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O papel do educador social no desenvolvimento de HS em contexto educacional

CAPÍTULO 1 HABILIDADES SOCIAIS: DESENVOLVIMENTO DAS RELAÇÕES

1.6. O papel do educador social no desenvolvimento de HS em contexto educacional

São constatáveis as dificuldades dos professores de promover, em sua prática pedagógica, a aquisição de habilidades interpessoais nos estudantes e indispensáveis ao trabalho dos futuros docentes (Del Prette, 1990). Apoiado nessa verificação, Perrenoud (1998) defende a “obrigatoriedade de competência” que significa a obrigatoriedade de desenvolver capacidades para o enfrentamento de “situações educativas complexas” (p. 214).

Isso implica em atuação de uma diversidade de agentes sociais (Del Prette & Del Prette, 2003a), à qual nos cabe mencionar e ressaltar a figura do educador social. Mesmo que o educador social seja reconhecido pela prevalência de sua atuação em contextos não formais de ensino, onde o educador é representado pela pessoa do outro, nos colegas, nas pessoas do convívio social e comunitário, os objetivos da educação não formal15 (Gohn, 2006) adentram a perspectiva desta pesquisa, ainda que ela contemple sujeitos alocados na formalidade do contexto universitário.

A intencionalidade da ação, do ato de participar, da transmissão e troca de saberes, do processo interativo que desemboca em um processo educativo em que são consideradas as necessidades da formação pessoal dos alunos são objetivos do contexto da informalidade (Gohn, 2006) que penetram as necessidades de sujeitos ainda que agrupados num contexto formal, como é o caso deste trabalho.

É também desenvolver uma formação interacional, social, cultural com base nas concepções de igualdade e de fortalecimento da cidadania e da civilidade que representam metas da educação não formal. Algumas características que a educação não formal pode desenvolver como metas correspondem a alguns dos postulados deste trabalho como a oportunidade de aprender não somente conteúdos e conhecimentos pedagógicos, mas também quanto às diferenças e ao convívio social; o respeito a ser socializado; o trabalho

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Gohn, M. D. G. (2006). Educação não-formal na pedagogia social. In Proceedingsofthe1. I Congresso Internacional de Pedagogia Social.

com diferenças, com a construção de identidade individual e coletiva; a estruturação de condutas éticas (pessoais e profissionais) aceitáveis socialmente (Gohn, 2006).

O educador social, dentro da perspectiva comunitária, ao desenvolver o diálogo tematizado – que não consiste em conversa desprovida de intencionalidade – estabelece condições condutoras da formação do coletivo (Gohn, 2009).

Segundo Gohn (2009),

o Educador Social atua em uma comunidade nos marcos de uma proposta socioeducativa, de produção de saberes a partir da tradução de culturas locais existentes, e da reconstrução e ressignificação de alguns eixos valorativos, tematizados segundo o que existe, em confronto com o novo que se incorpora (p.34).

Enquanto agente social, como disposto por Del Prette e Del Prette (2003a), a figura do educador em formação para o exercício futuro do trabalho docente pode contar com a intervenção que a área de educação social - e sua articulação com os contextos comunitários - tem a desempenhar com a finalidade de problematizar, ressignificar e tematizar questões que compõem a realidade deste grupo de estudantes e sujeitos sociais. Por esse caminho, é possível antever a criação de um coletivo onde sejam promovidas competências pessoais e profissionais correspondentes ao processo de formação docente e formação de cidadãos.

Alves (2014) discute a inserção do educador social na realidade da educação formal. A autora defende que “o Educador Social assume um lugar privilegiado na ação educativa, porque enquanto profissional e técnico da relação, aprendeu que as questões do diálogo e da proximidade são demasiado relevantes para serem excluídas de uma escola que se assume como inclusiva” (p. 57).

A educação social contribui para a aproximação dos sujeitos aos propósitos de uma educação para a convivência que engloba a formação moral, social e a participação na comunidade. Está relacionada com a compreensão da singularidade dos sujeitos, de suas vivências e de sua contribuição como membro da sociedade. Os sujeitos, ao serem inseridos em oportunidades de aperfeiçoamento e socialização na formação, tornam-se alvo de um conjunto de finalidades educativas com destaque para as relações humanas (Martins, 2013).

A intervenção da educação social no ambiente educacional busca avançar na abordagem dos significados de valores culturais e educativos de uma comunidade; na ação

da sociedade sobre o indivíduo e deste na vida política e social; na aquisição de competências sociais que ultrapassam as estruturas da instituição escolar; como apoio educativo a pessoas e grupos num caminho educador da sociedade (Martins, 2013).

Por sua vez, Silva (2016) indica a atuação do educador social no contexto educacional pelo desempenho de papeis com a proposta de intervir nas vulnerabilidades e desigualdades identificadas. Ao citar Oliveira (2001), Silva (2016) completa que o objetivo central da educação social consiste em desenvolver a autonomia pessoal, as competências profissionais e o fortalecimento da cidadania em sujeitos e grupos, especialmente, em condições de risco.

O educador social exerce a função de dinamizar contextos comunitários de uma sociedade, que tem o papel de educar, e de estimular a função socializante da educação. Contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e de convivência por meio da intervenção dialógica, da mediação social e educativa; colabora com as instituições de ensino na interação com a comunidade e com as realidades familiares; desenvolve projetos para o fomento do encontro, da comunicação, do “intercâmbio cidadão” (Martins, 2013, p. 22).

Martins (2013) também se refere ao papel do educador social como mediador da integração social do indivíduo no ambiente educacional e demais contextos sociais. Encerra a contribuição da educação social no âmbito educativo como uma extensão também da atuação docente por favorecer a transmissão de

[...] conhecimentos culturais ou de uma cultura escolar, social e global, em que o aluno desenvolve competências e valores. Deste modo, a educação social incluiria conteúdos de diversas áreas ou domínios científicos com a intencionalidade de produzir efeitos de socialização (integração, adaptação, inserção,…) no sujeito da educação, que adquiriria e apropriaria os conteúdos ensinados. Assim, o educador social, na sua intervenção social escolar, será um prolongamento e aprofundamento da acção do professor, pois a educação social pretende a promoção social do indivíduo, no âmbito dos direitos e de uma sociabilidade, cultura e formação para a cidadania (Martins, 2013, p. 18-19).

CAPÍTULO 2 - ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO