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4 CULTURA ORGANIZACIONAL: AÇÕES E PRÁTICAS DE GESTÃO

6 O PERCURSO TEÓRICO-METODÓLOGICO

6.5. O IFPE Campus Ipojuca Estrutura e funcionamento

O Campus Ipojuca funciona desde 31 de outubro de 2007 e originou-se inicialmente como uma Unidade de Ensino Descentralizada (UNED) do CEFET- PE. Inicialmente suas atividades pedagógicas funcionaram num espaço físico cedido pela Prefeitura da cidade com a oferta de três cursos técnicos subsequentes: Automação Industrial, Química e Segurança do Trabalho. Destacamos que a criação da UNED do CEFET-PE em 2007, em Ipojuca, e que atualmente é um Campus do IFPE pesquisado insere-se no processo de expansão da educação profissional na época, sendo considerada a primeira unidade descentralizada do CEFET no Estado de Pernambuco.

Em 2006, a Prefeitura da cidade onde o Campus está localizado doou um terreno com uma área de dez hectares para a sua construção tendo a conclusão da etapa de acabamento dos primeiros blocos em março de 2008. Nesse sentido, o funcionamento no espaço cedido pela Prefeitura realizou-se até que as obras estruturais do Campus Ipojuca fossem concluídas, o que culminou com o período da transformação legal do CEFET para IFPE.

Em 11 de setembro de 2009, o Campus Ipojuca foi inaugurado oficialmente, com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais autoridades nacionais

e regionais, já dando destaque a expansão da educação profissional brasileira no formato dos Institutos Federais e até mesmo na primeira campanha presidencial da Presidente Dilma Rousseff os espaços físicos do Campus pesquisado foram utilizados para a filmagem da propaganda política da época evidenciado as condições estruturais e diferenciadas do Campus em questão no tocante a oferta de educação profissional já como um Campus do IFPE.

O Campus pesquisado, encontra-se ainda, em fase de expansão estrutural, tendo no seu projeto arquitetônico salas de aula, laboratórios e blocos onde funcionam os setores administrativos e pedagógicos, estando ainda prevista a construção do auditório e da biblioteca, já que a mesma funciona em sala adaptada.

Vale destacar que a escolha da construção da UNED do CEFET-PE na localidade onde atualmente é um Campus do IFPE deu-se em virtude do contexto dos arranjos produtivos locais e pela vocação econômica da região, considerando a existência de indústrias e fábricas nos arredores, como a criação de um Complexo Industrial que culminou com a instalação de estaleiros, indústrias petroquímicas e refinarias, o que alavancou consideravelmente o crescimento econômico da região e gerou demanda de formação.

O Campus Ipojuca está localizado numa cidade pertencente à Região Metropolitana da cidade do Recife, distante 43 quilômetros ao sul da capital pernambucana, tem 87. 926 habitantes, possui uma área territorial de 532,6 KM² (Censo IBGE/2013), sendo considerado o décimo quinto mais populoso município de Pernambuco. É válido considerar que a região geográfica em que se localiza o Campus pesquisado é marcada historicamente pelo plantio de cana-de-açúcar, no entanto com os investimentos na área industrial toda a estrutura econômica foi alterada a partir do recebimento de investimentos que culminaram com a instalação de um Complexo Industrial Portuário e que conta com mais de 120 indústrias instaladas na região.

O município onde está localizado o Campus pesquisado se destaca, ainda, por possuir o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) de Pernambuco, impulsionado principalmente pelo turismo no seu litoral, com praias internacionalmente conhecidas. Nesse sentido, os serviços de turismo da região se destacam e o munícipio conta com uma rede hoteleira estruturada e organizada, considerando a extensa faixa litorânea que pertence ao município. Vale destacar que foi, inicialmente, pelo contexto econômico relacionado à rede hoteleira e aos serviços de turismo da região que alguns cursos

técnicos na área de hotelaria foram pensados a serem ofertados na UNED do CEFET- PE, no entanto, o contexto industrial da região prevaleceu no tocante a escolha dos cursos técnicos a serem ofertados.

Além do Campus pesquisado, existem na localidade escolas municipais, estaduais e particulares e em relação ao ensino superior há uma faculdade particular que oferta os cursos de graduação nas áreas relativas a ciências contábeis, administração e pedagogia e cursos de especialização, sendo o IFPE - Campus Ipojuca local de referência na cidade no tocante à educação profissional.

