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O percurso da pesquisa

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O PERCURSO DA PESQUISA

3.1 A base inicial

Durante o percurso do estudo busquei nortear as abordagens qualitativas através de evidências teóricas e empíricas nas quais se destacam as entrevistas orais, mesmo não sendo um procedimento comum na metodologia qualitativa, é, segundo Neves (2006), uma técnica que expande o universo de questões fechadas buscando respostas mais profundas e com intervenções mínimas do entrevistador durante o questionamento, a fim de obter o máximo do contexto sócio cultural da trajetória de vida pessoal e profissional dos entrevistados. Ainda como pesquisa empírica pude contar com observação da prática pedagógica de alguns professores.

3.2 Procedimentos Metodológicos

A presente pesquisa aborda de que forma acontece a ludicidade nos primeiros anos do ensino fundamental. Para realizar o trabalho utilizei pesquisa bibliográfica a estudos de autores consagrados trazendo preciosas contribuições para determinar o objeto de pesquisa que trata da dificuldade que os professores têm de aplicar atividades lúdicas nos primeiros anos do ensino fundamental. Para a pesquisa de campo utilizei uma abordagem qualitativa, pois foram utilizadas entrevistas orais dirigidas buscando contemplar o problema através de interpretação e entendimento do questionamento sobre o objeto desta pesquisa, sem uma coleta de dados previamente estruturada. As entrevistas foram feitas com professores dos primeiros anos do ensino

39 fundamental de escolas municipais de Santo André. Além das entrevistas, foram realizadas observações da aula de quatro dos nove professores para melhor entender de que forma é trabalhado o lúdico ou a ludicidade na prática de ensino.

3.3 A escolha dos entrevistados

[...] é impossível obter informação de todos os indivíduos ou elementos que formam parte do grupo que se deseja estudar, seja porque o número de elementos é demasiadamente grande, os custos são muito elevados ou ainda porque o tempo pode atuar como agente de distorção. (RICHARDSON, 1999 p.157)

Busquei selecionar professores obedecendo alguns critérios necessários para contemplar o objetivo da pesquisa. Tais critérios são:

 Ser pedagogo;

 Estar na rede municipal de ensino de Santo André no regime estatutário;  Dar aula nos primeiros anos do Ensino Fundamental;

 Ter disponibilidade para realizar a pesquisa.

Foram escolhidos nove professores do ensino fundamental dos primeiros anos. Todos seguem os critérios determinados estabelecendo amostra adequada aos objetos de investigação.

3.3.1 Informação – Contexto político-social de formação dos entrevistados

Por motivos éticos, não colocarei o nome dos professores. Profª A – 38 anos, Licenciada em Matemática e em Pedagogia. Professora atuante há 19 anos.

Profª B – 49 anos, formada no Magistério e em Pedagogia, Pós- graduada em Psicopedagogia. É professora atuante há 31 anos.

40 Profª C – 35 anos, formada no Magistério e em Pedagogia, Pós- graduada em Psicopedagogia e em Educação Especial. Professora atuante há 17 anos. Profª D – 45 anos, graduada em Pedagogia e Pós-graduada em Psicopedagogia. Professora atuante há 10 anos.

Profª E – 53 anos, formada no Magistério, em Pedagogia e Letras. Professora atuante há 18 anos.

Profª F - 51 anos, formada no Magistério e em Pedagogia. Professora atuante há 12 anos.

Pfrofª G – 26 anos, graduada em Pedagogia. Atua há menos de um ano

Profº H – 50 anos, Licenciado em Música e graduado em Pedagogia. Professor atuante há 25 anos.

Profª I - 56 anos, graduada em Educação Física e Pedagogia. É professora atuante há 34 anos.

3.4 Estruturação das entrevistas

As entrevistas foram divididas em dois blocos. O primeiro com as questões principais e o segundo, a fim de aprofundar a colocação dos entrevistados (caso haja necessidade), foi elaborado com questões complementares. Os dois blocos são compostos de cinco questões sendo que o segundo, por ser complementar, é composto por cinco grupos de perguntas.

No bloco introdutório, as questões têm o objetivo de verificar se o professor entrevistado utiliza ou não o lúdico na sua prática de ensino e sua trajetória de vida buscando analisar se estes professores desfrutaram de

41 brincadeiras na sua infância e se na sua formação houve disciplinas que contemplassem o lúdico. As questões são as seguintes:

a. Descreva sua infância, como você brincava e com quem?

b. Qual sua formação e há quantos anos você dá aula no ensino fundamental?

c. Qual sua concepção de criança, escola e professor?

d. Você considera importante a ludicidade na sua prática pedagógica? e. Como é disposta sua sala de aula e quais espaços da unidade escolar

você utiliza para aplicar atividades lúdicas?

O segundo bloco, apresenta questões que são feitas somente se o entrevistado for sucinto em suas respostas e não contemple o necessário para a análise do objeto de pesquisa. Estão divididas em cinco grupos seguindo a disposição do primeiro bloco:

a. Morava em casa ou apartamento?/ Brincava na rua, com quem e de quê? Tinha irmãs(os), mais velhos ou mais novos? / Algum adulto participava das brincadeiras?

b. Em que ano se formou? Quando você estudou, teve alguma disciplina que contemplava o lúdico?

c. Como você vê a criança atualmente? O que você acha da escola, ela atende as especificidades da criança desta faixa etária? Você como professor busca atender o aluno em suas necessidades naturais desta idade?

d. De que forma você utiliza o lúdico na sua prática? Dê exemplo de atividades lúdicas que você aplica. Posso observar como isso acontece durante sua aula?

