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O papel de “facilitador da mudança” do coordenador da Biblioteca Escolar

Parte I – Enquadramento teórico

3. A Biblioteca Escolar e o seu coordenador em tempos de mudança

3.4. O papel de “facilitador da mudança” do coordenador da Biblioteca Escolar

3.4. O papel de “facilitador da mudança” do coordenador da Biblioteca Escolar

De que formas o coordenador de uma Biblioteca Escolar deve aumentar a sua influência e, consequentemente, o seu poder na escola é aquilo de que trata Harzell (2003), no seu livro Building Influence for the Scholl Librarian – Tenets, Targets, &

Tactics. Afirma que é fundamental moldar as percepções dos outros sobre o

coordenador e o seu trabalho, mas destaca o facto de que esse processo dá muito trabalho e leva muito tempo: “The keyword in all of this is ongoing. Building influence cannot be one-or-two year project. It has to be a continuing project” (p.33; realçado do autor). Aconselha a que se comece a trabalhar colaborativamente com quem está disposto a fazê-lo, programando actividades com qualidade e com sentido. Como nas escolas não há segredos, a convicção de que trabalhar com o coordenador é uma boa experiência e, portanto, vale a pena, vai passando e, assim, mais pessoas estarão predispostas a fazê-lo.

Sublinha ainda o facto de os períodos de crise serem essenciais como oportunidades para fazer a diferença:

Change is everywhere and change is tremendously unsettling. How then does that offer an opportunity for you? Change, the researchers tell us, always precipitates three effects. It causes confusion, it challanges competence, and it creates conflict. Each of these represents an opportunity for scholl librarians to step up and make a difference (idem:163; realçado nosso).

Neste contexto, um coordenador tem de escolher empenhar-se a fundo, o que pressupõe estar a par da natureza das alterações, interiorizá-las e estruturar todo o trabalho no sentido de as implementar, sempre em trabalho colaborativo, ajudando, assim, a diminuir a confusão e a sensação de incompetência. Quanto aos conflitos, é preciso ter clara consciência que estes surgirão, em pleno, não na altura em que se aceita que, de facto, a escola tem que mudar, mas sim quando se coloca a questão de saber:

A Área de Projecto do 12º. Ano e a Biblioteca escolar num contexto de mudança

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“O.K., then how should we change?” The real struggle will erupt when we finally reach the point of determining whom should decide how we will change” (idem:164). Chegados a este ponto, será uma mais valia a Biblioteca Escolar ter assumido a mudança e apresentá-la, sob diversas formas, mostrando que não é tão ameaçadora, tão difícil, nem tão conflitual quanto parecia ser.

Um coordenador deverá ser, assim, um “facilitador” da mudança. Dizem Hall e Hord (2005) que a questão do líder e da liderança são temas populares de discussão e de pesquisa e que estudos levados a cabo durante o processo de mudança fizeram surgir a expressão “Change Facilitator Style” (p. 211): “the work on Change Facilitator Style came out of what happens to real people living and working to implement change”. Segundo os autores, há três estilos diferentes de “Facilitadores da Mudança”: “The Initiator, the Manager and the Responder” (pp. 212-213). Estes estilos são aplicados ao Director da Escola, mas são boas pistas de reflexão para um coordenador da Biblioteca Escolar.

Utilizando a metáfora do jogo, o “iniciador” é um jogador de xadrez. Assim como este jogo tem muitas peças, cada uma com as suas próprias regras para serem mudadas, o “iniciador” vê as diferenças individuais nas pessoas e actividades na escola. Utiliza estratégias e antecipa uma série de jogadas. Por isso, não se encontra apenas envolvido em actividades do dia a dia, mas naquilo que é preciso fazer a seguir. Tem em mente várias estratégias como resposta a possíveis cenários que se venham a colocar.

O “administrador” também joga num tabuleiro, mas mais simples. Tem uma visão menos complexa da organização. É um típico controlador (“checker”), que tem mais tácticas do que estratégias e a previsão do que vai acontecer é mais simples.

Por último, o “reactivo” está ligado ao jogo das moedas (“Flipping coins”). Cada saída da moeda é um acto independente do anterior e do que vem a seguir. Assim, cada acção é vista de forma independente. As intervenções não são feitas num sentido táctico ou estratégico ou para desenvolver temas coerentes visíveis por toda a organização.

As questões pertinentes que um coordenador terá de colocar a si próprio são: “1. What kind of Change Facilitator Style do I want to have? 2. In the successful change process of which I have been a part, what was the Change Facilitator Style of the leader? […]” (idem:223).

A Área de Projecto do 12º. Ano e a Biblioteca escolar num contexto de mudança

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Acrescentaríamos uma outra questão: que estilo de liderança é o nosso? Seria desejável que se aproximasse do “iniciador”, porque nos parece ser o mais eficaz em qualquer circunstância, e muito mais ainda numa conjuntura de mudança.

Donham (2005) é de opinião que um coordenador da Biblioteca Escolar lidera mais frequentemente através da influência que é capaz de exercer na escola (à semelhança do que defende Harzell), com tacto, com uma taxa elevada entre o dizer e o fazer: “maintaining a good „say-do‟ ratio (one does what one says one will do)” (p. 300; realçado do autor).

A visão estratégica é fundamental: “Effective library media programs are ever- changing, and setting the course for change requires strategic thinking and strategic leadership” (p. 301). Para isso, é preciso estar permanentemente atento à visão de conjunto7, ter o sentido das oportunidades8, reflectir constantemente sobre a sua prática, o que pressupõe um trabalho interior lúcido e quotidiano – que vale mesmo a pena, porque só assim se consegue atingir a qualidade de liderança de que os outros quase não têm consciência e que se encontra consubstanciado no provérbio de Lao Tzé, citado pelo autor: “When the best leader‟s work is done, the people say: „We did it ourselves” (idem:299).

3.5. A mudança de paradigma e o papel de mediador do coordenador da