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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 O planejamento e consecução da pesquisa

4.1.2 O mapa conceitual da atividade piscícola

Na pesquisa terminológica é fundamental a organização dos conceitos de um domínio num sistema estruturado. Barros (2004, p.111) nomeia essa estrutura de um domínio específico, como sistema conceptual, sistema de noções, mapa conceptual, árvore de domínio. Já Krieger e Finatto (2004, p.134) nomeiam essas estruturas de diagrama hierárquico composto com termos-chaves de uma especialidade, parecido com um organograma. Assim, os sistemas conceptuais compreendem um conjunto estruturado de conceitos construído com base nas relações estabelecidas entre esses conceitos e no qual cada conceito é determinado por sua posição nesse conjunto. (ISO 1087 apud BARROS, 2004, p.112).

Os trabalhos, na fazenda de piscicultura, se concentram na recria, a partir da compra de alevinos45de peixes, em fazendas de reprodução induzida, como a piscicultura 18, com o intuito da engorda em cativeiro através da nutrição com ração balanceada e alimento complementar, para chegarem a tamanhos e pesos ideais que propiciem a comercialização, o transporte e distribuição desse alimento. Portanto, o objetivo de cultivar um tambaqui de nove a onze meses é com o intuito comercial.

Através do contato in loco com as etapas da piscicultura, com os profissionais, observando as técnicas de manejo, os tipos de cultivo, as formas de trabalho com as espécies, os instrumentos, a quantidade de estocagem e alimentação, a estrutura dos viveiros e tanques, os parâmetros físico-químicos da água, todo o cuidado para a reprodução induzida, a engorda, os processos biométricos de análise de crescimento e desenvolvimento dos peixes, pôde-se refletir quanto aos campos semânticos para a organização da terminologia da piscicultura no estado, assim como para construir o mapa conceitual da atividade piscícola.

45 No Pará, a maioria das fazendas ou locais de cultivo de peixes não apresenta laboratório de reprodução induzida para a produção de alevinos para engorda. Os piscicultores compram esses alevinos fora do estado e isso encarece a produção, resultando no preço final. No estado, há poucos laboratórios de reprodução induzida, um é o laboratório da SEPAq, em Terra-Alta e o outro é um laboratório particular chamado de “piscicultura 18”, em Igarapé-Açu, que foi um local de coleta de dados para esta pesquisa.

O mapa conceitual da piscicultura no Pará, é uma representação simplificada da produtividade deste domínio no estado, não está completo com todas as fases, em relação à piscicultura em outros estados do Brasil. Trata-se de uma organização que expõe a realidade do cultivo e manejo de peixes nas fazendas de piscicultura, norteando a compreensão de sua hierarquia básica. Estabelece-se da seguinte forma:

Figura 06: mapa conceitual da piscicultura.

Fonte: pesquisa de campo (2015)

Segundo os especialistas, a piscicultura de cunho comercial, no Pará, apresenta esta característica, como foi percebida na fazenda de piscicultura em Peixe-Boi. A piscicultura continental, que é a que predomina no estado, que é o cultivo de peixes em água doce, como rios, lagos, lagoas, açudes, represas, tanques e viveiros, tem como fases principais de produção: 1) a reprodução induzida, que possui as seguintes etapas: 1.1) formação de plantel; 1.2) larvicultura; 1.3) alevinagem e 1.4) a comercialização das larvas e alevinos; 2) a alevinagem; 3) a recria; 4) a engorda e 5) a comercialização.

As principais fazendas de produção piscícola no Pará, de engorda, não possuem essa 1ª fase produtiva de reprodução, não apresentam laboratórios de reprodução induzida, com a

influência especializada do homem de permitir que espécies de peixes, como o tambaqui, que não conseguem se reproduzir naturalmente em cativeiro, consigam concretizar essa reprodução através de um manejo que permita a maturação gonadal dos peixes, a indução da maturação final dos óvulos e espermatozoides, chegando ao ovo fertilizado, resultando em larvas, pós-larvas e alevinos para dar início primeiramente aos processos de larvicultura e alevinagem, nas fazendas de reprodução e o processos de alevinagem, de recia e principalmente engorda nas fazendas de engorda e comercialização.

