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O método da base reduzida no procedimento de otimização

OTIMIZAÇÃO ESCALAR E ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

3 OTIMIZAÇÃO ESCALAR E ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

3.5 INTEGRAÇÃO ANÁLISE/OTIMIZAÇÃO

3.5.1 O método da base reduzida no procedimento de otimização

Nesta seção serão descritas algumas peculiaridades relacionadas ao MBR no proce- dimento de otimização. No algoritmo SSO apresentado na Tabela 3.1, esta técnica se insere no módulo de análise (avaliação de funções) e no módulo de análise de sensibili- dades (avaliação dos gradientes das funções). O procedimento aplicado para análise via MBR foram discutidos nos capítulo 2. No que se segue, apresenta-se a análise de sensi- bilidades via MBR, onde as equações foram particularizadas para problemas de elastici- dade.

(a) Análise de sensibilidade através do MBR

O uso das matrizes decompostas para as matrizes de rigidez e vetores de carrega- mento de cada região, além do mapeamento e projeção das grandezas, permite que o Método da Base Reduzida aplique o Método Direto Analítico na análise de sensibilida- de, de forma simplificada. Estas matrizes e vetores são independentes do valor da variá- vel de projeto vide Equações (3.36) e (3.37). Com isso, para cada novo parâmetro μ executamos a análise de sensibilidade com um menor custo computacional que os mé- todos baseados nas equações tradicionais provenientes do MEF.

No caso do cálculo das sensibilidades utilizando o método das diferenças finitas, o MBR também é vantajoso pois as análises são obtidas de maneira mais rápida que o método convencional (totalmente via MEF).

No caso de problemas de elasticidade por exemplo, a análise de sensibilidade via o método direto é conduzida conforme descrito a seguir (CHOI et al, 2005).

Utilizando a equação dos deslocamentos aproximados Equação (2.62), e aplicando diferenciação direta tem-se

(3.39) N N k k μ μ ∂ = ∂ ∂ ∂ u α Z (3.38)

onde a derivada dos coeficientes lineares α, pode ser obtida derivando-se diretamente a Equação (2.66), (3.40) N N N N 1 N k k k k k μ μ μ μ μ μ − ⎛ ⎞ ∂ +== ∂ ⎜ N k ⎣ ⎦ ∂ ∂ ∂ ∂ K α F α F K α K K α (3.39)

ou na forma compacta (KEULEN et al, 2005)

(3.41) N −1FˆN k μ ∂ = ⎣ ⎦ ∂ α K (3.40)

onde FˆN é o pseudo vetor de força da base reduzida, definido como

(3.42)ˆ N N N k k μ μ ⎛∂ ∂ ⎞ = F α ∂ ∂ ⎝ ⎠ F K (3.41)

De forma análoga à diferenciação no MEF, através da decomposição por região, do mapeamento aplicado ao domínio de referencia abordado no seção 2.3.2, e aplicando as projeções na base reduzida (seção 2.4), pode-se então derivar as Equações (2.70) em relação a k-esima variável de projeto, para se obter, no domínio real, as derivadas das matriz de rigidez e vetor carregamento de cada região no espaço de base reduzida WN. Somando-se as contribuição de cada região, os gradientes no domínio real, das matriz de rigidez e vetor carregamento totais, na base reduzida, são obtidos através de

(3.43)

( )

( )

( )

* 1 1 * 1 ( ) ( ) r N nr nt s j s Nr s j r j k k N nr r r s Nr Nr b f r k k k β μ μ ϕ ϕ μ μ μ = = Ω Γ = ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ = ⎡∂ +∂ ⎤ ⎢ ⎥ ∂ ∂ ∂

∑∑

μ K μ K F μ μ μ F F (3.42) 44

As Equações (3.38), (3.40), (3.41) e (3.42) são desenvolvidas para cada nova variá- vel de projeto ( μ ).

O algoritmo completo para a implementação computacional via o Método da Base Reduzida Tabela 2.1, ficará acrescido de um item na etapa “on-line” para a análise de sensibilidade, após o cálculo do vetor uN , o cálculo do gradiente de uN através da Equa- ção (3.38).

Para comprovar a eficácia do método, são apresentados na seção seguinte alguns exemplos envolvendo análise de sensibilidade e otimização.

3.6 EXEMPLOS

Neste exemplo iremos realizar via Método dos Elementos Finitos e Método da Base Reduzida a análise de sensibilidade e otimização do problema apresentado na seção 2.5.1 e que se refere à análise do estado plano de tensões em uma placa quadrada com um orifício central.

Neste exemplo prático as dimensões do orifício são as variáveis do projeto selecio- nadas para a otimização. Os valores iniciais das variáveis de projeto são μ1 = 60 mm e

μ2 = 43 mm, e os limites inferior e superior impostos são 25mm e 75mm, respectiva-

mente.

O objetivo considerado é minimizar a flexibilidade. Ao volume, é imposto ser infe- rior ou igual ao seu valor inicial.

O problema de otimização pode ser formulado como: Minimizar: ( )f μ sujeito a

( )

0 25mm k 75mm 1,... d V V k n μ μ ≤ ≤ ≤ = v

Onde f( )μ é a flexibilidade, V

( )

μ o volume da estrutura, o volume inicial e ndv o número de variáveis de projeto.

