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2 O LEITOR NA TEORIA DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA

5.3 AVALIANDO A EXPERIÊNCIA

5.3.1 O Material Oferecido para Sondagem

No que se refere à sondagem, os alunos responderam de forma oral e entusiasmadamente a todas as perguntas sobre a leitura. A maioria declarou que não gostava de ler livros, pois normalmente, era solicitada a leitura de obras difíceis e desinteressantes. Já as revistas para adolescentes, as histórias em quadrinhos e algumas partes de jornais, como a seção do horóscopo, dos resumos das novelas e do esporte agradavam a grande parte dos entrevistados. Notou-se ainda que havia interesse em saber as preferências de leitura da professora, bem como as obras de que mais gostou e as que não gostou de ler.

Ressalta-se que após essa troca de experiências, os alunos transpuseram para o papel suas respostas, através de um questionário17 dado pela professora. Quando foi perguntado se eles gostavam de ler, o resultado não surpreendeu, pois grande parte, 31,4%, 11 alunos, respondeu que não apreciavam fazer nenhum tipo de leitura. Os motivos encontrados são variados e muitos, mas todos os alunos concordam que os livros até então lidos foram impostos e cobrados pela escola. Apenas 2,85%, dado que corresponde a 1 aluno, declarou que gostava de ler todo tipo

de leitura, ou seja, um número irrisório e catastrófico visto que são 35 alunos pesquisados. Por outro lado, 20%, ou 7 alunos, disseram que gostavam de ler, mas com certas restrições, isto é, a leitura se referia a um tipo de material, normalmente, parte de revistas e jornais. Somente 45,75%, ou seja, 16 alunos consideram a prática de leitura razoável e expuseram que tinham certo apreço pela leitura, dependendo do que, para que e quando ler. Observou-se, então, que o número de alunos que se interessam realmente pela leitura é muito reduzido. Há os que gostam de ler, mas apenas determinados tipos de textos, portanto, não se enquadram no perfil dos leitores de romances consagrados, por exemplo, e sim de revistas, gibis, etc., ou seja, leitura de textos considerados mais fáceis.

Já quando questionados sobre o que eles liam, somente 20% dos alunos, ou seja, 7 pessoas, responderam que liam livros de ficção, sendo os mais cotados os de espiritismo, de auto-ajuda, além dos indicados pela professora durante as aulas, no entanto, eram considerados livros ruins. Isso demonstra que o corpus de leitura é muito limitado já que tais obras escolhidas pelos alunos são apenas de um único estilo. Já 40 %, ou seja, 14 alunos declararam que frequentemente lêem jornais; 34,28%, ou 12 alunos, disseram que lêem revistas; e 11,42% correspondente a 4 alunos, revelaram que fazem outro tipo de leitura, mais esporadicamente, como gibis. Por outro lado, 5,71%, 2 alunos disseram que não lêem nada. Os resultados obtidos mostram que a concepção dos alunos acerca da leitura é negativa visto que não é expresso o devido apreço pelas obras literárias. Detectou-se que apenas lêem o que lhes agrada, e isso corresponde ao que consideram mais fácil e breve. Além disso, tanto as revistas como os jornais são lidos, mas algumas seções, como o horóscopo, o resumo das novelas e a parte dos esportes.

Outro dado que merece ser comentado ainda com relação à sondagem, 71,42%, ou 25 alunos, declararam que lêem espontaneamente, ou seja, o ato da leitura é feito quando há o interesse por alguma reportagem, por um livro, porque algum colega ou amigo sugeriu ou comentou. Por outro lado, 28,57%, ou seja, 10 alunos, disseram que somente lêem quando obrigados, como os livros exigidos pela professora em função de uma avaliação, por exemplo.

A penúltima pergunta (Que tipo de assunto você gostaria de ver tratado num livro indicado para a leitura?) é de extrema importância para o projeto, pois relaciona interesses de leitura e escolha de textos: A grande maioria dos alunos, 74,28%, ou seja, 26 alunos, responderam que gostavam muito de livros que tivessem aventura;

65,71%, 23 alunos, disseram gostar de histórias de policial; 45,71%, 16 alunos manifestaram interesse por obras cujo tema é o amor; 31,42%, o que se refere a 11 alunos, revelaram apreço por narrativas de terror. E 17,14% dos alunos, 6, declararam que gostam de outros tipos narrativas, com diferentes assuntos. Notou-se que os interesses dos alunos estão bem focados nos assuntos que resgatam os sentimentos e as emoções que condizem com a etapa da vida deles, a adolescência. Vale ressaltar que neste período da vida, é freqüente o interesse do jovem por histórias de amor- porque estão começando a assumir a sua sexualidade- ou de aventuras- porque estão ensaiando a vida adulta, que é o desconhecido.

Por fim, perguntou-se como era o relacionamento do aluno com a leitura. As respostas foram bem interessantes visto que 25,71%, 9 alunos, expuseram que tinham um relacionamento agradável com a leitura. Já 22,85%, 8 alunos, revelaram que o seu contato com a leitura era apenas bom. Mas, 37,14%, 13 alunos, manifestaram um relacionamento difícil com a leitura. Portanto, apesar de grande número dos alunos verbalizam que possuem um bom relacionamento com a literatura. No entanto, o dado não é significativo, pois quando referem à leitura, não se trata de literatura.

A partir dessa sondagem inicial, no que tange à recepção do texto literário pelos alunos, percebe-se um distanciamento entre o jovem e o universo literário. Os estudantes consideram a leitura da literatura uma atividade entediante, difícil e complexa. Ressalta-se ainda que a maioria dos alunos mantém contato mais significativo com as obras literárias durante o Ensino Médio, todavia, nunca as vêem como vivências de leitura, mas como tarefas a serem cumpridas. Esse desinteresse acentua-se ainda mais porque, geralmente, os professores não preparam os alunos para tal contato com o texto literário.