriais, em 1999.

Rezende (2010, p. 269) conceitua Fundos Setoriais como ”instrumentos financeiros para apoiar pesquisa, desenvolvimento e inovação”. O autor afirma ainda, que, os fundos são financeiramente alimentados por contribuições de empresas que operam em setores produtivos selecionados e que possuem receita de rendimentos provenientes da exploração de recursos naturais pertencentes à União.

A condução da política da C&T brasileira pelo MCT estruturou-se sempre baseada em planos setoriais, sendo eles: I, II e III PBDCT, Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o PACTI, Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação, e mais recentemente a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, ENCTI, cujas diretrizes orientavam as ações do Ministério.

O I PBDCT (1973-1974) enfatizava a necessidade de incorporar novas tecnologias com o objetivo de alavancar as pesquisas nas áreas nuclear, espacial e oceanográfica. O II PBDCT (1976) buscava articular a política de C & T à estratégia de desenvolvimento mais ampla e o fortalecimento da base tecnológica da indústria local. Já o III PBDCT (1980-1985)

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preocupava-se com a expansão do número de profissionais qualificados formados na área de C&T. Os três planos tinham como objetivos explícitos promover o fortalecimento das competências industriais e comerciais do país, bem como a modernização da sociedade brasileira (DIAS, 2010).

Rezende (2010) assegura que a evolução da política de ciência e tecnologia no Brasil pode ser caracterizada por três períodos distintos: 1) de 1960-1990 – construção e expansão do Sistema Nacional de C&T; 2) de 1991-2003 – crise e transição para uma nova sistemática de financiamento; e 3) de 2004 em diante – implantação de uma nova política de C,T&I.

Segundo Dias (2009), a década de 1990 representou um importante período de transição para a política científica e tecnológica brasileira que, gradualmente, teve diminuído seu caráter mais amplo, convertendo-se em uma “política de inovação”.

Com a intenção de consolidar o marco regulatório da política de C&T brasileira, foi criada em 2004, a Lei n.º 10.973, de 02 de dezembro de 2004, conhecida como Lei de Inovação, que segundo Rezende (2010), possibilitou a criação de novos instrumentos para ampliar a cooperação de universidades e institutos tecnológicos com as empresas, além de incentivar atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação em empreendimentos privados. Para Dias (2010), o texto da Lei de Inovação é genérico em relação aos benefícios para as empresas privadas e permite a criação de instrumentos de estímulo do potencial inovador do setor produtivo, porém não apresenta mecanismos de controle ou cobrança de resultados por parte do Estado e da sociedade.

A divulgação da Lei de Inovação Tecnológica estabeleceu um marco importante em relação ao papel das universidades na área de inovação da sociedade brasileira. A partir da Lei, surgiram no Brasil os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), com a função de prospectar e fomentar a transformação do conhecimento em produtos, ou seja, as inovações. Nas universidades, os NITs são os órgãos responsáveis pela gestão da política de inovação. Nessa abordagem, um dos principais eixos da lei é propiciar parcerias estratégicas entre as universidades, os institutos de pesquisa e as empresas, visando à socialização e à capitalização do conhecimento.

No ano seguinte, foi sancionada a chamada “Lei do Bem” (Lei nº. 11.196, de 21 de novembro de 2005), que dá incentivos fiscais para empresas que investirem em inovação. Ambas, no entanto, tiveram problemas em sua implementação, e ainda não mostraram resultados significativos. O principal resultado desta retomada dos investimentos e da criação de novas leis e instrumentos de apoio à ciência e tecnologia foi menos o desenvolvimento de

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inovação tecnológica, e mais o crescimento contínuo da pesquisa acadêmica (SCHWARTZMAN, 2006).

O discurso da inovação tecnológica fica mais evidente no Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional 2007-2010, o PACTI, lançado pelo MCT, concebido como uma política de Estado e articulado com as demais políticas federais, constituindo-se num importante instrumento de orientação das ações governamentais para o setor. O PACTI almejava contribuir com respostas efetivas aos problemas nacionais diante dos desafios e oportunidades que se apresentaram ao setor de C, T &I. O plano foi estruturado em quatro prioridades estratégicas: 1) expansão e consolidação do Sistema Nacional de C, T & I; 2) promoção da inovação tecnológica nas empresas; 3) pesquisa, desenvolvimento e inovação em áreas estratégicas; e 4) ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social (REZENDE, 2010).

O PACTI proporcionou muitos avanços no cenário de ciência, tecnologia e inovação brasileiro, apresentando resultados expressivos e possibilitando a ampliação dos recursos e a articulação das agências de fomento do MCTI, FINEP e CNPq, com a CAPES, ministérios e entidades federais e com as Fundações de Amparo às Pesquisas Estaduais, FAPs.

Dando continuidade e aprofundamento a alguns temas abordados no PACTI, o MCTI publicou, em dezembro de 2011, a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015, ENCTI, cujo principal objetivo é a articulação da política de C, T & I com as demais políticas de Estado, e entre os vários atores do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Essa articulação permitirá estruturar arranjos de políticas públicas capazes de responder às características sistêmicas e às necessidades do processo de inovação da economia brasileira (SETI, 2012a).

A ENCTI foi concebida também para contribuir no enfrentamento dos cinco principais desafios a serem vencidos pelo Brasil, no seu atual estágio de desenvolvimento: 1) redução da defasagem científica e tecnológica que ainda separa o Brasil das nações mais desenvolvidas; 2) expansão e consolidação da liderança brasileira na economia do conhecimento da natureza; 3) ampliação das bases para a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono; 4) consolidação do novo padrão de inserção internacional do Brasil; e 5) superação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais.