42 e. Quais espaços a unidade escolar oferece para aplicar atividades

lúdicas? Em que momentos você utiliza esses espaços?

3.4.1 Entrevistas e observações

As entrevistas foram marcadas com antecedência e todas realizadas na unidade escolar, sendo todas as escolas da rede publica, uma hora antes do horário de entrada dos professores para a sala de aula. Ocorreram de forma individual e oral seguindo um roteiro de perguntas – citadas anteriormente - as quais eram respondidas de maneira informal e descontraidamente. A maioria dos professores não teve dificuldade em formular as respostas e quando, em algum momento, havia dúvidas questionavam-me imediatamente a fim de saná-las. Duraram, em média, cerca de trinta minutos. Durante as entrevistas, os professores relataram que utilizavam a ludicidade dentro da sala de aula, o que me provocou curiosidade. A fim de entender como era aplicada a ludicidade nessa prática, pedi para observar a aula dos professores. Somente quatro dos entrevistados me permitiram observar a aula.

Cada observação durou o período completo de uma aula do início ao fim, passando inclusive pelo intervalo (que eles chamam de recreio). O início das aulas se dá as 13h, o primeiro intervalo acontece das 14h30 às 14h50, o segundo intervalo é das 16h às 16h10 e a saída é às 18h. É importante ressaltar que cada observação foi realizada em dias diferentes e com professores de duas escolas diferentes, sendo três professores de uma escola de periferia e um de uma escola central do município de Santo André.

43 As observações completas estão descritas no anexo como observação da aula dos professores B, E, H e I. No entanto, farei aqui um apanhado geral. Os quatro professores observados iniciam a aula com chamada, lembretes, correção da lição de casa e escrita e leitura do cabeçalho. Em seguida, dão início à matéria propriamente dita com aplicação de uma atividade – lúdica – para fixar ou iniciar um conteúdo específico. Aqui cabe um aparte: nas quatro observações, os professores aplicaram uma atividade de língua portuguesa no início da aula sendo que três eram atividades de fixação e um era de introdução de conteúdo. As atividades eram: Bingo de palavras (mostra a palavra e no bingo tem a figura ou vice-versa); Boquinha e lápis (exemplo anexo); caça palavras (encontrar palavras iniciadas com a letra da vez, exemplo anexo). O professor que iniciava o conteúdo aplicou um texto onde havia desenhos da palavra (iniciada pela letra do novo conteúdo –“R” - anexo) e a criança deveria escrever a palavra num traço abaixo do desenho. A palavra era escolhida numa lista ao lado do texto.

Hora do primeiro recreio. Após a atividade do início da aula, os alunos dirigem-se para o intervalo que é destinado para o almoço e depois, conforme as crianças vão terminando a refeição, sentam-se no pátio obedecendo a fila pré-estabelecida para esperar todos terminarem, escovam os dentes, ainda obedecendo a fila, e retornam para a sala de aula. No segundo período, os professores aplicaram outra atividade de fixação dos conteúdos aplicados anteriormente utilizando o caderno de classe – duas turmas, de língua portuguesa e outras duas turmas, de matemática.

Segundo recreio, as crianças descem para tomar o café. Acontece exatamente da mesma forma: as crianças tomam café e conforme

44 vão terminando, sentam-se em fila para esperar todos terminarem e retornam em fila para a sala de aula. O terceiro período diferenciou um pouco, pois cada professor utilizou este período para aplicar atividades diversificadas: o professor I levou os alunos para a sala de informática onde foram realizados jogos de alfabetização determinados pelo monitor de informática (decidido juntamente com o professor antecipadamente); o professor H aplicou uma atividade de música sobre a primavera (música – “O Canto de um Povo de um Lugar” Caetano Veloso – tocada e cantada por ele) as crianças ouviram, depois, no caderno de desenho, copiaram “23 de setembro – Dia da Primavera” na linha imaginária abaixo copiaram o nome da música e durante a segunda e terceira vez que ouviram a música os alunos desenharam o que esta música representava para eles. O restante da aula foi destinada para pintura do desenho, cópia da lição de casa para o dia seguinte e preparo para a saída; o professor E aplicou uma atividade de recorte e colagem sobre raiz, caule, folhas, flor e frutos – todos separados com seus respectivos nomes para colorir, recortar e colar no caderno de desenho (o professor explicou na lousa com desenhos e exemplos, pediu que as crianças falassem exemplos próprios e depois aplicou a atividade); O professor B utilizou o terceiro período para contar uma história sobre uma menina que se chamava Rita que era magrela e gritava muito (tirada do livro “Rita não grita” de Flávia Muniz), para deixar como gancho para atividade do dia seguinte. Após as atividades prepararam-se para a saída guardando todo o material, limpando e arrumando a sala “para deixar

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