Os produtores compram as pós-larvas e alevinos em lotes de mil, o milheiro, de laboratórios de reprodução em outros estados ou compram do principal fornecedor, no Pará, localizado em Igarapé-Açu, que produz 4 milhões, por mês, de alevinos de tambaqui e tambacu. Segundo Arnaud (2012), há também laboratórios em Terra Alta, Capitão-Poço que produzem, respectivamente, 3,7 milhões e 2 milhões de alevinos por ano; e em Santa Isabel que produz 40 mil alevinos por ano.

Por ser muito oneroso, essa fase de reprodução, larvicultura e alevinagem, ao orçamento geral de produção de peixes, à piscicultora proprietária da fazenda em Peixe-Boi estava construindo um laboratório, um centro de reprodução induzida, obedecendo a todos os critérios das leis ambientais, tendo como responsável um técnico especialista na área de reprodução de peixes, com o intuito de produzir os seus próprios alevinos para engorda e principalmente com o intuito de comercializá-los aos piscicultores do estado .

Após a compra dos alevinos é iniciada a 1ª fase que é a alevinagem, na fazenda de engorda, até a 2ª fase de recria, que é a produção de juvenis, que seguindo as etapas de desenvolvimento dos peixes, após a fertilização, de larvas, de pós-larvas, de alevinos, chega- se ao estágio de juvenis. A partir daí inicia-se, concomitantemente, a 3ª fase que é a engorda. Busca-se dois caminhos, o piscicultor pode produzir e engordar juvenis para vender a empreendimentos de pague e pesque ou, como acontece no estado em demasia, produzir e engordar juvenis, em viveiros e tanques, para que eles cresçam, se desenvolvam em peso, objetivando a comercialização em grande escala para supermercados, feiras etc., de todo o estado e até fora do estado.

A 4ª fase é a comercialização, após todas as etapas, desde a compra dos alevinos, o povoamento dos viveiros, a recria, a engorda, num período de 11 ou 12 meses, sempre obtendo todo um cuidado detalhado no manejo e cultivo desses peixes, há o momento de despesca total para o abate e o principal objetivo é a comercialização dos peixes de forma inteira e in-natura, ou seja, o peixe é vendido inteiro, ainda vivo e fresco, na comercialização direta, no chamado “pinga-pinga”, para pessoas que vem de carro, adentram a fazenda de

piscicultura e compram 2, 3, 4kg ou mais de tambaqui, de tambacu, ou é vendido para grandes empresas que encomendam os peixes que são transportados num caminhão-baú, congelados e inteiros, sem nenhum tipo de processamento ou beneficiamento46, ficando à cargo da empresa fazer este serviço. Também os peixes são vendidos e transportados congelados para intermediários na capital e estes revendem para os peixeiros de feiras de pescado que repassam ao consumidor final, muitas das vezes a preços exorbitantes.

Vejamos, para um melhor entendimento, o fluxograma da fazenda pesquisada em Peixe-Boi e em São Miguel do Guamá, que é uma representatividade da piscicultura comercial, de engorda, na maioria das fazendas de cultivo de peixes do Pará:

Figura 07: fluxograma das fazendas de engorda.

Fonte: pesquisa de campo (2015)

46 No Pará, não há fazendas de piscicultura, como os próprios especialistas e técnicos da área afirmaram, que efetuem o processamento ou beneficiamento do pescado cultivado. Essa seria uma das etapas da piscicultura, ficando entre as etapas da engorda e da comercialização. Em outros estados que possuem uma piscicultura mais desenvolvida é comum encontrarmos fazendas que possuem todas as fazes do ciclo produtivo, assim como apresentam a fase de beneficiamento e processamento. Ressalta-se que há no nosso estado indústrias particulares que fazem especificamente o beneficiamento e o processamento do pescado que advém tanto da piscicultura quanto da pesca extrativa.

