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O OCIDENTE ANIMA-SE E TORNA-SE CONQUISTADOR

No documento História Econômica do Ocidente Medieval (páginas 129-139)

No século X, tal como nos que o antecederam, a cristandade romana náo viveu fechada sobre si mesma, em comunidade de maiores ou menores dimensoes. Testemunha-o o reformador da Lorena enviado por Otáo I, em 935, á corte de Córdova, na com- panhia de um mercador de Verdun que conhecia bem a Península Ibérica. Vinte anos mais tarde, um árabe de passagem por Mayence encontra á venda toda uma gama de especiarías provenientes das Indias. Trata-se de dois exemplos entre outros. No entanto, é real­ mente certo que, pelo menos até meados do século X, as rela?5es do Ocidente cristáo com os mundos exteriores se desenvolveram, na maior parte dos casos a nivel «individual». E essas relagoes processavam-se menos «com a Polónia e a Rússia do que com as cidades fronteirifas do Elba, menos com o Oriente do que com os seus postos avanzados da Itália veneziana, napolitana ou siciliana e da Espanha musulmana» (L. Genicot). É bastante provável que os ocidentais que se aventuraran! até ao Bosforo, ou mesmo até ao Levante, tenham sido, na maior parte dos casos, mais peregrinos ou diplomatas do que mercadores «a 100 %».

Com o século XI, o Ocidente anima-se mais ainda, multiplicando os seus contactos com os países árabes, com os Baleas e com o Império bizantino. Esses contactos foram seguramente muito varia­ dos, uns guerreiros, outros pacíficos, mas todos eles conduziram á «dilatagáo» do Ocidente, e representaran! o prenúncio do primeiro império comercial e do primeiro império colonial da cristandade latina. Império que se estabeleceu em detrimento dos Gregos e dos Sarracenos, e, ainda mais, á custa dos Eslavos: a marcha para Leste, que se tinha mais ou menos detido havia muito tempo e que fora fracamente reanimada pelos Otonidas, foi reiniciada e teve grandes sucessos. Finalmente, a Escandinávia foi evangelizada.

Na origem desta renovagáo encontra-se um facto de amplitude indiscutível: o crescimento demográfico exerce-se em todas as re- gióes e em todos os sectores. Os efectivos camponeses aumentam, facto de que resulta a extensáo dos antigos terrenos cultivados, a criafáo de novas aldeias e de novos terrenos e o aparecimento ou crescimento de aglomerados urbanos. Entre a aristocracia, o espi­ rito de aventura desenvolve-se ou adquire novos objectivos: os filhos das familias nobres, agora demasiado numerosos, procuram recur­ sos suplementares. Por gosto e por formafáo, os «jovens», ou seja, os cadetes, sáo evidentemente atraídos pelas empresas militares. Ao mesmo tempo, cometa a estabelecer-se um mínimo de ordem nos principados e as instituifóes de paz, pretendidas pela Igreja, come- ?am lentamente a penetrar nos costumes. Comefam deste modo a ser menos numerosas as ocasióes e os proveitos da guerra «á porta de casa». H preferível, portanto, que os «jovens» se lancem ñas expedi?6es longínquas. E o renascimento demográfico encontra-se também na origem da expansáo da cavalaria, principalmente da cavalaria «franca», das regióes de entre o Loire e o Reno, que, em muitos dominios, continuam a ser — com a Itá lia — o elemento motor do Ocidente. Estas empresas a térras distantes sáo, por outro lado, favorecidas pelo aperfeifoamento das técnicas de combate em uso entre os nobres: utilizado mais frequente do cavalo na batalha, aperfeifoamento do armamento defensivo e ofensivo, resultante do desenvolvimento do trabalho do ferro e do aumento dos rendimentos senhoriais.

