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O percurso poético da teologia em Patativa do Assaré

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CAPÍTULO II – A RELIGIÃO NA POÉTICA DE PATATIVA DO ASSARÉ

3.3. O percurso poético da teologia em Patativa do Assaré

(...)

Aprendi a amar a Deus214 Na vida dos animais. Quando canta o sabiá Sem nunca ter tido estudo Eu vejo que Deus está Por dentro daquilo tudo Aquele pássaro amado No seu gorjeio sagrado Nunca uma nota falhou Na sua canção amena Só canta o que Deus ordena Só diz o que Deus mandou. (...)

Sertão, minha terra amada De bom e sadio crima Que me deu de mão bejada Um mundo cheio de rima O teu só é tão ardente Que treme a vista da gente Nas parede de rebôco Mas tem milagre e virtude Que dá corage, saúde E alegria aos teus cabôco. Que bela e doce emoção Ouvir o canto saudoso Do galo do meu sertão Na risonha madrugada De uma noite enluarada! A gente sente um desejo Um desejo de rezar E nesta prece jurar Que Jesus foi sertanejo.

Para Patativa do Assaré, a natureza é vista primeiramente como dádiva na qual o pássaro é aquele que canta de acordo com a sinfonia de uma orquestra comandada pelo próprio Deus, pois “só canta o que Deus ordena, só diz o que Deus mandou”. O sertão é tido não apenas como terra que proporciona o sustento cotidiano, mas, para o poeta, é lugar sagrado e de inspiração. O contato com sua terra permite e concede ao poeta “de mão bejada um mundo cheio de rima”.

É o sertão que provoca o desejo e a busca de uma prece, que invoca a inspiração de um anseio por Deus, o qual leva seus moradores a um “desejo de rezar”. É o lugar das preces cuja realidade de um povo sofrido, pobre e esquecido, leva-o a se identificar com Jesus em sua pobreza e simplicidade. Disto resulta o anseio do poeta: “a gente sente um desejo de rezar e nesta prece jurar que Jesus foi sertanejo”.

A poética de Patativa o leva a reconhecer a soberania divina por meio da natureza. Aqui a Bíblia não é a composição de livros que foram canonizados ao longo do tempo pelos concílios da Igreja, mas para o poeta ela é elaborada segundo um contato direto com a natureza, a qual qualquer um pode estudar: “nesta Bibla natura que faz tudo admira, quarqué um pode estudá sem conhecê o ABC”.215

Desta maneira, eis um fazer teológico a partir da contemplação majestosa da natureza, traduzida nas rimas de poesias competentes para expressar a nostalgia e a gratidão do poeta Patativa do Assaré, que reconhece os atributos divinos na criação e na natureza. Estes atributos divinos são constatados empiricamente por um homem da roça, dotado de uma sensibilidade capaz de captar, com aguçada clareza, verdades e conceitos passados muitas vezes de forma despercebida. Será esta uma tarefa possível?

De acordo com a poética de Patativa (a qual podemos também denominar de poética- teológica pelo fato de trazer e de mostrar variados temas, inclusive alguns deles tão caros e debatidos pela teologia, bem como problemáticas diversas que se encontram profundamente entrelaçadas na dinâmica da existência humana), é possível pensar na possibilidade de se fazer um percurso poético da teologia, cuja estrada será pavimentada pela rima de suas poesias.

Mas tal percurso poético só será possível se tivermos a ousadia de olhar para uma obra desta natureza (no caso especifico, de Patativa) não apenas com a preocupação maior de demonstrar somente o aspecto religioso de e em certas obras literárias ou, na melhor das hipóteses, movidos pelo desejo de provar como a religião está presente na construção de uma obra literária.

Chegar a este percurso, traçar este caminho, significa olhar para uma obra literária a partir de outros horizontes. Talvez signifique olhar para ela não apenas para constatar a presença ou traços da religião. Pode significar também um olhar capaz de captar um tipo de fé traduzido nas linhas de um romance ou de um conjunto poético; um tipo de fé que certamente poderá não ter nada a ver com os conceitos e formulações de uma determinada Instituição. Mas, ainda assim, poderá ser uma fé válida, mesmo que muitas vezes seja menosprezada ou até mesmo rechaçada pela Igreja.

