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O Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes

No documento RELATÓRIO CRIANÇAS Locais. (páginas 73-78)

Adoles umano

2. O Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes

O Plano Decenal começou a ser elaborado a partir da 8ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ocorrida em 2009, com a constituição do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) responsável pela sistematização das propostas deliberadas para proposição de uma primeira versão desse Plano.

A proposta de Plano Decenal foi submetida a consulta pública, a fim de pactuar com a sociedade civil quais seriam as estratégias políticas em prol das crianças e adolescentes do Brasil, e foi aprovada em 19 de abril de 2011 pelo CONANDA.

O Plano Decenal é dividido em cinco eixos aglutinadores da ação em prol dos direitos de crianças e adolescentes. Cada eixo apresenta diretrizes e objetivos estratégicos que serviram de base para extração e cálculo do OCA deste estudo.

As informações contidas neste capítulo sobre os eixos, as diretrizes e os objetivos estratégicos foram retiradas do site Portal dos Direitos da Criança e do Adolescente – www.direitosdacrianca.org.br –, uma iniciativa do CONANDA em parceria com a Rede ANDI, que tem como objetivo dar visibilidade às ações de promoção aos direitos de crianças e adolescentes.

EIXO1 – Promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes

O primeiro eixo do Plano tem as ações voltadas para o enfrentamento das desigualdades, respeitando as peculiaridades sociais e culturais de crianças e adolescentes brasileiros. O documento prevê a garantia da universalização e a efetivação dos direitos humanos fundamentais, por meio de políticas públicas intersetoriais voltadas às crianças, aos adolescentes e aos seus familiares, para a erradicação da pobreza e a superação das desigualdades sociais e regionais como uma prioridade absoluta.

Além disso, cobra o fortalecimento das políticas públicas e sociais que garantem o acesso e a inclusão de crianças e adolescentes com deficiência, altas habilidades, transtorno mental ou de grupos vulneráveis, levando-se em conta a superação da discriminação, o respeito e a valorização da diversidade.

4 Outro aspecto central nesse eixo é a implementação de políticas públicas e sociais voltadas para o acesso aos direitos fundamentais, como:

- universalizar o ingresso e assegurar a permanência da criança e do adolescente na educação básica, de forma articulada com diversas áreas setoriais;

- assegurar a atenção integral à saúde, por meio de ampliação e organização da rede de serviços, inclusive a de saúde mental;

- implementar uma política cultural e de esporte para crianças e adolescentes que valorize as expressões da diversidade cultural, religiosa, de etnias e povos;

- afiançar a política de segurança alimentar e nutricional de crianças e adolescentes;

- desenvolver ações voltadas para a profissionalização e o primeiro emprego de adolescentes aprendizes;

- garantir uma política de assistência social para o atendimento de crianças, adolescentes e suas famílias, assegurando a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

O Plano Decenal, quando trata de políticas de atenção básica, destaca a necessidade de implantá-las respeitando e dando espaço para as habilidades individuais e manifestações das diferenças de caráter étnico-racial, religioso, cultural, de identidade de gênero e orientação sexual, vulnerabilidade social, econômica, condição de deficiência ou transtornos mentais.

As questões previstas no Plano Decenal tanto defendem especificamente o combate ao preconceito e a efetivação dos direitos dos grupos vulneráveis, como também estão inseridas de forma transversal, ou seja, perpassando todas as ações previstas no plano. A atenção à diversidade, bem como à superação de desigualdades sociais e territoriais, são diretrizes que devem ser consideradas em todas as ações voltadas para o atendimento dos direitos da criança e do adolescente.

5 Diretrizes e Objetivos Estratégicos:

Diretriz 01 – Promoção da cultura do respeito e da garantia dos direitos humanos de crianças e adolescentes no âmbito da família, da sociedade e do Estado, consideradas as condições de pessoas com deficiência e as diversidades de gênero, orientação sexual, cultural, étnico-racial, religiosa, geracional, territorial, de nacionalidade e de opção política.

Objetivo Estratégico 1.1 – Promover o respeito aos direitos da criança e do adolescente na sociedade, de modo a consolidar uma cultura de cidadania.

Objetivo Estratégico 1.2 – Desenvolver ações voltadas à preservação da imagem, da identidade, observando a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento de crianças e adolescentes nos meios de comunicação, conforme dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Objetivo Estratégico 1.3 – Fortalecer as competências familiares em relação à proteção integral e educação em direitos humanos de crianças e adolescentes no espaço de convivência familiar e comunitária.

Objetivo Estratégico 1.4 – Promover ações educativas de prevenção de violências e acidentes com crianças e adolescentes nas famílias e nas instituições de atendimento.

Objetivo Estratégico 1.5 – Implementar o ensino dos direitos de crianças e adolescentes com base no ECA, ampliando as ações previstas na Lei nº 11.525/2007 também para a educação infantil, o ensino médio e o superior.

Objetivo Estratégico 1.6 – Fomentar a cultura da sustentabilidade socioambiental no processo de educação em direitos humanos com crianças e adolescentes.

Diretriz 02 – Universalização do acesso a políticas públicas de qualidade, que garantam os direitos humanos de crianças, adolescentes e suas famílias e contemplem a superação das desigualdades, a afirmação da diversidade com promoção da equidade e a inclusão social.

Objetivo Estratégico 2.1 – Priorizar a proteção integral de crianças e adolescentes nas políticas de desenvolvimento econômico sustentável, inclusive com cláusulas de proteção nos contratos comerciais nacionais e internacionais.