0

V

Serão considerados vários modelos de elementos finitos, onde o número de graus de liberdade será variado através da alteração na dimensão média dos elementos, na configuração de referência onde μ1 = μ2 = 50mm.

Uma análise de sensibilidade foi realizada, considerando as malhas utilizadas para o estudo do comportamento do MBR para o cálculo da flexibilidade, definidas na seção 2.5.1. O gradiente da flexibilidade foi calculado via MEF e via MBR, o número de a- mostras utilizada neste caso foi 8 e os resultados obtidos estão ilustrados na Tabela 3.2. Pode-se notar que para poucas reavaliações da sensibilidade, o tempo total via MEF superara o tempo total via MBR, pois as reavaliações via MBR são feitas todas no esta- gio on-line (o tempo da avaliação é o tempo “on-line”).

Tabela 3.2 Resultados da análise de sensibilidade.

( )

1 f μ ∂ ∂ μ

( )

2 f μ ∂ ∂ μ Tempo (s) da avaliação Tempo (s) “off-line” MEF – T3 -0.0085236 -0.015176 17.05 - MBR – T3 -0.0085230 -0.015177 0.064 75.5 MEF – Q4 -0.0085210 -0.015172 8.75 - MBR – Q4 -0.0085206 -0.015174 0.054 45.1

Para o processo de otimização via MEF, o valor da dimensão média dos elementos foi variada de 10 mm à 1 mm, resultando em modelos de EF (Elementos Finitos) que variam de malhas grosseiras até as mais refinadas. Para cada refinamento de malha será feita uma otimização. Analisou-se a função objetivo e as variáveis de projeto ótimas resultantes das otimizações.

A Figura 3.1 ilustra o resultado de cada otimização variando com o número de graus de liberdade da malha utilizada para a otimização. Na Figura 3.1 (a) é apresentado a convergência do valor ótimo de X1 (X1 ótimo), onde X1=50− se refere à primeira μ1 variável de projeto, com a variação do número de graus de liberdade (NGL). Já na Figura 3.1 (b), vemos o gráfico da função objetivo (flexibilidade) no ponto ótimo versus o NGL.

a) variável X1 b) função objetivo f

Figura 3.1 Um quarto da placa quadrada – Variação do ótimo com a variação do núme- ro de graus de liberdade: a) valor da primeira variável no ponto ótimo, b) valor da fun-

ção objetivo.

Esses gráficos ilustram a influência da aproximação do MEF no resultado final da otimização, ressaltando a importância de uma boa modelagem. Também se pode imagi- nar um processo mais eficiente, utilizando recursivamente como ponto inicial, um ponto ótimo obtido com uma malha mais grosseira, para obter um ponto de ótimo de um mo- delo mais refinado, porém este procedimento não foi testado aqui.

Foi examinado o procedimento de otimização, realizando a etapa das análises via MBR. Para tal, as malhas de elementos finitos consideradas foram a que apresentaram resultados satisfatórios para a função objetivo no ponto ótimo, são elas:

• Para o elemento Q4 adotou-se elementos de dimensão média de 10/3 mm. O modelo possui 1.472 graus de liberdade.

• Para o elemento T3 adotou-se elementos de dimensão média de 2 mm. O modelo possui 3.952 graus de liberdade.

A base foi construída no espaço das variáveis de projeto, D ={[25, 75]²}. Foram re- alizados vários processos de otimização para o problema considerado, variando o núme- ro de pontos amostrados para a base reduzida N de 5 à 16. Para verificar a convergência do MBR, construímos o gráfico apresentado na Figura 3.2 (a) do valor referente à pri- meira variável no ponto ótimo (X1 ótimo) variando com número de pontos amostrados N, e o gráfico do objetivo (flexibilidade) ótimo variando com N, Figura 3.2 (b). No grá- fico podemos verificar a convergência para poucas soluções base.

A Figura 3.3 ilustra os tempos de CPU para o procedimento “off-line” e para o pro- cesso de otimização (“on-line”) via MBR.

a) variável X1 b) função objetivo f

Figura 3.2 Um quarto da placa quadrada – Convergência do ponto ótimo com o tama- nho da base.

a) Tempo “off-line” b) Tempo “on-line”

Figura 3.3 Um quarto da placa quadrada: a) Tempo “off-line”, b) tempo de otimização “on-line”.

A Tabela 3.3 resume o desempenho de otimizações via MEF e via MBR, onde X1 e X2 são respectivamente 50− e μ1 50−μ2. As malhas utilizada foram as mesmas consi- deradas para o estudo da otimização via MBR e o número de pontos amostrados para a aproximação do MBR foi 11.

Tabela 3.3 Comparativo dos resultados das otimizações: MEF x MBR

X1 X2 Flexibilidade Tempo “on-line”(s) Tempo “off-line” (s) Tempo Total MEF – T3 -21.5248 13.9286 0.37320 - - 67.3 MBR – T3 -21.5410 13.9368 0.37317 0.6 14.7 15.3 MEF – Q4 -21.5051 13.9187 0.37360 - - 118.6 MBR – Q4 -21.5149 13.9236 0.37356 0.3 25.7 26.0

Os resultados comprovam a eficiência do método, principalmente para problemas de otimização complexos onde são exigidos muitos cálculos das funções de interesse. Além disso, o estágio “off-line” pode ser facilmente paralelizável diminuindo significa- tivamente o tempo “off-line”, consequentemente o tempo total da otimização.

3.7 REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 4

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