Funcionando atualmente nos três turnos (manhã, tarde e noite), a estrutura organizacional do Campus Ipojuca está estruturada em torno de quatro Diretorias ligadas à Direção Geral, conforme se segue:

 Diretoria de Administração e Planejamento (DAP), responsável pela estrutura física e organizacional do Campus, estando relacionadas a essa Diretoria a Divisão de Execução Orçamentária e Financeira (DEOF), Coordenação de Compras (CCOM), Coordenadoria de Contratos e Convênios (CCON), Coordenadoria de Material e Patrimônio (CMPA), Coordenação de Protocolo e Arquivo Geral (CPAG), Coordenação de Transportes e Manutenção e áreas relacionadas com a Contabilidade, Material e Patrimônio. A DAP executa no Campus as diretrizes e políticas da Pró-Reitoria de Administração do IFPE (PROAD).

 A Direção de Ensino (DEN) é responsável pela organização das práticas pedagógicas, coordena todos os processos relacionados à docência e aos projetos pedagógicos dos cursos, incluindo o trabalho dos docentes na área de ensino e o atendimento aos estudantes. Está vinculada a DEN a Assessora Pedagógica (ASPE), a Coordenação de Assistência ao Estudante (CAES), a Coordenação de Registros e Diplomação (CRAD), a Coordenação de Desenvolvimento de Ensino (CDEN), a Coordenação de Turnos (CTUR) a Coordenação de Biblioteca e multimeios (CBIM), a Coordenação do Pró-IFPE e as coordenações dos cursos. A DEN implementa no Campus as políticas da Pró-Reitoria de Ensino do IFPE, conforme as diretrizes do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia.

 A Direção de Pesquisa coordena os grupos e projetos de pesquisa e implementa no Campus as políticas da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do IFPE. A essa Diretora estão ligadas a Coordenação de Pesquisa e os grupos de pesquisa vinculados.

 Diretoria de Extensão coordena as iniciativas de extensão realizadas no Campus. A ela estão ligadas a Coordenação de Estágios e Egressos (CEEG), a coordenação do PRONATEC e MULHERES MIL e de outros programas de extensão.

Esta estrutura organizacional substituiu o antigo organograma do IFPE em que estavam ligados diretamente à Direção Geral a Direção de Ensino, a Direção Administrativa e a Coordenação de Pesquisa e Extensão e mesmo considerando que a Lei 11.892/2008 enfatiza os princípios da indissociabilidade entre o ensino-pesquisa- extensão, enquanto estrutura organizacional percebe-se que somente em 2014 as áreas de pesquisa e extensão passam a ser consideradas Diretorias com status e mesma importância da Diretoria de Ensino e Diretoria de Planejamento.

Além das Diretorias citadas, o Campus pesquisado conta com a Coordenação de Gestão de Pessoas (CGPE) que executa a política de pessoal do IFPE, elaborada pela Diretoria de Gestão de Pessoas da Reitoria (DGPE), como, também, o Campus com os serviços da Ouvidoria, que é responsável por receber informações, reclamações, sugestões, críticas ou elogios quanto aos assuntos e serviços acadêmicos prestados no Campus e está vinculada ao Gabinete da Direção Geral e funciona através de atendimento em endereço eletrônico.

Ainda no âmbito da Direção Geral tem a Assessoria de Comunicação e Eventos (ASCE) que trata dos assuntos relacionados à comunicação interna e externa do IFPE, além de prestar apoio aos eventos realizados pelo Campus. A ASCE, também, faz o atendimento à imprensa local e intermedeia os contatos entre a mídia e os gestores, docentes e servidores do Campus e trabalha em conjunto com a Assessoria de Comunicação da Reitoria do IFPE, responsável pelos posicionamentos e políticas globais do IFPE.

O Campus desenvolve o Programa de Monitoria que tem por objetivo possibilitar aos estudantes ampliar seu espaço de aprendizagem, de forma a contribuir para a qualidade do ensino. O monitor colabora com o docente no desenvolvimento de determinados componentes curriculares (disciplinas) dos cursos oferecidos pelo Campus e a monitoria pode ocorrer de maneira voluntária e não-remunerada, ou pode ser remunerada por bolsa e para o preenchimento das vagas remuneradas, são publicados, no início de cada semestre, editais de seleção de monitores. Sendo desenvolvido no Campus pesquisado o Programa de Acesso, Permanência e Êxito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (PRÓ-IFPE), um

curso preparatório para estudantes da rede pública de ensino que objetivam ingressar num dos cursos técnicos do IFPE, ampliando conhecimentos formais e informais que contribuam para o acesso, permanência e êxito de estudantes na educação profissional.