Por volta do ano 1000, as tradisóes guerreiras dos Vikings e a sua vitalidade ainda subsistiam na Normandia. E, aqui, os duques tinham a máo pesada para punir os causadores de problemas. O gosto pela aventura em térras distantes e a necessidade premente (a superpopulafáo das casas nobres foi talvez aqui mais precoce e mais premente do que ñas proximidades) levam muitos destes ho­ mens a abandonar a pátria e a alugar as suas espadas. Num pri­ meiro período, é para os confins meridionaís da cristandade latina que eles partem em busca de fortuna e de gloria: a partir de 1009, os «jovens» alistam-se ao servigo dos príncipes que disputam duramente entre si a Itália do Sul. Sem vergonha, passam de um campo para o outro, transformando-se fácilmente de mercenários em conquistadores. Os lombardos dos Apeninos, os bizantinos da Apúlia e da Calábria, cidades mercantis, os árabes da Sicilia, can­ sados por incessantes e intermináveis lutas, depressa sáo submersos por estes soldados valorosos, cujos efectivos aumentam continua­ mente, porque os normandos que ali se encontram chamam irmáos e primos, que de boa vontade se lhes vém juntar. Por volta de 1060, um desses normandos impóe-se a todos os seus compatriotas: o mercenário Roberto Guiscard passa a ser o único chefe dos Nor­ mandos, estabelece a sua autoridade sobre os lombardos do interior,

e funda da Calábria e na Apúlia um principado, que recebera como feudo do papa em 1059. Ocupa Bari em 1071, lanzando ao mar os últimos bizantinos, para depois, com a ajuda do seu irmáo Rogé- rio, tomar a pouco e pouco toda a Sicilia aos Sarracenos (1072: tomada de Palermo). Finalmente, com a tomada de Corfú e Du- razzo, controla o canal de Otranto, chegando mesmo a pensar lan- ?ar-se sobre os Baleas.

Este novo Estado normando, de armadura sólida e com recursos consideráveis para a época, teve grande importáncia estratégica de­ vido á sua situ ad o no ponto de encontro dos trés mundos: o oci- dental, o bizantino e o mufulmano. A Sicilia, «encruzilhada de línguas, de religióes, de civilizares» (G. Duby), é também «escala dos grandes itinerarios marítimos, regiáo do ouro e de grande comércio». Foi um grande golpe para os piratas barbarescos a Sici­ lia ter regressado ao Ocidente cristáo: os navios «latinos», que agora dispunham de um «abrigo seguro», podiam atingir mais fácil­ mente os portos do Levante. O Mediterráneo ocidental encontra-se. portanto, desbloqueado. Até entáo, o único porto do mar Tirreno cujos barcos podiam, devido a acordos com os sarracenos da Sicilia, franquear o estreito de Messina, era Amalfi. Agora, o caminho para os outros portos estava livre.

Mas os ocidentais cristáos náo devem aos Normandos apenas este sucesso: com a conquista da Inglaterra pelo duque Guilherme, o Bastardo, em 1066, as regioes anglo-saxónicas sáo subtraídas ás influéncias escandinavas e ligadas á civilizado das regiSes de entre o Loire e o Reno. Trata-se, portanto, segundo alguns aspectos, de uma espécie de reconquista em proveito do Ocidente.

Outro sector de reconquista é a Península Ibérica. Os pequeños Estados cristáos, ou seja, o condado de Barcelona, o reino das Astúrias e Leáo e os seus satélites como a Navarra, estavam con­ finados ás montanhas do Norte, seguiam o Douro e náo atingiam o Ebro em todo o seu curso. Mas, a partir da primeira metade do século XI, chegam os cavaleiros de Franca, vindos de Champagne, de Borgonha e do Sudoeste. A Reconquista desenvolve-se segundo duas vias e duas velocidades diferentes. A leste, as expedifñes que partem dos Pirenéus — a primeira grande tentativa data de 1063 — progridem muito lentamente, visto que Saragofa só cai em 1118. Para oeste, pelo contrário, os sucessos sáo prodigiosos: Coimbra é tomada em 1064 e Toledo, no centro da península, rende-se em 1085. É certo que, por duas vezes, a intervendo de muculmanos da África, primeiro os Almorávidas e depois os Almóadas, com­ promete a reconquista. No entanto, de ambas as vezes, os cristáos recuperam. A partir do século X III, o essencial foi conquistado. A península abre-se entáo á colonizado camponesa, ao mesmo tempo que a paisagem fica semeada de «castillos» (de onde o nome de «Castela»),

Mas a principal expansáo colonial verificou-se no Levante. Em 1095, o papa Urbano II apela á «libertagáo» dos lugares santos. Partem quatro exércitos que, finalmente, se apoderam da Jerusalém terrestre em 15 de Julho de 1099. Continuamente reforjados por novos contingentes, vindos, tal como eles, sobretudo das regióes de língua «francesa», os «Francos» alargam as suas primeiras con­ quistas e organizam-nas á maneira ocidental. A cruzada é de facto uma «instituido permanente». Mas Edessa cai em 1144 e o túmulo de Cristo é perdido em 1187. A maior parte resiste entretanto até ao fim do século XIII. Este recuo lento perante o Isláo do Oriente é, no entanto, compensado por outros sucessos: Constantinopla é tomada em 1204. Apesar de o império latino entáo criado ser frágil, os «Francos» — os Venezianos sobretudo — estabeleceram-se dura- doiramente em diversos pontos, nomeadamente n a Moreia.

