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O Plano Diretor de 1992

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2. CAPÍTULO 2: ESPECIFICIDADES NO PLANEJAMENTO DE GOIÂNIA:

2.2. OS PLANOS ANTERIORES

2.2.3. O Plano Diretor de 1992

Por grande infortúnio, após a aprovação do PDIG, a cidade passou por outras duas décadas (1971 a 1992) sem conhecer um novo plano, mais amplo e completo. Foi durante o segundo governo, frente ao Estado, de Iris Rezende (1991- 1994) que se aprovou o segundo Plano Diretor de Goiânia, Lei Complementar Municipal Nº 15, de 30 de dezembro de 1992. Esse marco legal encerra a ³)ase de 3UHRFXSDomRFRPD([SDQVmR8UEDQD´HGiLQtcio a uma nova ³)ase de Tentativa GH&RQWUROHGD2FXSDomR´, com um Plano Diretor que pode ser considerado como µ3ODQR GH5HRUGHQDPHQWR8UEDQR¶.

Esse Plano Diretor baseou-se na Lei Complementar Municipal Nº 10, aprovada exatamente um ano antes, e foi regulamentada pelo novo Código de Edificações, Lei Complementar Municipal Nº 031, de 29 de dezembro de 1994. Essas normativas elaboradas sob consultoria da empresa Engevix Engenharia S.A. se basearam num diagnóstico socioeconômico da dinâmica urbana, nas hipóteses de seu desenvolvimento e na avaliação da estrutura urbana, bem como nos fatores de risco geológico e degradação ambiental (RIBEIRO, 2004, p. 99).

Esse plano, como resume Ribeiro,

retratou com fidelidade a cidade, o que lhe propiciou elencar diretrizes fundamentadas e coerentes que o sustentaram, para, na sequência, estruturá-lo em cinco tópicos bem redigidos que, à primeira vista, contemplariam a problemática urbana e determinariam o caminho a tomar. [... Contudo,] esse plano, assim como o anterior, e até com uma carga LOXVyULD PDLRU SHOD H[WHQVmR H SUROL[LGDGH p XP SODQR ³WHFQR-burocrático GHVHQYROYLPHQWLVWD´ SRUTXH LPHGLDWLVWD Gi D LPSUHVVmR GH UHVROYHU D questão urbana com uma solução cartorial que efetivamente não se reflete na prática da cidade (IDEM, p. 113).

5HFRQKHFHQGR D YRFDomR GD FLGDGH FRPR µPólo Regional de Comércio e Serviços Especializados¶ H LQWHQWDQGR D µRecuperação dos Valores Imobiliários do Centro¶ R SODQR HVWDEHOHFH quinze programas de desenvolvimento, focando, principalmente, no fortalecimento das atividades de comércio e serviços, reagrupando e/ou relocando atividades atacadistas e industriais, e na proteção do patrimônio histórico e ambiental. Propondo uma readequação do sistema viário e da rede de transporte coletivo, uma redefinição e disseminação dos equipamentos comunitários e áreas de proteção ambiental num zoneamento detalhado e criterioso, esta lei induziu a implementação de novos tributos, instrumentos jurídicos e atos administrativos para promover a regularização fundiária e a fiscalização, articulando as ações públicas intermunicipais e inter-regionais e interagindo com a participação popular.

Com a mínima efetivação desses programas e analisando os aspectos físico-territoriais após a implementação desse Plano Diretor, chega-se, inevitavelmente, a uma enorme lista dos problemas existentes na capital, que podem ser categorizados como geológicos, legais, ocupacionais, infraestruturais e econômicos. Nesse sentido, Ribeiro, conclui que

muitos problemas apontados continuam atuais e, muitas vezes, agravados, o que não se justifica mesmo se considerarmos as dimensões que a cidade assumiu. Portanto, a permanência desses problemas só se explica pela falta real de um projeto físico que traduza o plano que, mais uma vez, contribuiu de forma efetiva para justificar a inércia ou ineficácia do poder público (2004, p. 114).