A assistência ao estudante o Campus Ipojuca atende ao que está preceituado na Política de Assistência Estudantil do IFPE, aprovada pela Resolução nº 021/2012 do Conselho Superior no dia 26 de março de 2012. Trata-se de um documento norteador das ações da Coordenação de Assistência ao Estudante, que visa oferecer condições de igualdade de oportunidade entre os estudantes a partir de programas que buscam a permanência qualificada e o êxito do discente.

Ainda são ofertados os cursos técnicos subsequentes em automação industrial, segurança do trabalho e química e em 2010 foram implantados os cursos técnicos subsequentes em construção naval, petroquímica e em 2011 inicia-se o curso de Licenciatura em química, estando atualmente num processo de discussão da implantação, futuramente, de um curso de engenharia química, no sentido de atender a perspectiva dos itinerários formativos presentes nos documentos institucionais que tratam dos IF’s.

Em relação à oferta de cursos no Campus Ipojuca, não podemos deixar de considerar que a Lei 11.892/2008 institui que os IF’s devem ofertar desde os cursos técnicos até os cursos de nível superior, no entanto, no seu artigo 7º ressalta que diante das finalidades e características os IF’s devem:

I - ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos;

II - ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica;

III - realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade;

IV - desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos; V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; e

VI - ministrar em nível de educação superior:

a) cursos superiores de tecnologia visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia;

b) cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional; c) cursos de bacharelado e engenharia, visando à formação de profissionais para os diferentes setores da economia e áreas do conhecimento;

d) cursos de pós-graduação lato sensu de aperfeiçoamento e especialização, visando à formação de especialistas nas diferentes áreas do conhecimento; e e) cursos de pós-graduação stricto sensu de mestrado e doutorado, que contribuam para promover o estabelecimento de bases sólidas em educação, ciência e tecnologia, com vistas no processo de geração e inovação tecnológica.

Apesar da Lei citada ampliar a oferta de cursos a serem oferecidos pelos IF’s, no entanto, no artigo 8ª da referida lei é destacado que há uma definição percentual de oferta de cursos e que cada Instituto Federal deve “garantir o mínimo de 50% (cinqüenta por cento) de suas vagas para atender aos objetivos definidos no inciso I do caput do art. 7o desta Lei, e o mínimo de 20% (vinte por cento) de suas vagas para atender ao previsto na alínea b do inciso VI do caput do citado art. 7º”. Ou seja, os IF’s na sua organização acadêmica devem privilegiar a oferta de cursos técnicos com no mínimo 50% das vagas para esse fim, como atender no mínimo 20% das vagas para os cursos de licenciatura, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional, o que caracterizamos como uma falta de autonomia dos IF’s na oferta de cursos diante do contexto educacional, social, econômico e cultural onde os campi foram criados, pois o que será cobrado prioritariamente são os percentuais de atendimento de ofertas dos cursos.

No contexto do Campus Ipojuca, há o atendimento parcial dos percentuais segundo a Lei 11.892/2008, com a oferta prioritária dos cursos técnicos subsequentes e da oferta de um curso de Licenciatura em Química e mais recentemente, em 2014, iniciou-se o curso de qualificação profissional PROEJA (Curso de Qualificação Profissional em Agente de Observação de Segurança na Indústria) e o planejamento pedagógico de um curso de engenharia, salientando que os cursos técnicos ofertados são cursos subsequentes, em que o estudante já concluiu o ensino médio, não havendo, ainda a oferta dos cursos técnicos integrados previstos na Lei 11.892/2008, mas o que deve ser observado é justamente como esses cursos foram pensados e planejados no contexto organizacional do Campus pesquisado.

O Curso de Qualificação do PROEJA é uma ação articulada com o Governo do Estado de Pernambuco, no sentido de atender a um público específico, sendo, portanto,

considerado um curso de qualificação em que os estudantes realizam as atividades pedagógicas nas escolas estaduais e em momento posterior realiza outras atividades pedagógicas no Campus Ipojuca, no sentido que essas atividades pedagógicas realizadas se complementem na formação do estudante.

Em 2013, foram implantados os cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), esses cursos tem como objetivo ampliar as oportunidades educacionais e de formação profissional qualificada aos jovens, trabalhadores e beneficiários de programas de transferência de renda, no entanto esses cursos acabam trazendo para dentro da instituição uma concorrência interna, já que os servidores envolvidos com esses cursos são remunerados além dos salários que recebem pelo seu trabalho, o que demanda também uma reorganização do Campus para que esses servidores envolvidos possam dar conta de suas atividades rotineiras e as atividades dos cursos do PRONATEC.