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1 CONCEITOS BÁSICOS E PARADIGMAS TEÓRICOS DO PROCESSO DE

2.3 O PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE

Sabendo da importância do planejamento escolar, os desafios que se enfrenta ao elaborá-lo e as diversas condições de realização do mesmo, é que se

faz necessário refletir sobre as relações com as atividades e os conteúdos que ensinará na busca de uma participação ativa do aluno às propostas pedagógicas.

O planejamento das práticas escolares de alfabetização e letramento tem como “principal objetivo [...] possibilitar que o professor desenvolva um trabalho sistemático dos conteúdos e habilidades que envolvam o processo de alfabetização e letramento” (SILVA, 2008, p. 37).

É pensar o planejar de forma que possa dar sequência de uma atividade à outra, pois infelizmente ainda existem muitos professores que realizam atividades soltas, que não se relacionam umas com as outras e sem articulação com o contexto social. É mais fácil trabalhar atividades em que os alunos são solicitados apenas a copiar e memorizar. Essa prática se mostrou ineficaz de acordo com as propostas construtivistas. Nesta perspectiva, Teberosky (2003, p. 77) afirma que “o desenvolvimento e a aprendizagem são processos de construção de conhecimentos, mas é evidente que essa construção não ocorre por acaso, mas em um contexto social, na interação com outros participantes.

É preciso também pensar em planejar as intervenções que serão feitas ao longo do trabalho, pois sem estas as situações didáticas, por melhores que sejam, terão seu potencial reduzido.

O primeiro passo é compreender o que cada um sabe, e a maior dificuldade entre os professores não é saber em qual hipótese de escrita cada criança está, e sim entender o que isso significa, ou seja, como ela pensa e qual a intervenção mais adequada para fazê-la avançar. Intervir adequadamente é fundamental durante as atividades de reflexão sobre o sistema. O alfabetizador terá o cuidado de pensar em quais atividades favorecerá o desenvolvimento desse aluno e de acordo com o nível de aprendizagem que já se alcançou ou não, buscando o equilíbrio para propor um problema que não seja muito difícil a ponto de desestimular os alunos, nem tão fácil que eles não se sintam desafiados, pensando nas atividades adequadas ao conteúdo a ser ensinado (SILVA, 2008).

Na construção do planejamento, Silva (2008) esclarece que o professor necessita ainda desprender de um planejamento engessado, com modelos prontos, sem cair no erro de usar “aquele” do ano passado e ou utilizar outros que vem pronto da coordenação e direção da escola, mas ao contrário, é preciso que o educador atue ativamente no processo pensando na realidade por ele vivida.

É necessário fazer uma avaliação diagnóstica, com a finalidade de se conhecer melhor o perfil da turma, para oferecer então subsídios para o planejamento do trabalho. Ao mencionar a avaliação diagnóstica, percebe-se que é importante considerar os indicadores dessa avaliação, procurando desenvolver outros aspectos, como: favorecer progressos das crianças em suas aquisições nos campos da leitura e da escrita, e promover a interação dos alunos, como dimensão mediadora de novas aprendizagens. Deve ser adotada com o objetivo de estabelecerem relações entre a proposta de ensino, o perfil pedagógico da turma, e as necessidades específicas de cada aluno. O planejamento pedagógico como projeto de trabalho, só se torna efetivo se elaborado a partir da articulação entre a proposta de ensino e os sujeitos da aprendizagem (SILVA, 2008).

Outro aspecto importante a ser considerado no planejamento das atividades cotidianas em sala de aula é a necessidade de se abordar tanto as capacidades introdutórias que não foram vencidas por um grupo de alunos, quanto àquelas que deverão ser trabalhadas com toda a turma. Não tem como pensar em planejar isoladamente, de maneira individualizada e descontextualizada, mas é preciso a participação de todos, uma vez que fazem parte dessa construção os educadores e a comunidade escolar, considerando que ao elaborar o planejamento no início do ano letivo, precisa seriamente repensá-lo, adequá-lo e fazer revisões necessárias no decorrer do processo, pois o mesmo busca entender as necessidades das crianças e suas curiosidades (SILVA, 2008).

Organizar as atividades de sala de aula vai além de uma mera lista de atividades improvisadas e desconexas sem garantir a subjetividade do professor e do aluno. Um planejamento deve ser dinâmico e flexível, sujeito a reorientações em função de avaliações processuais, observação nas mudanças nos desempenhos dos alunos e ainda os imprevistos do cotidiano escolar.

Alguns procedimentos adotados pelo professor, quanto à organização do seu trabalho diário é pensado por da seguinte maneira:

Definir quais são os conteúdos a serem ensinados e de que forma eles devem ser organizados por meio das atividades; definir as formas de realização das atividades pelos alunos; definir as relações entre professor e aluno para a organização do planejamento cotidiano (SILVA, 2008, p. 42).

De acordo com Silva (2008) planejar é pretender o que alcançar em sala e pensar em como trabalhar, pois sem esta reflexão ele sempre correrá riscos de improvisar, deixando de pensar, questionar sobre o que aconteceu em classe;

identificar as conquistas da turma, repensar a organização das atividades, perceber através da relação professor-aluno quais conteúdos ainda precisa ser trabalhado, são atitudes do professor comprometido com o processo.

Percebe-se que planejar, avaliar e repensar o planejamento é imprescindível ao educador, pois, o processo de planejamento é contínuo, conforme visto anteriormente. O replanejar de maneira a tecer uma rede, compartilha das idéias o professor, o aluno, a família, a equipe pedagógica sempre reavaliando as atividades para então realizá-las com êxito.