Desde a promulgação da Lei Complementar Municipal Nº 15, de 30 de dezembro de 1992, um Plano Diretor que permaneceu em vigor por quase quinze anos, foram de fundamental relevância as legislações e ações no âmbito federal. O grande marco legal desse período foi a aprovação do Estatuto da Cidade, Lei Federal Nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece as diretrizes genéricas

de política urbana e define normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana.

Segundo o artigo 39 do Estatuto da Cidade, o plano diretor é o instrumento legal que expressa às exigências fundamentais de ordenação da cidade para o cumprimento da função social da propriedade urbana, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes gerais de política urbana (BRASIL, 2001).

Com base nessas diretrizes e exigências, como afirmam Oliveira e Biasotto,

uma das grandes expectativas em relação aos planos diretores aprovados após o Estatuto da Cidade se concentrava na possibilidade de intervenção pública no processo de desenvolvimento urbano, especialmente no que se refere à promoção do acesso à moradia. A regulamentação, nos planos diretores, dos instrumentos voltados para a ocupação de áreas vazias ou subutilizadas, a captura e redistribuição da valorização fundiária gerada por investimentos públicos, a regularização fundiária e a reserva de área para habitação de interesse social, entre outros, representava novas possibilidades de democratização do acesso às áreas com boas condições de moradia (2011, p. 58-59).

Além do Estatuto da Cidade, segundo Relatório Técnico elaborado pela SEPLAM, as duas primeiras Conferências das Cidades (2003 e 2005) e a Agenda 21 Municipal (2004) nortearam a revisão do Plano Diretor anterior, que contou com a participação popular num amplo processo de debate que intencionava retratar a vontade da população no novo desenho da cidade (GOIÂNIA, 2007a), debate esse que existiu, de fato, embora essa amplidão seja questionável.

Aparentemente, o intuito de dar ao plano diretor um caráter democrático, utiliza-se da prerrogativa de nele inserir a participação popular, o que, na verdade, apenas objetiva legitimar a proposta ideal, com todos seus erros e distorções, e que, posteriormente, ao ser encaminhada à Câmara Municipal para aprovação, nessa recebe emendas e alterações que podem desfigurá-la em parte. Mas isso não basta, SRLV FRPR DILUPD 9LOODoD ³R SODQR GLUHWRU GR PLOrQLR TXH VH LQLFLD RX VHUi XPD FRQTXLVWDGDVPDVVDVSRSXODUHVRXQmRH[LVWLUi´ S 

E isso demonstra que ainda há muito a ser feito no processo de ordenamento territorial, ainda que se trate de uma capital planejada desde os seus primórdios, pois, a população goianiense também é um dos agentes responsáveis pela letargia ou pelo avanço do processo de formação de sua cidade.

A participação da população, notadamente de seus segmentos mais organizados, confere legitimidade às propostas e deliberações e acena para

o avanço do processo democrático, mesmo que o elenco de alternativas a ser discutido nas reuniões plenárias seja ainda restrito ou ambicioso, complexo ou singelo, ou pouco conhecido da maioria dos partícipes (MATOS, 2008, p. 165).

As propostas urbanas apresentadas antes de 2007 se mostraram ineficazes do ponto de vista do ordenamento territorial, embora tenham pensado que as diretrizes estabelecidas pelos planos e os critérios de zoneamento fossem capazes de controlar o crescimento desordenado de Goiânia. Provavelmente em função do tecnicismo exagerado e da superficialidade dos ideais teóricos, os instrumentos de ordenamento territorial tenham se limitado a tentar sanar os problemas urbanos e, ainda hoje, não efetivaram um bom planejamento na capital.

Na verdade, mesmo depois da aprovação do atual Plano Diretor, Goiânia DLQGD SUHVHQFLD D ³)DVH GH 7HQWDWLYD GH &RQWUROH GD 2FXSDomR´ SRLV R SRGHU público municipal ainda não conseguiu se estruturar para, em fim, entrar numa SRVVtYHO³)DVHGH3ODQHMDPHQWR´

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