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O PerCurso Docente constitui uma iniciativa voltada exclusivamente para os docentes e pós-graduandos da UFMG, com oferta semestral de 120 vagas, sendo reservadas 60 vagas para docentes e 60 para pós-graduandos. Funciona mediante a disponibilização de um leque de atividades formativas que visam ampliar as estratégias de mediação da aprendizagem e colaborar para a construção de uma rede de compartilhamento de experiências do corpo docente da universidade.

A inscrição no PerCurso é voluntária, e os docentes e estudantes podem participar repetidas vezes e compor diferentes percursos.

A metodologia é considerada flexível, pois o “percursista” tem a possibilidade de traçar seu próprio caminho a partir de suas escolhas e seus anseios pessoais. Dessa maneira, a partir de um leque de temas, cada participante poderá escolher a oficina que mais se aproxima de suas demandas. O PerCurso tem uma duração de quatro meses, com uma carga horária de 60 horas, e certifica os participantes que concluem 60%18 das atividades propostas, sendo que o plano ou o registro de ação final tem uma porcentagem maior na compilação das atividades. Para os pós-graduandos, essa certificação pode ser aproveitada como crédito no mestrado ou no doutorado, e também conta como pontuação em concursos para docente.

O PerCurso Docente sempre se inicia com uma aula inaugural, organizada no formato de palestra, em que são convidados professores da própria instituição e professores externos para falar sobre temáticas ligadas à docência universitária. Esse momento serve como um motivador para o início do PerCurso e da reflexão sobre suas práticas.

Mediante inscrição, os participantes são orientados presencialmente a montar seus planos de estudos. Em grupos de três a quatro pessoas, com a mediação da equipe técnica do GIZ e dos tutores (alunos bolsistas de pós-graduação), cada professor irá escolher quais oficinas deseja participar ao longo do seu percurso. Isso possibilita, a cada docente, apresentar seus anseios e suas dificuldades para tentar se aproximar da oficina que, naquele momento, possa melhor dialogar com os desafios que esteja vivenciando e contribuir com sua prática. Essa proposta de planejar seu próprio percurso foi muito ressaltada durante a entrevista com os gestores do programa, pois rompe com a ideia de um curso linear em que há um conteúdo homogêneo ofertado a todos os participantes.

A primeira coisa que se descontrói é essa ideia de ser um conteúdo homogêneo e para todos os participantes, isso está muito ligado à ideia de se fazer uma ação que esteja dialogando com o contexto que o professor está vivendo naquele momento, por isso que a gente começa o percurso naquele atendimento individual fazendo a pergunta: professor, qual é o seu principal desafio hoje na sala de aula? (Trecho da entrevista com servidor técnico-administrativo em Educação “B”, do GIZ, realizada em 08/05/2017).

O PerCurso corresponde a uma carga horária de 60 horas, estruturado na modalidade a distância e com alguns encontros presenciais e atividades on-line. Os encontros presenciais

18 Até o ano de 2016, o percentual de atividades realizadas necessário para conclusão do PerCurso era de 75%.

No entanto, na edição de 2017, a equipe de coordenadores optou pela redução para 60%, na tentativa de ter um alcance maior de “percursistas” concluintes.

são: a aula inaugural; a reunião para elaboração do plano de estudos; a Semana de Feedback (que ocorre ao final das oficinas), que tem como objetivo avaliar as atividades do PerCurso e esclarecer dúvidas sobre a elaboração do plano de ação; e o seminário de apresentação dos registros e planos de ação. Esses encontros do Feedback ocorrem com grupos de três a quatro cursistas, com a mediação da equipe do GIZ e dos tutores. Além dessas atividades, que são direcionadas tanto para docentes quanto para os pós-graduandos, são oferecidos dois encontros temáticos presenciais com temas direcionados aos alunos da pós-graduação, sendo facultada a participação ao docente. No PerCurso em que foram realizadas as observações desta pesquisa, abordou-se, no primeiro encontro, o tema “prática pedagógica e inovação” e, no segundo, o tema “planejamento e avaliação”.

As atividades on-line consistem em oficinas gerais, oficinas contextualizadas e fóruns temáticos. O PerCurso encerra-se com o seminário final, que é presencial e tem o objetivo de socializar os planos e os registros de ação elaborados pelos cursistas. Para melhor compreensão da estrutura do PerCurso Docente, apresentamos um esquema que representa as etapas e destaca as atividades presenciais e as atividades virtuais (Figura 1).

Figura 1 - Estrutura do PerCurso Docente

Fonte: Elaborada pela autora

Na sequência, apresentamos cada uma dessas atividades.

As oficinas gerais propõem uma formação teórico-prática que possibilita a ampliação e a consolidação de metodologias de ensino e de recursos tecnológicos adotados na mediação da aprendizagem, nos diversos contextos e áreas do conhecimento. No VIII PerCurso, em que realizamos a observação, as oficinas trataram do uso das ferramentas da Plataforma Moodle para o professor; da produção de recursos educacionais para educação presencial e a distância; discutiram a aprendizagem do estudante universitário a partir da contribuição da neurociência; o uso de mapas conceituais e algumas ferramentas de software disponíveis; e o tema da

avaliação e da aprendizagem significativa. Todas as oficinas foram ofertadas no Moodle de maneira virtual. As oficinas são elaboradas por professores colaboradores da UFMG, com exceção da oficina de aprendizagem significativa, que foi elaborada por dois servidores técnicos em Assuntos Educacionais, do GIZ. O acompanhamento das oficinas no Moodle é mediado pelos tutores que são alunos da graduação e da pós-graduação.

As oficinas contextualizadas visam socializar experiências de ensino desenvolvidas em uma determinada disciplina ou curso, que podem ser adaptadas e adotadas em outros contextos e áreas de conhecimento. Dentre as oficinas ofertadas no VIII PerCurso, em que realizamos a observação, apareceram relatos de experiências sobre o uso de mapas conceituais como método de aprendizagem na graduação; a socialização de uma experiência na Escola de Engenharia a respeito da implementação de um projeto de inovação pedagógica; a transposição didática e os desafios de escrever e de traduzir conteúdos científicos a um público que frequenta espaços não formais de educação; a experiência adotada para gerenciamento de trabalhos de conclusão de curso; o uso e a construção de ferramentas multimídia e suas implicações na prática docente e a adoção do modelo híbrido de ensino atrelado ao uso da tecnologia da informação e comunicação associadas ao ensino presencial. Essas oficinas são ofertadas por professores que, em sua maioria, foram cursistas do PerCurso Docente ou de alguma ação do GIZ e, após a implementação de alguma proposta realizada a partir do plano de ação, voltam como docentes colaboradores para o PerCurso, o que dá continuidade à rede de colaboração, como destacado pelos gestores entrevistados.

Os fóruns on-line discutem temas gerais da docência como avaliação da aprendizagem, metodologias de ensino e tecnologias na educação. Esses fóruns são disponibilizados durante uma semana, no intervalo entre a oferta das oficinas gerais e as oficinas contextualizadas.

O seminário final é um momento presencial, em que ocorrem as apresentações dos planos ou registros de ação elaborados pelos cursistas a partir das reflexões e dos debates ocorridos ao longo do PerCurso. As propostas de ação ou a apresentação dos registros de ação giram em torno de estratégias de ensino, como o uso do portfólio como instrumento de avaliação, a utilização de mapas conceituais, o uso de vídeo-aulas, a proposta de trabalhos integrados entre disciplinas, entre outros.