6 Objetivo Estratégico 2.2 – Erradicar a pobreza extrema e superar as iniquidades que afetam o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes e suas famílias, por meio de um conjunto articulado de ações entre poder público e sociedade, com justiça social.

Objetivo Estratégico 2.3 – Erradicar a fome e assegurar a alimentação adequada de crianças, adolescentes, gestantes e lactantes, por meio da ampliação de políticas de segurança alimentar e nutricional.

Objetivo Estratégico 2.4 – Ampliar o acesso de crianças e adolescentes e suas famílias aos serviços de proteção social básica e especial, por meio da expansão e da qualificação da política de assistência social.

Objetivo Estratégico 2.5 – Universalizar o acesso ao registro civil e à documentação básica de crianças e adolescentes e suas famílias.

Objetivo Estratégico 2.6 – Priorizar e articular as ações de atenção integral a crianças de zero a seis anos, com base no Plano Nacional pela Primeira Infância.

Objetivo Estratégico 2.7 – Expandir e qualificar políticas de atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias.

Objetivo Estratégico 2.8 – Universalizar o acesso e assegurar a permanência e o sucesso de crianças e adolescentes na educação básica, expandindo progressivamente a oferta de educação integral, com a ampliação da jornada escolar, dos espaços e das oportunidades educacionais.

Objetivo Estratégico 2.9 – Implementar, na educação básica, o ensino da cultura afro-brasileira, africana e indígena, em cumprimento das Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008.

Objetivo Estratégico 2.10 – Fomentar a interação social de crianças e adolescentes com deficiência auditiva, por meio do ensino da língua de sinais na comunidade escolar, garantido sua inclusão no currículo da educação básica.

Objetivo Estratégico 2.11 – Promover o acesso de crianças e adolescentes às tecnologias de informação e comunicação e à navegação segura na internet, como formas de efetivar seu direito à comunicação, observando sua condição peculiar de pessoas em desenvolvimento.

7 Objetivo Estratégico 2.12 – Consolidar a oferta de ensino profissionalizante de qualidade, integrado ao ensino médio, com fomento à inserção no mercado de trabalho dos adolescentes a partir dos 16 anos, de acordo com a legislação vigente.

Objetivo Estratégico 2.13 – Ampliar o acesso de adolescentes a partir de 14 anos a programas de aprendizagem profissional, de acordo com a Lei nº 10.097/2000.

Objetivo Estratégico 2.14 – Universalizar o acesso de crianças e adolescentes a políticas culturais que, nas suas diversas expressões e manifestações, considerem sua condição peculiar de desenvolvimento e potencial criativo.

Objetivo Estratégico 2.15 – Universalizar o acesso de crianças e adolescentes a políticas e programas de esporte e lazer, de acordo com sua condição peculiar de desenvolvimento, assegurada a participação e a acessibilidade de pessoas com deficiências.

EIXO 2 – Proteção e Defesa dos Direitos

O segundo eixo é focado no enfrentamento a todas as formas de violência – física, psicológica, letal, negligência, abandono, maus-tratos, desaparecimento, abuso e exploração sexual – e às violações dos direitos humanos de meninos e meninas.

Compre ende tanto a prevenção e a garantia da proteção integral às crianças e adolescentes que tiveram seus direitos ameaçados ou violados, como também a realização de atendimento e acompanhamento aos familiares e agressores. Ainda prevê a necessidade de fomentar a mobilização social e a divulgação dos direitos humanos dessa parcela da população, por meio da mídia, como prestação um serviço público às comunidades.

O Plano Decenal exige a integração e a expansão dos canais de denúncias de desrespeito aos direitos e das violências praticadas contra meninos e meninas e o fortalecimento dos serviços de identificação e localização de crianças e adolescentes desaparecidos, bem como o incentivo à produção de estudos e pesquisas sobre as diversas formas de violência praticadas contra essa parcela da população.

A exploração da mão de obra infantil também é ressaltada no plano como uma violação de direitos grave, que merece destaque no destino de políticas públicas nas três esferas de governo.

8 O documento também destaca o Sistema de Nacional de Atendimento Socioeducativo, prevendo sua imediata implantação como política pública de obrigatoriedade legal, cofinanciada pelas três esferas de governo. A prioridade é de execução de medidas em meio aberto, como a liberdade assistida e a prestação de serviço à comunidade, mas os adolescentes que cumprem medida de internação também são lembrados, uma vez que o documento exige o acompanhamento de defensores públicos especializados em todas as fases do processo de apuração de atos infracionais.

Este eixo também prevê o fomento de políticas públicas voltadas para a redução de danos causados pelo uso de drogas lícitas e ilícitas, tanto no sentido de educar a população quanto no de viabilizar o atendimento especializado de crianças e adolescentes dependentes químicos, por meio da melhoria dos espaços existentes para esse tipo de tratamento.

Também está prevista a implementação, sobretudo nos territórios de fronteiras, de uma política de segurança pública de enfrentamento ao narcoplantio, narcotráfico e crime organizado, à venda, ao consumo e à publicidade de bebidas alcoólicas para crianças e adolescentes e ao aliciamento para uso de drogas, exploração sexual e tráfico de pessoas para todos os fins.

Diretrizes e Objetivos Estratégicos:

Diretriz 03 – Proteção especial a crianças e adolescentes com seus direitos ameaçados

No documento RELATÓRIO CRIANÇAS Locais. (páginas 73-78)

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