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6. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO NA UERN:

6.1 Projeto tecnológico: diagnóstico e concepções da instituição sobre interfaces

6.1.1 O plano de desenvolvimento Institucional – PDI da UERN (2008-2014)

O Plano de desenvolvimento institucional (PDI) da UERN é um documento que busca refletir sobre as ações futuras da Instituição para os próximos seis anos, caracterizando-se

como “um instrumento norteador e orientador do planejamento institucional e setorial” (PDI/UERN, p.13).

O documento analisado sinalizava para uma preocupação em melhorar a infraestrutura voltada para as tecnologias da informação, ao mesmo tempo em que destaca uma carência de infraestrutura. O documento contém em seu texto a preocupação em relação às TDIC, destacando-se, então, e a partes que tratam diretamente dessa questão.

a) Relaciona a carência de infraestrutura ao ensino a distância, propondo-o como alternativa para a expansão do ensino superior.

b) Destaca a importância de incorporar as novas tecnologias de informação a cultura institucional e seu uso sistemáticos nos cursos.

c) Enfoca o Portal da CAPES como importante ferramenta para suprir as necessidades bibliográficas.

Este item do PDI está em sintonia com o objetivo da pesquisa, que é a inserção das IDI nas práticas educativas presenciais. No curso de Pedagogia, notamos que as professoras já utilizavam os recursos digitais no ensino, desde de suas experiências particulares e espontâneas, conforme está a seguir.

De acordo com a Prof.ª Íris,

Antes da pesquisa o que eu utilizava era basicamente o e-mail, eu utilizava um pouco das redes sociais, mas até fui instigada a partir da pesquisa a fazer um uso maior, é...alguns links de pesquisa, mas de forma muito restrita, então acredito que a pesquisa me deu a condição de eu me aproximar mais do ambiente virtual, da possibilidade de fazer uso na formação dos meus alunos, na minha formação que antes eu não tinha essa condição. (Entrevista 20/03/ 2013)

Nota-se que e-mail já se incorporou à prática de comunicação institucional e profissional dos professores, em consonância com a fala da Prof.ª Íris, que fala do e-mail e das redes sociais, mas sem trazer muitos detalhes. Observamos durante a pesquisa uma troca intensa de mensagens de e-mails entre o grupo de professoras colaboradoras. As mensagens foram tão significativas que foram agregadas à coleta de dados da pesquisa.

A Prof.ª Rosa detalha que o vídeo, o e-mail da turma, e os slides já estavam sendo agregados às suas aulas.

Vídeos eu sempre utilizei porque as disciplinas que eu trabalhava...pra dinamizar a aula, para não tornar muito cansativo, então os vídeos do youtube, eu sempre baixo um aqui e outro acolá, da nova escola, eu sempre fiz isso. Já a bastante tempo, desde que eu comecei a trabalhar, aqui na UERN, faz 11 anos. Depois quando eu fui para o mestrado eu fiquei com mais tempo para ficar na internet eu descobri mais

coisa, eu também passei a elaborar... eu lembro quando cheguei a universidade a gente trabalhava muito com o retroprojetor, depois que eu passei a ter computador pessoal e que eu comecei a preparar slides, colocar animação, trabalhar um e-mail coletivo da turma, pronto isso já foi uma coisa que veio das turma mesmo, chegando na turma...a aturma tem esse e-mail professora mande esse slide que a Senhora apresentou agora, ai comecei nesse sentido, assim informal mas ao mesmo tempo formal no ambiente da aula. (Entrevista20/03/2013)

Em sua fala, expressa um elemento interessante referente a e-mail. A turma criou um e-mail coletivo, em que todos compartilhavam o usuário e a senha, reconfigurando, com base na a necessidade do grupo, a função individual que a interface e-mail exprimia. Prof.ª Também mostra que partiu da turma enviar materiais da aula para o e-mail coletivo que o que começou informalmente passou a fazer parte formalmente do ambiente da aula.

O uso coletivo do e-mail faz com que o grupo “cuide” das informações que ali circulam, criando uma colaboração e o compartilhamento de responsabilidades, já que, ao entrar no e-mail coletivo, qualquer pessoa da turma poderia apagar as informações ali existentes.

Outra questão que se põe na fala Prof.ª Rosa refere-se ao uso cotidiano e gradual das tecnologias incorporados à prática profissional.