As consequéncias económicas das Cruzadas foram extremamente importantes. Em primeiro lugar, no Ocidente, onde, sobretudo em Franca, na Inglaterra, na Lotaríngia e na Alemanha do Reno e do Sul, houve poucas linhagens nobres ñas quais um ou mais dos seus membros nao tenha sido cruzado. Os efeitos da expansáo demo­ gráfica no Ocidente foram atenuados: os patrimónios nobres foram menos fragmentados e sofreram menos do que se todos os herdeiros tivessem ficado na Europa. As Cruzadas foram sobretudo uma excelente válvula de escape para os ánimos combativos dos cavalei­ ros e, conforme previra o génio de Urbano II, a paz de Deus esta- belece-se no Ocidente, onde se consolida um mínimo de ordem que vem favorecer a produgáo e as trocas.

Mas o desenvolvimento económico surgido ou reforjado por ocasiáo das Cruzadas foi principalmente proveitoso para os Italia­ nos. Apesar de, antes do fim do século XI, traficarem já no Oriente, a conquista da costa Siria-Palestina veio abrir-lhes novos portos e, portanto, novas escalas para novas rotas de comércio. Inversamente, a própria existencia de um Levante «franco» dependía á partida da solidez de boas ligagoes marítimas com o Ocidente cristáo, ligagoes que. por seu turno, só podiam ser asseguradas pelas cidades marí­ timas e mercantis da Itália. Por outro lado, entalados entre o mar e o mundo árabe, assediados pela malevoléncia bizantina, os «Fran­ cos» encontravam-se á mercé dos Italianos, aos quais tiveram de conceder privilégios exorbitantes. Mas náo nos deixemos influenciar e náo imaginemos que o extraordinário desenvolvimento das gran­ des cidades italianas foi apenas provocado directamente pela expan­ sáo decorrente das Cruzadas ou exclusivamente alimentado pelo comércio com os Estados latinos do Oriente.

O essencial continua a ser válido: as ligagóes entre a cristan- dade latina e o seu império colonial do Levante foram mantidas pelos Italianos, de maneira firme e hábil. Depressa as Cruzadas se tornaram para eles origem de grandes lucros. Os Italianos só «em-

prestavam» os seus marinheiros e os seus navios aos cruzados ou aos portos da Siria-Palestina á custa de tarifas muito elevadas. Além disso, em troca da sua ajuda, já de si táo pouco desinteressada, eles exigiam dos chefes das cruzadas privilégios cada vez mais exces- sivos, que iriam dar origem ás feitorias italianas do Levante. A primeira destas feitorias foi um bairro autónomo de Antioquia, que os Genoveses extorquiram a Bohemond quando da primeira cruzada. Pouco depois (Fevereiro de 1100), os italianos de Pisa obtiveram de Godofredo de Bulháo um bairro de Jafa, que trans­ formaran! em colónia. No Veráo de 1100, Veneza vendeu o seu auxilio ao mesmo Godofredo em troca da sua in stalado em Haifa. £ , nos anos que se seguiram, os Italianos cobraram igualmente o seu contributo com a concessáo de feitorias nos novos portos con­ quistados: Génova em Antioquia, A cra...; Veneza em Beirute, Acra, Tiro, Sídon...; Pisa (menos bem «compensada») em Tiro e Acra. Em geral, uma «colónia» italiana era composta por um bairro cons­ truido ou a construir e por entrepostos anexos ou situados no porto: o entreposto chamava-se fundacum, de onde a designado fundaco atribuida a cada colónia. E os privilégios comerciáis e fiscais do fundaco — isenfáo total ou parcial dos direitos alfandegários e de taxas diversas — eram muitas vezes acompanhados pela autonomía administrativa e judicial. Mas as rivalidades que opunham entre si os grandes portos de Itália e que se agravaram no século X III, acabaram por enfraquecer alguns fundachi e, por conseguinte, os Estados latinos.