A esta altura torna-se insustentável a conhecida fórmula que explicita a religião como algo constituinte da cultura, mas que apresenta a fé enquanto algo de domínio exclusivo da Instituição religiosa, devendo ser praticada de acordo com seus ditames e orientações.

Talvez o percurso poético da teologia possa se concretizar, neste caso, se passarmos a ver a literatura como uma intérprete da religião, não somente como fonte ou interlocutora privilegiada. Significa caminhar na perspectiva de querer ver mais do que a ampliação que o discurso literário pode dar ao entendimento sobre religião. A questão vai um pouco mais além, porque a idéia consiste em perceber até que ponto a literatura consegue revelar a dinâmica do processo religioso que se encontra presente nas complexas teias das relações humanas.

Estas considerações nos levam à possibilidade de se considerar e ver a religião não só como um tema entre outros na literatura, mas como um possível elemento constitutivo na literatura, porque um fato é inegável: a religião é um tema que está na própria formação literária do ocidente.

Pois é preciso reconhecer a literatura ocidental como impensável sem a religião. Seu desenvolvimento se deve em grande parte aos mitos fundantes da religião ocidental. As

abordagens sobre a religião se fazem sempre presentes em muitas obras e muitas delas “indubitavelmente contêm elementos religiosos”.216

O percurso poético da teologia é possível quando ela própria se coloca não em uma posição de supremacia, segundo a qual todo o pensar teológico deve ficar restrito somente aos teólogos “credenciados”, mas quando há uma permanente abertura para novas possibilidades, considerando, assim, escritos e reflexões, inclusive de poetas como Patativa, que falam a partir de um mundo no qual estão inseridos – mundo este concreto e carregado de pessoas cuja existência é marcada pela busca e/ou menção a Deus como forma de suportar um cotidiano impregnado de injustiças, dominado por uma minoria que impõe de forma impiedosa sua vontade e seus caprichos.

216 TRIGO, Pedro. Teologia narrativa no novo romance latino-americano. In: RICHARD, Pablo (org.). Raízes

da teologia latino-americana. São Paulo: Paulinas, 1987, p. 223.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estabelecer a relação entre teologia e literatura pode se constituir em uma tarefa excepcional e desafiadora. Pode ser comparada à construção de uma ponte sobre um abismo. Para ser concretizada, é necessário lançar os alicerces e ter os meios necessários para construí- la. Só assim é possível chegar do outro lado do abismo que parecia ser intransponível.

Neste caso, a ponte é construída a partir do diálogo entre a teologia e a literatura, e o meio utilizado para erguê-la se deu através da obra poética de Patativa do Assaré, poeta nordestino, cuja vida teve início e fim no sertão cearense, mas os temas que aborda são de alcance universal, uma vez que tratam de questões existenciais presentes no cotidiano.

Ao longo desta pesquisa, trabalhamos com algumas perguntas que serviram para norteá-la. Elas foram nossa bússola, permitindo-nos trilhar uma estrada através da qual pudéssemos chegar até aqui. As perguntas surgiram assim que tivemos contato com a rica e instigante obra de Patativa do Assaré, a quem jamais desejamos transformar em teólogo “profissional”, uma vez que o mesmo não teve formação teológica específica. Contudo, ao caminharmos pelo mundo poético de Patativa, é impossível não perceber nas linhas de suas poesias uma nítida influência exercida pelo catolicismo sobre sua vida.

Daí as perguntas de nossa problematização a respeito da obra patativana: qual é a percepção de Deus encontrada na poética de Patativa do Assaré? Qual é a compreensão do papel exercido por Deus na vida do sertanejo marginalizado? Por que o poeta recorre a Deus diante dos problemas que surgem? Qual a razão de se mencionar Deus em tantas poesias?

