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4 CULTURA ORGANIZACIONAL: AÇÕES E PRÁTICAS DE GESTÃO

6 O PERCURSO TEÓRICO-METODÓLOGICO

6.2. O processo de construção da pesquisa

A referida pesquisa insere-se em uma abordagem qualitativa, a respeito da qual ressaltamos a definição geral apresentada por Denzin e Lincoln (2006) que destacam que “a pesquisa qualitativa é uma atividade situada que localiza o observador no mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo” (p.17). Elencamos, também, a conceituação de Vieira (2008) que nos diz que “na pesquisa qualitativa o pesquisador busca, basicamente, levantar as opiniões, as crenças, o significado das coisas nas palavras dos participantes da pesquisa. Para isso, procura interagir com as pessoas, mantendo a neutralidade (p.99).

Minayo (2000) nos diz que a abordagem qualitativa “se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações. (p.21). Também, em Triviños (1987) encontramos o fundamento para este tipo de investigação ao considerar que “ao mesmo tempo que valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação” (p.139).

As principais características da abordagem qualitativa são: o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental; o caráter descritivo; o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador (GODOY, 1995). Essas características nos ajudam a retratar a complexidade do cotidiano da gestão da instituição educacional pesquisada, no caso os Institutos Federais, já que procuraremos capturar a perspectiva dos processos de gestão nas observações do dia-a-dia, como nos questionários aplicados e assim realizar a análise dos dados coletados.

Compreendemos, assim, que o conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados e o observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os

fenômenos atribuindo-lhes um significado, já que o objeto pesquisado não é um dado neutro, mas sim possuidor de significados e relações que os sujeitos concretos criam em suas ações. (CHIZZOTTI, 2001, p.79). Nesse contexto, a pesquisa qualitativa “busca explorar a compreensão das pessoas a respeito de sua vida diária, ou seja, busca dar sentido ou interpretar fenômenos em termos de significações que as pessoas trazem para eles” (VIEIRA, 2008, p.106).

Os aspectos acima levantados para caracterizar a pesquisa de tipo qualitativa nos servem como referência para justificar a escolha deste estudo que, portanto, configura- se como sendo aquela que permite ao pesquisador guardar a espontaneidade da rotina, o que será visto no IF, considerando o seu ambiente natural como fonte direta dos dados a serem coletados, tanto a partir das observações como dos questionários aplicados.

Minayo (2000) destaca que não há uma fronteira específica entre a coleta de dados no trabalho de campo e o início do processo de análise e interpretação, já que a interpretação é tida como ponto de partida e de chegada na execução do objeto da pesquisa, levando-se em consideração que uma interpretação qualitativa dos dados coletados leva-nos para uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.

Nesse sentido, o processo de análise e interpretação dos dados de nossa pesquisa qualitativa será feito através de Análise de Conteúdo na perspectiva de Bardin (1977), considerando que a análise de conteúdo produz inferências acerca de dados verbais e/ou símbolos, obtidos a partir dos interesses da pesquisa (FRANCO, 2008). Conforme a autora citada:

Dentre as manifestações do comportamento humano, a expressão verbal, seus enunciados e suas mensagens, passam a ser vistas como indicadores indispensáveis para a compreensão dos problemas ligados às práticas educativas e a seus componentes psicossociais (p. 08).

Por isso, para subsidiar o estudo utilizamos a análise de conteúdo como procedimento sistemático e objetivo de descrição das informações coletadas, considerando que para Bardin (1977) essa é “uma técnica de investigação que através de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto nas comunicações, tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações” (p.34).

Consideramos, assim, que a análise de conteúdo é uma construção social que exige do pesquisador a preocupação com alguns aspectos como a plausibilidade, a credibilidade, a coerência e a transparência, necessitando de cuidados com as interferências produzidas por intenções particulares ou compreensões baseadas unicamente no sentido literal do texto. Segundo Bardin (1977) ela se configura como:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (p.42).

A análise de conteúdo, portanto, nos permite utilizar aspectos da expressão da realidade para analisar a realidade em si mesma, ou melhor, utilizamos as palavras emitidas para conhecer os significados que elas abrigam. A pesquisa caracteriza-se, então, como um estudo de caso, numa abordagem qualitativa, tendo como propósito investigar os processos de gestão no âmbito do Instituto Federal.

Como metodologia de execução da pesquisa, optamos, então, por realizar um estudo de caso. Segundo Ludke e André (1986), o estudo de caso é um tipo de pesquisa que, dentro de um sistema, procura apreender uma realidade particular que tem um valor em si mesmo, ainda que, posteriormente, fiquem evidentes semelhanças com outros casos e situações. Vale destacar que procuraremos analisar os dados obtidos sem desconsiderar as relações sociais, econômicas e políticas presentes na conjuntura do Brasil com a interface nos processos educacionais, bem como as orientações da política educacional referente à educação profissional, realizando, assim, uma imersão do pesquisador no cotidiano do Instituto Federal.

Para a investigação aqui proposta, serão analisados os principais conceitos em relação aos meios de pesquisa constantes na literatura, como se justifica a escolha metodológica que será utilizada para a realização dos objetivos pretendidos. O marco conceitual pauta-se na revisão de literatura que nos ofereceu aprofundamento dos principais conceitos sobre a gestão escolar e a educação profissional, de modo a termos as bases necessárias para a análise da realidade empírica com vistas à definição de categorias. Nesse sentido, escolhemos como categorias principais os seguintes pontos que serão tratados posteriormente: as mudanças na organização ou nova institucionalidade, a relação entre as orientações normativas gerais e suas repercussões em termos da gestão do IF, os aspectos que se apresentam como implicações das

mudanças institucionais e a caracterização das relações de poder: o IFPE como arena política.