Apesar de inicialmente ter parecido em atraso em relasáo a Génova e a Pisa, Veneza iria posteriormente exercer uma verdadeira hegemonía sobre uma parte do comércio oriental. O seu golpe de mestre foi a queda de Constantinopla e a sua instalado, em 1204, em diversos despojos do império grego; na própria Bizáncio (Pera), com pontos de apoio nos Dardanelos e no mar de Mármara e também com as ilhas (Cándia e Negroponte). Mas este sucesso foi em parte efémero: a restau rad o do Império bizantino em 1261 foi principalmente aproveitada por Génova. Isto náo impede que, por volta de 1300, continuem a ser os Italianos a dominar uma parte do Mediterráneo Oriental, apesar do desaparecimento da maior parte das bases «latinas» em território mu?ulmano.

Mas, ao mesmo tempo, os Venezianos, Genoveses e Písanos tinham obtido uma p osido privilegiada na própria térra do Isláo. Cada um de tres grandes portos de Itália tinha o seu estabeleci­ mento em Alexandria, em Damieta, no Cairo; o mesmo acontecía no Norte de África, onde, durante o século XII, os seus dependen­ tes tinham obtido grandes vantagens em Trípolis, Tunes, Bugia, Oráo, Ceuta e até em Salé, no Atlántico. Por outro lado, os Italia­ nos haviam-se associado aos cristáos de Espanha, o que permitiu que os Písanos tomassem as Baleares em 1115 e que os Genoveses con-

quistassem Almería em 1146. E, dado que anteriormente tinham expulso os Mouros da Córsega e da Sardenha, genoveses e písanos dominavam agora o mar Tirreno e o Mediterráneo Ocidental, ao mesmo tempo que Veneza acaba va de estabelecer a sua hegemonía no Adriático. O Mediterráneo tendia, deste modo, a transformar-se num lago italiano, ao mesmo tempo que, no Norte da Europa, o mar do Norte e, mais tarde, o Báltico se transformavam em lagos germánicos.

Mais tardia e também mais duradoira do que a expansáo «franca» e italiana no Levante, foi a marcha para Leste. Depois dos sucessos obtidos por Carlos Magno, as posteriores tendencias de avanzo na zona eslava para além do Elba tinham-se geralmente saldado em derrotas. Assim, as «marcas» criadas por Otáo o Grande para além do rio encontravam-se arruinadas desde o fim do século X, quando da insurreigáo geral dos Eslavos que se seguiu á queda de Otáo II, em Itália. De facto, entre o Elba e o Óder viviam povos pagaos e ciosos da sua independencia, que só aceitavam o baptismo e o pagamento de um tributo depois de uma derrota, antes de rejeita- rem um e outro uma vez passado o perigo. A partir de entáo, no decurso do século XI, os progressos dos Alemáes foram nulos, acon- tecendo isto também na sequéncia de uma mudanza de dinastía: os reis da Germánia, francónios e já náo saxóes, só se interessavam pelo Sul e pela Itália, tanto mais que se encontravam absorvidos pelas querelas das investiduras. Da obra otoniana subsistía, no en­ tanto, a fundagáo da igreja polaca e uma vaga vassalidade dos príncipes polacos em relagáo ao rei da Germánia. Mas os príncipes polacos queriam também apoderar-se da regiáo entre o Elba e o Óder, donde resultavam os frequentes atritos com o império. Por outro lado, a norte, em parte devido ao impulso alemáo, o reino da Dinamarca — inclusive o Schleswig e a Scania «sueca» — era cristianizado e mantinha relagoes bastante boas com o império.

O com ego do século X II trouxe condigóes favoráveis a uma penetragáo alemá mais duradoira para além do Elba. Como no tempo dos Carolíngios, a sua primeira fase foi a cristianizagáo: os seus sucessos foram mais rápidos na Pomeránia do que, por exemplo, no Holstein, apesar de terem sido facilitados um pouco por toda a parte, depois de 1140, devido á chegada de diversos colonos germánicos. Mas a viragem decisiva da colonizagáo náo ficou a dever-se a uma «cruzada», que iria ter lugar em 1147, mas ao reinado de Lotário III, duque da Saxónia e rei desde 1125. Ao conceder o Holstein a Adolfo I de Schauenburgo (cujo filho fun­ dará Lubeque), a Marca do Norte a Alberto o Urso e ao reconhe- cer o ducado da Saxónia a Henrique o Orgulhoso (pai de Henrique o Ledo), Lotário III instalou tres dinastías que iam fazer progredir de forma decisiva a colonizagáo para leste. Além disso, e sob reserva de reciprocidade, concedeu privilégios aos mercadores da

ilha escandinava de Gotland na Saxónia. Este soberano foi de facto «o grande obreiro da expansáo política e comercial dos Ale­ máes» (Ph. Dollinger).