Dado o contato permanente do poeta com o catolicismo, este sem dúvida contribuirá com seus conceitos e elaborações teológicas na construção da poética patativana, uma vez que nela serão encontrados temas que são originários de uma teologia católica.

Assim, ao representar o mundo dos sertanejos espoliados de seus direitos, Patativa representa, através de seus escritos, a compreensão de Deus na vida do sertanejo. Para os que se encontram e se sentem abandonados, ele afirma que a realidade do sertão, tão marcada pela seca, não é em nenhuma hipótese resultado de castigo divino. Ao contrário, a situação é fruto de desigualdades econômicas, políticas e sociais.

Por outro lado, se há a constante menção a recorrer a Deus diante de problemas que atormentam a vida sertaneja, isto deve ser visto como um sinal de esperança, pois ao sertanejo marginalizado, esquecido de qualquer política pública que o beneficie, largado em uma terra cuja lei a ser obedecida e cumprida é somente a dos coronéis e dos ricos proprietários de terras, a única alternativa que ainda lhe resta é apelar para a intervenção divina, pois dessa forma, diante de tamanho abandono, quem sabe não poderá ocorrer um milagre, uma intervenção divina que pelo menos amenize tanto sofrimento, abandono, exclusão e dor.

Assim, a busca por Deus, os pedidos de socorro, representam na vida do sertanejo uma centelha de esperança que ainda não se apagou. Longe de ser uma característica de conformismo ou alienação, este anseio reflete uma profunda vontade de ser livre em uma terra da qual se perdeu o direito de cultivar. É uma ânsia por liberdade em uma terra de opressão.

Ao longo de nossa pesquisa, trabalhamos com algumas hipóteses norteadoras, capazes de nos guiar e nos levar a algumas conclusões. Assim, passamos a considerar ser possível demonstrar através da produção literária de Patativa do Assaré a presença de “temas teológicos”, assimilados pelo poeta cearense no decorrer de sua existência. Isto por se tratar de uma obra para a qual defendemos a idéia de que tenha recebido uma notável influência da religião.

No entanto, para se chegar à confirmação e plausibilidade desta afirmação foi preciso construir várias etapas de uma grande ponte. Ou seja, foi necessário ir construindo pequenas pontes que permitem a ligação a uma outra muito maior. A primeira delas foi erigida a partir das aproximações e possibilidades de se ver a obra de Patativa no contexto do diálogo entre teologia e literatura. E nesta construção lançamos mão de um considerável referencial teórico que nos possibilitou a representação e recepção de Deus feitas de variadas e ousadas formas, sobretudo, através da literatura – o que significa, por exemplo, ver Deus e a Bíblia em uma perspectiva literária. Porém, para alicerçar um pouco mais a construção de nossa ponte, demonstramos também o retrato literário de Deus na poética de Patativa, corroborada de acordo com a idéia de se olhar para a literatura enquanto intérprete da religião, dado o impressionante papel que esta assume em diversos textos literários.

Outra pequena ponte diz respeito a nossa pretensão de fazer uma releitura da poética de Patativa do Assaré a partir de um viés teológico. E nesta construção utilizamos a idéia do chamado “método da correspondência”, cuja essência reside no fato de que a “cada elemento

considerado da revelação na Bíblia e na tradição teológica, podem ser associados um ou mais na literatura mundial”.

E assim chegamos a uma de nossas ambições, expressa no segundo capítulo: visualizar a religião na poética de Patativa do Assaré em temas teológicos nordestinos. E aqui, mais uma vez, para se chegar a este ponto e mostrar sua plausibilidade, fez-se necessário estabelecer uma discussão em torno de três questões primordiais. A primeira foi tecida partindo do questionamento: a reflexão teológica pressupõe que a fé está ligada somente aos sujeitos vinculados formalmente a instituição religiosa? A fé deve ser vista e considerada somente como monopólio da Igreja?