Além disso, o documento elege programas prioritários para impulsionar a economia brasileira, dentre eles estão: Tecnologias da Informação, Fármacos e Complexo Industrial da Saúde, Petróleo e Gás, Aeroespacial, Economia Verde (energia renovável, biodiversidade, mudanças climáticas e oceanos e zonas costeiras), C, T & I para o Desenvolvimento Social

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(popularização da C, T & I, melhoria do ensino de ciências, inclusão produtiva e social, tecnologias para cidades sustentáveis) (MCTI, 2012).

Figura 1 - Mapa Estratégico da ENCTI 2012 – 2015.

Fonte: ENCTI 2012-2015, 2011, p. 40.

O MCTI, apoiado nas ações de planejamento das últimas décadas e considerando o potencial de desenvolvimento científico e tecnológico que o Brasil apresenta, afirmou na ENCTI que o desenvolvimento de novas tecnologias depende do fortalecimento da produção científica nacional.

O avanço do Brasil no ranking da produção científica mundial, qualitativa e quantitativamente, deve também se traduzir na ampliação das capacitações tecnológicas do setor produtivo brasileiro. Ampliar a dotação orçamentária das universidades e o fomento da pesquisa são ações importantes, pois impactam a efetividade da produção do conhecimento e possibilitam incrementar a formação de recursos humanos de alta qualificação para inovação nas empresas. (MCTI, 2012, p.43).

Segundo o PNPG (CAPES, 2010a), os parâmetros que devem direcionar as políticas públicas à ciência, tecnologia e inovação no Brasil, para o decênio 2011-2020, são: o

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fortalecimento da universidade e do sistema educacional como um todo, o financiamento e a indução da pesquisa, a valorização do pesquisador e a aplicação dos resultados no desenvolvimento econômico e social.

De acordo com o MCTI (2012), o desenvolvimento econômico dos países baseia-se, cada vez mais, na inovação e no desenvolvimento científico e tecnológico. De maneira geral, as políticas governamentais de Ciência, Tecnologia e Inovação mantêm-se focadas no fortalecimento da base científica e tecnológica, bem como na ampliação da capacidade de inovação do setor empresarial.

As metas registradas no PNPG para o decênio 2011-2020 (CAPES, 2010b, p. 55), visando à elevação da ciência e tecnologia brasileira a um nível formidável de competência, são as seguintes:

- Obter um acréscimo em relação a 2009 de duas vezes e meia a três vezes:

 Na titulação anual de mestres e doutores, com a devida prioridade na concessão de bolsas de estudos nas áreas consideradas estratégicas;

 No contingente de pesquisadores/técnicos da área de C, T&I no País, inclusive com investimentos de técnicos de laboratório;

 Na publicação de trabalhos científicos em revistas qualificadas;

 Em investimentos nas atividades de busca e estímulo de talentos, como nas olimpíadas científicas, e no ensino de ciências, com a correspondente capacitação de professores;

 Em investimentos nas atividades de cooperação científica internacional;

 Em investimentos em infraestrutura, com a expansão do sistema universitário, institutos de pesquisa e laboratórios, inclusive de grande porte.

- Alcançar investimento de 2% do PIB, Produto Interno Bruto, em P&D (crescimento anual de 10,4%, supondo crescimento do PIB de 5% ao ano), sendo que os dispêndios do setor empresarial devem corresponder de 1,1% a 1,2%.

A partir de 2011, no governo da presidenta Dilma Rousseff, o MCT passou a chamar-se Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, MCTI. A agregação da palavra inovação não foi uma questão meramente semântica, mas que reflete uma opção estratégica construída ao longo dos anos (MCTI, 2011).

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Passou-se do conceito de Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia – um inventário dos recursos institucionais, humanos, sociais e econômicos para a produção de conhecimentos – ao conceito de Sistema Nacional de Inovação – uma rede de relações de atores e de funções entrelaçadas em processos de comunicação de demandas e ofertas, de capacidades complementares e de interesses diferenciados, mas articuláveis. (VACCAREZZA, 2004, p. 70).

O atual Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil é composto por agências de fomento, por órgãos reguladores e certificadores, por unidades de pesquisa do governo federal e estadual, além de centros de pesquisa do setor privado. O sistema conta ainda, com uma importante contribuição dos governos estaduais através das universidades e de institutos de pesquisa (SBPC, 2011).

De acordo com Nazareno et. all. (2010), a formulação de políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, tem como principal articulador o MCTI, mas também cumpre papel importante nessa área, o Ministério da Educação, MEC, por meio da CAPES, das universidades e das escolas técnicas. As autoras destacam ainda que a inserção de novos atores sociais no processo de formulação de uma política específica e a implementação de programas descentralizados contribuíram para a criação de novos mecanismos de apoio, bem como facilitaram a apropriação social dos conhecimentos e dos resultados gerados pelas universidades e centros de pesquisa brasileiros.

O projeto de Lei n. 2.177/2011 lançou a discussão sobre a criação de um Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Brasil, com o objetivo de realizar alterações no marco regulatório da inovação, criando um arcabouço legal que permitisse às instituições públicas brasileiras exercerem com maior eficiência o papel de principais geradoras do conhecimento científico e que facilitasse a aproximação do setor público com o privado em busca da inovação. O projeto foi desmembrado e foram criadas várias comissões, as quais trabalharam, durante o ano de 2013, para amadurecer o texto proposto, que tão logo finalizado, será apreciado pelo Senado.

3.1.2 Ciência, Tecnologia e Inovação e a Universidade

É consenso o papel essencial do sistema universitário na transformação do saber científico em inovação tecnológica, que certamente resultará num avanço do desenvolvimento social, tecnológico e econômico do país.

Referências

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