No entanto, o motor mais decisivo do Drang nach Oslen, do século XII ao século XIV, foram as vagas de migrafóes germánicas cujo número (provável) atingiu as centenas de milhares. Estas migra-

9&es tornaram-se possíveis devido ao crescimento demográfico do

Ocidente, mais precisamente das regioes germánicas do Oeste e do Norte. Flamengos, holandeses, renanos, vestefaJianos e fran- cónios, comprimidos — como em quase toda a parte na Europa «romana» — em térras que a fragm entado de gerafáo em geragáo tornava exiguas, foram atraídos pela promessa de vastas térras gratuitas que lhes dariam a riqueza ou, pelo menos e finalmente, uma vida mais fácil. Depois do Holstein e do Brandeburgo, colo­ nizados a partir sobretudo de meados do século XII, todos os sectores de entre o Elba e o Óder, e até para além do Óder, foram invadidos pelas vagas de imigrantes.

Tratou-se, em primeiro lugar e antes de mais, de colonizado camponesa. Mas depressa surgiu a colonizagáo mercantil, que acom- panhava a fun d ad o das cidades. Em breve iria ser formada e alargada a Hansa. A sua fu n d a d o data da segunda metade do século XII, quando se desenvolviam as cidades antigas — com o primeiro lugar para Colónia, a «máe das cidades alemás» — e comefavam a surgir novas cidades. De salientar, entretanto, que, na regiáo eslava — em Meclemburgo, na Pomeránia, na Polonia —, algumas cidades tinham sido constituidas, como na Europa Ociden- tal, a partir de antes do século X, facto de que só temos conheci- mento desde náo há muito tempo. No entanto, as fundagóes germá­ nicas, tanto as da Hansa como as outras, iriam por vezes apagar completamente os vestigios deste primeiro desenvolvimento urbano.

Depois das dificuldades entre Henrique o Leño e o conde de Holstein, foram criados definitivamente, em 1158-1159, a cidade e o porto de Lubeque, cujo objectivo principal era o comércio com o Báltico. O seu desenvolvimento foi rápido; grabas ao acordo com os Gotlandeses, alguns alemáes instalaram-se em Visby, centro cuja actividade duplicou por esse facto. Visby, cujas feiras eram activas, era um ponto de partida para a Rússia e para a Suécia. Assim, alguns mercadores alemáes comegaram a seguir os Escan­ dinavos até á Rússia, como eles atraídos pelo grande mercado dos produtos orientáis que era Novgorod, em pleno desenvolvimento: instalaram uma feitoria em Novgorod, a «Corte Sáo Pedro», donde irradiaram tanto para outros mercados russos como para as regioes bálticas. A cristianizado da Livónia, a fu n d ad o de Riga (1201) e a instalado, em 1202, dos cavaleiros Porte-Glaive foram acom- panhadas por uma colonizagáo na qual os mercadores germánicos, «urnas vezes soldados, outras comerciantes», desempenharam um

papel considerável. Mas, em 1236, os Porte-Glaive, vencidos pelos Lituanos, foram suplantados pelos cavaleiros teutónicos, que come- gavam a conquista e a cristianizado da Prússia. Havia entáo perto de um século que os mercadores alemáes das antigas cidades (da Renánia sobretudo) e das cidades novas, das quais a mais impor­ tante passara a ser decididamente Lubeque, se tinham mais ou menos agrupado numa associagao bastante fluida que já se pode qualificar de Hansa: politicamente, esta teve de ceder terreno aos teutónicos numa parte das costas sudeste do Báltico. De qual­ quer modo, a germ anizado e o comércio alemáo eram vencedores. Na Alemanha de Leste, pelo contrário, os sucessos da Hansa, menos rápidos, foram no entanto mais completos. Entre o Elba e o Óder, ou mesmo mais a leste, a colonizagáo rural e comercial tinha indiscutivelmente conseguido germanizar esta vasta regiáo, no fim do século XIII. Neste século, tinham-se desenvolvido uma série de cidades novas, nomeadamente na costa: primeiro Rostock, depois Wismar, Straslsund, Danzigue..., ñas costas do Báltico; Bran-

No documento História Econômica do Ocidente Medieval (páginas 129-139)

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