As respostas a tais questões demonstram que a fé não pode ser monopólio de uma determinada Igreja e que a mesma pode se processar nos estratos da cultura, a exemplo do que ocorre com Patativa do Assaré, uma vez que suas poesias podem ser vistas como um exercício de fé elaborado e vivenciado fora dos domínios da Igreja.

A segunda questão é que para “provarmos” a efetiva presença de “temas teológicos” aplicamos ao texto patativano a idéia da reescritura de um texto literário desde textos sagrados, o que significa afirmar, em síntese, que muitos textos literários são escritos a partir do contato e/ou influência de determinado texto sagrado ou até mesmo de determinada religião.

A terceira questão é a que aborda a poética de Patativa enquanto um conjunto de textos elaborados segundo uma realidade concreta e histórica. Isto é, são as chamadas reflexões tecidas em torno de textos ou de uma obra denominada de históricos e socialmente ancorados, o que, por sua vez, aponta para uma obra que relata fatos e questões que representam a realidade concreta de um povo.

A partir daí, pudemos então apontar alguns temas presentes ao longo da poética de Patativa do Assaré. Um deles é seu canto sobre juízo divino, que traz em si, de forma nítida, uma profunda influência do cristianismo. Na poesia Filosofia de um trovador nordestino encontramos uma descrição dos problemas enfrentados pela humanidade desde a queda da raça humana, tal como descrita no livro do Gênesis. De certa forma, o poeta assimila a visão cristã de que, após a queda, a vida humana passa a ser vista numa perspectiva de prisão, na qual se associa as mazelas humanas ao pecado da desobediência.

Outro tema captado na poética de Patativa se refere à imagem de um Cristo nordestino visto em um nordeste de santos. Na percepção do poeta, o Cristo é aquele descrito de acordo com os evangelhos e os relatos do Novo Testamento, reconhecido como o Rei dos judeus, mas cuja missão atinge a todos e “que padeceu e que morreu pra miorá este mundo” (embora, conforme demonstramos nesta pesquisa, existam diversas imagens de Jesus que povoam o imaginário popular).

Patativa também é conhecido como o poeta social e disto decorre sua aguçada percepção sobre justiça social. E neste aspecto é inegável a forma criativa como ele trabalha o tema, uma vez que se utiliza de conceitos conhecidos do catolicismo, tais como o inferno, o purgatório e o paraíso, transpondo-os para a realidade social do Brasil. Em Patativa, o inferno, o purgatório e o paraíso deixam de ser temas presentes apenas no imaginário católico e em suas formulações teológicas para se tornarem temas de uma dura realidade social, onde os pobres, a classe média e os ricos têm seus lugares muito bem definidos.

Mas Patativa também contempla em sua poética o que chamamos de personagens de um cristianismo nordestino. Tais personagens são representados pelas figuras de D. Helder Câmara e Antonio Conselheiro.

Dom Helder é visto pelo poeta como um grande defensor dos pobres e dos oprimidos, cuja imagem, juntamente às de outros padres, é associada à imagem de Jesus, trilhando penosas estradas através das quais observam as palavras do próprio Cristo. Além do mais, D. Helder foi um dos líderes religiosos mais influentes da Igreja na América Latina, com um trabalho reconhecido internacionalmente na área social e no ferrenho combate à ditadura militar.

Antonio Vicente Mendes Maciel (Antonio Conselheiro) é também um dos personagens que mereceu menção do poeta em suas poesias. Patativa viu com profunda simpatia toda a vida e missão de Antonio Conselheiro, chegando a nomeá-lo como “grande brasileiro”. Considerou-o também como o líder maior do nordeste brasileiro. Chegou, inclusive, a compará-lo ao personagem bíblico Moisés e cujo grande ideal consistia tão somente em proporcionar bem-estar aos moradores da vila de Belo Monte.