Esta produtividade piscícola numa fazenda de comercialização demonstra uma etapa importante de recria, alevinagem, engorda e comercialização, de que o cultivo de peixes e seus híbridos requer uma estrutura básica, sanitária, piscícola, para o manejo, expõe a importância de se respeitar as leis ambientais do estado do Pará e de pedir assessoria aos técnicos para que a produção seja bem sucedida, que todos os parâmetros de higiene, de nutrição, de cuidados contra doenças ao peixe sejam minuciosamente bem cuidados para que o consumidor, na semana santa, ou no dia a dia, ao querer se alimentar de carne de peixe, possa não ter dúvida da qualidade de manejo e cultivo que este alimento foi sucedido em cativeiro por aproximadamente um ano.

Observemos o fluxograma que representa a produtividade da fazenda de reprodução induzida em Igarapé-Açu:

Figura08: fluxograma do centro de reprodução induzida.

Fonte: pesquisa de campo (2015)

Entende-se, portanto, com esses mapas e fluxogramas que a piscicultura de engorda, a piscicultura comercial de peixes adultos, é iniciada no momento em que o piscicultor, que quer cultivar e engordar peixes para comercializar, compra lotes de alevinos, os milheiros, na fazenda de reprodução, aqui no Pará, ou encomendam lotes de alevinos de outras fazendas de reprodução fora do estado.

Para chegar a fase de alevino, o piscicultor que reproduz necessita estar licenciado nos órgãos estaduais, ter um laboratório de reprodução, uma fazenda com espaço para os berçários, viveiros de alevinagem e água corrente natural, olho d‟água, nascentes, açudes que possam abastecer os tanques, viveiros, piscinas de alevinagem, além de ter a assessoria de pessoas especializadas em reprodução, técnicos em aquicultura\piscicultura, engenheiros da pesca, veterinários, ou seja, é necessária estrutura de materiais e de pessoas especializadas em reprodução induzida de peixes.

Essa estrutura é fundamental para a escolha do casal de peixes, de uma determinada espécie, para a formação de plantel de peixes reprodutores. Esses peixes são adultos, alimentados com ração balanceada, engordados, cultivados em viveiros específicos.

Percebe-se que esses peixes estão aptos à reprodução pela característica do ventre abaulado, onde há a indicação da liberação de esperma e óvulo, assim eles são selecionados e são levados para as piscinas de hipofisação, onde são pesados e é calculada a dose de hormônio da hipófise, essa hipófise é importada de empresas especializadas em extrair hipófise de peixes, na Hungria, ou pode ser também extraída de um peixe adulto em laboratórios, ocasionando a morte desse peixe. É dada a primeira dose do hormônio, que é uma dose preparatória, com 5% do tamanho do peso do peixe, 13 horas depois é dada uma segunda dose. A primeira dose é preparatória e a segunda é decisiva. Esta dose decisiva é dada e faz os peixes desovarem. Para o hormônio hipofisário fazer a maturação do óvulo, depende de cada espécie de peixe que apresenta uma hora grau que é a temperatura da água de hora em hora, mas normalmente os peixes redondos, como o tambaqui, desovam de 13h a 14h, já os peixes pequenos, como o piau, a curimatã, a matrinxã desovam de 6h a 7h.

Após a desova, há a fertilização e esses ovos fertilizados são inseridos nas incubadoras, em alguns dias esses ovos eclodem dando início a fase de larva, as larvas apresentam o saco vitelínico de reserva até sumir por completo, aproximadamente entre 10 e 12 dias, isso caracteriza o início da fase de pós-larva, e a transferência delas para a piscina de hipofisação e berçários, onde são alimentadas com ração, de 6 a 14 dias. Toda essa fase é denominada de larvicultura.

Após esse período como larva e pós-larva, vem a fase de alevino, onde o peixe, com 1 a 2 centímetros, já apresenta todas as características morfológicas de um peixe adulto, são alimentados com ração para alevinos com 55% de proteína, já cultivados em viveiros de alevinagem, essa fase é denominada de alevinagem. A partir desse momento os alevinos, estão prontos para serem comercializados para produtores que farão a alevinagem, a recria, engorda e comercialização.