Ao escolher as atividades ou criá-las é preciso estar de acordo com os conteúdos e as metas que se definiram antes com a turma; essa compreensão, as relações sociais, a valorização da cultura escrita devem ser pensadas ao planejar.

Estas relações estão diretamente ligadas ao processo de aprendizagem. A criança se interage com a escrita, mas as interações sociais estão a todo o momento favorecendo o processo ensino-aprendizagem.

O professor ao planejar é responsável em oferecer ao aluno a interação com os diversos tipos de leitura e escrita e, nesta direção Teberosky (2003, p. 78) afirma que:

O professor tem, além disso, a responsabilidade de organizar atividades nas quais se desdobre um jogo de participação ativo, rico em relações sociais:

atividades de leitura e de escrita compartilhadas, situações de discussão e argumentação [...] elementos essenciais para a co-construção do conhecimento.

Alguns exemplos de atividades são apresentados por Silva (2008) como: a seleção de textos para leitura, começando de textos menores e simples para então partir para textos maiores e complexos; partir de textos que estão próximos a realidade dos alunos, seguindo de textos que não são tão próximos assim (com diferenças culturais, sociais, temporais e outros); observa-se a questão dos tipos de letra, onde o professor introduz a letra de imprensa maiúscula e só mais adiante, de acordo com as habilidades e capacidades da turma começa-se então a letra cursiva;

explorar o autoconhecimento das crianças quanto ao desenvolvimento da consciência fonológica, e explorar e ampliar o trabalho para a construção de novos

conhecimentos; propor atividades que comecem com palavras pequenas e simples, e avançar para análises maiores e mais complexas, é o que o autor chama de sequênciação e complexificação dos conteúdos.

Propõe-se ainda, a necessidade de variação e diversidade de atividades. É preciso mudar o repertório das atividades, sempre observando o interesse da classe, considerando “um tipo de conhecimento importante a ser ensinado na fase inicial da alfabetização é o domínio pela criança das convenções gráficas do nosso sistema de escrita, sendo que uma dessas convenções é o reconhecimento das letras do nosso alfabeto” (SILVA, 2008, p. 25). O professor levará em conta se o aluno já identifica e conhece todas as letras do alfabeto, utilizando dentre várias atividades, o nome da criança, comparar, diferenciar e classificar letras iguais com as dos colegas, com os da sua família, o nome da escola; diferentes gêneros textuais, embalagens de produtos, dicionários escritos e ilustrados; o jogo também é identificado pelo autor como um recurso a ser explorado, como cita os exemplos, jogo de memória, brincadeira de bingo, dominó dos nomes dos alunos, forca de palavras, entre outros.

Silva (2008) aponta o fator interdisciplinar dos conteúdos dentro das diferentes disciplinas curriculares, planejar prevendo articulação das atividades com textos de outras, uma vez que também fazem parte da compreensão de textos e de leitura.

A integração das experiências, o conhecimento prévio dos alunos em outras disciplinas deve ser levado em conta no planejamento, pois nessa articulação podem-se encontrar soluções para o bem comum no processo de alfabetização e letramento, onde o aluno utilize suas capacidades de leitura e escrita tanto no contexto escolar e ou social, pois ao se ter o domínio de representação linguística é favorecido ao aluno a compreensão de novos conhecimentos em diferentes ambientes, junto à sua realidade (SILVA, 2008).

Já mencionou-se a importância da participação do aluno no planejamento das atividades, e mais ainda, como definir esta participação é outro procedimento importante. “Nesse momento, os alunos participam avaliando e analisando as atividades já realizadas nos dias anteriores” (SILVA, 2008, p. 55). Elas precisam participar de um conjunto de atividades, as chamadas situações de aprendizagens.

Organizar este ciclo de situações fica mais fácil quando o professor tem em mente

uma proposta na qual possam buscar referências metodológicas para projetar seus trabalhos junto às crianças.

É no cotidiano escolar que os alunos participam, pensando e refletindo sobre o que fizeram e o que ainda irão fazer. É a criança compreender e ter consciência do seu aprendizado, e ao lado, o professor repensar suas práticas e ajustá-las se necessário for.

A participação ativa dos alunos favorece muito no trabalho, organização de tempo e combinados, uma vez que o professor apresentará antes de cada aula uma rotina diária do que eles farão a cada aula, levando sempre em conta, o tempo disponível, os recursos necessários, os interesses do grupo (professor-aluno).

Refletir sobre as atividades do dia e a partir daí organizar a aula seguinte.

Através de avaliação coletiva, é interessante e fundamental no desenvolvimento do planejamento que professor esteja sempre aberto às mudanças, sem tornar o trabalho cansativo e desinteressado, dando oportunidade ao aluno de dar continuidade ao plano, replanejando e voltando nas atividades anteriores se necessário. O processo é contínuo e flexível, planejar vivenciando o dia de forma organizada e participativa.

Diante destas questões levantadas, percebeu-se que é necessário que a instituição possibilite tempo e espaço para elaboração do planejamento, pois tendo um espaço e tempo disponíveis, os professores podem se encontrar para discutir, elaborar e avaliar suas práticas.

O apoio da escola ao abrir espaço para ouvir os professores, para reconstruir com eles, sentar juntos, abrir novas possibilidades, repensar o trabalho diário, não são tarefas simples e fáceis de executar, por isso a ação planejar depende tanto das competências do professor quanto das condições de trabalho que lhe é oferecido na escola a qual ele atua.

CAPÍTULO 3

3 PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA PARA OS PROFESSORES

Neste capítulo enfatiza-se a organização das atividades no processo inicial de alfabetização. Faz-se ainda, um relato sobre a proposta governamental para o processo de alfabetização, sendo discutido o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa e a importância da educação continuada para os professores alfabetizadores.

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