Finalmente, no último capítulo trabalhamos a plausibilidade de uma teologia versejada em uma poética sertaneja e suas respectivas implicações a partir da obra de Patativa do Assaré. E é neste capítulo que tecemos considerações no sentido de abordar a poética de

Patativa enquanto um exercício de fé, cuja prática não se dá ou se desenvolve dentro das estruturas apenas da Igreja. Mais que isso, é um exercício de fé forjado dentro de um nordeste apresentado no texto patativano. É também um exercício de fé desenvolvido por um sujeito que não está subordinado aos ditames e orientações da Igreja. Daí sua capacidade de, através de suas poesias, reelaborar e ressignificar conceitos ligados diretamente ao catolicismo, pois em Patativa a fé é apresentada como manifestação que se processa nas correntes da cultura.

Devido à sua criatividade, a poética de Patativa do Assaré pode ser entendida como reinterpretação da religião e seus símbolos, uma vez que estes assumem novos significados e representações em seus escritos. Neles, temas como inferno, purgatório e paraíso, bem como a imagem do Cristo e do diabo, certamente passam por novas formulações, as quais comportam novas interpretações, inclusive algumas que divergem das orientações oficiais da Igreja e do seu corpo de doutrinas.

Ainda, a poética de Patativa do Assaré nos permitiu tecer considerações sobre o percurso poético da teologia a partir dos versos do poeta cearense, o que significa necessariamente olhar para esta poética sob novos horizontes. Um deles consiste em perceber até onde a literatura consegue revelar a dinâmica do processo religioso presente nas relações humanas. Isto significa ver a literatura não apenas como fonte privilegiada da teologia, mas percebê-la, sobretudo, como uma intérprete da religião, uma vez que a religião consta na formação da realidade literária do ocidente.

Diante do exposto, ao longo da poética de Patativa do Assaré é possível perceber uma busca e, conseqüentemente, variadas menções e preces dirigidas a Deus, com o objetivo de proporcionar esperança e de aliviar o sofrimento do nordestino marginalizado. Este engajamento torna Patativa um poeta com uma causa e uma luta permanente pela igualdade e pela dignidade do sertanejo, produzindo, assim, uma poesia notadamente de denúncia, visando à correção do social. O poeta entende que a maior raiz dos problemas sociais de seu povo se deve às desigualdades econômicas e políticas.

É também inegável que a poética patativana resulta em parte do contato do poeta com valores, crenças e/ou dogmas do cristianismo e, particularmente, do catolicismo. Mas é a influência de um cristianismo adaptado de acordo com a visão de mundo do poeta Patativa,

surgindo, dessa forma, “um cristianismo nordestino” que se identifica perfeitamente a uma visão de mundo do povo sertanejo.

Com isto, conforme já afirmamos, ao procurar temas da religião na poética de Patativa do Assaré, não é nosso intuito transformá-lo em teólogo, haja vista que não cabe tal designação ao poeta cearense. Porém, de igual forma, é inegável que Patativa trata de problemas da vida humana. O poeta aborda questões existenciais, que assim se tornam se forem transformadas em questões teológicas.

As questões tratadas por Patativa são questões abordadas em um nordeste tecido e organizado de acordo com sua visão. E aqui é válido lembrar que nesta pesquisa não foi nosso intuito tentar provar que o nordeste de Patativa é o nordeste real. Pois o nordeste do texto nem sempre é o nordeste do contexto. O mundo de Patativa sobre o qual refletimos é o mundo do texto, apesar de ter uma ligação com o mundo histórico.

E aqui, este nordeste do poeta, marcado por tantos contrastes, mazelas e desigualdades das mais variadas categorias, é também o nordeste onde ainda é possível o nascer da esperança, das alegrias e das inspirações a partir das quais Patativa pôde produzir poesias que relatam o abandono do sertanejo, mas, sobretudo, as esperanças deste. Suas poesias retratam uma religiosidade na qual se reflete a imagem de um Deus e de um Jesus sertanejos que, em última instância, são aqueles para os quais o povo sertanejo dirige suas preces na esperança de receber auxílio e socorro.

BIBLIOGRAFIA

Fontes Primárias:

1- Obras de Patativa do Assaré

ASSARÉ, Patativa do. Aqui tem coisa. São Paulo: Hedra, 2004.

______. Cante lá que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino. Petrópolis/Crato:

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