A Prof.ª Flor de Lis mostra a inserção de e-mail, disco virtual (dropbox), vídeo, de slides em suas aulas, conforme destaca:

Eu já usava bastante o e-mail é uma das ferramentas que eu já utilizava, eu criei uma pasta para cada uma das disciplinas, fiz uma pasta só para selecionar somente o que eu ia enviar para todos os alunos. Depois desse cursinho das Novas Tecnologias que eu fiz com o prof. xxxx eu comecei a usar o DROPBOX também.(..), nas minhas aulas eu uso bastante o powerpoint. Eu faço com facilidade, já boto vídeo nos slides eu gosto de fazer isso, eu utilizo muito o slide porque nós estamos vivendo, em minha opinião, com um grupo de alunos que é uma geração da imagem, são muito envolvidos, se você chega assim utilizando outro tipo de recurso quando a gente chegava anteriormente, você não traz tanto o aluno. (Entrevista em 01/04/2013)

O e-mail aparece mais uma vez como recurso para aula. Na fala da Prof.ª Flor de Lis, ela verifica uma forma de organizar pastas para cada disciplina, mostrando outra possibilidade de utilizar o e-mail a partir de sua prática, facilitando o envio de materiais para os alunos. Cita o uso disco virtual sem muitos detalhes. E destaca, também, a inserção de vídeos nos slides associando a possibilidade de uso da imagem para despertar o interesse dos alunos.

Observamos que a cultura de uso das interfaces digitais permeia as ações da Prof. Flor de Lis, mesmo que utilizada do ponto de vista de suporte e recurso de exposição dos conteúdos e envio de materiais.

A Prof.ª Margarida destaca o uso de materiais multimídia de apoio didático e de exploração a pesquisa na internet.

(...) comecei a utilizar alguns recursos tecnológicos para facilitar esse processo de práxis entre o conteúdo ensinado e a mobilização desse conhecimento na prática pedagógica. Para isso, utilizava a interpretação de músicas, a projeção de algumas imagens para serem analisadas, a exibição de filmes, documentários, charges. Para a seleção desse material, utilizo bastante a pesquisa virtual (google,

youtube, sites específicos).(Entrevista em 08/05/2013)

Não somente o portal da CAPES, mas diversos outros acervos que exponencialmente no âmbito da WEB. A perspectiva dos Recursos Educacionais Abertos (AMIEL, 2012) revela-se como iniciativa para a incorporação da IDI, apresentando acervos diversos para o trabalho educativo.

Os alunos do 8º período geralmente desconhecem ou não sabem utilizar a ferramenta de busca, reclamam que se perdem ao utilizar o google, pois tem muito material sem referência, e as vezes se perdem nos links. Durante as aulas da turma de 2012.1 desenvolvemos dois momentos para contribuir com a formação dos alunos na pesquisa na internet em acervos como Portal de Periódicos da Capes. (Diário de campo: terça-feira 11/12/2012)

O documento também denota que a educação a distância é realizada como atividade de natureza transversal desde 2001 e traz como necessidade a criação de um mecanismo a gestão para ações nessa modalidade.

O Núcleo de Educação a Distância (NEAD) já existe na Instituição, mas o documento não destaca sua existência, e ainda não vincula a possibilidade de gerir as atividades a distância.

Estudo feito por Silva (2012, p. 31) sobre o NEAD no contexto da UERN, destaca que este foi criado “[...]com objetivo atender as políticas nacionais para oferta de cursos a distância, por iniciativa da Pro – Reitoria de Extensão -PROEX institui-se através da (portaria 1896/2001- GR/UERN) o Núcleo de Educação a Distância – NEAD, sendo que o mesmo ficou vinculado a Faculdade de Educação – FE.”

Em relação aos processos de inclusão na Universidade, o PDI propõe aumento do acesso às tecnologias de informação e comunicação, as ajudas técnicas e as tecnologias assistivas, a partir de quatro ações:

a) incentivar a utilização de softwares livres e de ferramentas de comunicação gratuitas através da internet;

b) implantar o gerenciamento integrado de documentos eletrônicos, com destaque para o Sistema de Acompanhamento Escolar;

c) atualizar o parque computacional e melhorar o sistema de interligação lógica, incluindo a implementação do serviço de internet em todos os campi;

d) aquisição de softwares que atendam aos alunos com necessidades especiais. (PDI/UERN, p. 79-80)

Nota-se que há enorme distância entre a questões-chave sobre as TDIC no texto do PDI e os processos educativos, que ocorrem concretamente nos muros nas salas de aula da Instituição. Os usos das IDI pelas professoras estavam ocorrendo de forma intuitiva e particular, sem muita articulação com a estrutura curricular e de apoio.

O PDI tem como prazo de sua validade final no corrente ano, esperamos que haja uma reestruturação nas ideias expressas nesse documento, para que possam ser atualizadas para as questões relevantes no tocante a inserção das IDI no ensino.